GESTÃO FINANCEIRA DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DO RIO GRANDE DO SUL



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Transcrição:

GESTÃO FINANCEIRA DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DO RIO GRANDE DO SUL Cleusa Conceição Terres Schuch UFRGS/FACED cleusaschuch@terra.com.br Resumo: Este trabalho apresenta uma reflexão sobre a gestão financeira da escola pública estadual do Rio Grande do Sul, contemplando questões legais, descentralização de recursos financeiros, estratégias utilizadas na gestão de seus recursos. A pesquisa empírica foi realizada em duas escolas utilizando Análise Documental, e o Estudo de Caso expôs o modus operandi da gestão financeira da escola estadual. A investigação aponta a prevalência dos gastos apenas na manutenção da escola, fator que impede o avanço pela conquista da qualidade do ensino público. Palavras-chave: gestão financeira; descentralização de recursos; escola pública. INTRODUÇÃO Desde a aprovação da Constituição de 1988, na qual um dos princípios da educação é a gestão democrática do ensino, a gestão da escola tem sido objeto de estudo na literatura atual e de discussão nos fóruns educacionais. A LDB/96 determina no seu artigo. 12, incisos I, II e VI, respectivamente, que cada escola deve: I- elaborar e executar sua proposta de trabalho; II- administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; [...] VI- articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. No artigo 15, estabelece: Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas [...] progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa, e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. O âmbito normativo confere uma certa legitimidade à autonomia da escola. Sua concretização, contudo, é um processo eminentemente político, entendendo-se, por isso, o desenvolvimento de estratégias que oportunizem a prática da autonomia. É essencial, ainda, a garantia de aporte sistemático de recursos públicos a cada unidade escolar, de acordo com suas características e peculiaridades, com o contexto sócio-econômico-cultural em que está inserida, independente de qual governo esteja no poder. No Rio Grande do Sul, os instrumentos da gestão democrática contemplados na Constituição Estadual foram aí inseridos como resultado do novo ordenamento da Carta Maior, das propostas e das lutas políticas do movimento docente na década de 1980. A autonomia financeira da escola pública estadual está contemplada na legislação estadual da gestão democrática Lei 10.576, de 14 de novembro de 1995.

A proposta da autonomia financeira da escola, no Brasil, é uma reivindicação do ideário democrático, assim como se faz presente na ideologia do neoliberalismo e na terceira via, na medida em que é apontada como instrumento de gestão que fomenta a participação de todos os segmentos da comunidade escolar nas decisões da instituição. De acordo com Souza (2004), a autonomia da escola tem se constituído em uma das bandeiras de luta mais significativas dentre as reivindicações dos educadores brasileiros que acreditam na educação pública, gratuita, universal e democrática. O Manifesto dos Pioneiros 1 já reivindicava a ampla autonomia técnica, administrativa e econômica dos técnicos e educadores que tinham a responsabilidade, direção e administração da função educacional. Quando se referiam aos meios, iam além das verbas orçamentárias sugerindo a criação de um fundo escolar, constituído de patrimônios, impostos e rendas próprias dos governos. O estudo abrange a gestão financeira de duas escolas públicas da rede estadual do RS, evidenciando os recursos com os quais as escolas contam para sua manutenção, a gestão financeira e reflexões acerca dos achados da pesquisa empírica. Não é pretensão fazer qualquer tipo de generalização, uma vez que a amostra da pesquisa reduziu-se a apenas duas escolas num universo de 2.856 escolas estaduais. Contudo, em alguns momentos pode-se inferir que certas ocorrências sinalizam fatos de rotina em todas as escolas estaduais, como o atraso no repasse dos recursos do governo estadual, a prevalência de recursos públicos para a manutenção das escolas, a preocupação em captar mais recursos dentro e fora da escola. OS RECURSOS As escolas públicas estaduais do RS contam com recursos financeiros advindos do governo federal através do PDDE 2 e PNAE 3, do governo estadual por meio dos repasses quadrimestrais (autonomia financeira), dos projetos especiais e da captação de recursos próprios oriundos de atividades realizadas pela própria escola. A transferência de recursos das mantenedoras públicas para as escolas de suas redes, através da estimativa de um per capita por aluno matriculado, ou valores 1 Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, publicado em 1932. 2 Programa Dinheiro Direto na Escola/FNDE leva em conta o número de alunos matriculados no Ensino Fundamental. 3 Programa Nacional de Alimentação Escola/FNDE

