PANORAMA DO COPROCESSAMENTO DE RESÍDUOS EM FORNOS DE CIMENTO NO BRASIL

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Transcrição:

60CBC0549 PANORAMA DO COPROCESSAMENTO DE RESÍDUOS EM FORNOS DE CIMENTO NO BRASIL Autores: Arnaldo Forti Battagin Fernando Dalbon Cardoso Associação Brasileira de Cimento Portland Panorama do coprocessamento Sumário 1. Introdução 2. Conceituação do coprocessamento 3. Tipos de resíduos coprocessados 4. Vantagens técnicas 5. Regulamentação 6. Panorama estatístico 7. O coprocessamento e a qualidade do cimento e concreto 8. Considerações finais 1

Introdução A correta destinação dos resíduos representa um dos maiores desafios para desenvolvimento sustentável da sociedade contemporânea. Cenário atual Aterros saturados Incineradores (sem recuperação energética) Coprocessamento: ganha-ganha O coprocessamento de resíduos em fornos de cimento surge como importante ferramenta de gestão ambiental. 2

Operação combinada Conceituação do coprocessamento Tecnologia de destruição de resíduos em fornos de cimento que não gera novos resíduos e contribui para a preservação de recursos naturais, por substituir matérias primas e combustíveis tradicionais no processo de fabricação do cimento. Queimar e destruir resíduos Produzir cimento de qualidade Processo industrial tradicional de fabricação do cimento calcário argila calor clínquer adições cimento Fontes de Ca, Si, Al e Fe calcário argila coque óleo carvão Processo industrial com coprocessamento calor clínquer adições cimento Resíduos com Ca Resíduos com Si, Fe e Al Resíduos com poder calorífico 3

Grande variedade de resíduos podem ser coprocessados Resíduos com poder calorífico substitutos de combustíveis tradicionais: Solventes, resíduos oleosos e resíduos têxteis Óleos usados (de carro e fábricas) Pneus usados e resíduos de picagem de veículos Graxas, lamas de processos químicos e de destilação Resíduos de empacotamento e de borracha. Resíduos plásticos, de serragem e de papel Lama de esgoto, ossos de animais e grão vencidos. Resíduos do agronegócio Resíduos urbanos (com poder calorífico) 4

Resíduos substitutos das matérias primas Lama com alumina (alumínio) Lamas siderúrgicas (ferro) Areia de fundição (sílica) Terras de filtragem (sílica) Refratários usados (alumínio) Resíduos da fabricação de vidros (flúor) Gesso, cinzas e escórias Solos contaminados Resíduos da perfuração de poços de petróleo Vantagens técnicas do coprocessamento Os fornos de cimento reúnem as condições adequadas e necessárias para a destruição de resíduos por meio do coprocessamento. Altas temperaturas e longo tempo de residência Alta turbulência dos gases Ambiente alcalino e oxidante Estabilidade térmica Utilização de tecnologias e instalações existentes Destruição total, sem geração de novos resíduos 5

Vantagens técnicas do coprocessamento Eliminação segura dos resíduos Substituição de recursos energéticos não renováveis Preservação de jazidas Destruição dos pneus velhos (focos da dengue) Redução das emissões de CO 2 Geração de novos empregos Regulamentação do coprocessamento Federal Resolução CONAMA 264/99:Coprocessamento em Fornos de Clínquer Estaduais CETESB (SP) FEAM (MG) FEPAM (RS) IAP (PR) 6

Panorama estatístico 2016 38 plantas licenciadas 940.000 t de resíduos destruídos Os resíduos representaram cerca de 15% do combustível utilizado na fabricação do clínquer. 15% Menor emissão de CO 2 7

Do total de resíduos coprocessados: 940.000 toneladas 85% substitutos dos combustíveis 15% substitutos das matérias primas Distribuição dos resíduos utilizados como matéria prima alternativa (*) (*) O SPL(Spent Pot Liner) é um resíduosólido gerado pela indústria de alumínio 8

Distribuição dos resíduos utilizados como combustível alternativo Destruição de pneus usados nos fornos de cimento em 2016 Ano Pneus (t) 2005 67.280 2006 93.174 2007 142.463 2008 162.184 2009 181.771 2010 183.519 2011 225.547 2012 225.872 2013 286.424 2014 265.442 2015 289.732 2016 297.093 Total 2.420.501 As 297 mil toneladas de pneus inservíveis coprocessados em 2016, correspondem a cerca de 59,4 milhões de pneus* * Peso médio estimado por pneu automotivo é de 5Kg 9

O coprocessamento e a qualidade do cimento e durabilidade do concreto A produção de cimento exige um controle químico rigoroso dos principais compostos: CaO, SiO 2, Fe 2 O 3 e Al 2 O 3, bem como outros constituintes menores, como SO 3, K 2 O, Na 2 O, TiO 2 ) entre outros. Estudos mostraram que os elementos menores no cimento ficam em solução sólida na estrutura dos silicatos de cálcio e, dessa forma, não são lixiviados do concreto ( CSI,2014; Cembureau, 2005; CEN,1999). Cloretos : resíduos não são coprocessados Sulfatos : limitação por norma Requisitos do licenciamento : compromisso com a qualidade Doutorado de Vagner Maríngolo: Qualidade ambiental do clínquer coprocessado Altos níveis de alguns componentes menores podem afetar o desempenho do cimento, a sua cinética de hidratação e o fabricante precisa tomar cuidado para que limites específicos não sejam excedidos. Considerações Finais Existe um potencial atual para coprocessamento de 2,5 milhões de toneladas/ano de resíduos pelas 38 fábricas de cimentos licenciadas para a atividade, o que poderia mais que dobrar a quantidade anual coprocessada. De todos os resíduos, os RSU (resíduos sólidos urbanos) aparecem como os com maior potencialidade de crescimento. Finalmente, não deve haver preocupação por parte dos usuários quanto à qualidade do cimento que contem clínquer coprocessado, pois uma das premissas para obtenção do licenciamento é a preservação da qualidade do produto final 10

Obrigado! arnaldo.battagin@abcp.org.br 11