A HOMEOPATIA SOB A ÓTICA DOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA

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Transcrição:

A HOMEOPATIA SOB A ÓTICA DOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA Professor Mestre Tiago Aparecido Maschio de Lima Farmacêutico; Mestre pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) (2016). Instituição: União das Faculdades dos Grandes Lagos - Unilago Camila Cristina de Souza Farmacêutica em Farmácia Magistral Homeopática e Egressa do Curso de Farmácia (2015). Instituição: União das Faculdades dos Grandes Lagos - Unilago Autor Principal: Tiago Aparecido Maschio de Lima Avenida Brigadeiro Faria Lima 5544 Vila São José CEP: 15090-000 São José do Rio Preto SP E-mail: tiagomaschio.farmacip@gmail.com Tel: 17 3201 5054 1

Perspective among the users of a pharmacy about the Homeopathy ABSTRACT Currently the homeopathy still has a socially distorted image and full of prejudice, it is necessary better clarification for the population about this alternative therapy. The aim of this study was to evaluate the knowledge about homeopathy in users of a homeopathic pharmacy. This is a descriptive and exploratory study. It was used a questionnaire adapted and composed of structured questions containing data demographic, social, cultural and about the knowledge of homeopathy. Of the 55 the interviewees, 64% were female, 49% married, the average age was 39 ± 16 years, there was a low frequency education with 42% of secondary school education and 16% of incomplete primary education. The majority religion mentioned was the catholic 85%; the religions evangelical and kardecist spiritualist also were reported. Until the time of the interview 22% had not heard about homeopathy, 64% related the homeopathy to safe treatment, 67% to a natural treatment, 66% to plant-based, 31% said that homeopathy can cure any disease, and 82% related to belief. The most pharmacy users have inconsistent knowledges about homeopathy. The pharmacist should contribute effectively acting in pharmaceutical care for the dispensing of homeopathic medicines. In addition, it is necessary to promote a better clarification about homeopathy in health systems. Keywords: Homeopathy, perception, homeopathic remedy, complementary therapies, homeopathic pharmacy 2

A homeopatia sob a ótica dos usuários de uma farmácia RESUMO Atualmente a homeopatia ainda apresenta uma imagem socialmente distorcida e saturada de preconceitos, sendo necessário melhor esclarecimento à população sobre essa terapia alternativa. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento sobre homeopatia em usuários de uma farmácia magistral e homeopática. Trata-se de estudo descritivo exploratório. Foi utilizado um questionário adaptado e constituído por perguntas estruturadas contendo dados demográficos, sociais, culturais, e referentes ao conhecimento sobre homeopatia. Dos 55 entrevistados, 64% eram do gênero feminino, 49% casados, a média de idade foi 39 ± 16 anos, houve baixa frequência de instrução com segundo grau completo 42% e primeiro grau incompleto 16%. A religião majoritariamente citada foi a católica 85%, sendo relatadas também a evangélica e a espírita kardecista. Até o momento da entrevista 22% não tinham ouvido falar sobre homeopatia, 64% relacionaram a homeopatia a um tratamento seguro, 67% a um tratamento natural, 66% à base de plantas, 31% afirmaram que a homeopatia pode curar qualquer doença, e 82% relacionaram à crença. A maioria dos usuários da farmácia possuem conhecimentos inconsistentes sobre a homeopatia. O farmacêutico deve contribuir atuando efetivamente na Atenção Farmacêutica durante a dispensação de medicamentos homeopáticos. Além disso, é necessário promover melhores esclarecimentos sobre a homeopatia nos sistemas de saúde. Palavras-chave: Homeopatia, percepção, medicamento homeopático; terapias complementares; farmácia homeopática. 3