repartidos conforme a tipologia da escola, para serem utilizados na manutenção da mesma, tem sido adotada em alguns estados brasileiros, como Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e outros, assim como em várias redes municipais. Farenzena (2005) esclarece que as normas e as práticas de alocação de recursos diretamente às escolas trazem a marca da diversidade, seguindo as especificidades de sistemas e redes de ensino públicas constituídas com relativos graus de autonomia regional, estadual e local. Assim, a sistemática de descentralização de recursos aos estabelecimentos de ensino poderá envolver o repasse direto de recursos às escolas por meio de depósitos bancários ou de autorizações de despesas para cada estabelecimento de ensino, ou nenhuma dessas duas hipóteses. No Estado do RS, pode-se dizer que o repasse de recursos diretamente para as escolas estaduais se caracteriza como uma desconcentração, e não parceria, como se observa em outros estados do Brasil. Em Minas Gerais e Pernambuco, o recurso é repassado para a Caixa Escolar da Escola; em São Paulo, para a Associação de Pais e Mestres (APM); ambas instituições de direito privado sem fins lucrativos (unidades executoras privadas). Nas escolas da rede estadual do RS os recursos são depositados em uma conta pública em nome do diretor do estabelecimento de ensino, que gere o recurso juntamente com o Conselho Escolar (recurso público para órgão público). Para Lobo (1990), o governo privilegia a desconcentração em detrimento da descentralização porque a primeira não envolve alterações nos núcleos de poder que levariam a uma maior distribuição do poder decisório. Contudo, ela afirma que não se deve desprezar ou ignorar a desconcentração enquanto legítimo e eficaz instrumento de ação governamental. Dentro de um mesmo estado, como no caso do RS, também encontramos a diversidade na operacionalização da política de destinação de recursos às escolas. No município de Cachoeirinha 4 o recurso é creditado em uma conta especifica em nome da Escola/CPM, e a gestão desse recurso é de responsabilidade do CPM. Já no município de Pelotas 5, o recurso é depositado na conta do Conselho Escolar, assim como acontece em Porto Alegre. Os recursos públicos são calculados basicamente levando-se em conta o número de alunos matriculados, como é o caso do PDDE, ou ainda, tipologia da escola, nível de 4 Lei Municipal Nº 2.026/2002. 5 Lei Municipal Nº 5.025/2003.

ensino e fórmula matemática de acordo com os anexos I e II do Decreto 37.104, no caso do repasses quadrimestrais do governo estadual do RS. Na fórmula de cálculo do valor repassado pelo governo estadual às escolas, um fator importante que não é considerado e que contribui para a manutenção da desigualdade de condições de oferta do ensino de qualidade refere-se à forma de como é calculado o valor do repasse, na qual não são levadas em consideração as condições sócio-econômicas dos alunos atendidos. Duas escolas com o mesmo número de alunos, tipologia e nível de ensino, contudo com alunos em condições sócio-econômicas distintas, não poderiam receber o mesmo volume de recursos, uma vez que aquela com menores condições sempre tem mais gastos na manutenção do ensino, pois muitos alunos não possuem caderno, quanto mais material pedagógico, como tesoura, cola, lápis de cor, papel colorido, revistas, etc. Essa escola acaba tendo mais gastos, a fim de dar conta dessas deficiências. O PDDE efetua o repasse de recursos financeiros diretamente às escolas de ensino fundamental, esses recursos se destinam a atender despesas com material de consumo e material permanente. O dinheiro é disponibilizado em conta bancária da unidade executora da escola. Trata-se de uma parceira entre Estado e Sociedade Civil, uma vez que existe a exigência da unidade executora para gerir esses recursos. Nas escolas estaduais o Circulo de Pais e Mestres exerce essa função, face constituírem-se em órgãos com personalidade jurídica própria. Os recursos desse programa são provenientes do Salário-Educação, e repassados a cada estabelecimento de ensino ou às secretarias municipais de Educação. Os recursos provenientes do repasse do governo estadual são geridos pela direção da escola em conjunto com o Conselho Escolar, ao passo que os recursos do PDDE são geridos em conjunto com o Círculo de Pais e Mestres (CPM). A direção se envolve em duas modalidades distintas de gestão de dois recursos públicos, ora em conjunto com um órgão privado, o CPM, ora em conjunto com um órgão público, o conselho escolar. Essa duplicidade de gestão colegiada já foi discutida por Peroni e Adrião (2005) no relatório de pesquisa sobre o PDDE. De outra parte, o modelo de gestão dos recursos do PDDE, isto é, o repasse de recursos a uma instituição privada, parece ter sido disseminado a outros programas estaduais e locais, inclusive permitindo que se diga que constitui exceção a forma de repasse de recursos da política de autonomia financeira nas escolas estaduais do RS.

