READEQUAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL DO ATERRO SANITÁRIO DE SÃO GIÁCOMO Autores Rafael Rivoire Godoi Navajas, Engenheiro Civil graduado pela UFRGS (Universisade Federal do Rio Grande do Sul) 1998. Técnico responsável pela operação do Aterro Sanitário São Giácomo. Técnico responsável pela execução das obras de readequação, amplianção e encerramento do Aterro Sanitário São Giácomo. Rafael Vinicius Dalcorno Engenheiro Civil graduado pela UFGRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) 1997 Técnico responsável pela execução das obras de readequação, amplianção e encerramento do Aterro Sanitário São Giácomo. Marco Aurélio Migliavacca Acadêmico de Engenharia Ambiental pela UCS (Universidade de Caxias do Sul) Estagiário do Departamento de Limpeza Urbana da CODECA ( Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul) Os autores declaram submeter-se às condições estabelecidas pelo regulamento para apresentação de trabalhos técnicos. Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul Codeca RST 453 Km 11 Bairro Centenário II Cep 95045-630 Caxias do Sul RS Fone: 54 2249308 e-mail: codeca@codeca.com.br RESUMO O aterro Sanitário São Giácomo apresentava um único dispositivo de drenagem pluvial, uma canaleta na lateral Sul em meia-cana de concreto. A canaleta existente não se apresentava eficiente para drenar a totalidade das águas pluviais que incidiam sobre o aterro. Este fato decorria de sua pequena extensão de abrangência da área, cerca de 50% da extensão da área total ocupada pela disposição de resíduos e em apenas uma das laterais do aterro. O presente trabalho tem por objetivo mostrar a execução, segundo projeto contratado junto a Azambuja Engenharia e Geotecnia, de duas redes de drenagem pluvial, uma interna e outra externa ao aterro. A rede interna deverá ser executada diretamente sobre as células e acessos, visando proteger a cobertura final e os próprios acessos de processos erosivos e minimizar a geração de percolado. A rede de drenagem externa deverá complementar a canaleta da lateral Sul e a execução do canal de
drenagem do arroio São Giácomo na lateral Norte. Esta canaleta e este canal serão responsáveis por captar as águas provenientes do entorno do aterro, evitando que as mesmas escoem sobre as células. Palavras Chave: aterro, drenagem, pluvial. INTRODUÇÃO Um aterro sanitário deve garantir a disposição dos resíduos gerados de uma forma ambiental e estruturalmente segura, além de economicamente viável. Porém no Brasil, este método mais adequado de disposição final ainda não representa uma realidade factível para a maioria dos municípios. Por esta razão, é importante conhecer a realidade do município no qual se intervém, mas também, as diferentes tecnologias existentes para, a partir deste conhecimento, gerar soluções locais que representem a melhor aplicação técnica no enfrentamento dos problemas detectados. O presente trabalho constitui-se em um diagnóstico das condições do sistema de drenagem pluvial existente no Aterro Sanitário de São Giácomo, bem como a execução de melhorias, conforme projeto contratado junto a Azambuja Engenharia e Geotecnia, que possibilitem a eficiente drenagem das águas pluviais que incidem sobre o aterro. Este diagnóstico engloba a análise das condições operacionais e de infra-estrutura do aterro e sua repercussão ambiental. Seu conteúdo provém das análises das informações existentes sobre o aterro obtidas nas diversas visitas técnicas realizadas ao mesmo. Das informações e avaliações reunidas neste diagnóstico, serão retiradas todas as diretrizes necessárias para a execução das melhorias no sistema de drenagem pluvial do Aterro Sanitário de São Giácomo. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO ATERRO SANITÁRIO DE SÃO GIÁCOMO O aterro sanitário de São Giácomo está disposto sobre uma antiga pedreira de basalto. Atualmente toda a área da pedreira já está coberta com resíduos, de forma que o substrato natural não está mais visível. A descrição da área feita em 1991, quando a maior parte do terreno natural ainda não estava coberta por resíduos, indica que o aterro assenta-se sobre basalto maciço predominantemente e matacões de tamanhos variáveis. Sobre o basalto, camadas de solo resultante da alteração do maciço rochoso. Sobre a camada de solo, geralmente fina, cresce a mata de araucárias e eucaliptos, cujas raízes fixam-se nas fendas e micro-fraturas do maciço alterado. Estas indicações podem ser verificadas pelo entorno do aterro, onde aparecem paredões de basalto no lado norte e solo residual com matacões no lado sul. Em virtude da alternância do rochoso maciço, observa-se a existência de infiltrações e de afloramentos de água em alguns locais do aterro.
