RUA SAUDADE. Roteiro de Curta-Metragem EXT. CALÇADA/EM FRENTE AO PORTÃO DA CASA DE DOLORES DIA



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Transcrição:

RUA SAUDADE Roteiro de Curta-Metragem São as últimas horas da madrugada., senhora viúva com mais de setenta anos, passa pelo portão da rua de sua casa no Bexiga. Carrega um carrinho de feira consigo. Sai para feira com o carrinho vazio. Usa roupas leves. Sua casa é antiga e carece cuidados. Uma escadaria separa o portão da rua da porta de entrada. EXT. CALÇADA/PRÓXIMO À CASA DE DOLORES DIA Próximo ao meio-dia. volta da feira com o carrinho cheio, puxando-o com dificuldade. Um homem,, encostado em um poste a observa. Encontra-se em background, quase imperceptível ao espectador. Ele está próximo dos trinta anos. abre o portão e entra com o pesado carrinho. sobe a escada em direção à porta de entrada com dificuldade. Degrau a degrau. INT. CASA DE DOLORES/COZINHA DIA prepara o almoço. Verduras estão espalhadas pela pia, algumas ainda no plástico da feira. Ela descasca a pele de cebolas. Sua casa é silenciosa, mora sozinha. O teto alto, típico de casas antigas. Os azulejos amarelados e as paredes descascando mostram o descuido de alguém sem condições de manter a própria casa. A cozinha é espaçosa, indicando uma casa grande. almoça sozinha, come uma salada preparada com cebolas fatiadas, legumes e vegetais. FADE OUT 1

FADE IN Semana seguinte. volta da feira. Começa a subir. aparece, como se estivesse caminhando casualmente pela calçada. Pera aí! Deixa que eu ajudo a senhora. estranha a oferta de um completo desconhecido. Não precisa, não, moço. Deixa um escoteiro fazer uma boa ação, né? Os dois dão um sorriso. Eles riem. O senhor é um pouco velho para ser escoteiro. Mas continuo sempre alerta. e terminam de subir a escada. Ela dirige-se à entrada e destranca a porta. Muito obrigada. O senhor é um cavalheiro. Senhor, não. Eu sou o Gê. Muito prazer. Eu me chamo Dolores. Prazer, Dona Dolores. E tenha um bom dia. 2

Bom dia. E obrigada novamente. (descendo as escadas) De nada. Passadas algumas semanas. está com na porta de entrada. e usam roupas leves. Pronto. Tá entregue. Você... não gostaria de ficar para o almoço? Magina, não quero incomodar a senhora. Que bobagem. Já me ajudou tantas vezes. concorda com a cabeça e ombros. Entra carregando o carrinho. Outras semanas se passaram. e estão à mesa. Conversam enquanto comem laranjas, os pratos e travessas do almoço ainda sobre a mesa. Ambos usam roupas de outono. É uma casa bem grande essa aqui, né? Você nem imagina o trabalho que dá para limpar. Ele chupa a laranja enquanto ela responde. É mesmo? Quantos quartos tem? São quatro, mais um quarto de costura e um escritório. 3

Nossa. Muito grande, mesmo. Não é muita coisa só pra senhora? Realmente. (Pausa) Antes meus filhos me visitavam sempre. Mas agora estão todos morando no exterior. chupa a laranja novamente. Chato isso. Na semana seguinte, as últimas horas da madrugada. DONA DOLORES sai para feira com seu carrinho. a espera, encostado em um carro. Os dois estão agasalhados. Apenas usa luvas. Hoje, a senhora vai ter tratamento de princesa. Mas não precisava. É muito trabalho. Não precisava, mas poder, pode, né? Ele coloca o carrinho no banco de atrás, ajuda ela a entrar e partem. FADE OUT INT. CASA DE DOLORES/COZINHA FECHADO EM TARDE está almoçando. Uma voz chama seu nome. MARIDO Seu Gê? FADE IN Um casal simplório com menos de vinte anos cada e uma criança de cerca de sete anos estão parados em frente à mesa onde 4

almoça. O MARIDO estende a mão com um maço de notas e entrega para. Ele pega o dinheiro e conta. MARIDO Nóis veio trazê o aluguel. Tá tudo certo, num é, Seu Gê? (esticando a mão, sem olhar para o homem) Tá nada. Pode passar mais 10 porque vocês tão um dia atrasado. O MARIDO abaixa a cabeça e a ESPOSA tira uma nota de 10 da bolsa e paga. junta os 10 com o resto do dinheiro e coloca tudo no bolso da camisa. Continua comendo sem dar atenção ao casal. Vê-se outras pessoas na cozinha, almoçando em pequenas mesas. O FILHO do casal encara. EXT. CALÇADA/EM FRENTE AO PORTÃO DA CASA DE DOLORES TARDE Sobre o portão, uma placa onde se lê Pensão. Pessoas saindo e entrando. Na calçada, um ambulante vende laranjas em um carrinho de madeira. FIM 5