\\.0. Comportamento de algumas espécies/procedências de. Marcos Antônio Drumond-, Paulo César Fernandes Lima', Reginaldo Antônio Valença Santos 2

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Transcrição:

\\.0 BRASIL FLORESTAL - N 78 - Dezembro de 2003 Comportamento de algumas espécies/procedências de EucaLyptus no município de Lagoa Grande-PE Marcos Antônio Drumond-, Paulo César Fernandes Lima', Reginaldo Antônio Valença Santos 2 RESUMO o presente trabalho foi desenvolvido em áreas de produção da Empresa Vitivinícola Santa Maria, à margem do Rio Pontal, Lagoa' Grande-PE, (08 59'S e 40 16 'W, 345 m de altitude e precipitação média anual de 500 mm, concentradas entre os meses de fevereiro e março, com temperatura média anual de 26 C), com o objetivo de avaliar e selecionar as melhores espécies e/ou procedências de Euca/yptus para áreas de sequeiro, para utilização em sistemas de quebraventos e produção de estacas para o cultivo da videira. Foram avaliadas duas procedências de Euca/yptus cama/du/ensis (Proc. CPATSA e 18305), duas de Euca/yptus tereticornis (Proc. 18276 e 18315), uma de Euca/yptus brevifo/ia (Proc. 17493) e uma de Euca/yptus citriodora (Proc. IPEF), em delineamento estatístico de blocos ao acaso, com parcelas lineares de cinco plantas, com quatro repetições. O espaçamento utilizado foi de 3,0 x 3,0 m, com adubação de fundação com 30 g de uréia, 144 g de superfosfato triplo e 15 g de cloreto de potássio em cada cova. Aos 30 dias após o plantio, foi observada uma sobrevivência de 100% em todas as espécies e um bom desenvolvimento silvicultural sem problemas fitossanitários. Aos 16 meses de idade, o Euca/yptus tereticornis procedência 18276 com 90% de sobrevivência e altura média de 3,86 m e 3,22 cm de diâmetro apresentou o melhor desenvolvimento geral, embora não diferindo estatisticamente das demais espécies/procedências testadas, excetuando-se o E. brevifo/ia que foi significativamente inferior às demais espécies, com 0,80 m de altura, 0,32 cm de diâmetro e 20% de sobrevivência. Aos 52 meses de idade, as plantas das espécies/procedências mantiveram a mesma tendência de crescimento, alterando apenas a sobrevivência, especialmente para E. citriodora e E. brevifo/ia. Este fato refletiu na produção final de madeira, onde o E. tereticornis proc. 18276 com 12,23 m 3 /ha, foi superior às demais espécies/procedências testadas, diferindo apenas dos E. citriodora e E. brevifolia. Palavras-chave: Reflorestamento, Euca/yptus, introdução de espécies. 1 Eng. Ftal. Dr., Pesquisador da Embrapa Sem i-árido, BR 428, Km 152, 56302-970 - Petrolina-PE, Brasil, drumond@cpatsa.embrapa.br 2 Adv., Sindiflora/UNIECO, Recife-PE díalogos@netpe.com.br

Marcos Antônio Drumond, Paulo César Fernandes Lima, Reginaldo Antônio Valença Santos Performance of some speciesjprovenances of EucaLyptus in the municipality of Lagoa Grande-PE, BraziL ABSTRACT The present work was carried on in production areas of the Company Vitivinícola Santa Maria, at the bord of Pontal River, Lagoa Grande-PE, (08 59 'S and 40 16 'W, 345 m of altitude, average annual rainfall of 500 mm concentrated from February to March, average annual temperature of 26 C), to evaluate and select the best species and/our provenances of Euca/yptus for rainfed areas for use in break-wind systems and as stakes for using in grapevine cropping system. Two provenances of Euca/yptus cama/du/ensis (Proc. CPATSA and 18305), two of Euca/yptus tereticornis (Proc. 18276 and 18315), one of Euca/yptus brevifo/ia (Proc. 17493) and one of Euca/yptus citriodora (Proc. IPEF) were evaluated in a randomized complete block design with five plant linear plots and four repetitions. Plants were 3,0 x 3,0 m spaced with application of 30 9 of urea, 144 9 of triple superphosphate and 15g of potassium chloride per plant at planting time. At 30 days after planting, it was observed 100% of survival in ali the species and a good plant growth, without pest and disease problems. At age of 16 months, Euca/yptus tereticornis provenance 18276, with plant survival of 90%, and average height of 3,86 m and 3,22 cm of diameter, presented the best general development, although not dittering statistically from the other tested species/provenances, except from the E. brevifolia that was significantly inferior to the other species, with 0,80 m of height, 0,32 cm of diameter and 20% of plant survival. At the age of 52, plants of the species/provenances maintained the same growth tendency, just altering the percentage of plant survival, especially for E. citriodora and E. brevifolia. This fact aftected the final wood production, where E. tereticornis proc. 18276, with 12,23 m 3 /ha, was superior to the other tested species/provenances, just diftering from the E. citriodora and E. brevifo/ia. Key words: Reforestation, Euca/yptus, species introduction 76