1. Introdução Define-se homeopatia a terapia sistêmica, vitalista e fundamentada na Lei dos Semelhantes formulada por Hipócrates similia similibus curantur. Sua origem é grega de significado homoios semelhante e pathos doença. Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843), médico alemão fundador da homeopatia, desenvolveu os primeiros medicamentos homeopáticos que consistem em diluições infinitesimais produzindo no homem sadio sintomas semelhantes aos da doença que devem curar. Essa terapia médica é focada na compreensão do indivíduo em sua totalidade, considerando hábitos, aspectos sociais, emocionais, físicos e fisiológicos (DIEHL et al., 2008; MARTINEZ; NUNES, 2014). Hahnemann também foi o responsável por difundir a homeopatia no século 18, após amplos estudos baseados na observação clínica e em experimentos realizados na época. O médico alemão postulou os princípios doutrinários e filosóficos da homeopatia em suas obras Organon da Arte de Curar e Doenças Crônicas. Desde então, ocorreu a propagação da homeopatia em várias regiões do mundo, e atualmente ela está consistentemente estabelecida em diversos países da Europa, das Américas e da Ásia (LOCH- NECKEL et al., 2010; MARTINEZ; NUNES, 2014). No Brasil, a homeopatia foi introduzida em 1940, pelo médico francês Benoit Mure, transformando-se ligeiramente inédita alternativa de tratamento para a sociedade. Em 1980 o Conselho Federal de Medicina reconheceu a homeopatia como uma especialidade médica (DIAS et al., 2014). Também é considerada uma especialidade farmacêutica, de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) número 576 de 28 de junho de 2013, que considera como habilitado para exercer a responsabilidade técnica de farmácia ou laboratório industrial homeopático que manipule ou industrialize os medicamentos e insumos homeopáticos, respectivamente, o farmacêutico que comprovar uma das seguintes qualificações: ter cursado a disciplina de homeopatia com conteúdo mínimo de 60 horas no curso de graduação, além de estágio obrigatório com o mínimo de 120 horas nas farmácias de Instituições de Ensino Superior ou conveniadas, em laboratórios de medicamentos ou de insumos homeopáticos; ou possuir 4

título de especialista ou curso de aprimoramento profissional em homeopatia que atenda as resoluções vigentes do CFF (CFF, 2013). Contudo, essa terapia alternativa e, também especialidade médica e farmacêutica, estabelecida a mais de três décadas, ainda hoje, apresenta uma imagem socialmente distorcida e saturada de preconceitos, produto das cicatrizes históricas que marcaram a sua chegada ao Brasil, conservadas pela escassez de projetos políticos e pedagógicos locais dos cursos de formação em saúde, assim como na saúde pública, e pela carência de conhecimento da população (FIGUEIREDO; MACHADO, 2011). Com base no exposto, objetivou-se avaliar a percepção sobre a homeopatia em usuários de uma Farmácia Magistral Homeopática, avaliando assim os diferentes conceitos, opiniões e visões sobre a homeopatia. 2. Material e métodos Trata-se de estudo descritivo exploratório para avaliar a percepção sobre homeopatia em usuários de uma farmácia magistral e homeopática privada, localizada no município de São José do Rio Preto - SP. Foram realizadas entrevistas com os usuários da Farmácia. Os participantes que aceitaram participar do estudo, através da assinatura do TCLE, foram incluídos no período entre maio e agosto de 2015. Foram excluídos os usuários menores de 18 anos. A pesquisa foi realizada com o entendimento e consentimento por escrito de cada indivíduo participante, com a aprovação do comitê de ética local, e com observância à legislação nacional e ao Código de Princípios Éticos para a Pesquisa Médica Envolvendo Seres Humanos. Para coleta dos dados foi utilizado um questionário adaptado da metodologia utilizada em estudo mineiro realizado por Dias et al. (2014), constituído por perguntas estruturadas contendo dados demográficos, sociais, culturais, e referentes ao conhecimento sobre homeopatia: O Sr (a) já ouviu falar de homeopatia? ; Se já ouviu, onde e como? ; Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando se fala em homeopatia? ; O Sr (a) sabe o que é a homeopatia? ; Já se tratou com homeopatia alguma vez? ; Se já tratou, o que 5

