REVISÃO E ATUALIZAÇÃO OAB DIREITO PENAL

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Transcrição:

REVISÃO E ATUALIZAÇÃO OAB DIREITO PENAL PÁGINA ONDE SE LÊ LEIA-SE 557 Princípio da continuidade Princípio da continuidade normativo-típica: caso haja mera normativo-típica: caso haja mera revogação formal de determinado tipo penal, que sofre uma readequação revogação formal de determinado tipo penal, que sofre uma readequação típica típica e consequente modificação do e consequente modificação do respectivo nomen iuris, não se falará em abolitio criminis, já que o fato respectivo nomen iuris, não se falará em abolitio criminis, já que o fato continua continua previsto dentro do previsto dentro do ordenamento ordenamento jurídico-penal como jurídico-penal como delituoso. 1º delituoso. 1º exemplo: o rapto violento (art. 219 do CP) foi revogado pela Lei n.º 11.106/05, mesma legislação que criou a figura do sequestro ou cárcere privado qualificado porque praticado com fins libidinosos (art. 148, 1º, V, do CP). Portanto, não há abolitio criminis de rapto violento, já que a exemplo: o rapto violento (art. 219 do CP) foi revogado pela Lei n.º 11.106/05, mesma legislação que criou a figura do sequestro ou cárcere privado qualificado porque praticado com fins libidinosos (art. 148, 1º, V, do CP). Portanto, não há abolitio criminis de rapto violento, já que a conduta ainda é prevista como conduta ainda é prevista como delituosa dentro do Código Penal. Nesse delituosa dentro do Código Penal. sentido: STF, HC 101035, j. 26-10-2010, Nesse sentido: STF, HC 101035, j. 26- noticiado no Informativo 606. 2º 10-2010, noticiado no Informativo 606. exemplo: também em respeito ao 2º exemplo: também em respeito ao princípio da continuidade normativa típica, não há que se falar em abolitio princípio da continuidade normativa típica, não há que se falar em abolitio criminis de atentado violento ao pudor, criminis de atentado violento ao já que a Lei n.º 12.015/09 apenas pudor, já que a Lei n.º 12.015/09 apenas revogou formalmente o art. 214 do CP, passando a modalidade delituosa ali prevista para dentro do art. 213. O crime, portanto, continua revogou formalmente o art. 214 do CP, passando a modalidade delituosa ali prevista para dentro do art. 213. O crime, portanto, continua existindo, hoje com o nome de estupro. 3º exemplo: o existindo, hoje com o nome de uso de arma de fogo como causa de estupro. aumento de pena no crime de roubo foi revogado do inciso I, do 2º, do art. 157 do CP, mas passou a ser previsto no inciso I, do 2º-A do mesmo artigo, razão pela qual não há que se falar em abolitio criminis da majorante de uso de arma de fogo no crime de roubo. O mesmo não pode se afirmar das armas brancas e impróprias que, revogadas e não abarcadas pelo novo tipo penal, acabaram sofrendo a abolitio criminis. 563 1.6.2.3. Princípio da consunção ou absorção (lex consumens derogat legi consumptae): 1.6.2.3. Princípio da consunção ou absorção (lex consumens derogat legi consumptae): Atenção: O STF entende não ser 1

