O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção?

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Transcrição:

A r t i g o d e R e v i s ã o O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção? The libero of the volleyball of high level improves the reception? MARQUES JR, N K. O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção?. R. Bras. Ci. e Mov. 22(2), p. 133-138. Nelson Kautzner Marques Junior RESUMO: O líbero do voleibol foi incluído em 1998 com o intuito de melhorar a recepção e a defesa da equipe. O líbero do voleibol de alto nível possui a recepção mais eficiente do que o jogador de ponta que atua no passe? Segundo algumas referências sobre a análise do jogo do voleibol, nada foi informado. O objetivo da revisão foi determinar a eficiência do líbero na recepção do voleibol de alto nível. Nesta revisão de literatura foram selecionados 9 estudos sobre o voleibol de alto nível referente ao desempenho do líbero e do atacante de ponta na recepção. A coleta dos estudos aconteceu nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, PubMed, ResearchGate, Scielo e Lilacs. O líbero (percentual de eficiência na recepção = 77,91% e 33,67±35,6 erros) é melhor na recepção do que o jogador de ponta (percentual de eficiência na recepção = 69,4% e 94,44±78,01 erros). O teste U de Mann-Whitney detectou diferença significativa entre os passes errados do líbero versus o jogador de ponta, U = 14,50, p = 0,02. O tamanho do efeito dos erros da recepção foi grande, com resultado de 1,06. Portanto, o líbero teve melhor desempenho na recepção porque cometeu menos erros. Em conclusão, o líbero melhora a recepção das equipes do voleibol de alto nível. Palavras-chave: Voleibol; Desempenho Atlético; Educação Física e Treinamento. ABSTRACT: The libero of the volleyball was included in 1998 with the aim of improve the reception and the defense of the team. The libero of the volleyball of high level has the reception more efficient than the left side attacker that practices the reception? Second some references on the match analysis of the volleyball, nothing has been informed. The objective of the review was to determine the efficiency of the libero in reception of the volleyball of high level. In this literature review were selected 9 studies on the volleyball of high level about the performance of the libero and of the left side attacker in reception. The choice of the studies occurred in the following databases: Google Scholar, PubMed, ResearchGate, Scielo and Lilacs. The libero (percentage of efficiency in reception = 77,91% and 33,67±35,6 errors) is better in reception than the left side attacker (percentage of efficiency in reception = 69,4% and 94,44±78,01 errors). The Mann Whitney U test detected significant difference between the incorrect receptions of the libero versus the left side attacker, U = 14,50, p = 0,02. The effect size of the incorrect reception was great, with result of 1,06. Therefore, the libero had better reception performance because practiced fewer errors. In conclusion, the libero improves the reception of the volleyball team of high level. Key Word: Volleyball; Athletic Performance; Physical Education and Training. Recebido: 14/12/2013 Aceito: 16/07/2014 Contato: Nelson Kautzner Marques Junior - nk-junior@uol.com.br