achou da consulta do médico homeopata? ; Para o Sr (a) a homeopatia é um tratamento natural? ; Para o Sr (a) a homeopatia é um tratamento à base de plantas? ; Para o Sr (a) a homeopatia cura qualquer tipo de doenças ; Se não, quais as doenças a homeopatia não cura? ; Para o Sr (a) a homeopatia tem a ver com religião ou é preciso acreditar nela para se curar? ; O Sr (a) conhece alguém que se trata ou se tratou com homeopatia? ; O Sr (a) sabe o que esta pessoa achou da homeopatia?. As entrevistas foram realizadas por uma graduanda do curso de Farmácia e supervisionada por um farmacêutico docente. Uma análise estatística descritiva foi promovida, visando caracterizar a percepção sobre a homeopatia e as características sociais e demográficas. Variáveis contínuas com distribuição normal estão apresentadas como média ± desvio padrão. As variáveis categóricas são apresentadas como números e proporções (%). O estudo foi iniciado após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da União da Faculdade dos Grandes Lagos (Unilago), sob o parecer número 120/15, atendendo aos aspectos preconizados pela Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde no que se refere ao sigilo dos dados e à divulgação dos resultados apenas para fins científicos. Antes de realizar qualquer procedimento do estudo os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O risco da exposição de pacientes foi controlado, preservando-se a identificação durante todas as etapas da pesquisa. Também foi concedida a autorização pela farmacêutica responsável da farmácia selecionada para a execução desta pesquisa. 3. Resultados e discussão Dos 55 entrevistados, 64% eram do gênero feminino (n= 35), 49% casados (n= 27), a média de idade foi 39 ± 16, mínima de 18 e máxima de 79 anos. Houve baixa instrução com maior frequência do segundo grau completo (42% n= 23) e do primeiro grau incompleto (16% n=9). A religião majoritariamente citada foi a católica (85%, n=47), sendo relatadas também a Evangélica e a Espírita Kardecista (Tabela 1). 6

Tabela 1 - Caracterização social, demográfica, econômica e cultural dos 55 entrevistados na Farmácia Magistral Homeopática, São José do Rio Preto, SP, Brasil. Variável n % Gênero Feminino 35 64 Masculino 20 36 Idade (média ± desvio padrão) 39 ± 16 Estado civil Casado 27 49 Solteiro 23 41 Viúvo 3 6 Divorciado 2 4 Escolaridade 1º grau incompleto 9 16 1º grau completo 5 9 2º grau incompleto 6 11 2º grau completo 23 42 Superior incompleto 4 7 Superior completo 8 15 Renda mensal Um salário mínimo 2 4 Um a dois salários mínimos 6 11 Dois a três salários mínimos 5 9 Três a quatro salários mínimos 3 5 Acima de quatro salários mínimos 1 2 Não informado 38 69 Religião Católica 47 85 Evangélica 6 11 Espírita kardecista 2 4 As entrevistas foram conduzidas para um total de 55 participantes, 22% (n=43) não tinham ouvido falar sobre homeopatia até o momento da entrevista. Quanto à fonte de informação ou educação sobre homeopatia, o meio de comunicação de massa mencionado pelos entrevistados foi a televisão 5% (n= 2), e a maioria com 44% (n= 19) respondeu que já haviam ouvido falar através de familiares ou amigos, seguidos de farmácia com 19% (n= 8), faculdade ou trabalho com 16% (n=7), médico 9% (n= 4), e 7% (n= 3) não souberam informar (Tabela 2). 7

