A INSPIRAÇÃO E. A INERRÂNCIA DAS Escrituras HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA. A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).

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2. O Novo Testamento é um "escrito profético. Outra dedução lógica sobre a inspiração consolida a anterior.

Transcrição:

A INSPIRAÇÃO E A INERRÂNCIA DAS Escrituras HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 1

A INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS Hermisten Maia Pereira da Costa 1998, Editora Cultura Cristã 1 a edição 1998 2 a edição 2007 Tiragem 3.000 exemplares Revisão Wendell Lessa Vilela Xavier Editoração Rissato Capa Conselho Editorial Ageu Cirilo de Magalhães Jr., Alex Barbosa Vieira, André Luiz Ramos, Fernando Hamilton Costa, Francisco Solano Portela Neto, Mauro Fernando Meister, Valdeci da Silva Santos e Francisco Baptista de Mello Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Cláudio Antônio Batista Marra A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 2

Em memória do Rev. Raymundo Loria (02/07/1911 13/05/1993), que nos estimulou, com sua vida e ensino, a amar a Deus e sua infalível Palavra. Dedico esta 2 a edição in memoriam do Rev. Boanerges Ribeiro (1919 2003), que prefaciou a 1 a edição, com quem tenho dívida de perene gratidão pelo seu testemunho de vida cristã, ministério pastoral e excelência acadêmica. A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 3

A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 4

Sumário Prefácio à 1ª edição... 9 Apresentação à 2ª edição... 11 Introdução... 13 Primeira Parte A formação do Cânon Introdução... 15 1. Origem e emprego da palavra cânon... 17 1.1. Origem da palavra... 17 1.2. Cânon na literatura secular... 18 1.3. Uso eclesiástico da palavra cânon... 20 1.3.1. No Novo Testamento... 20 1.3.2. Nos Pais e concílios da igreja... 20 1.3.3. Aplicação da palavra cânon aos escritos sagrados... 24 2. A necessidade do reconhecimento oficial do Cânon... 29 2.1. O critério canônico... 31 2.1.1. A apostolicidade... 32 2.1.2. A aceitação e utilização por parte da igreja... 33 2.1.3. Coerência doutrinária... 33 2.1.4. Inspiração... 34 2.2. Os Antilegómena... 34 2.2.1. Hebreus... 34 2.2.2. Filemom... 37 2.2.3. Tiago... 38 2.2.4. 2 Pedro... 40 2.2.5. Judas... 43 2.2.6. Apocalipse... 45 Segunda Parte Uma perspectiva reformada Introdução... 51 1. O que entendemos por Escritura... 1.1. A Vulgata... 53 1.2. Algumas das primeiras traduções protestantes... 55 A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 5

6 A Inspiração e a Inerrância das Escrituras 1.3. A Bíblia nas confissões reformadas... 66 1. Confissão Gaulesa (1559)... 66 2. Confissão Belga (1561)... 67 3. A Segunda Confissão Helvética (1562 1566)... 68 4. A Confissão de Westminster (1647)... 68 5. A Confissão dos Valdenses (1655)... 69 1.4. A posição reformada... 70 2. A inspiração e inerrância das Escrituras... 70 2.1. A necessidade das Escrituras... 70 2.1.1. Necessidade primária... 70 2.1.2. Necessidade conseqüente... 71 2.2. A inspiração das Escrituras... 73 2.2.1. O que inspiração não é... 73 2.2.1.1. Mecânica ou ditada... 73 2.2.1.2. Iluminação... 73 2.2.1.3. Intuição... 74 2.2.1.4. Parcial ou fracionada... 74 2.2.1.5. Mental... 74 2.2.2. O que entendemos por inspiração... 75 2.2.2.1. Considerações gramaticais... 75 2.2.2.2. Definição de inspiração... 76 2.2.2.3. O papel dos escritores sagrados nos seus respectivos registros... 81 2.2.3. O que entendemos por inerrância... 83 2.2.3.1. O porquê dessa doutrina... 83 2.2.3.2. Definição de inerrância... 83 2.2.3.3. Implicações da doutrina da inerrância bíblica... 83 2.3. A Bíblia dá testemunho da sua inspiração e inerrância... 88 2.3.1. Os profetas... 89 2.3.2. Os apóstolos... 89 2.3.3. Jesus Cristo... 90 2.3.4. Afirmações diretas das Escrituras... 90 2.4. A inerrância e um sistema doutrinário coerente... 91 2.4.1. A inerrância e a evangelização... 92 3. A relevância das Escrituras no sistema reformado... 96 3.1. João Calvino: o exegeta da Reforma... 96 3.2. A Confissão de Westminster... 123 3.3. Autoridade interna... 124 3.4. Autoridade hermenêutica... 126 3.5. Autoridade norteadora... 127 3.6. Autoridade para nos conduzir a Deus... 134 A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 6