566 Não incide: a) no crime de moeda falsa (art. 289 do CP); b) nos crimes praticados com violência ou grave ameaça contra pessoa (ex.: roubo); c) no crime de contrabando. 566 1.7.5. Princípio da insignificância ou bagatela: ATENÇÃO: 566 1.7.5. Princípio da insignificância ou bagatela: ATENÇÃO: 566 Crime de descaminho: Salientese, por oportuno, que a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na sessão eletrônica iniciada em 22/11/2017 e finalizada em 28/11/2017, decidiu afetar os Recursos Especiais n. 1.709.029/MG e 1.688.878/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, a fim de propor a revisão da tese firmada no Tema 157/STJ (REsp 1.112.748/TO), nos termos do art. 927, 4º, do CPC e art. 256-S do RISTJ, possível que um crime tipificado no Código Penal seja absorvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções Penais. STF. 1ª Turma. HC 121652/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/4/2014 (Info 743). Não incide: a) no crime de moeda falsa (art. 289 do CP); b) nos crimes praticados com violência ou grave ameaça contra pessoa (ex.: roubo); c) no crime de contrabando. d) no crime de tráfico de drogas. Crimes contra o meio ambiente: O STF entende ser aplicável o princípio da significância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame. Recentemente, a Suprema Corte entendeu que o princípio não se aplica ao crime de pesca em período de defeso com o uso de método não permitido previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: TIPO PENAL PRÁTICA DELITUOSA CIRCUNSTÂNCIAS. As circunstâncias da prática delituosa não afastam a configuração do tipo penal, repercutindo na fixação da pena. MEIO AMBIENTE DANO PEQUENO VALOR. A natureza do bem protegido afasta a construção jurisprudencial do crime de bagatela. (HC 122560, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 08/05/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-098 DIVULG 18-05- 2018 PUBLIC 21-05-2018) Transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997 (Súmula 606 do STJ). Crimes tributários e descaminho: STF e STJ pacificaram o entendimento de que o princípio da insignificância incide tanto nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do descaminho (art. 334 do CP) quando o débito tributário não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor estipulado pelo art. 20, Lei 10.522/2002, atualizado pelas portarias 75 e 130/2012, do Ministério da Fazenda. 2

com a seguinte questão submetida a julgamento: Discute-se a revisão da tese fixada no REsp n. 1.112.748/TO (representativo de controvérsia) - Tema 157, a fim de adequá-la ao entendimento externado pela Suprema Corte, no sentido de considerar o parâmetro estabelecido nas Portarias n. 75 e 130/MF (vinte mil reais) para aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho (STJ, 5ª T., AgRg no REsp 1694698, j. 12/12/2017). 567 1.7.9. Princípio da exteriorização ou materialização do fato: Atenção: a contravenção penal da vadiagem (art. 59 da LCP), embora formalmente vigente, é tida por muitos autores como não recepcionada pela Constituição Federal, já que representaria o indesejável direito penal do autor. 569 Individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF): deve ser lembrada a Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.º 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.º 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Significa que todos os crimes, hediondos ou não, exigirão o requisito objetivo de 1/6 de cumprimento de pena no regime mais gravoso para a progressão, desde que o delito tenha sido praticado até 29 de março de 2007 (data em que a Lei n.º 11.464/07 entrou em vigor). Depois dessa data, os crimes não hediondos continuarão exigindo o cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior para a progressão, e os hediondos e assemelhados (tortura, tráfico de drogas e terrorismo) 2/5 (réu não reincidente) ou 3/5 (réu reincidente). Precedentes: STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 137595 AgR, Rel. Min Roberto Barroso, julgado em 07/05/2018. 1.7.9. Princípio da exteriorização ou materialização do fato: Atenção: a contravenção penal da vadiagem (art. 59 da LCP), embora formalmente vigente, é tida por muitos autores como não recepcionada pela Constituição Federal, já que representaria o indesejável direito penal do autor. Ainda, excepcionalmente, a Lei de Terrorismo (Lei 13.260/2016) prevê a penalização de atos preparatórios voltados ao terrorismo. Individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF): em respeito ao respectivo princípio constitucional, a Suprema Corte editou a Súmula Vinculante nº 26 que declarou inconstitucional dispositivo da Lei de Crimes Hediondos que impedia a progressão de regime ao prever a totalidade do cumprimento da pena em regime fechado. A fim de efetivar o respectivo princípio também no caso de crimes hediondos, foi editada a Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.º 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.º 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Significa que todos os crimes, hediondos ou não, exigirão o requisito objetivo de 1/6 de cumprimento de pena no regime mais gravoso para a progressão, desde que o delito tenha sido praticado até 29 de março de 2007 (data em que a Lei n.º 11.464/07 entrou em vigor). Depois dessa data, os crimes não hediondos continuarão exigindo o cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior para a progressão, e os hediondos e assemelhados (tortura, tráfico de drogas e terrorismo) 2/5 (réu não reincidente) ou 3/5 (réu 3