A maioria dos entrevistados considera a homeopatia como um remédio seguro 64% (n= 35). Pouco mais da metade 51% (n= 28) não soube dizer exatamente o que é a homeopatia, 82% (n= 45%) não havia realizado tratamento homeopático anterior. Dentre os que já haviam realizado consulta médica homeopática, 80% (n= 8) relataram a consulta como abrangente ou boa, e 20% (n= 2) descreveram como complexa. A homeopatia como tratamento natural foi relatada por 67% (n= 37) dos entrevistados, sendo que 36 (n= 66%) responderam ser tratamento à base de plantas. A minoria dos entrevistados 17% (n= 31) acredita que a homeopatia cura qualquer doença, sendo câncer 54% (n= 9), seguido por doenças crônicas 23% (n= 4) e HIV/AIDS 23% (n= 4). A homeopatia não foi relacionada com religião por 82% (n= 45), e 56% (n= 31) dos entrevistados conhecia alguém que já se tratou ou trata com homeopatia, e relataram ótimo 39% (n = 12), bom 26% (n= 8), benefício 22% (n= 7) e sem efeito 13% (n= 13%). Tabela 2 - Avaliação da percepção sobre homeopatia em 55 entrevistados na Farmácia Magistral Homeopática, São José do Rio Preto, SP, Brasil. Variável n % 1. O Sr (a) já ouviu falar sobre homeopatia? Sim 43 78 Não 12 22 2. Se já ouviu onde e como? 1 Família ou amigos 19 44 Farmácia 8 19 Faculdade ou trabalho 7 16 Médico 4 9 Não soube informar 3 7 Televisão 2 5 3. Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando se fala em homeopatia? Remédio seguro 35 64 Não soube informar 6 11 Melhora emocional 4 7 Medicamento manipulado 3 5 Terapia alternativa 3 5 Não acredita 2 4 Placebo 2 4 4. O Sr (a) sabe o que é a homeopatia? Não 28 51 8

Sim 27 49 5. Já se tratou com homeopatia alguma vez? Não 45 82 Sim 10 18 6. Se já tratou, o que achou da consulta do médico homeopata? 2 Abrangente 4 40 Boa 4 40 Complexa 2 20 7. Para o Sr (a) a homeopatia é um tratamento natural? Sim 37 67 Não 18 33 8. Para o Sr (a) a homeopatia é um tratamento à base de plantas? Sim 36 66 Não 19 34 9. Para o Sr (a) a homeopatia cura qualquer tipo de doença? Não 27 49 Sim 17 31 Não soube informar 11 20 10. Se não, quais as doenças a homeopatia não cura? 3 Câncer 9 54 Doenças crônicas 4 23 HIV/AIDS 4 23 11. Para o Sr (a) a homeopatia tem a ver com religião ou é preciso acreditar nela para se curar? Necessário acreditar 45 82 Não soube informar 7 13 Religião 3 5 12. O Sr (a) conhece alguém que se trata ou se tratou com homeopatia? Sim 31 56 Não 24 44 13. A Sr (a) sabe o que a essa pessoa achou da homeopatia? 4 Ótimo tratamento 12 39 Bom tratamento 8 26 Benefício 7 22 Sem efeito 4 13 1 Perguntado para os 43 participantes que responderam sim na pergunta número um (n=43). 2 Perguntado para os 10 participantes que responderam sim na pergunta número cinco (n=10). 3 Perguntado para os 17 participantes que responderam sim na pergunta número nove (n=17). 4 Perguntado para os 31 participantes que responderam sim na pergunta número doze (n=31). No presente estudo, 21,82% dos participantes não possuíam conhecimento algum sobre a homeopatia. Embora a maior parte dos participantes (78,18%) apresentasse algum conhecimento sobre essa 9