As características topográficas do terreno natural, de acordo com o levantamento aerofotogramétrico, mostram um vale bastante acidentado, com largura média de 50m e comprimento de aproximadamente 450m. O vale constitui-se como sistema de drenagem natural de duas sub-bacias de montante, com área de contribuição total aproximada de 50ha. Todo o sistema faz parte da bacia do arroio Tega, principal receptor das águas residuárias do município. O aterro conta com um cinturão verde nas faces longitudinais, norte e sul, constituídas por mata densa onde predomina o eucalipto, alternando com a presença mais dispersa de araucárias e complementada por arbustos. A presença da mata densa é reforçada pela topografia do local, mostrando trechos de forte declive, cujo acesso é severamente dificultado. O aterro apresenta dois pontos extremos de acesso facilitado, sendo um inferior, no lado leste e o outro superior, no lado oeste, por onde é feito o acesso à área. SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL EXISTENTE ANTES DA READEQUAÇÃO O único sistema de drenagem pluvial existente no aterro era uma canaleta na lateral Sul, no pé do talude natural, na parte inferior do aterro. Mesmo esta canaleta servia apenas para drenar as águas do talude externo, uma vez que a cobertura do aterro, não tem inclinação para a mesma. A completa ausência de drenagem das águas pluviais causava muitos danos ao aterro, principalmente nas células antigas, entre eles o carreamento de material da cobertura e a abertura de sulcos na cobertura pela ação das águas. Isto podia provocar o vazamento de líquidos percolados e de gases pelos taludes de cobertura, além de permitir a entrada de água para o interior das células com a maior geração de percolados. As células mais novas, na parte superior do aterro, ainda estavam em operação e apresentavam uma frente de disposição muito grande. Também nestas células não havia nenhum sistema de drenagem de águas pluviais. Após períodos de chuva, a frente de disposição da célula C10 ficava alagada, impedindo a operação da mesma. A célula C9, também em operação, conseguia manter melhores condições de trabalho ainda que longe das condições ideais. Os taludes da célula C8, na face Leste, já encerrados, também não apresentavam sistema de drenagem de águas superficiais. Na parte superior do aterro, excetuando-se as células abertas, a situação não era tão crítica quanto na parte inferior.
SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL READEQUADO O aterro sanitário de São Giácomo apresentava um único dispositivo de drenagem pluvial, uma canaleta na lateral Sul em meia-cana de concreto. A canaleta existente não se apresentava eficiente para drenar a totalidade das águas pluviais que incidiam sobre o aterro. Este fato decorre de sua pequena extensão de abrangência da área, cerca de 50% da extensão da área total ocupada pela disposição de resíduos e em apenas uma das laterais do aterro. Outro aspecto que tornava esta canaleta ineficiente para a drenagem pluvial era o recalque central das células de disposição, uma vez que as inclinações necessárias para escoamento das águas estão no sentido oposto ao da drenagem, com escoamento mais centralizado no principal eixo do depósito, transformando este eixo em um vertedor em épocas de intensas chuvas. As águas de chuva que a canaleta Sul captava eram, quase que na totalidade, originárias dos taludes externos do depósito ao Sul, além de eventuais by pass de percolado bruto. O projeto contratado junto a Azambuja Engenharia e Geotecnia prevê a execução de duas redes de drenagem pluvial, uma interna e outra externa ao aterro. A rede interna deverá ser executada diretamente sobre as células e acessos, visando proteger a cobertura final e os próprios acessos de processos erosivos e minimizar a geração de percolado. A rede de drenagem externa deverá complementar a canaleta da lateral Sul e a execução do canal de drenagem do arroio São Giácomo na lateral Norte. Esta canaleta e este canal serão responsáveis por captar as águas provenientes do entorno do aterro, evitando que as mesmas escoem sobre as células. A maioria das águas pluviais captadas pela rede de drenagem interna será conduzida por uma tubulação emissária superficial a ser implantada no eixo central longitudinal do aterro. Seu descarte dar-se-á no trecho de jusante do canal de drenagem do arroio. Uma pequena parcela da drenagem interna pluvial da célula C9 localizada a Sudoeste será encaminhada para a barragem do arroio São Giácomo, para após ser conduzida para descarte pelo canal Norte do arroio. O descarte das águas pluviais propriamente dito será independente, ou seja, sem passagem pelo lago de polimento. Com relação ainda à drenagem interna, as canaletas de drenagem deverão ser executadas no pé de cada talude já conformado. Estas canaletas terão inclinação de 1 % para o centro do aterro, de onde as águas serão retiradas por uma tubulação emissária central. Também deverão ser executadas canaletas nas laterais dos acessos propostos, que também serão retiradas pela tubulação central. Esta tubulação contará com algumas caixas de passagens intermediárias, para inspeção e, se necessária, manutenção. A tubulação emissária central será responsável, também, pela captação do escoamento das águas pluviais drenadas pelo sistema de cobertura nos taludes. Esta captação será realizada nas mesmas caixas de passagem de chegada das canaletas superficiais internas do aterro, em cota mais baixa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Grande Parte do percolado produzido no aterro sanitário São Giácomo se dava pela infiltração da água da chuva. Foi necessário a recuperação total da cobertura exixtente, tornando-a impermeável e tendo o cuidado de captar e conduzir adequadamente as águas superficiais. Tornou-se o cuidado de conduzir as calhas de drenagem com declividade para o lixo longitudinal (Leste Oeste) do aterro sanitário São Giácomo devido ao elevado recalque que apresenta, pronunciando-se de forma maior no eixo longitudinal do que nas bordas laterais. ANEXOS (FIGURAS E FOTOGRAFIAS) Localização do aterro sanitário de São Giácomo
Layout do aterro sanitário de São Giácomo em 2002 Corte transversal do canal de drenagem pluvial
Corte transversal detalhando a cobertura final do aterro sanitário de São Giácomo Execução da canaletas de concreto e tubo perfurado de PEAD
Rede coletora longitudinal e poço de visitas Detalhe do poço de visitas
Canal de drenagem pluvial Cobertura final com brita, terra e grama
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZAMBUJA ENGENHARIA E GEOTECNIA Projeto de Readequação, Ampliação e Encerramento do Aterro Sanitário de São Giácomo Volumes I, II e III. 2003. CODECA Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul, Relatório de Atividades Operacionais do Aterro Sanitário de São Giácomo. 2003 e 2004. CODECA Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul, Relatório Fotográfico da Execução da Readequação, Ampliação e Encerramento do Aterro Sanitário de São Giácomo. 2003 e 2004. FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA Polígrafo do Curso de Formação Ambiental Volume II. 2003.