A cooperação internacional no domínio da informação sobre a biodiversidade: benefícios para a África de Língua Portuguesa

Documentos relacionados
O Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF)

AMBIENTE E TERRITÓRIO 9 ª aula

SERVICOS ECOSSITEMICOS E SUA IMPORTANCIA. Angélica María Mosquera Muñoz Bióloga Estudante mestrado de PGT UFABC

WORKSHOP Valorização da Agrobiodiversidade e a Importância da Informação em Bases de Dados para a Fileira da Vinha

Problemas ambientais globais

Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro Escola Básica de Eugénio de Castro Planificação Anual

IICT TROPOEIRAS & GEO-DES. 126 anos. Instituto de Investigação Científica Tropical

Ficha de Exercícios 10 º ano de Escolaridade

NATUREZA E BIODIVERSIDADE. Que vantagens lhe trazem?

ISCED-HUÍLA HERBÁRIO E MUSEU DE ORNITOLOGIA E MAMALOGIA DO LUBANGO

Domínio: TERRA UM PLANETA COM VIDA

Biodiversidade. População, Recursos e Ambiente 9 ª aula Prof. Doutora Maria do Rosário Partidário

Degradação da Diversidade Biológica

Vera Lucia Imperatriz Fonseca IEA / USP 2009

VALOR AMBIENTAL DA BIODIVERSIDADE

Alterações Climáticas, Florestas e Biodiversidade

GRUPO DOS SERVIÇOS DE ECOSSISTEMAS 1. O SERVIÇO DA POLINIZAÇÃO

Domínio: TERRA UM PLANETA COM VIDA

A criação de um Nó Nacional GBIF e cooperação nacional e internacional

Biodiversidade e prosperidade económica

Seminário Ano Internacional da Biodiversidade Quais os desafios para o Brasil? Painel 11: Os Oceanos e a Biodiversidade Marinha

Introdução ao workshop

Dados de distribuição de espécies não cultivadas para apoio à gestão dos sistemas agrícolas

*Todas as imagens neste documento foram obtidas em e

Analise do Quadro Legal para Conservação da Biodiversidade em Moçambique e Desafios sobre Educação Ambiental

Manejo e Planejamento Ambiental

Biotecnologia e Biodiversidade. Prof. Msc. Lucas Silva de Faria

Convenção Multilateral entre os Estados- Membros da CPLP para Evitar a Dupla Tributação em Matéria de Impostos sobre o Rendimento

Serviços Ambientais. Do conceito às ações praticadas pelo setor de árvores plantadas. Imagem Arq. Suzano

Das perspectivas sobre Biodiversidade aos propósitos de a ensinar. Rosalina Gabriel e Ana Moura Arroz

Agroalimentar, Florestas e Biodiversidade

Objetivos e desafios

Introdução. Gestão de coleções biológicas utilizando Specify 6. Rui Figueira. Curso de formação :

-ECOLOGIA APLICADA. Espécies símbolos. Prevenção da Poluição. Conservação de áreas. Preservação da diversidade genética bbbb

Objetivos e desafios

Workshop IPMA. Preparação de um recurso de dados - exemplo. Rui Figueira Nó Português do GBIF

Indicador 10 Conservação da Natureza Biodiversidade e Geodiversidade Conhecer, Educar e Divulgar

MESTRADO EM GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA AULAS DE ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS 1º TUTORIAL: ECONOMIA DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA AULA 1/5

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS - 8.º ANO

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS 8.º ANO

PLANIFICAÇÃO A MÉDIO / LONGO PRAZO

Universidade Estadual do Ceará UECE Centro de Ciências da Saúde CCS Curso de Ciências Biológicas Disciplina de Ecologia.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA QUINTA DO CONDE Escola Básica Integrada/JI da Quinta do Conde Escola Básica 1/JI do Casal do Sapo Ano Letivo /2016

Diversidade e Conservação. Conservação da Biodiversidade 2012

Impactes sectoriais. Sistemas ecológicos e biodiversidade. Impactes Ambientais 6 ª aula Prof. Doutora Maria do Rosário Partidário

BELÉM, 19 de maio de 2017

Integrated Publishing Toolkit (IPT) Publicação de dados de biodiversidade através do GBIF. Rui Figueira. Curso de formação :

AGRICULTURA E SEGURANCA ALIMENTAR (Reuniao da ASSECA-PLP) Castro Camarada

III REUNIÃO ORDINÁRIA DE MINISTROS DOS ASSUNTOS DO MAR DA CPLP

Metas Curriculares. Ensino Básico. Ciências Naturais

Seminário de Atualização para Jornalistas sobre a CBD CoP-9

Planificação Curricular Anual Ano letivo 2014/2015

CIÊNCIAS NATURAIS 8.º ANO DE ESCOLARIDADE PLANIFICAÇÃO ANUAL ANO LETIVO 2017/2018

Diversidade genética e o melhoramento de plantas

FRAGMENTOS FLORESTAIS

Funções e valores da Biodiversidade. Conservação da Biodiversidade 2017

MEC, 4º ano, 2º sem, Desafios Ambientais e de Sustentabilidade em Engenharia. Alterações globais. 3ª aula Maria do Rosário Partidário

Organização da Aula. Recuperação de Áreas Degradadas. Aula 6. Contextualização. Adequação Ambiental. Prof. Francisco W.