especialidade médica, esses conhecimentos se apresentaram inconsistentes. Em estudo realizado no município de Divinópolis MG, os pesquisadores verificaram o conhecimento dos usuários do SUS sobre a homeopatia, e obtiveram a prevalência de pouco ou nenhum conhecimento sobre a homeopatia, também identificaram confusão entre a homeopatia e tratamentos fitoterápicos caseiros, crença de inocuidade dos medicamentos homeopáticos ao organismo, e relação de fé ou misticismo (DIAS et al., 2014). Na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, foram entrevistadas 3.090 pessoas. Os pesquisadores verificaram a prevalência de utilização da homeopatia foi de 2,4%. Os fatores associados à utilização foram: gênero feminino, escolaridade e renda. O principal motivo que levou a procura da homeopatia foi o tratamento convencional não surtiu efeito. Para 70,2% dos usuários o custo do tratamento foi considerado suportável ou barato. Aproximadamente 73% ficaram satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento recebido na homeopatia (RODRIGUES-NETO et al., 2009). No Sul do Brasil, um estudo avaliou o conhecimento sobre homeopatia em acadêmicos de graduação dos cursos de Medicina, Farmácia e Odontologia. Constatou-se que 36,1% dos entrevistados atribuíram à homeopatia a representação de que se trata de uma terapia que utiliza produtos naturais. Os autores constataram que a representação da homeopatia pelos entrevistados, enquanto tratamento natural estava relacionada à imagem de um medicamento não elaborado e sem a possibilidade de efeitos colaterais (LOCH-NECKEL et al., 2010). Outro estudo realizado em Salvador Bahia, através de questionários aos usuários do serviço de homeopatia na unidade selecionada, mostrou que a principal motivação para a procura da homeopatia foi o insucesso do tratamento alopático anterior. E em comparação ao tratamento alopático, foram consideradas características positivas da homeopatia, a visão holística, o uso de medicamentos a partir de fontes naturais, e a consulta homeopática (MONTEIRO; IRIART, 2007). A homeopatia consiste na administração de doses mínimas de uma substância medicamentosa ao paciente com a finalidade de estimular às reações orgânicas e reestabelecer a energia vital. Os medicamentos utilizados são selecionados com base nos sintomas físicos, psíquicas, emocionais e 10

comportamentais (LOCH-NECKEL et al., 2010). Neste estudo 17% (n= 31) dos entrevistados acreditam que a homeopatia cura qualquer doença, sendo câncer 54% (n= 9), seguido por doenças crônicas 23% (n= 4) e HIV/AIDS 23% (n= 4). O emprego terapêutico da homeopatia reconhece a individualidade do paciente, selecionando substâncias experimentadas capazes de apresentar a totalidade de sintomas psíquicos, emocionais, gerais ou clínicos, característicos de cada paciente. Diferentes medicamentos homeopáticos podem ser indicados para um mesmo tipo de doença e determinado paciente, justificado pelo diagnóstico voltado ao paciente, e não na doença (Martinez; Nunes, 2014). Nesse contexto, ainda, os praticantes da homeopatia hahnemanniana sugerem que os medicamentos homeopáticos também possuem ação curativa e preventiva em doenças epidêmicas quando selecionados conforme o conjunto de sintomas específicos de determinada epidemia (Martinez; Nunes, 2014; LOCH-NECKEL et al., 2010). Diversas substâncias orgânicas ou inorgânicas podem ser submetidas à homeopatia para manipulação de medicamentos. Em geral, o medicamento homeopático, que deve ser o mais semelhante possível às manifestações do doente, pode ser obtido a partir de três domínios naturais: o vegetal, através de flores, folhas, frutos, sementes, plantas inteiras ou suas partes; o animal, mediante animais inteiros, secreções fisiológicas ou patológicas; e o mineral recorrendo a sais, metais, ácidos e bases (NAKAOKA et al., 2013). Neste estudo, 56% (n= 31) dos entrevistados conhecia alguém que já se tratou ou trata com homeopatia, e relataram ótimo 39% (n = 12), bom 26% (n= 8), benefício 22% (n= 7) e sem efeito 13% (n= 13%). A consulta homeopática é complexa, de forma individualizada, e baseada na reflexão, observação, exame físico, orientações sobre higiene e dieta, e na prescrição de um medicamento homeopático. Durante a consulta homeopática, o médico homeopata investiga o indivíduo e a doença que o acomete através de uma escuta ativa e complexa, estimulando o relato espontâneo, colaborando para a qualidade da relação entre médico e paciente, demandando um tempo adequado para a sua realização (SALLES; AYRES, 2013). A homeopatia, reconhecida como especialidade médica pela Associação Médica Brasileira, vem sendo paulatinamente integrada nos serviços de saúde, mas ainda de forma insuficiente. Além disso, a maioria dos profissionais da 11