BRASIL FLORESTAL - N 78 - Dezembro de 2003 INTRODUÇÃO Com a expansão da agricultura irrigada especialmente da vitivinicultura, urge a demanda do cultivo de espécies de grande porte e de rápido crescimento, para utilização em sistemas de quebra-ventos e produção de estacas para o espaldeiramento das videiras. Para esta região, com déficit hídrico elevado, os projetos de reflorestamento esbarram na escolha de espécies. Sob irrigação, espécies do gênero Euca/yptus tem sido indicada, com produtividade similar às regiões mais úmidas. Para plantios em áreas dependentes de chuva, na região semi-árida do Brasil, Pires & Ferreira (1982) recomendaram espécies de Euca/yptus, principalmente as do subgênero Symphyomyrthus, como o Euca/yptus a/ba, E. brassiana, E. cama/du/ensis, E. exserta e E. crebra. Drumond (1992), numa análise comparativa entre 23 espécies de Euca/yptus introduzidos em diferentes regiões do Nordeste do Brasil, confirmou a potencial idade do E. cama/du/ensis sobre as demais, com produtividade média de 10 rnvha/ano. Segundo Goor & Barney (1976), em áreas com precipitações inferiores a 500 mm, foram encontrados incrementos de 10 rnvha/ano em plantios de E. sideroxy/on, E. cama/du/ensis, E. gomphocepha/a, E. oncidenta/is e E. tereticornis. Em áreas com precipitações entre 500 e 700 mm, em rotação de 9 a 12 anos, foi obtida uma produção de 100 a 150 rnvha, sendo que em condições excepcionais de água e nutrientes, pode ser encontrado incremento superior a 30 rnvha/ano. A potencial idade do Euca/yptus cama/du/ensis e de outras espécies para a região nordeste do Brasil estão descritas em Souza & Carvalho (1984), Lima & Pires (1985), Pires et ai. (1985a, 1985b, 1985c), Souza et ai. (1985), Lima & Oliveira (1997), Oliveira & Lima (1990). O presente trabalho avaliou o comportamento de espécies de Euca/yptus em área próxima ao rio Ponta I e a uma plantação de uva, como subsídio na escolha de espécies potenciais para o reflorestamento com fins de quebra-vento em área irrigada, bem como, produção de estacas. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido numa área de produção da Vitivinícola Santa Maria, à margem do Rio Pontal, município de Lagoa Grande-PE (08 59 'S e 40 16 'W, com 345 m de altitude e com precipitação média anual de 500 mm, concentradas entre os meses de fevereiro e março, com temperatura média anual de 26 C). De acordo com o zoneamento proposto por SILVA et ai (1993), o local está inserido na paisagem denominada depressão sertaneja, predominando solos podzólico vermelho-amarelo equivalente eutrófico e o clima, tropical muito quente. Foram avaliadas duas procedências de Euca/yptus cama/du/ensis Proc. CPATSA e 18305, duas de Euca/yptus tereticornis Proc. 18276 e 18315, uma de Euca/yptus brevifo/ia Proc. 17493 e uma de Euca/yptus citriodora Proc. IPEF (Tabela 1). As mudas foram produzidas no viveiro Florestal da Embrapa Sem i-árido, em Petrolina- PE, e plantadas em espaçamento de 3,0 m x 3,0 m com altura média de 25 cm. Antes do plantio, cada cova foi adubada com 30 gramas de uréia, 144 gramas de superfosfato triplo e 15 gramas de cloreto de potássio. O delineamento estatístico foi blocos ao acaso, com parcelas em linhas de cinco plantas, com qua- Tabela 1. Espécies/procedências do gênero Euca/yptus e respectivos códigos de referência e dados de origem. Espécie/Código Procedência Procedência Lat. S Long. W Alt.(m) E. brevifo/ia (17493) MT Sanford-NT 16 59 ' 130 14 ' 500 E. cama/du/ensis (18305) Wrotham Park-OLD 16 46 ' 144 01' 170 E. cama/du/ensis (CPATSA) Petrolina-PE, BR 09 23' 40 30' 350 E. citriodora (IPEF) Anhembi-SP - BR 22 50' 47"36' 567 E. tereticornis (18276) Laura River-OLD 15 00' 144 31' 100 E. tereticornis (18315) Kennedy R, Lakefieldnp-OLD 15 05 ' 144 19' 32 77