Recursos minerais Recursos biológicos

COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LINGUA PORTUGUESA (CPLP)

PLANIFICAÇÃO DE CIÊNCIAS NATURAIS 8º ANO

PLANIFICAÇÃO ANUAL ANO LETIVO

AGRICULTURA BIOLÓGICA, O que é? A Estratégia e Plano Acção Nacional em Agricultura Biológica

COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LINGUA OFICIAL PRTUGUESA. Declaração da CPLP à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável RIO+20

Departamento de Conservação da Biodiversidade - DCBio Secretaria de Biodiversidade e Florestas - SBF

Renascimento de florestas

DOMÍNIO/SUBDOMÍNIO OBJETIVOS GERAIS DESCRITORES DE DESEMPENHO CONTEÚDOS

Seminário Internacional em Agricultura Urbana e Segurança Alimentar

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL

Agrupamento de Escolas de Moura Escola Básica nº 1 de Moura (EB23) Ano letivo 2014/2015

Resultados e atividades de 2013

UNIDADE 1. Conteúdos. Ser humano: semelhanças e diferenças (características físicas e comportamentais; gostos pessoais) Partes do corpo humano

Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da CPLP

Diversidade da Vida na Terra

Número de Diploma. Data da. Nome Lei. Cria o quadro jurídico/legal da gestão do ambiente na República Democrática de São Tomé e Príncipe

Domínio Prioritário Natureza e Biodiversidade

PLANIFICAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS (8.º ANO) 2016/2017 Docente: Maria da Assunção Tabosa Rodrigues

Conservação da vegetação

05/05/2013. O que perdemos quando perdemos diversidade biológica? O VALOR DA BIODIVERSIDADE Quem notou que hoje há 150 espécies menos que ontem?

Controlo de qualidade de dados geográficos. Publicação de dados de biodiversidade através do GBIF. Rui Figueira. Curso de formação:

Ecossistemas.indd :28:44

Licenciatura em Ciências Biológicas Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente Universidade Federal de Ouro Preto

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL

PLANIFICAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS (8.º ANO) 2018/2019 Docentes: João Mendes, Madalena Serra e Vanda Messenário

ESCOLA BÁSICA DE MAFRA 2016/2017 CIÊNCIAS NATURAIS (2º ciclo)

Associação Portuguesa de Agricultura Biológica

RINSP CPLP REUNIÃO EXTRA-ORDINÁRIA BRASÍLIA, 24/10/2017 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL

Introdução a Acesso e Repartição de Benefícios

Ciências Naturais, 5º Ano. Ciências Naturais, 5º Ano FICHA DE TRABALHO 1. Escola: Nome: Turma: N.º:

CENTRO DE COMPETÊNCIAS NA LUTA CONTRA A DESERTIFICAÇÃO

(DRAFT) CONCLUSÕES DA II REUNIÃO DO FÓRUM DA SOCIEDADE CIVIL DA CPLP Díli, 17 de julho de 2015

INVESTIMENTOS SUSTENTÁVEIS. Fabio Ramos

Compreender a importância da diversidade biológica na manutenção da vida. Identificar diferentes tipos de interacção entre seres vivos e ambiente.

Ciências do Ambiente. Prof. M.Sc. Alessandro de Oliveira Limas Engenheiro Químico (UNISUL ) Mestre em Engenharia de Alimentos (UFSC )

PLANIFICAÇÃO DE CIÊNCIAS NATURAIS 8º ANO

Os problemas ambientais. Políticas globais. Environmental Politics and Economics. Perda da biodiversidade

Estado dos palmeirais de Phoenix atlân-ca em Cabo Verde. Maria da Cruz Gomes Soares Eng.ª Florestal

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS GONÇALO SAMPAIO ESCOLA E.B. 2, 3 PROFESSOR GONÇALO SAMPAIO

Transcrição:

A cooperação internacional no domínio da informação sobre a biodiversidade: benefícios para a África de Língua Portuguesa Rui Figueira Nó Português do GBIF ruifigueira@isa.ulisboa.pt Apoio

Conceito de biodiversidade Diversidade biológica (CDB, 1992) Variabilidade entre os seres vivos provenientes de todas as origens, incluindo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, e os complexos ecológicos de que fazem parte; inclui a diversidade intraespecífica, entre espécies, e dos ecossistemas.

