Década de 1930 1937 Sobre uma espécie nova do gênero Laphriomyia Lutz, e descrição do macho de L. mirabilis Lutz (Diptera: Tabanidae)



Documentos relacionados
Década de Sobre a sistemática dos tabanídeos subfamília Tabaninae. Comunicação preliminar

Década de Sobre duas espécies novas do gênero Fidena Walker

Anexos. Flávia Cristina Oliveira Murbach de Barros

Década de Estudios de Zoologia y Parasitologia Venezolanas: Tabanidae

Considerações finais

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Apresentação. Ronir Raggio Luiz Claudio José Struchiner

Década de Considerações sobre espécies afins do gênero MelpiaWalker (1850) e descrição de um gênero novo e duas espécies novas

Sobre os autores. Itania Maria Mota Gomes

BIODIESEL O ÓLEO FILOSOFAL. Jozimar Paes de Almeida BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS

Valorizar o Brasil para servir à humanidade

Ueber eine bei Menschen und Ratten beobachtete Mykose. Ein Beitrag zur Kenntnis der sogenannten Sporotrichosen

Apresentação do desenvolvimento da pesquisa: métodos, ambientes e participantes

Conclusão. Patrícia Olga Camargo

Pentatomini. Thereza de Almeida Garbelotto Luiz Alexandre Campos

Sobre os autores. Maria Couto Cunha (org.)

Apresentação. Rosana Fiorini Puccini Lucia de Oliveira Sampaio Nildo Alves Batista (Orgs.)

Novos Mycetophilinae do Brasil (Diptera, Mycetophilidae).

Parte II Aracnídeos / Arachnids 1922 contribuição para o conhecimento dos escorpiões brasileiros

50 - Por que 18 de outubro é o dia dos médicos?

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Apresentação. Ucy Soto Mônica Ferreira Mayrink Isadora Valencise Gregolin

Questionário aplicado

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Parte II Aracnídeos / Arachnids 1922 cinco novos escorpiões brasileiros dos gêneros Tityus e Rhopalurus. nota prévia

Sobre os autores. Maria Dilma Simões Brasileiro Julio César Cabrera Medina Luiza Neide Coriolano (orgs.)

Parte IV - Répteis e Anfíbios / Reptiles and Amphibians 1932 uma nova espécie de Cyclorhamphus

Sobre os autores. Olival Freire Jr. Osvaldo Pessoa Jr. Joan Lisa Bromberg orgs.

Apresentações. Luiz Tarcísio Mossato Pinto Manoel Arlindo Zaroni Torres Lindolfo Zimmer

V. Experiência de trabalho

Colaboradores. Maria de Fátima de Araújo Silveira Hudson Pires de O. Santos Junior orgs.

Prefácio. Eduardo Silva

Parte IV - Répteis e Anfíbios / Reptiles and Amphibians 1922/1923 Elaps ezequieli e Rhinostoma bimaculatum, cobras novas do estado de Minas Gerais

MIRIDEOS NEOTROPICAIS, CCCLXXV: UM GENERO E QUATRO ESPECIES NOVOS DA NICARAGUA (HETEROPTERA).

AJóti pos de Paragonyleptes antiquus (Melo-

Resenhas/Reviews Trabalhos de Hideyo Noguchi sobre a etiologia da febre amarela

Introdução. Ronir Raggio Luiz Claudio José Struchiner

Apresentação. Simone Gonçalves de Assis

II - Lesões elementares no exame dermatológico

Mestrado profissionalizante em saúde coletiva

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Parte II Aracnídeos / Arachnids 1922 contribuição para o conhecimento dos escorpiões encontrados no Brasil

1890 Zur Kasuistik des Rhinoskleroms

Sobre os autores. Maria Helena Silveira Bonilla Nelson De Luca Pretto

Notholopus (Notholopoides) niger, Sp.D. Figs 1-5

Criação e manejo de camundongos

28 - O trágico destino de Miguel Servet

A educação sexual para pessoas com distúrbios genéticos

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Gymnotiformes. Gilmar Baumgartner Carla Simone Pavanelli Dirceu Baumgartner Alessandro Gasparetto Bifi Tiago Debona Vitor André Frana

VI - Sumário das ilustrações

Década de Tabanidae ou Mutucas

Cyprinodontiformes. Gilmar Baumgartner Carla Simone Pavanelli Dirceu Baumgartner Alessandro Gasparetto Bifi Tiago Debona Vitor André Frana

GUATUBESIA, NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE

Conclusão. João Afonso Zavattini

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Década de Sobre algumas novas espécies de motucas do gênero Esenbeckia Rondani

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Referências Bibliográficas

Técnicas malacológicas coleção malacológica

Apresentação. Maria do Carmo Leal Carlos Machado de Freitas (Orgs.)