Marcos Antônio Drumond, Paulo César Fernandes Lima, Reginaldo Antônio Valença Santos tro repetições. Foram realizadas avaliações da sobrevivência, da altura e do diâmetro à altura do Peito (DAP) aos 16 e 52 meses de idade. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 1% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Aos 30 dias após o plantio, todas as espécies e procedências aprese.itararn taxas de 100% de sobrevivência, sem problemas quanto ataques de pragas e doenças. Aos 16 meses de idade, o Euca/yptus tereticornis procedência 18276, com 90% de sobrevivência e altura média de 3,86 m e 3,22 cm de diâmetro, apresentou o melhor desenvolvimento em geral, embora não diferindo estatisticamente das demais espécies/procedências testadas. O E. brevifo/ia foi significativamente inferior às demais espécies, com 0,80 m de altura, 0,32 cm de diâmetro e 20% de sobrevivência (Tabela 2). Aos 52 meses de idade, o desenvolvimento das espécies/procedências manteve a mesma tendência de crescimento, alterando apenas a sobrevivência, especialmente para E. citriodora e E. brevifo/ia, o que refletiu na produção final de madeira, onde o E. tereticornis proc. 18276, com 12,23 m 3 /ha, foi superior às demais espécies/procedências testadas. Para E. citriodora, embora os dados de crescimento apresentados sejam satisfatórios o índice de sobrevivência reduziu significativamente com o tempo, confirmando as observações de Pires (1985), em avaliação desta espécie em área de sequeiro, em Petrolina-PE, e Lima & Oliveira (1997), em área de sequeiro, em Contendas do Sincorá-BA, que também encontraram baixos índices de sobrevivência para esta espécie, reforçando a indicação desta espécie para sítios mais úmidos. O comportamento de Euca/yptus tereticornis sugere maiores estudos sobre procedência desta espécie na região. Segundo Assis (1986), variações genéticas presentes nas procedências de uma determinada espécie, são importantes pelo fato de conferir à mesma, comportamentos distintos de um determinado local, quando populações geográficas são usadas como fonte de semente. Para esta espécie, em condições de sequeiro, bons resultados quanto a produtividade no semi-árido brasileiro foi obtida com a procedência 10975 (N.W. laura- QlD). Para o Euca/yptus cama/du/ensis, os valores de crescimento e sobrevivência encontrados para as duas procedências testadas, não diferiram entre si, estando, ligeiramente abaixo do esperado, quando comparados aos dados apresentados por Lima et ai. (1985), Lima & Pires (1985) e Lima & Oliveira (1997), para diversas procedências desta espécie no semiárido brasileiro. Para esta espécie, esses autores apontaram como potencial a procedência 12962, de Petford - QlD. Tabela 2. Características silviculturais (médias de sobrevivência, altura e diâmetro à altura do peito - DAP) das espécies/procedências de Euca/yptus aos 16 e 52 meses de idade em Lagoa Grande-PE, 2003. Espécie/procedência Sobrevivência (%)* Altura (m)* Diâmetro (cm)* Volume (m 3 /ha)* 16 52 16 52 16 52 52 meses meses meses meses meses meses meses E. tereticornis (18276) 90 A 90A 3.86 A 5.89 A 3.22 A 5.10 A 12,23 A E. tereticornis (18315) 90 A 70 AS 3.44 A 5.67 A 2.71 A 4.71 A 8,13 AS E. cama/du/ensis (18305) 95 A 80 AS 2.95 A 5.41 A 2.54 A 4.63 A 8,22 AS E. cama/du/ensis (CPATSA) 75 A 65 AS 3.52 A 5.14 A 3.12 A 4.82 A 7,53 AS E. citriodora (IPEF) 85 A 45 SC 3.24 A 4.74 A 2.99 A 4.19 A 6,41 SC E. brevifo/ia (17493) 20 S 5C 0.80 S 0.67 S 0.32 S 0.50 S 0,05 C * Médias seguidas de mesma letra numa mesma coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade. 78

