PEC-G: ANÁLISE HISTÓRICA E LEGISLATIVA DO FLUXO DOS ESTUDANTES ESTRANGEIROS NA UFMS DE 2012 A 2017 1 Marisa Ferreira Neves Zephyr 2 marisazephyr@gmail.com Ini Maria João Cá 3 inirzi@hotmail.com Ana Paula Martins Amaral 4 anapaulamartinsa@yahoo.com.br RESUMO Este trabalho é fruto de pesquisa do grupo de estudos Fluxos Migratórios sob a coordenação da Prof.ª Dra. Ana Paula Martins do Amaral. O objetivo é analisar o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação, conhecido como PEC-G, desde a sua criação a nível nacional e seu reflexo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no período de 2012 a 2017. Inicialmente será analisada a evolução dos documentos normativos, juntamente com gráficos dos números de estudantes estrangeiros no país. Em seguida, serão feitas análises sobre a nacionalidade e o curso escolhido pelos alunos estrangeiros na UFMS. Resultados preliminares apontam que os cursos mais procurados pelos alunos do PEC-G na UFMS são medicina, odontologia e arquitetura e urbanismo, respectivamente. A nacionalidade dos estudantes estrangeiros em maior número é de origem Paraguaia. Em segundo lugar estão os alunos da Guiné-Bissau e em terceiro há um empate entre a Angola e o Cabo Verde. Esses dados confirmam a tendência nacional de prevalência dos Africanos no Programa PEC-G, entretanto, o impacto da fronteira com o Paraguai também possui uma influência visível no resultado. PALAVRAS-CHAVE: PEC-G, Estudantes Estrangeiros, Imigrantes, UFMS GRUPO DE TRABALHO 8: Trabalho, Migração e Tráfico de Pessoas INTRODUÇÃO Desde o início do século XX, em 1919, muitos estudantes da Argentina, do Chile, do Uruguai e do Paraguai vieram para o Brasil estudar, inclusive na Escola Militar e Naval. Após a Segunda Guerra Mundial, o fluxo aumentou, especialmente no que toca aos estudantes oriundos da América Latina. Na década de 1960, surgiu a 1 Grupo de Trabalho 8 Trabalho, Migração e Tráfico de Pessoas 2 Graduanda de Direito da UFMS, Campo Grande-MS, marisazephyr@gmail.com. 3 Graduada em Direito da UFMS, Campo Grande-MS, inirzi@hotmail.com 4 Pós-doutorado em Direito na Universidade Federal de Santa Catarina - CPGD/UFSC (2010/2011). Professora de Direito da UFMS, em Campo Grande-MS, anapaulamartinsa@yahoo.com.br.
necessidade de se criar um programa de governo para unificar e regulamentar internamente o status do crescente número de estudantes de outros países que vinham para o Brasil. O objetivo era garantir tratamento igualitário e condições para o intercâmbio de estudantes nas diversas universidades. O primeiro Protocolo do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação, conhecido como PEC-G, foi lançado em 1965 pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). Somente em 1967 foi firmado um Protocolo entre o MRE e o Ministério da Educação (MEC) para definir as responsabilidades de cada Ministério, de modo a regulamentar a oferta, distribuição das vagas, seleção e encaminhamento dos candidatos às Instituições de Ensino Superior (IES). Desde então, houve uma série de normas relevantes que complementaram o Decreto nº 55.613/1965, tais como o Protocolo de 1967; de 1974; o Termo Adicional ao Protocolo de 1974; o Protocolo de 1986; o Protocolo MRE-MPAS, de 1987; o Protocolo de 1993; o Termo Aditivo ao Protocolo de 1993; o Convenio MRE-MS, de 1994; o Protocolo de 1998; e por fim a Portaria MRE de Passagens e Bolsas (200/2012). Entretanto, a norma atual vigente é o Decreto Presidencial n. 7.948 que foi criado em 2013 e proporciona maior força jurídica ao PEC-G. De acordo com o MEC, o PEC-G oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. A parceria é realizada com universidades brasileiras públicas - federais e estaduais - e particulares, o PEC-G seleciona estrangeiros entre 18 e, preferencialmente, até 23 anos, com ensino médio completo, para realizar estudos de graduação no país. O aluno estrangeiro selecionado cursa gratuitamente a graduação. Em contrapartida, deve atender a alguns critérios, dentre eles: provar que é capaz de custear suas despesas no Brasil, ter certificado de conclusão do ensino médio ou curso equivalente e proficiência em língua portuguesa. São selecionadas preferivelmente pessoas inseridas em programas de desenvolvimento socioeconômico, acordados entre o Brasil e seus países de origem. Os acordos determinam a adoção pelo aluno do compromisso de regressar ao seu país e contribuir com a área na qual se graduou.