134 O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção? Introdução O líbero do voleibol foi incluído em 1998 com o intuito de melhorar a recepção e a defesa da equipe 1. A melhora da recepção fundamentos beneficia o ataque, fundamento mais determinante na vitória de um time ou seleção do voleibol 2,3. Apesar de ser evidenciada a importância do líbero para melhorar a recepção do voleibol de alto nível, alguns estudos apresentaram que esse jogador pouco contribui com a otimização desses fundamentos durante a partida 4. Como no voleibol existe uma relação entre a recepção para o sucesso no levantamento e no ataque 5, torna-se importante determinar se o líbero do voleibol de alto nível causa um incremento nesse fundamento durante o jogo. A recepção bem efetuada facilita o levantador na armação da jogada de ataque e consequentemente a cortada tende ser mais eficaz, com mais chance de ponto ou dificulta a defesa 6,7. O líbero do voleibol de alto nível possui a recepção mais eficiente do que o jogador de ponta que atua no passe? Consultando algumas referências sobre a análise do jogo do voleibol, nada foi informado 8,9. Porém, no Brasil, o líbero é considerado uma atleta essencial para a recepção 10, sendo um dos atletas fundamentais no bicampeonato olímpico do voleibol feminino (2008 e 2012) e nas três medalhas olímpicas do voleibol masculino (ouro em 2004 e prata em 2008 e 2012). Então, sabendo que a literatura crítica 11,12 e aliada 13 não possuem informação sobre a eficácia do líbero na recepção do voleibol de alto nível quando comparado com o jogador de ponta, torna-se relevante essa pesquisa. O objetivo da revisão foi determinar a eficiência do líbero na recepção do voleibol de alto nível. Materiais e Métodos Nesta revisão de literatura foram selecionados 9 estudos sobre o voleibol de alto nível referente ao desempenho do líbero e do atacante de ponta (jogador que costuma atacar com mais frequência na entrada da rede) na recepção. A coleta dos estudos aconteceu nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, PubMed, ResearchGate, Scielo e Lilacs. As palavras-chave utilizadas para coletar os estudos foram as seguintes: líbero, voleibol, líbero do voleibol, libero, volleyball, libero of the volleyball. O critério de inclusão dos estudos teve as seguintes características de codificação: 1) líbero e ponta do voleibol de alto nível, 2) estudo sobre a recepção, 3) sexo masculino e feminino e 4) estudos que forneceram o total de passes certos e errados. A tabela 1 apresenta os estudos utilizados nessa revisão. Tabela 1. Estudos sobre a recepção do líbero e do jogador de ponta do voleibol de alto nível. Referência Amostra Total de Recepções Ureña, Ferrer e Gallardo 14 Maia e Mesquita 15 João et al. 16 Luciano 17 Lima, Mesquita e Pereira 18 Pereira 19 Análise de 12 jogos da seleção espanhola no Campeonato Mundial Masculino de 1998. Análise de 12 jogos, 3 de cada seleção feminina (Bielorrússia, Hungria, Portugal e Dinamarca) que participou do grupo B do Campeonato Europeu de 2004. Análise de 12 jogos realizados por 4 seleções masculinas (Portugal, Iugoslávia, Cuba e Japão) que participaram do grupo C da Liga Mundial de 2001. Análise de 3 jogos da Liga Mundial Masculina 2004/2005 (Brasil x Portugal, Grécia x Portugal e Espanha x Portugal). Análise de 5 jogos do Campeonato Europeu (Portugal, Rússia, Espanha, Sérvia e Montenegro, Itália e Croácia) e de 4 jogos da Liga Mundial de 2005 (Portugal, Brasil, Japão e Venezuela). Análise de 11 jogos da Copa do Mundo do Japão de 2007. Líbero = 26 acertos e 1 erro Ponta = 54 acertos e 26 erros Líbero = 149 acertos e 48 erros Ponta = 179 acertos e 41 erros Líbero = 681 acertos e 29 erros Ponta = 1177 acertos e 212 erros Líbero = 50 acertos e 23 erros Ponta = 224 acertos e 69 erros Líbero = 116 acertos e 22 erros Ponta = 214 acertos e 23 erros Líbero = 456 acertos e 43 erros Ponta = 998 acertos e 141 erros Caellejón e Hernández et al. 20 Alves 21 Martin, Voser e Suñe 22 Análise de 15 jogos da seleção espanhola masculina na fase final da Liga Mundial de 2003 e do Campeonato Europeu de 2003. Análise de 4 jogos do Campeonato Português Masculino 2008/2009 e da Final dos Jogos Olímpicos Masculino de 2008. Análise de 34 jogos de 1992 a 2008 de seleções masculinas e femininas no Campeonato Sul- Americano, nos Jogos Pan-Americanos e nos Jogos Olímpicos Masculino de 2008. Líbero = 703 acertos e 119 erros Ponta = 1212 acertos e 223 erros Líbero = 178 acertos e 11 erros Ponta = 419 acertos e 49 erros Líbero = 82 acertos e 7 erros Ponta = 229 acertos e 66 erros