29 - A obsessão de John Hunter

43 - Rocha Lima, embaixador da medicina científica brasileira

O papel dos pais e dos educadores na educação sexual da pessoa com deficiência intelectual

Prefácio. Paulo Marchiori Buss

Novo gênero de Calliini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Parte II Inferência estatística

Referências. Maria de Lourdes S. Ornellas

Fontes primárias. Nilson Ghirardello

Prefácio. Sérgio Capparelli

CATÓLICO, PROTESTANTE, CIDADÃO

Apêndice. Suzana Varjão

Parte I - A perspectiva ciência, tecnologia, sociedade e ambiente (CTSA) no ensino de Ciências e as questões sociocientíficas (QSC)

Prefácio. Eliane Schlemmer

CAPITALISMO AUTORITÁRIO E CAMPESINATO

Apresentação. Marizilda dos Santos Menezes Luis Carlos Paschoarelli (orgs.)

na questão da interdisciplinaridade, da multidisciplinaridade. Não devemos nos restringir ao específico, mas não tenho a menor dúvida de que o

Doenças sexualmente transmissíveis

9. Chaves de identificação para adultos

O terreiro, a quadra e a roda

Sobre autores. Antonio Dias Nascimento Tânia Maria Hetkowski (orgs.)

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Apêndices. Rosana Aparecida Albuquerque Bonadio Nerli Nonato Ribeiro Mori

Contribuições da epidemiologia na formulação de planos de saúde: a experiência espanhola

ENT MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS AULAS PRÁTICAS PRÁTICA 4: TÓRAX E SEUS APÊNDICES - TIPOS DE PERNAS E ASAS

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Fontes manuscritas. Dilton Oliveira de Araújo

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Índice geográfico. Danuzio Gil Bernardino da Silva (org.)

O radiodiagnóstico na saúde pública

Prefácio. Ruben George Oliven

Anexos. Leôncio Martins Rodrigues

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Langsdorff e Santa Catarina

Sistemática e biogeografia família planorbidae

33 - Como um tratador de cães contribuiu para o progresso da radiologia

Transcrição:

Década de 1930 1937 Sobre uma espécie nova do gênero Laphriomyia Lutz, e descrição do macho de L. mirabilis Lutz (Diptera: Tabanidae) Adolpho Lutz G. M. de Oliveira Castro SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros BENCHIMOL, JL., and SÁ, MR., eds. and orgs. Adolpho Lutz: Entomologia - tabanídeos = Entomology - tabanidae [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. 704 p. Adolpho Lutz Obra Completa, v.2, book 2. ISBN: 85-7541-065-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.

695

697 Sobre uma espécie nova do gênero Laphriomyia Lutz, e descrição do macho de L. mirabilis Lutz (Diptera: Tabanidae) * Laphriomyia longipalpis n. sp. (fêmea). Fêmea: Comprimento do corpo: 18-21mm; das antenas: 2,5mm; da tromba: 9mm; das asas: 19-20mm; largura das asas: 6-7mm; distância vértico-clipeal: 5,2mm. Cabeça: Olhos pubescentes, com as cerdas de cor castanha. Pós-fronte larga, duas vezes mais longa que larga embaixo, com os lados paralelos, revestida de pólen de cor pardo canela e de abundantes cerdas curtas e negras; placa ocelar saliente com três ocelos escuros, assim como a craniália, revestida com pólen semelhante ao da pós-fronte e de cerdas negras, porém, mais longas e proclinadas. Frontoclípeo fortemente protraído, com a forma de um hemicone, com o tegumento castanho enegrecido, brilhante, com pólen acinzentado de cada lado sob as antenas e na margem inferior, com algumas poucas cerdas nos lados, negras e curtas. Calo antenal saliente, revestido de pólen como o da pós-fronte; antenas com o 1º e 2º segmentos de cor pardo-enegrecida; o 1º cerca de duas vezes mais longo que largo, revestido assim como o 2º de cerdas negras, flagelo com os três últimos anéis mais claros e avermelhados, sendo o último de comprimento equivalente ao dos dois precedentes reunidos. Probóscida longa, fina, glabra, castanhoenegrecida com labelos finos e curtos. Palpos com o tegumento de cor castanha mais ou menos enegrecida; estipe na base com algumas cerdas níveas e longas, na parte restante revestida de cerdas negras e curtas, segmento terminal em forma de lâmina de faca, muito longo e estreito de comprimento nitidamente maior que o da estipe, desnudado exceto nos bordos superior e inferior, onde apresenta uma série de minúsculas cerdas negras. Genas e pós-genas revestidas de pólen cinzento; ângulo vibrissal com algumas cerdas níveas; barba longa, densa, castanhoenegrecida; pós-genas revestidas de cerdas níveas e longas, exceto as da borda ocular que são curtas e negras. Tórax: Mesonoto com tegumento negro brilhante, mais claro nas bordas laterais e posterior; com pólen de cor parda canela, abundante sobretudo em torno do mesmo e ao longo das suturas; revestido de cerdas negras e curtas, pouco densas exceto nos calos umeral pré e pós-talares, assim como sobre as asas, onde são longas e densas; nos calos umeral e pós-talar existem cerdas níveas misturadas e * Trabalho realizado em colaboração com Gustavo Mendes de Oliveira Castro e publicado em maio de 1937 nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, t.32, fasc.2, p.231-3. Foi recebido para publicação em 6.4.1937. [N.E.]