reincidente). 572 p) Crime impossível: conforme o art. 17 do Código Penal, Não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. O crime impossível exclui a tipicidade. 581 Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo (ex.: o motorista que, em desabalada corrida, para chegar em seu destino, aceita o resultado de atropelar uma pessoa). Recorde-se da conhecida fórmula de Frank para explicar o dolo eventual: Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir. 611 Causas de aumento (majorantes) e de diminuição (minorantes). Exemplos de causas de aumento: o concurso formal (art. 70 do CP); a continuidade delitiva (art. 71 do CP); o fato de ser a vítima de homicídio doloso menor de catorze ou maior de sessenta anos (art. 121, 4º, do CP); a condição de funcionário público nos crimes contra a honra, se eles se deram em razão de suas funções (art. 141, II, do CP); o período de repouso noturno no furto (art. 155, 1º, do p) Crime impossível: conforme o art. 17 do Código Penal, Não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. O crime impossível exclui a tipicidade. Súmula 73, STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Súmula 145, STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo (ex.: o motorista que, em desabalada corrida, para chegar em seu destino, aceita o resultado de atropelar uma pessoa). Recorde-se da conhecida fórmula de Frank para explicar o dolo eventual: Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir. Obs: a embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173- SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623). Causas de aumento (majorantes) e de diminuição (minorantes). Exemplos de causas de aumento: o concurso formal (art. 70 do CP); a continuidade delitiva (art. 71 do CP); o fato de ser a vítima de homicídio doloso menor de catorze ou maior de sessenta anos (art. 121, 4º, do CP); a condição de funcionário público nos crimes contra a honra, se eles se deram em razão de suas funções (art. 141, II, do CP); o período de repouso noturno no furto (art. 155, 1º, do CP); o concurso de 4

CP); o emprego de arma e o concurso de pessoas no roubo (art. 157, 2º, do CP). pessoas e o uso de arma de fogo no roubo (art. 157, 2º e 2-A, do CP). Atenção: as consideradas armas brancas (facas, canivetes, etc) não são mais consideradas causa de aumento de pena, passando a ser integrantes do tipo penal do roubo, havendo causa de aumento de pena apenas se a violência ou grave ameaça for exercida com arma de fogo, conforme alteração trazida pela Lei 13.654/2018. 611 --- De acordo com a Súmula 607 do STJ, A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. 631 -- Súmula 592, STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal. 636 Presunção de inocência com relação a fatos supervenientes. O apenado continua merecendo tratamento de inocente no que se refere a novos delitos e faltas disciplinares. Age, portanto, sob o manto constitucional da presunção da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF. 637 Individualização da pena. O art. 5º, XLVI, da CF e o art. 5º da LEP garantem a individualização da pena, direito fundamental do condenado, inclusive na fase executória. A partir de agora, além dos exames classificatório e criminológico, existe a obrigatoriedade de os condenados por crimes hediondos ou violentos serem Presunção de inocência com relação a fatos supervenientes. O apenado continua merecendo tratamento de inocente no que se refere a novos delitos e faltas disciplinares. Age, portanto, sob o manto constitucional da presunção da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF. Obs: Destaca-se o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal acerca da execução antecipada da pena: A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. Em outras palavras, é possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/2/2016 (Info 814). Individualização da pena. O art. 5º, XLVI, da CF e o art. 5º da LEP garantem a individualização da pena, direito fundamental do condenado, inclusive na fase executória. A partir de agora, além dos exames classificatório e criminológico, existe a obrigatoriedade de os condenados por crimes hediondos ou violentos serem submetidos a exame 5