A manutenção das escolas públicas ao longo dos anos tem contado, além dos recursos públicos, com a geração de recursos pela própria escola. Pode-se, inclusive, afirmar que a cobrança de taxas e contribuições nas escolas públicas sustentou boa parte da manutenção dessas escolas durante muito tempo; entretanto, sendo a gratuidade do ensino um dos princípios da educação escolar pública, determina a Constituição Estadual, em seu Art. 202, parágrafo 3º, a proibição da cobrança de taxas ou contribuições nos estabelecimentos públicos de ensino. Contudo, existe a possibilidade legal de geração de recursos próprios pelas instituições estaduais, conforme inciso III do art. 65 da Lei 10.576/95. Os recursos próprios são constituídos, de maneira geral, das receitas de multas dos livros da biblioteca que são devolvidos fora do prazo; da locação de espaço físico para funcionamento do xerox e do bar da escola; espaço publicitário, através de cobrança de taxa para colocação de faixas de promoção de eventos na cidade e parcerias, rifas, festas, bingos, feira de roupas usadas, etc. Cada escola se mobiliza para buscar novas fontes de recursos, até mesmo criando arranjos institucionais, como parcerias com empresas, com a sociedade civil, etc., e isso já parece ter se naturalizado na escola pública. Do montante de recursos governamentais repassados às escolas estaduais no RS, os recursos da autonomia financeira representam a maior fatia; são esses que mantém a escola pública estadual. A seguir, apresento o levantamento do montante de recursos financeiros das duas escolas estaduais pesquisadas, o qual abrange o período de 1995 a 2006. Essas instituições estão localizadas no município de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre. Os dados da tabela coligem todos os recursos que a escola A teve à sua disposição no período de 1996 a 2005, porém, não se pode afirmar com precisão os valores dos recursos próprios, uma vez que seus registros não obedecem uma normatização rígida. Cada escola tem o seu estilo próprio de efetuar os registros e os respectivos controles.