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS: Descrever o contexto histórico e as legislações que fizeram surgir o PEC-G no país, bem como identificar o impacto deste programa na UFMS de 2012 a 2017. Ademais, será analisado o contexto histórico do fluxo de estudantes no país, a identificação das mudanças nas principais normas sobre o PEC-G, e por fim, uma comparação do número de estudantes estrangeiros na UFMS de 2012 a 2017, de acordo com curso e nacionalidade. METODOLOGIA: A metodologia utilizada é a dedutiva, que parte do geral para o particular, analisando o histórico e normas no âmbito nacional e em seguida focando localmente nos dados dos alunos estrangeiros pelo PEC-G na UFMS. Este trabalho utiliza um método de abordagem descritiva, adotando como técnica de pesquisa a bibliográfica com fontes primárias e secundárias (livros, dissertações, publicações oficiais de órgãos competentes e documentos legais). O recorte temporal foi focado no período de 2012 a 2017. Por ser um fenômeno progressivo, o fluxo migratório de estudantes estrangeiros só pode ser melhor apreendido por análises de médio à longo prazo capazes de identificar sua variação por condicionamentos históricos. RESULTADOS: De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, atualmente, são 59 os países participantes no PEC-G, sendo 25 da África, 25 das Américas e nove da Ásia. Os cursos com o maior número de vagas oferecidas são Letras, Comunicação Social, Administração, Ciências Biológicas e Pedagogia. Desde os anos 2000, houve mais de 8.000 selecionados, sendo que a África é o continente de origem da maior parte dos estudantes com 76% dos selecionados, provenientes, em sua maioria, de Cabo Verde, Guiné Bissau e Angola.
CONCLUSÃO: Figura 1 África PEC-G Fonte: Site do Ministério das Relações Exteriores Divisão de Temas Educacionais (DCE).2017. Resultados preliminares apontam que os cursos mais procurados pelos alunos estrangeiros são medicina, odontologia e arquitetura e urbanismo, respectivamente. A nacionalidade dos estudantes do PEC-G em maior número na UFMS, ao longo dos últimos cinco anos, é de origem Paraguaia. Em segundo lugar estão os alunos da Guiné- Bissau e em terceiro há um empate entre a Angola e o Cabo Verde. Países de origem Figura 2 Países UFMS Fonte: Dados da Pesquisa Senegal Paraguai 52% Angola 8% Benim Cabo Verde Cuba 12% Haiti Honduras Jamaica Nigéria Esses dados confirmam a tendência nacional de prevalência dos Africanos no Programa PEC-G. Entretanto, o impacto da fronteira com o Paraguai também possui uma influência visível no resultado. É possível observar, através dos dados, que a universidade possui estudantes de diversas nacionalidades da África, América Latina e Caribe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Educação. Acessado em 04 de maio de 2017. Cursos e Instituições participantes do PEC-G. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12281&ite mid=534> BRASIL. Divisão de Temas Educacionais do Ministério das Relações Exteriores. Acessado em 04 de maio de 2017. Disponível em: <http://www.dce.mre.gov.br> BRASIL. Decreto nº 7.948, de 12 de março de 2013. Dispõe sobre o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação - PEC-G. Acessado em 04 de maio de 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7948.htm> BRASIL. Portaria nº 200, de 20 de março de 2012. Bolsas de Estudos para os participantes do Programa PEC-G. Ministério das Relações Exteriores Gabinete Do Ministro. Acessado em 04 de maio de 2017. Disponível em: <www.dce.mre.gov.br/pec/g/bolsas/portaria_200-2012-atual.pdf> BRASIL. Decreto nº 55.613, de 20 de janeiro de 1965. Torna obrigatório o registro de estudantes estrangeiros beneficiários de Convênios Culturais (estudantes-convênios) e dá outras providências. Acessado em 04 de maio de 2017. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/d55613.htm> SILVA, A. Diáspora Africana e Educação. 2015. 125 f. Dissertação de Mestrado em Políticas Públicas, Universidade Federal do Maranhão, São Luiz. 2015