submetidos a exame de DNA (art. 9º-A da LEP). 640 Requisito objetivo. Exige-se o cumprimento de um sexto da pena. Obs.: no caso de crimes hediondos ou equiparados, o sentenciado deve cumprir 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente), conforme disposto no art. 2º, 2º, da Lei n. 8.072/90. Requisito subjetivo. Comprovação do bom comportamento carcerário. 644 O homicídio qualificado, tentado ou consumado, é crime hediondo, por expressa previsão do art. 1º, I, da Lei n. 8.072/90. Homicídio qualificado-privilegiado Somente é possível se a qualificadora de DNA (art. 9º-A da LEP). Obs 1: Súmula 439, STJ - Admitese o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Obs 2: Súmula Vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Requisito objetivo. Exige-se o cumprimento de um sexto da pena. Obs.: no caso de crimes hediondos ou equiparados, o sentenciado deve cumprir 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente), conforme disposto no art. 2º, 2º, da Lei n. 8.072/90, alterado pela Lei nº 11.464/2007. Obs: Nesse sentido, a Súmula 471 do STJ prevê que os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Esse entendimento foi consolidado para dirimir eventuais controvérsias após o Supremo Tribunal Federal ter declarado inconstitucional o art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990 que estabelecia a impossibilidade de progressão de regime no caso de crimes hediondos ao prever a integralidade do cumprimento da pena em regime fechado, pois tal previsão consubstanciaria afronta direta ao princípio constitucional da individualização da pena. Editou-se a Súmula Vinculante nº 26 nesse sentido. Requisito subjetivo. Comprovação do bom comportamento carcerário. O homicídio qualificado, tentado ou consumado, é crime hediondo, por expressa previsão do art. 1º, I, da Lei n. 8.072/90. Destaca-se o entendimento do STJ no sentido de que não caracteriza bis in 6

for objetiva. Não é crime hediondo. idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625), DJe 11/05/2018. Homicídio qualificado-privilegiado Somente é possível se a qualificadora for objetiva. Não é crime hediondo. 654 Furto qualificado (art. 155, 4º) O furto é qualificado se cometido: com Furto qualificado (art. 155, 4º) O furto é qualificado se cometido: com destruição ou rompimento de destruição ou rompimento de obstáculo obstáculo à subtração da coisa (inc. I); com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (inc. II); com emprego de chave falsa (inc. III); e mediante concurso de duas ou mais à subtração da coisa (inc. I); com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (inc. II); com emprego de chave falsa (inc. III); e mediante concurso de duas ou mais pessoas (inc. IV). À exceção da pessoas (inc. IV). À exceção da circunstância do abuso de confiança, circunstância do abuso de confiança, as as demais, de natureza objetiva, demais, de natureza objetiva, comunicam-se aos coautores e comunicam-se aos coautores e partícipes. Conforme o 5º, a pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Já o 6º, incluído ao Código Penal pela Lei n. 13.330/2016, pune o agente com a pena de reclusão de dois a cinco anos partícipes. Conforme o 5º, a pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Já o 6º, incluído ao Código Penal pela Lei n. 13.330/2016, pune o agente com a pena de reclusão de dois a cinco anos se a se a subtração for de semovente subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. As novidades do tipo penal ficam por conta das alterações trazidas pela Lei 13.654/2018 que que inseriu no respectivo artigo do CP o 4º- A que prevê a pena de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum e o 7º que também prevê a pena de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa no caso de a subtração ser de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 655 Roubo majorado ou circunstanciado (art. 157, 2º) A pena do crime de roubo é aumentada de 1/3 até 1/2: a) se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma, o que não inclui o uso de arma de brinquedo, estando cancelada a Súmula 174 do STJ. Em se tratando de arma de fogo, Roubo majorado ou circunstanciado de 1/3 até a metade (art. 157, 2º) A pena do crime de roubo é aumentada de 1/3 até 1/2: a) se há concurso de duas ou mais pessoas; b) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância; c) se a subtração for de veículo automotor que 7