Marques Jr 135 Após a seleção dos estudos foi somado o total de acertos e de erros da recepção, sendo determinado percentual. Para estabelecer o percentual de eficiência da recepção, foi realizado o cálculo indicado pela American Volleyball Coaches Association 23, sendo o seguinte: Percentual de Eficiência da Recepção = [(acertos - erros) : total de recepções]. 100 =?%. A quantidade de recepções certas e erradas foram expressas pela média±desvio padrão. Em seguida, foi verificada a normalidade dos dados através de Shapiro Wilk (p 0,05). Em caso de dados normais, foi utilizado o teste t independente (p 0,05), mas se os dados não forem normais, foi aplicado o teste U de Mann-Whitney (p 0,05). Quando o resultado teve diferença significativa foi calculado o tamanho do efeito (TE) de acordo com Dancey e Reidy 24 (TE = [Média do Ponta Média do Líbero]: Média do Desvio Padrão) com a seguinte classificação: maior ou igual a 0,8 é grande, 0,5 a 0,7 é médio e 0,4 ou menos é pequeno. Todos os dados foram tratados conforme os procedimentos GraphPad Prism, version 5.0. O líbero praticou 271,2±269,5 recepções certas e o jogador de ponta efetuou 522,9±467,5 recepções certas. O teste de Shapiro Wilk identificou dados não normais dos acertos da recepção do líbero e do jogador de ponta. O teste U de Mann-Whitney não detectou diferença significativa entre os passes certos do líbero versus o jogador de ponta, U = 22, p = 0,11. O líbero praticou 33,67±35,6 recepções erradas e o jogador de ponta efetuou 94,44±78,01 recepções erradas. O teste de Shapiro Wilk identificou dados não normais dos erros da recepção do líbero e do jogador de ponta. O teste U de Mann-Whitney detectou diferença significativa entre os passes errados do líbero versus o jogador de ponta, U = 14,50, p = 0,02. O tamanho do efeito dos erros da recepção foi grande, com resultado de 1,06. Portanto, o líbero teve melhor desempenho na recepção porque cometeu menos erros. A figura 3 apresenta a média e o desvio padrão de erros na recepção do líbero e do jogador de ponta. Resultados A figura 1 apresenta o total e o percentual da recepção certa e errada do líbero e do jogador de ponta. Figura 3. Erros da recepção, a média são os números na barra. Figura 1. Valores das recepções certas e erradas. A figura 2 expõe o percentual de eficiência da recepção do líbero e do jogador de ponta. Figura 2. Eficiência da recepção. Discussão Os achados dessa revisão de literatura estiveram de acordo com outros estudos 25,26, os jogadores de ponta (total da revisão de 5556 recepções) realizam mais recepções do que o líbero (total da revisão de 2744 recepções) durante a partida. Também foi evidenciado nessa revisão que o líbero (percentual de eficiência na recepção = 77,91% e 33,67±35,6 erros) é melhor na recepção do que o jogador de ponta (percentual de eficiência na recepção = 69,4% e 94,44±78,01 erros). Outras pesquisas foram similares a esses resultados 4,27. Entretanto, o jogador de ponta efetuou mais recepções certas (522,9±467,5 recepções certas) do que o líbero (271,2±269,5 recepções certas). A explicação para esse resultado foi que a maior parte dos estudos coletados nessa revisão quantificou o número de recepções dos dois jogadores de ponta. Talvez se os acertos da recepção do líbero fossem comparados a um jogador de ponta os resultados poderiam ser similares. Apesar do maior número de acertos da recepção do jogador de ponta em relação ao líbero, o teste U de Mann-Whitney não detectou diferença significativa (p>0,05) entre essa comparação.

136 O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção? Baseado nos resultados dessa revisão, conclui-se que o líbero é um atleta fundamental para a recepção do voleibol atual onde o saque em suspensão é cada vez mais potente. O artigo de revisão teve limitações, foram achados poucos estudos (n = 9) sobre a recepção do líbero do voleibol de alto nível. Considerações Finais Através dos resultados da revisão foi possível identificar que o líbero melhora a recepção das equipes do voleibol de alto nível. Como o líbero costuma substituir o jogador central (atleta que geralmente tem fraca recepção) no momento do jogo antes do saque, ele torna-se um atleta essencial nesse fundamento já que a maioria dos estudos originais e nesta revisão detectou uma recepção superior do líbero quando comparado ao jogador de ponta.

