Década de 1930 1937 Sobre uma espécie nova do gênero Laphriomyia Lutz, e descrição do macho de L. mirabilis Lutz (Diptera: Tabanidae) Adolpho Lutz G. M. de Oliveira Castro SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros BENCHIMOL, JL., and SÁ, MR., eds. and orgs. Adolpho Lutz: Entomologia - tabanídeos = Entomology - tabanidae [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. 704 p. Adolpho Lutz Obra Completa, v.2, book 2. ISBN: 85-7541-065-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.
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697 Sobre uma espécie nova do gênero Laphriomyia Lutz, e descrição do macho de L. mirabilis Lutz (Diptera: Tabanidae) * Laphriomyia longipalpis n. sp. (fêmea). Fêmea: Comprimento do corpo: 18-21mm; das antenas: 2,5mm; da tromba: 9mm; das asas: 19-20mm; largura das asas: 6-7mm; distância vértico-clipeal: 5,2mm. Cabeça: Olhos pubescentes, com as cerdas de cor castanha. Pós-fronte larga, duas vezes mais longa que larga embaixo, com os lados paralelos, revestida de pólen de cor pardo canela e de abundantes cerdas curtas e negras; placa ocelar saliente com três ocelos escuros, assim como a craniália, revestida com pólen semelhante ao da pós-fronte e de cerdas negras, porém, mais longas e proclinadas. Frontoclípeo fortemente protraído, com a forma de um hemicone, com o tegumento castanho enegrecido, brilhante, com pólen acinzentado de cada lado sob as antenas e na margem inferior, com algumas poucas cerdas nos lados, negras e curtas. Calo antenal saliente, revestido de pólen como o da pós-fronte; antenas com o 1º e 2º segmentos de cor pardo-enegrecida; o 1º cerca de duas vezes mais longo que largo, revestido assim como o 2º de cerdas negras, flagelo com os três últimos anéis mais claros e avermelhados, sendo o último de comprimento equivalente ao dos dois precedentes reunidos. Probóscida longa, fina, glabra, castanhoenegrecida com labelos finos e curtos. Palpos com o tegumento de cor castanha mais ou menos enegrecida; estipe na base com algumas cerdas níveas e longas, na parte restante revestida de cerdas negras e curtas, segmento terminal em forma de lâmina de faca, muito longo e estreito de comprimento nitidamente maior que o da estipe, desnudado exceto nos bordos superior e inferior, onde apresenta uma série de minúsculas cerdas negras. Genas e pós-genas revestidas de pólen cinzento; ângulo vibrissal com algumas cerdas níveas; barba longa, densa, castanhoenegrecida; pós-genas revestidas de cerdas níveas e longas, exceto as da borda ocular que são curtas e negras. Tórax: Mesonoto com tegumento negro brilhante, mais claro nas bordas laterais e posterior; com pólen de cor parda canela, abundante sobretudo em torno do mesmo e ao longo das suturas; revestido de cerdas negras e curtas, pouco densas exceto nos calos umeral pré e pós-talares, assim como sobre as asas, onde são longas e densas; nos calos umeral e pós-talar existem cerdas níveas misturadas e * Trabalho realizado em colaboração com Gustavo Mendes de Oliveira Castro e publicado em maio de 1937 nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, t.32, fasc.2, p.231-3. Foi recebido para publicação em 6.4.1937. [N.E.]