não é necessária a apreensão e perícia do armamento, desde que o seu uso seja demonstrado por outros meios (ex.: prova testemunhal); b) se há concurso de duas ou mais pessoas; c) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância; d) se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; e) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 656 --- 656 Roubo qualificado pelas lesões corporais graves (art. 157, 3º, 1ª parte) Se da violência empregada decorrem lesões corporais graves, a hipótese é de roubo qualificado e a pena é aumentada em razão do maior desvalor do resultado. Não importa se essas lesões advieram de dolo ou de culpa, mas é imprescindível que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; d) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. A Lei 13.654/2018, além de revogar o inciso que previa a majorante pelo uso de arma (seja branca ou de fogo), ainda inseriu entre as majorantes a subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Como explosivos podemos entender substância ou artefato que possa gerar alguma destruição. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017 (Info 599). Roubo majorado ou circunstanciado em 2/3 (art. 157, 2º-A) O respectivo parágrafo foi inserido pela Lei 13.654/2018 que acrescentou duas circunstâncias causadoras de aumento de pena do crime de roubo em 2/3, quais sejam: a) se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; b) se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Primeiramente, podemos destacar que, em razão de o uso de arma de fogo ter sido previsto no presente parágrafo, ainda que revogado no anterior, não se trata de abolitio criminis, mas sim de continuidade normativo-típica, conforme já estudado. Ainda, destaca-se a restrição trazida pelo legislador que inseriu apenas a arma de fogo como majorante do crime de roubo, fazendo com que as armas brancas (como faca e canivete) e demais artefatos capazes de causar dano à vítima agora configurem apenas roubo simples, sem serem consideradas causas de aumento de pena. Roubo qualificado pelas lesões corporais graves (art. 157, 3º, inciso I) Se da violência empregada decorrem lesões corporais graves, a hipótese é de roubo qualificado e a pena é aumentada em razão do maior desvalor do resultado. Não importa se essas lesões advieram de dolo ou de culpa, mas é imprescindível que tenham sido 8

tenham sido causadas pela violência física empregada contra a vítima ou, ainda, contra terceira pessoa, e não pela grave ameaça ou por qualquer outro meio utilizado pelo agente para proceder à subtração. 656 Latrocínio (art. 157, 3º, 2ª parte) O latrocínio é um crime complexo, ou seja, uma unidade jurídica composta pelos delitos de roubo e homicídio (da vítima ou de terceiro). Trata-se, pois, do roubo qualificado pelo resultado morte. Sua configuração exige o dolo na conduta antecedente, mas não importa se houve dolo ou culpa no resultado consequente, porque o aumento da pena decorre do maior desvalor do resultado. Outrossim, apesar de atingir o bem jurídico vida, no latrocínio, a morte é um meio para o crime-fim que é contra o patrimônio da vítima, o que afasta a competência do Tribunal do Júri para seu julgamento (Súmula 603 do STF). De acordo com a Súmula 610 do STF, o latrocínio estará consumado quando o homicídio se consuma, ainda que o agente não realize a subtração de bens da vítima. O latrocínio é crime hediondo (art. 1º, II, da Lei n. 8.072/90). 666 AÇÃO PENAL (ART. 225 DO CP) Nos crimes contra a liberdade sexual (capítulo I) e nos crimes sexuais contra vulnerável (capítulo II), procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. No entanto, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável, a ação será pública incondicionada. causadas pela violência física empregada contra a vítima ou, ainda, contra terceira pessoa, e não pela grave ameaça ou por qualquer outro meio utilizado pelo agente para proceder à subtração. Conforme alteração trazida pela Lei 13.654/2018, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa. Latrocínio (art. 157, 3º, inciso II) O latrocínio é um crime complexo, ou seja, uma unidade jurídica composta pelos delitos de roubo e homicídio (da vítima ou de terceiro). Trata-se, pois, do roubo qualificado pelo resultado morte. Sua configuração exige o dolo na conduta antecedente, mas não importa se houve dolo ou culpa no resultado consequente, porque o aumento da pena decorre do maior desvalor do resultado. Outrossim, apesar de atingir o bem jurídico vida, no latrocínio, a morte é um meio para o crime-fim que é contra o patrimônio da vítima, o que afasta a competência do Tribunal do Júri para seu julgamento (Súmula 603 do STF). De acordo com a Súmula 610 do STF, o latrocínio estará consumado quando o homicídio se consuma, ainda que o agente não realize a subtração de bens da vítima. O latrocínio é crime hediondo (art. 1º, II, da Lei n. 8.072/90). AÇÃO PENAL (ART. 225 DO CP) Nos crimes contra a liberdade sexual (capítulo I) e nos crimes sexuais contra vulnerável (capítulo II), procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. No entanto, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável, a ação será pública incondicionada. A ação penal também será pública incondicionada no crime de estupro praticado mediante violência real, conforme previsão da Súmula 608 do STF, entendendo o Supremo Tribunal Federal ainda que o entendimento dessa súmula pode ser aplicado independentemente da existência da ocorrência de lesões corporais nas vítimas de estupro. A violência real se caracteriza não apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas sempre que é empregada força física contra a vítima, cerceandolhe a liberdade de agir segundo a sua 9