Sumário 3.7. Autoridade para julgar a nossa teologia... 135 3.8. Autoridade completa... 136 3.9. Autoridade escrita final... 136 Anexo 1 A invenção da imprensa moderna... 139 Anexo 2 A tipografia e a Bíblia no Brasil: esboço introdutório... 141 1. Primórdios da tipografia no Brasil... 141 2. A Bíblia e os seus divulgadores no Brasil... 150 7 A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 7

A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 8

Prefácio à 1 a edição O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa vem oferecendo ao movimento de reforma da religião no Brasil a indispensável contribuição de obras muito bem-informadas. Traz-nos o benefício da cátedra competente, com trabalhos originais, produzidos aqui mesmo (aos quais vêm-se acrescentando as traduções valiosas e claras dos Comentários de Calvino pelo Rev. Valter Graciano Martins). Na Introdução da presente obra do Rev. Hermisten é examinado o processo de reconhecimento do Cânon pelos judeus (Antigo Testamento); pela igreja antes de Trento, e confissões reformadas e Luteranas (os 66 livros canônicos da Bíblia). É uma introdução oportuna e atualiza trabalhos de gerações que nos precederam. A polêmica sobre a canonicidade dos apócrifos, lançada com a palavra de ordem Bíblias falsificadas do arcebispo D. Romualdo, da Bahia, por volta de 1839, foi intensa. O Rev. Hermisten sustenta que a Bíblia, toda ela, é o registro inspirado pelo Espírito Santo da revelação especial de Deus e, portanto, é infalível no texto original. O autor desenvolve, explica e comprova sua posição com clareza e síntese. Para nós, brasileiros, modelados numa sociedade em que misticismo e crendice se mesclam à pretensão de porta-voz atual da Revelação Divina (com uma infalibilidade decretada em 1870), o livro do Rev. Hermisten é mais que oportuno. Sem ser indeciso, nosso autor não é agressivo, e sua posição não se eriça de refutações. Isso é excelente, pois o leitor navega pelo texto sem dar trombadas em cada curva; a leitura é tranqüila. Fundamenta suas afirmações com notas de pé de página riquíssimas. Quando cita Pais da Igreja ou Reformadores, fá-lo usualmente em primeira mão. Como seria de esperar, pois é reformado, traz Calvino ao texto com freqüência. Fiel à própria tese, seu alicerce é a Bíblia, com recurso ao original hebraico ou grego, quando necessário. O público saberá receber bem este livro e dele tirará muito bom proveito. São Paulo, 28 de março de 1998 BOANERGES RIBEIRO A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 9

A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 10

Apresentação à 2 a edição Quase dez anos se passaram desde a 1 a edição deste livro. Continuo sustentando os mesmos pontos. Contudo, observo com tristeza como o descrédito para com a Palavra tem sido crescente entre os teólogos, mesmo em nosso país. Os mestres que deveriam se esmerar no ensino da Palavra têm, com freqüência, distanciado o povo da Palavra. Confesso que não imaginava que o caminho para a secularização fosse tão rápido. As Faculdades de Teologia que têm se proliferado em nosso país com alunos desejosos de ter os seus diplomas reconhecidos por órgãos do governo têm sido uma das grandes difusoras deste descrédito. Acredito que quem mais vá sofrer com isso são os nossos irmãos pentecostais que, em geral, por suas denominações não manterem seminários, enviam seus candidatos para tais instituições. Muitos voltam, quando voltam, totalmente confusos: são pentecostais; contudo, não aceitam a Bíblia como Palavra de Deus! Sei que isso parece paradoxal; não é: é pura esquizofrenia teológica. É uma pena. Agora, fala-se em teólogos profissionais. Estes, em geral, não pastoreiam. Não há quem os agüente ouvir falar, dominicalmente, de filosofia, sociologia e de religião como ciência. A Palavra fica esquecida. Curiosamente, estes tais querem ser mantidos pelas igrejas como se já não bastasse terem sido financiados por elas em sua formação. Se quisermos preservar nossas igrejas, temos de perseverar no ensino das Escrituras; somente nelas poderemos ter vida e alimento sólido para todas as nossas necessidades. A igreja não tem alternativa: ou volta à Palavra ou se perderá totalmente como igreja cristã, tornando-se uma seita pagã. Os liberais utilizo o termo de modo genérico são, em geral, parasitas crônicos que se alimentam da igreja, não a deixam e a destroem, mesmo sabendo que com a morte da igreja eles também morrerão, leia-se: ficarão sem mantenedores. Todavia, são profissionais. Algum novo emprego aparecerá. Não importa: eles não sabem criar, apenas destruir o que já existe, buscando o seu sustento na destruição dos valores da igreja. Seus ventres são enormes, mas seus braços são curtos para o trabalho de edificação do povo de Deus. Não precisamos de atitudes e pensamentos politicamente corretos; precisamos, sim, de atitude e comportamento teologicamente corretos. Sem a Palavra como ponto de partida da igreja não há o que fazer; ela estará fadada ao fracasso. Portanto, a doutrina da inerrância bíblica, por ser bíblica, é preservadora e estimuladora de uma fé cristã saudável e madura. A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 11