Marques Jr 137 Referências 1. Matias C, Greco P. De Morgan ao voleibol moderno: o sucesso do Brasil e a relevância do levantador. Rev Mackenzie Educ Fís Esp 2011;10(2):49-63. 2. Mesquita I, Palao J, Marcelino R, Afonso J. Performance analysis in indoor volleyball and beach volleyball. In: McGarry T, O`Donoghue P, Sampaio J, eds. Handbook of sports performance analysis. London: Routledge; 2013. p. 367-79. 3. Bozhkova A. Playing efficiency of the best volleyball players in the world. Res Kines 2013;41(1):92-5. 4. Marques Junior N. Evidências científicas sobre os fundamentos do voleibol: importância desse conteúdo para prescrever o treino. Rev Bras Prescrição Fisio Exerc 2013;7(37):78-97. 5. Doroshenko E. Model parameters of technical and tactical actions in the competitive activities of volleyball players. Phys Educ Stud 2013;5(-):41-5. 6. Domínguez, A, Arroyo P, Clement J, Álvarez F. Estudio de la relación entre la eficacia de los acciones de primer contacto y la eficacia del ataque en voleibol masculino de alto nivel. Kronos 2005;3(-):57-61. 7. Cochrane M, Guimarães G, Pereira G, Mourão L. Transformação no sistema tático de ataque do voleibol. Rev Acta Bras Mov Hum 2012;2(1):15-23. 8. Costa G, Afonso J, Brant E, Mesquita I. Differences in game patterns between male and female youth volleyball. Kines 2012;44(1):60-6. 9. Marcelino R, Mesquita I, Sampaio J. Effects of quality of opposition and match status on technical and tactical performance in elite volleyball. J Sports Sci 2011;29(7):733-41. 10. Ugrinowitsch C, Uehara P. Modalidades esportivas coletivas. In: Rose Junior D, org. Rio de Janeiro: Guanabara; 2006. p. 166-79. 11. Theodorou A, Paradivis G, Panoutsakopoulos V, Smpokos E, Skordilis E, Cooke C. Performance índices selection for assessing anaerobic power during a 30 second vertical jump test. J Sports Med Phys Fit 2013;53(6):596-603. 12. Petroski E, Fraro J, Fidelix Y, Silva D, Pires-Neto C, Dourado A, et al. Caraccterísticas antropométricas, morfológicas e somatotípicas de atletas da seleção brasileira masculina de voleibol: estudo descritivo de 11 anos. Rev Bras Cineantropom Desemepenho Hum 2013;15(2):184-192. 13. Arruda M, Hespanhol J. Fisiologia do voleibol. São Paulo: Phorte; 2008. 14. Ureña A, Ferrer R, Gallardo C. Estudio de las variables que afectan al rendimiento de la recepción del saque en voleibol: análisis del equipo nacional masculino de España. Lecturas: Educ Fís Dep 2000;5(20):1-10. 15. Maia N, Mesquita I. Estudo das zonas e eficácia da recepção em função do jogadore recebedor no voleibol sênior feminino. Rev Educ Fís Esp 2006;20(4):257-70. 16. João P, Mesquita I, Sampaio J, Moutinho C. Análise comparativa entre o jogador líbero e os recebedores prioritários na organização ofensiva, a partir da recepção ao serviço, em voleibol. Rev Port Ci Desp 2006;6(3):318-28. 17. Luciano S. A importância do jogador líbero nas ações ofensivas no jogo de voleibol. [Dissertação de Mestrado]. Porto: Faculdade do Desporto da Universidade do Porto; 2006. 18. Lima R, Mesquita I, Pereira F. Estudo da recepção em voleibol masculino de elite em função da zona de recepção, do jogador recebedor e do seu efeito. Lecturas: Educ Fís Dep 2008;13(121):1-12. 19. Pereira N. Estudo da ação de recepção e defesa em função do jogador interveniente no voleibol de alto rendimento masculino. [Monografia]. Porto: Faculdade do Desporto da Universidade do Porto; 2008. 20. Callejón D, Hernández C. Estudio y anallisis de la recepción en el voleibol masculino de alto rendimiento. Rev Int Ci Dep 2009;5(4):34-51. 21. Alves T. Estudo da influência do jogador líbero no sucesso das ações defensivas/ofensivas em equipes de voleibol de alto rendimento. [Monografia]. Coimbra: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade de Coimbra; 2009.

138 O líbero do voleibol de alto nível melhora a recepção? 22. Martin P, Voser R, Suñe F. Análise do passe no voleibol profissional antes e pós inclusão do líbero. Lecturas: Educ Fís Dep 2011;15(152):1-19. 23. American Volleyball Coaches Association. Coaching volleyball. Chicago: Masters Press; 1997. 24. Dancey C, Reidy J. Estatística sem matemática para psicologia. Porto Alegre: Artmed; 2006. 25. Arruda M, Almeida A, Santos S, Catro P, Batista G. A função do líbero na recepção de saque e defesa durante as partidas da superliga feminina de voleibol 2009/2010. FIEP Bulletin 2011;81(especial):1-5. 26. Ureña E, Ferrer R, Pérez L. Estudio de la recepción del saque en el voleibol masculino español de elite tras la incorporación del jugador libero. Rev Med Ci Act Fís Dep 2002;2(4):37-49. 27. Afonso A. El libro y el rally point en el espectador de voleibol de Matanzas. Portal Dep 2010;4(19):1-23.