680 Obs.: 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que o crime de desobediência é subsidiário, configurando-se apenas quando, desrespeitada ordem judicial, não existir sanção específica ou não houver ressalva expressa no sentido da aplicação cumulativa do Código Penal. 2. Considerando-se a existência de medidas próprias na Lei n.º 11.340/2006 e a cominação específica do art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, o descumprimento de medidas protetivas de urgência não configura o crime de desobediência (STJ, 5ª T., AgRg no AREsp 539828, j. 05/10/2017). 681 Controle de convencionalidade: A Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.640.084/SP, afastou a tipicidade do crime de desacato, ante sua incompatibilidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos. No entanto, a matéria foi recentemente examinada pela Terceira Seção deste Sodalício, no HC-379.269/MS (sessão do dia 24/5/2017). Lá, por maioria de votos, entendeu-se que o delito de desacato continua a ser conduta típica no ordenamento jurídico pátrio (STJ, 5ª T., AgRg no HC 395364, j. 15/08/2017). vontade. Assim, se os atos foram praticados sob grave ameaça, com imobilização de vítimas, uso de força física e, em alguns casos, com mulheres sedadas, trata-se de crime de estupro que se enquadra na Súmula 608 do STF e que, portanto, a ação é pública incondicionada. STF. 2ª Turma. RHC 117978/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/6/2018 (Info 905). Obs.: 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que o crime de desobediência é subsidiário, configurando-se apenas quando, desrespeitada ordem judicial, não existir sanção específica ou não houver ressalva expressa no sentido da aplicação cumulativa do Código Penal. 2. Considerando-se a existência de medidas próprias na Lei n.º 11.340/2006 e a cominação específica do art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, o descumprimento de medidas protetivas de urgência não configura o crime de desobediência (STJ, 5ª T., AgRg no AREsp 539828, j. 05/10/2017). Nessa senda, destaca-se a atualização trazida pela Lei nº 13.641/2018 que incluiu na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) um tipo penal específico para essa conduta ao prever no art. 24-A pena de detenção de 3 meses a 2 anos para quem descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas na respectiva lei. Controle de convencionalidade: A Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.640.084/SP, afastou a tipicidade do crime de desacato, ante sua incompatibilidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos. No entanto, a matéria foi recentemente examinada pela Terceira Seção deste Sodalício, no HC-379.269/MS (sessão do dia 24/5/2017). Lá, por maioria de votos, entendeu-se que o delito de desacato continua a ser conduta típica no ordenamento jurídico pátrio (STJ, 5ª T., AgRg no HC 395364, j. 15/08/2017). No mesmo sentido é o entendimento do Supremo Tribunal Federal que recentemente decidiu que o crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade 10

de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma, HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894). 681 Descaminho (art. 334) O crime é iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria, punido com a pena de 1 a 4 anos de reclusão. A consumação ocorre no momento da liberação das mercadorias, sem o recolhimento dos impostos devidos. De acordo com a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, não há necessidade de constituição definitiva do crédito tributário (exigida pela Súmula Vinculante 24 do STF). Descaminho (art. 334) O crime é iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria, punido com a pena de 1 a 4 anos de reclusão. A consumação ocorre no momento da liberação das mercadorias, sem o recolhimento dos impostos devidos. De acordo com a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, não há necessidade de constituição definitiva do crédito tributário (exigida pela Súmula Vinculante 24 do STF), entendendo o Supremo Tribunal Federal que é dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua natureza formal. STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 11