BRASIL FLORESTAL - N 78 - Dezembro de 2003 CONCLUSÃO em áreas dependentes de chuva no semi-árido brasileiro, com destaque para Eucalyptus Os dados confirmam a viabilidade de plantio de algumas espécies do gênero Eucalyptus tereticornis procedência (18276) de laura River- QlD. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, T. F de. Melhoramento genético do Eucalipto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 12, n. 141, p. 36-46, set. 1986. DRUMOND, M. A. Reflorestamento na região Semi-Árida do Nordeste brasileiro In: NOVAIS, A. B. de; SÃO JOSÉ, A. R.; BARBOSA, A. de A.; SOUZA, I. V. B. Reflorestamento no Brasil. Vitória da Conquista-BA: UESB, 1992. p. 28-34. GOOR, A. Y; BRANEY, C. W. Forest tree planting 1976. 504 p. in arid zones. 2.ed. New York: The Ronald, LIMA, P. C. F; PIRES, I.E. Ensaio de procedências de Eucalyptus camaldulensis Oehnh em Petrolina-PE. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA 1985. 3p. (EMBRAPA-CPATSA, Pesquisa em Andamento; 33). LIMA, P. C. F.; OLIVEIRA, V. R. de. Espécies e procedências do gênero Eucalyptus para a região do Espinhaço Meridional da Bahia. In: IUFRO CONFERENCE ON SllVICUlTURE AND IMPROVEMENTOF EUCAlYPT, 1997, Salvador. Proceedings... Colombo: Embrapa. EMBRAPA- CNPF, 1997. v.1, p.151-156. LIMA, P. C. F; SOUZA, S. M. de; BEZERRA, A. N. Comportamento de Eucalyptus camaldulensis Oehnh aos 36 meses de idade em Souza, PB. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA, 1985. 3p. (EMBRAPA-CPATSA. Pesquisa em Andamento; 37). OLIVEIRA, V. R. de LIMA, P. C. F Ensaio de procedências de Eucalyptus creba F Muell em Petrolina, Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA, 1990. 2 p. (Pesquisa em Andamento; 61). PIRES, I. E. Ensaio de progênie de Eucalyptus citriodora Hook em Petrolina-PE. Petrolina, EMBRAPA-CPATSA, 1985. 3 p. (Pesquisa em andamento; 42). PIRES, I. E.; FERREIRA, C. A. Potencialidade do Nordeste do Brasil para reflorestamento. Curitiba, EMBRAPA-URPFCS, 1982.30 p. (Circular Técnica; 6). PIRES, I.E.; SilVA, H.D. da; RIBASKI, J. Comportamento de Eucalyptus tereticornis Sm. em Petrolina-PE. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA. 1985a. 3 p. (Pesquisa em Andamento; 40). PIRES, I. E.; SOUZA, S. M. de; DRUMOND, M. A. Comportamento de Eucalyptus microtheca F Muell. em Petrolina-PE. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA, 1985b, 3p. (Pesquisa em Andamento; 41). PIRES, I. E.; SOUZA, S. M. de; SilVA, H, D. da S.; Comportamento de espécies e procedências de Eucalyptus em Petrolina-PE. Petrolina-PE: EMBRAPNCPATSA, 1985c. 4 p. (Pesquisa em Andamento; 38). 79

Marcos Antônio Drumond, Paulo César Fernandes Lima, Reginaldo Antônio Valença Santos SILVA, F. B. R. e; RICHÉ,G. R.; TONNEAU, J. P.; SOUZA NETO, N. C. de; LIMA BRITO, L. T. de; CORREIA, R. C.; CAVALCANTI, A. C.; SILVA, F. H. B. B. da; SILVA, A. B. da; ARAÚJO FILHO, J. C. de; LEITE, A. P. Zoneamento agroecológico do Nordeste: diagnóstico do quadro natural e agrossocioeconômico. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA; Recife: EMBRAPA-CNPS- Coordenadoria Regional Nordeste, 1993.2 v. 1 mapa. (Documentos; 80) SOUZA, S. M. de; CARVALHO, J. H. de Comportamento de Eucalyptus camaldulensis Oehnh aos 36 meses de idade em Teresina, PI. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA, 1984. 3 p. (Pesquisa em Andamento; 26). SOUZA, S. M. de; LIMA, P. C. F.; PIRES, I. E. Comportamento de Eucalyptus camaldulensis Oehnh em Petrolina-PE, aos 36 meses de idade. Petrolina-PE: EMBRAPA-CPATSA, 1985. 5 p. (Pesquisa em Andamento; 32). 80