698 ADOLPHO LUTZ OBRA COMPLETA Vol. 2 Livro 2 sobre as asas o tufo é conspícuo e formado de cerdas níveas; as cerdas do escutelo são longas e esparsas. Pleuras com tegumento e pólen semelhantes aos do mesonoto, as cerdas são castanho-enegrecidas, semelhantes às da barba, sendo mais desenvolvidas nas bordas superior e posterior da mesopleura, na pteropleura e escamopleura, assim como nos ângulos súpero-posterior e inferior da esternopleura; hipopleura e metapleura desnudadas. Pernas: Coxas com tegumento e cerdas semelhantes aos das pleuras. Fêmures com tegumento castanho-escuro e revestido de densas e longas cerdas semelhantes às das pleuras; tíbias e tarsos anteriores e médios com o tegumento de cor apenas mais clara que a dos fêmures, revestidos de cerdas negras, curtas, exceto as da face inferior das tíbias e tarsos anteriores, que são amareladas, assim como algumas sob os tarsos médios que são avermelhadas; tíbias posteriores com o característico revestimento de cerdas longas e densas; tarsos posteriores semelhantes aos anteriores. Asas: Com a membrana hialina, brilhante em conseqüência de redução das microtriquias que faltam mesmo em grande parte da porção posterior da asa; de cor castanha exceto em Sc 1 e 1 M, onde é fortemente enegrecida, e eventualmente em algumas células que podem mostrar-se mais ou menos fenestradas. Tégulas com cerdas negras; escama de cor castanho-escura; escâmula franjada de cerdas semelhantes às das pleuras. Abdome: Com o tegumento negro brilhante; com o dorso fortemente abaulado; com os tergitos revestidos de cerdas negras, apresentando no meio da borda livre dos 3º e 4º pequenos grupos de cerdas níveas (é possível que outros tergitos possuam também grupos de cerdas níveas semelhantes; nossos exemplares, porém, de um modo geral, tinham perdido muitas das cerdas dos tergitos, o que não nos permitiu a observação); esternitos na borda livre com franjas de cerdas níveas, interrompidas no meio por cerdas negras, o 2º apresenta ainda um grupo de cerdas níveas numa área circular, látero-apical; o 1º é desnudado; no mais, revestidos de cerdas negras e com tegumento semelhante ao dos tergitos. Discussão Taxonômica: Distingue-se de Laphriomyia mirabilis Lutz, 1911, que é a espécie mais próxima, pela coloração das asas e pelos palpos; aquelas em L. mirabilis são em grande parte amarelas cor de enxofre e estes nitidamente mais curtos que a estipe, além disso não pude observar em L. mirabilis cerdas brancas na estipe e ângulo vibrissal, assim como as cerdas brancas dos esternitos acham-se reduzidas e confinadas ao 2º. Tipo: Rotulado: Juquiá, S. Paulo; J. Lane coll. XII-1929; determinado por Kroeber como Laphriomyia mirabilis Lutz. Descrição baseada em dois exemplares, sendo o outro colhido por L. Travassos em Angra dos Reis, XII-932; o tipo foi depositado nas coleções do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Laphriomyia mirabilis Lutz, 1911 (macho ainda não descrito). Macho: Comprimento do corpo: 20mm; das antenas: 2,1mm; da tromba: 7mm; das asas: 1,7mm; largura das asas: 6mm; distância vértico-clipeal: 5,3mm. Perfeitamente semelhante à fêmea, excetuando-se os seguintes caracteres: olhos contíguos; com facetas de dois tamanhos, as grandes ocupando cerca dos 2/3

699 superiores dos olhos; a pubescência que fica sobre a região de facetas grandes é amarelo-palha, nitidamente mais clara que a restante, castanha. Os palpos são mais curtos que na fêmea, sobretudo o segmento terminal de forma oval acuminada. O frontoclípeo é mais curto e arredondado. O revestimento de cerdas é, de um modo geral, um pouco mais desenvolvido, havendo redução nas cerdas níveas. O abdome é relativamente menos robusto, com genitália muito conspícua. Tipo: Colhido em Angra dos Reis por L. Travassos em I. 932, pertencente à coleção do Instituto Oswaldo Cruz. Bibliografia Krober, O. 1930. Die Tribus Pangoniini der neutropischen region. Zool. Anz., v.89, n.7-10, p.225-8. 1931. Neue Südamerikanische Tabaniden des Ungarischen National Museums und einiger anderer Institute. Ann. Mus. Nat. Hung., v.17, p.330-1. Lutz, A. 1911. Novas contribuições para o conhecimento das Pangoninas e Chrysopinas do Brasil. Mem. Inst. Osw. Cruz, v.3, n.1, p.70-3, Est. 1, Fig. 5. ll