saúde considera a homeopatia uma terapêutica alternativa natural e com resultados demorados (SANTANNA et al., 2008). Estudo publicado em 2013 analisou o conhecimento dos gestores da saúde de municípios de São Paulo sobre a homeopatia. A partir de 645 municípios paulistas, apenas 47 ofertaram homeopatia no Sistema Único de Saúde, dos gestores entrevistados 26% conheciam a homeopatia, 31% pouco conheciam, e 41% desconheciam essa prática médica (GALHARDI et al., 2013). Estudo realizado na cidade de São Paulo SP mensurou a percepção sobre a homeopatia em estudantes de Medicina. Os entrevistados consideravam como prerrogativas da homeopatia : o tratamento natural (18%), o efeito placebo (14%) e o aspecto místico-religioso (4,5%); indicações do tratamento homeopático se restringiram às doenças crônicas (52%) ou psicossomáticas (18%); inexistência de fundamentação científica pela pesquisa básica (21%) ou clínica (29%); morosidade na resposta terapêutica (57%); e isenção de efeitos colaterais no uso inadequado do medicamento homeopático (71%). Perante outros aspectos, 43% dos estudantes não reconheciam a homeopatia como uma especialidade médica ; a totalidade ignorava que ela estivesse disponível em serviços públicos de saúde ; 64% desconheciam sua inclusão no currículo de algumas faculdades de Medicina ; e todos os alunos se mostraram bastante interessados em aprendê-la, na forma de disciplina obrigatória (64%) ou optativa (36%) (TEIXEIRA, 2007). Alguns ambientes têm sido utilizados pelos homeopatas para popularizar satisfatoriamente a proposta da homeopatia, como, por exemplo, as ações desenvolvidas pelas Liga Homeopáticas, através de publicação de revistas, construção de farmácias homeopáticas comunitárias, e mediante a atuação de grupos de homeopatas estabelecidos para debater questões políticas inerentes à homeopatia e divulgar a prática homeopática de forma expandida (WEBER, 2011). Quanto à fonte de informação ou educação sobre homeopatia, no presente estudo, 19% (n= 8) dos entrevistados responderam ter adquirido algum conhecimento sobre a homeopatia através da farmácia. Entretanto, para atuar na homeopatia, o profissional Farmacêutico deve possuir perfil apropriado preconizado pelas Diretrizes Curriculares, através de formação generalista capacitada a atuar sobre todo o Ciclo da Assistência Farmacêutica dos 12

medicamentos homeopáticos, desde a manipulação desses medicamentos, mas principalmente, fornecendo orientações e esclarecimentos à população sobre essa prática (CORRÊA; LEITE, 2008). 5. Conclusões Através da presente pesquisa foi possível verificar que a maioria dos usuários da farmácia possuem conhecimentos inconsistentes sobre a homeopatia. Identificou-se ideias errôneas como a confusão da homeopatia com a fitoterapia, isenção de reações adversas e relação com a religião. Opiniões diversas foram identificadas, a maior parte do público entrevistado não relacionou a homeopatia com a cura de todos os tipos de doença, e a maioria conhecia pessoas adeptas a esse tratamento, relatando satisfação e resultados favoráveis. Apesar do constante crescimento no uso da homeopatia, essa terapia alternativa ainda apresenta preconceitos e carência de informações corretas. O farmacêutico deve contribuir, atuando efetivamente na Atenção Farmacêutica durante a dispensação de medicamentos homeopáticos. Além disso, deve-se promover melhor divulgação da homeopatia nos sistemas de saúde. Recomenda-se a realização de mais estudos para explorar ainda mais o tema. 6. Agradecimentos À proprietária e farmacêutica responsável pela farmácia magistral do estudo por conceder a autorização das entrevistas no estabelecimento. À coordenação do Curso de Farmácia e à diretoria da União das Faculdades dos Grandes Lagos pelo incentivo à pesquisa. 13

