As Tendências Românticas Através da Pintura e do Desenho no século XIX Prof. Vinicius Rodrigues
Romantismo Nacionalista Associado à primeira geração da poesia romântica brasileira Fortemente influenciado pelas revoluções burguesas nacionalistas da Europa e pela Independência no Brasil Caráter ufanista Gonçalves Dias é seu principal representante no Brasil na poesia; na prosa ainda temos José de Alencar como destaque Na Europa, temos Alexandre Dumas A liberdade guiando o povo, Eugène Delacroix
Independência ou Morte, ou O Grito do Ipiranga, Pedro Américo
O resgate de fatos históricos e elementos que dialoguem com a identidade nacional (o índio, no Brasil; a mitologia da Antiguidade e da Idade Média, na Europa). Tiradentes Esquartejado, Pedro Américo
Guerreiro Indígena à Cavalo, Jean-Baptiste Debret
A recuperação da tradição literária e cultural os românticos buscaram a liberdade artística para si e para democratizar a formação de um novo público leitor, para o qual a arte deveria ser mais democrática e popular. A Barca de Dante, Eugene Delacroix
Romantismo de tendência egótica: os ultrarromânticos e o Romantismo do mal do-século Fortíssima tendência à evasão: a fuga, o delírio, o sonho, o devaneio, a confusão de sentimentos e a onipresença da morte. Forte influência do Romantismo inglês (Lorde Byron, Bram Stocker, William Blake) O Grande Dragão Vermelho, William Blake No Brasil, as duas grandes figuras são Álvares de Azevedo e Casemiro de Abreu, representantes da 2ª geração da poesia romântica brasileira
Pietá, William Blake
O Guerreiro Téméraire, William Turner
Saturno devorando seus filhos, Goya O sonho da razão produz monstros, Goya
Romantismo Social Voltado a uma perspectiva crítica, de análise do cotidiano e da história, onde há, inclusive, espaço para a abordagem nacionalista, mas de um nacionalismo crítico. A busca pela identidade nacional é também uma investigação das questões sociais e políticas mais agudas e problemáticas Na Europa, o grande representante desta vertente foi o Francês Vitor Hugo, que teve seus passos guiados, no Brasil, por Castro Alves. Castigo do Escravo, Jean Baptiste Debret
Fuzilamento de 3 de Maio de 1808, Goya
Negros no Porão de Navio, Johann Moritz Rugendas
O Navio Negreiro (1883) IV Era um sonho dantesco... o tombadilho (...) Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Castro Alves Espumas Flutuantes (1870) A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) Os Escravos (1883) Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
(...) Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, (...) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! (...) Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão... (...)
(...) Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus...... Adeus, ó choça do monte,... Adeus, palmeiras da fonte!...... Adeus, amores... adeus!...
V Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...
(...) Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Um índio (Caetano Veloso, 1976) Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro Em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer Assim, de um modo explícito
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio
Um país fundado na miscigenação: Mestiço, Candido Portinari (1934)
Operários, Tarsila do Amaral (1933)