698 ADOLPHO LUTZ OBRA COMPLETA Vol. 2 Livro 2 sobre as asas o tufo é conspícuo e formado de cerdas níveas; as cerdas do escutelo são longas e esparsas. Pleuras com tegumento e pólen semelhantes aos do mesonoto, as cerdas são castanho-enegrecidas, semelhantes às da barba, sendo mais desenvolvidas nas bordas superior e posterior da mesopleura, na pteropleura e escamopleura, assim como nos ângulos súpero-posterior e inferior da esternopleura; hipopleura e metapleura desnudadas. Pernas: Coxas com tegumento e cerdas semelhantes aos das pleuras. Fêmures com tegumento castanho-escuro e revestido de densas e longas cerdas semelhantes às das pleuras; tíbias e tarsos anteriores e médios com o tegumento de cor apenas mais clara que a dos fêmures, revestidos de cerdas negras, curtas, exceto as da face inferior das tíbias e tarsos anteriores, que são amareladas, assim como algumas sob os tarsos médios que são avermelhadas; tíbias posteriores com o característico revestimento de cerdas longas e densas; tarsos posteriores semelhantes aos anteriores. Asas: Com a membrana hialina, brilhante em conseqüência de redução das microtriquias que faltam mesmo em grande parte da porção posterior da asa; de cor castanha exceto em Sc 1 e 1 M, onde é fortemente enegrecida, e eventualmente em algumas células que podem mostrar-se mais ou menos fenestradas. Tégulas com cerdas negras; escama de cor castanho-escura; escâmula franjada de cerdas semelhantes às das pleuras. Abdome: Com o tegumento negro brilhante; com o dorso fortemente abaulado; com os tergitos revestidos de cerdas negras, apresentando no meio da borda livre dos 3º e 4º pequenos grupos de cerdas níveas (é possível que outros tergitos possuam também grupos de cerdas níveas semelhantes; nossos exemplares, porém, de um modo geral, tinham perdido muitas das cerdas dos tergitos, o que não nos permitiu a observação); esternitos na borda livre com franjas de cerdas níveas, interrompidas no meio por cerdas negras, o 2º apresenta ainda um grupo de cerdas níveas numa área circular, látero-apical; o 1º é desnudado; no mais, revestidos de cerdas negras e com tegumento semelhante ao dos tergitos. Discussão Taxonômica: Distingue-se de Laphriomyia mirabilis Lutz, 1911, que é a espécie mais próxima, pela coloração das asas e pelos palpos; aquelas em L. mirabilis são em grande parte amarelas cor de enxofre e estes nitidamente mais curtos que a estipe, além disso não pude observar em L. mirabilis cerdas brancas na estipe e ângulo vibrissal, assim como as cerdas brancas dos esternitos acham-se reduzidas e confinadas ao 2º. Tipo: Rotulado: Juquiá, S. Paulo; J. Lane coll. XII-1929; determinado por Kroeber como Laphriomyia mirabilis Lutz. Descrição baseada em dois exemplares, sendo o outro colhido por L. Travassos em Angra dos Reis, XII-932; o tipo foi depositado nas coleções do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Laphriomyia mirabilis Lutz, 1911 (macho ainda não descrito). Macho: Comprimento do corpo: 20mm; das antenas: 2,1mm; da tromba: 7mm; das asas: 1,7mm; largura das asas: 6mm; distância vértico-clipeal: 5,3mm. Perfeitamente semelhante à fêmea, excetuando-se os seguintes caracteres: olhos contíguos; com facetas de dois tamanhos, as grandes ocupando cerca dos 2/3
699 superiores dos olhos; a pubescência que fica sobre a região de facetas grandes é amarelo-palha, nitidamente mais clara que a restante, castanha. Os palpos são mais curtos que na fêmea, sobretudo o segmento terminal de forma oval acuminada. O frontoclípeo é mais curto e arredondado. O revestimento de cerdas é, de um modo geral, um pouco mais desenvolvido, havendo redução nas cerdas níveas. O abdome é relativamente menos robusto, com genitália muito conspícua. Tipo: Colhido em Angra dos Reis por L. Travassos em I. 932, pertencente à coleção do Instituto Oswaldo Cruz. Bibliografia Krober, O. 1930. Die Tribus Pangoniini der neutropischen region. Zool. Anz., v.89, n.7-10, p.225-8. 1931. Neue Südamerikanische Tabaniden des Ungarischen National Museums und einiger anderer Institute. Ann. Mus. Nat. Hung., v.17, p.330-1. Lutz, A. 1911. Novas contribuições para o conhecimento das Pangoninas e Chrysopinas do Brasil. Mem. Inst. Osw. Cruz, v.3, n.1, p.70-3, Est. 1, Fig. 5. ll