7. Referências CFF. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 576 de 28 de junho de 2013. Dá nova redação ao artigo 1º da Resolução/CFF nº 440/2005, que dispõe sobre as prerrogativas para o exercício da responsabilidade técnica em homeopatia. Diário Oficial da União. 03 jul 2013. Seção 1. p. 86. CORRÊA, A. D.; LEITE, S. Q. M. Ensino da homeopatia na graduação em farmácia: concepções e práticas pedagógicas em instituições do estado do Rio de Janeiro. Interface (Botucatu), v. 12, n. 25, p. 267-280, 2008. DIAS, J. S.; MELO, A. C.; SILVA, E. S. Homeopatia: percepção da população sobre significado, acesso, utilização e implantação no SUS. Revista Espaço Saúde, v. 15, n. 2, p. 58-67, 2014. DIEHL EE, SONAGLIO D, LIMA NF, Backes S. Estudo dos fatores impregnação e secagem nas características de glóbulos utilizados em homeopatia. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 1, p.143-150, 2008. FIGUEIREDO, T. A. M.; MACHADO, V. L. T. Representações sociais da homeopatia: uma revisão de estudos produzidos no Estado do Espírito Santo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, supl. 1, p. 999-1005, 2011. GALHARDI, W. M. P.; BARROS, N. F.; LEITE-MOR, A. C. M. B. O conhecimento de gestores municipais de saúde sobre a Política Nacional de Prática Integrativa e Complementar e sua influência para a oferta de homeopatia no Sistema Único de Saúde local. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 1, p. 213-220, 2013. LOCH-NECKEL G, CARMIGNAN F, CREPALDI MA. A homeopatia no SUS na perspectiva de estudantes da área da saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 34, n. 1, p. 82-90, 2010. MARTINEZ, E. Z.; NUNES, A. A. A homeopatia na prevenção e tratamento da dengue: uma revisão. Cadernos Saúde Coletiva, v. 22, n. 4, p. 321-328, 2014. MONTEIRO, D. A.; IRIART, J. A. B. Homeopatia no Sistema Único de Saúde: representações dos usuários sobre o tratamento homeopático. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 8, p. 1903-1912, 2007. 14

NAKAOKA VYES, PEREIRA AMO, KASHIWABARA TGB. Práticas Homeopáticas e sua Representação Social. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research BJSCR, v. 4, n. 1; p. 71-74, 2013. RODRIGUES-NETO, J. F.; FIGUEIREDO, M. F. S.; FARIA, A. A. Prevalence of the use of homeopathy by the population of Montes Claros, Minas Gerais, Brazil. São Paulo Medical Journal, v. 127, n. 6, p. 329-334, 2009. SALLES, S. A. C.; AYRES, J. R. C. M. A consulta homeopática: examinando seu efeito em pacientes da atenção básica. Interface (Botucatu), v. 17, n. 45, p. 315-326, 2013. SANTANNA, C.; HENNINGTON, E. A.; JUNGES, J. R. Prática médica homeopática e a integralidade. Interface (Botucatu), v. 12, n. 25, p. 233-246, 2008. TEIXEIRA, M. Z. Homeopatia: desinformação e preconceito no ensino médico. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 31, n.1, p.15-20, 2007. WEBER, B. T. Estratégias homeopáticas: a Liga Homeopática do Rio Grande do Sul nos anos 1940-1950. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 18, n. 2, p. 291-302, 2011. 15