Diversidade biológica (CDB, 1992) Variabilidade entre os seres vivos provenientes de todas as origens, incluindo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, e os complexos ecológicos de que fazem parte; inclui a diversidade intra-específica, entre espécies, e dos ecossistemas. Definição de Agrobiodiversidade da FAO (1999, 2005) A Agrobiodiversidade é a variedade e variabilidade de animais, plantas e microorganismos que são usados direta ou indiretamente na alimentação ou na agricultura, incluindo culturas, gado, florestas e pesca. Inclui a diversidade dos recursos genéticos (variedades / raças) e espécies usadas como alimento, forragem, fibras, combustível e fins farmacêuticos. Inclui ainda a diversidade de espécies não colhidas que auxiliam a produção (micro-organismos do solo, predadores, polinizadores), e numa concepção mais ampla de ambiente, as que suportam os agroecossistemas (agrícolas, pastoris, florestais e aquáticos) assim como a diversidade dos agroecossistemas.

Usos da biodiversidade ecoturismo regulação do clima reciclagem dos nutrientes purificação do ar e da água polinização valor cultural, religioso, estético Valor não-usados Valor Directo alimento medicina combustível fibra borracha materiais de construção tinturaria Valor Indirecto Valor da biodiversidade potencial usos ainda não identificados existência valor de saber que existe legado valor de manter para gerações futuras

Ameaças à Biodiversidade Ameaças Sobre-exploração (caça, lenha, pesca) Perda, degradação e fragmentação dos habitats (desflorestação, poluição, alteração climática) Introdução de espécies invasoras Poluição/erosão genética FAO estatística de capturas mundiais 1950-2010

Biodiversidade (des)conhecida Número de espécies desconhecidas Animalia Plantae 10,000,000 953,434 82,356 8,000,000 6,000,000 Fungi 215,644 6,816,566 4,000,000 43,271 2,000,000 Descrito 0 Terra Catalogado Por descrever Oceano Previsto 567,729 Fonte: Mora C, Tittensor DP, Adl S, Simpson AGB, Worm B. How Many Species Are There on Earth and in the Ocean? PLoS Biol 2011;9:e1001127.

Global Biodiversity Information Facility (GBIF) http://demo.gbif.org 54 países > 1316 instituições publicadoras > 780 M registos

GBIF permite estudo global do impacto climático nas espécies 50 000 espécies 170 M registos Mais de metade das plantas e mais de 1/3 das espécies animais podem perder mais de metade da área disponível na sua gama climática em 2080. Citation Information Warren, R. et al., 2013. Quantifying the benefit of early climate change mitigation in avoiding biodiversity loss. Nature Clim. Change, advance online publication. Available at: dx.doi.org/10.1038/nclimate1887.

Distribuição da Biodiversdiade Número de espécies de plantas por região Source: Kier G, Mutke J, Dinerstein E, Ricketts TH, Küper W, Kreft H, Barthlott W. Global patterns of plant diversity and floristic knowledge. Journal of Biogeography 2005;32:1107 16.

Países participantes http://demo.gbif.org

Observatório Global da Biodiversidade Cooperação entre diversas iniciativas globais para o avanço de informação sobre biodiversidade Colecções biológicas Dados genéticos Espécimes tipo Dados de ciência cidadã Áreas protegidas Estatuto de conservação das espécies Ecoregiões Investigação científica Conservação dos recursos naturais Agricultura sustentável

The GBIO framework

Cooperação GBIF no âmbito da CPLP Informação (dados) Capacitação Participação

Dados de biodiversidade publicados por instituições portuguesas (~97 500) Angola Moçambique Guiné-Bissau Cabo Verde São Tomé e Príncipe 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000

Dados Exemplo da distribuição conhecida de plantas com base numa colecção biológica, neste caso do Herbário do IICT-ULisboa Distribuição de plantas vasculares

Capacitação Formação: - cursos: Brasília, Luanda, Lubango - orientação, formação 1-para-1 Documentação em Português

Participação workshops sobre o GBIF em Luanda, Maputo e Bissau, 2015 e 2016 Tópicos: - vantagens na participação - dados disponíveis - formas de organização e de participação

Muito obrigado! Rui Figueira Nó Português do GBIF Instituto Superior de Agronomia Herbário Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa, Portugal email: node@gbif.pt http://www.gbif.pt http://www.isa.ulisboa.pt https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/