12 A Inspiração e a Inerrância das Escrituras J. Calvino (1509 1564), o excepcional pastor, escreveu: A Escritura é a fonte de toda a sabedoria, e os pastores terão de extrair dela tudo o que eles expõem diante do seu rebanho. 1 Sem a Palavra, o púlpito se torna um lugar que, no máximo, serve como terapia para aliviar as tensões de um auditório cansado e ansioso em busca de refrigério para as suas necessidades mais imediatamente percebidas. Ele pode conseguir o alívio do sintoma, mas não a cura para as suas reais necessidades. Portanto, preguemos fielmente a infalível Palavra de Deus. Espero que este livro possa contribuir, ainda que modestamente, a uma volta à Palavra, por meio da qual o Espírito gera fé em Cristo e nos edifica. Maringá, 1 o de maio de 2007 HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA 1. João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998 (1Tm 4.13), pág. 123. A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 12

Introdução 13 Este trabalho constitui-se basicamente de duas partes. A Primeira Parte aborda mais especificamente a questão do Cânon Bíblico: sua necessidade, critério e reconhecimento final, enfatizando também os problemas suscitados com alguns livros do Novo Testamento e a sua aceitação ao longo da História. Essa parte é mais técnica; portanto, ao leitor menos interessado nessas discussões, sugiro que passe diretamente à segunda parte sem maiores prejuízos. A Segunda Parte analisa mais propriamente a questão teológica do significado da inspiração e inerrância bíblicas na visão dos reformadores ao longo da História e as implicações práticas desses assuntos para a vida da igreja, inclusive na evangelização. Ao final do trabalho, acrescentei também dois adendos. O primeiro fala sobre a invenção de Gutenberg e a impressão de Bíblias. O segundo é um tópico referente à tipografia no Brasil e à questão da distribuição de Bíblias, especialmente no século 19, acompanhada da acusação mentirosa de que as Bíblias Protestantes eram falsificadas. Não temos a pretensão de originalidade nem de ter palavra final sobre o assunto neste trabalho, exceto no ponto fundamental do qual nós, reformados, não abrimos mão em fidelidade à própria Escritura: toda a Escritura é inspirada por Deus. Na redação deste texto pudemos nos valer da excelente biblioteca do Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, em São Paulo, e do Arquivo Presbiteriano. Muitos dos pontos aqui analisados foram discutidos com meus alunos no referido Seminário, os quais se constituem, em muitas ocasiões, em mestres perspicazes. Muito obrigado a todos pela paciência e questionamentos. Sou imensamente grato ao Rev. Boanerges Ribeiro, que leu o original e fez sugestões críticas valiosas que, certamente, muito enriqueceram o nosso trabalho. A sua contribuição à minha vida acadêmica e pessoal não está restrita à leitura e elaboração do prefácio deste texto; todavia aqui não é o lugar para se tratar disso. Deixo apenas este registro de agradecimento. Agradeço também ao Rev. Vagner Barbosa, que fez oportuna e relevante revisão do texto. Obviamente, os possíveis equívocos e omissões devem ser debitados a mim. No mais, desejo que, pela leitura deste livro, mais pessoas possam, pelo Espírito, ser conduzidas a um apego irrestrito à inerrante e infalível Palavra de Deus. São Paulo, 30 de março de 1998. HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA A Inspiração e Inerrância das Escrituras (2ª ed.).p65 13