Tabela 1- Recursos da Escola A 1996 2005 (em R$) Autonomia FNDE (PDDE) Rec. Próp. Total Ano Manutenção Permanente Manutenção Permanente 1996 Processos não localizados - - 2.762,93-1997 31.699,28 9.898,68 9.097,79 3.262,78 2.555,88 56.514,41 1998 35.834,52 13.126,62 8.503,25 1.838,54 1.747,14 61.050,07 1999 33.891,37 12.454,20 7.104,74 1.536,16 4.054,67 59.041,14 2000 30.896,11 11.465,44 6.440,05 1.392,44 4.558,34 54.752,38 2001 30.148,77 8.320,59 8.151,11 1.567,52 2.169,92 50.357,91 2002 24.861,61 3.184,34 4.703,50 1.016,97 4.632,45 38.398,87 2003 26.909,30 3.633,38 6.013,95 1.156,53 1.965,38 39.678,54 2004 30.396,32 4.665,76 3.898,45 974,61-39.935,14 2005 32.610,91 5.065,05 3.882,42 970,6-42.528,98 Fonte: Processos de Prestação de Contas e Setor Financeiro da 12ª CRE Valores atualizados para julho/2006 IGP-DI A escola não dispõe de todos os processos de prestação de contas, fato que me levou a buscar outra fonte de consulta, no caso, a 12ª Coordenadoria Regional de Educação. Contei com a disposição e a presteza da responsável pelo setor financeiro da coordenadoria, que me deu acesso aos arquivos do setor e também efetuou pesquisa no banco de dados, fornecendo, assim, os valores faltantes. Do total de valores geridos na Escola A no período da pesquisa (1997-2005), observa-se que 78,93% referem-se aos recursos da autonomia financeira, 16,17% aos do FNDE e 4,90% aos recursos próprios, conforme gráfico 1. Cabe apontar que, no período de 1996 a 2003, são significativos os valores dos recursos captados na escola. Pode-se dizer que a escola se mobilizou na busca de outros recursos além daqueles repassados pelo Poder Público. Nos anos de 2004 e 2005, não foi localizado nenhum registro em livros que comprovasse a captação de tal recurso, embora continuasse existindo a contribuição para a biblioteca, a contribuição espontânea dos professores que utilizam o telefone da escola para ligações particulares, e quiçá tenham sido realizadas algumas festividades. Na Escola B, os valores foram apurados através da coleta dos dados constantes nos processos de prestação de contas arquivados na escola, nas atas de reuniões e nos livros do CPM e da biblioteca. Dado o tamanho da escola (1.488 alunos nos seus três turnos de funcionamento), essa conta com um profissional responsável pela gestão de recursos, que ocupa o cargo de assistente financeiro e recebe uma função gratificada. Essa pessoa tem dedicação exclusiva para a tarefa de gestão dos recursos.

Tabela 2 - Recursos da Escola B 1995-2005 ( em R$) Autonomia FNDE Recurso Próprio Ano Manutenção Permanente Manutenção Permanente Total 1995 57.041,85 - - - - 57.041,85 1996 81.801,83 - - - 1.481,88 83.283,71 1997 95.663,98 35.250,05 - - 1.195,79 132.109,82 1998 129.765,62 53.366,42 5.055,98 1.149,09 6.049,32 195.386,43 1999 134.505,24 51.115,50 4.224,44 960,1 1.614,12 192.419,40 2000 113.387,39 45.356,46 3.829,22 870,28 21.294,25 184.737,60 2001 90.601,99 32.686,04 3.448,55 783,76 15.520,13 143.040,47 2002 54.669,49 13.732,08 2.796,67 635,61 18.737,64 90.571,49 2003 82.484,06 11.971,36 2.544,36 578,26 15.658,01 113.236,05 2004 72.694,31 16.784,32 2.228,04 556,47 4.209,89 96.473,03 2005 77.960,20 18.042,19 2.193,28 548,32 3.704,15 102.448,14 Fonte: Processos de Prestação de Contas e Setor Financeiro da 12ª CRE Valores atualizados para julho/2006 IGP-DI Analisando os valores geridos na escola no período de 1997 (implantação da autonomia financeira por meio de repasse de recursos para a conta do diretor da escola) a 2005, observa-se que, como na escola anterior, o maior percentual de recursos repassados e geridos é o da autonomia financeira, na proporção de 91,24%, sendo 2,33% referente a recursos do FNDE e 6,43% de recursos próprios. Não constam valores do FNDE no ano de 1997, tendo em vista que a escola não possui registro dos valores repassados pelo Ministério da Educação, pois o respectivo processo de prestação de contas não foi localizado na escola, nem tampouco constam registros nas atas de reuniões. Nas duas escolas é drástica a redução dos recursos repassados pelo governo federal, sendo que, no ano de 2005, os montantes repassados foram reduzidos em mais de 55%, se comparados com aqueles repassados no ano de 1997 na Escola A, e em 1998 na Escola B. Cabe ressaltar que os valores do FNDE repassados para a Escola A são maiores que os repassados para a Escola B, porque esta possui número bem menor de alunos no ensino fundamental. Na Escola B sobressaem os valores captados e geridos pela própria escola os recursos próprios, os quais não possuem uma sistematização nos seus registros. O levantamento desses valores foi efetuado em dois documentos, a saber: livro-caixa do CPM e o livro caixa da biblioteca. O levantamento foi efetuado item a item; no caso

específico da biblioteca, os recursos são registrados dia a dia, pois inexiste um levantamento sistemático. Face à inexistência desse levantamento regular dos recursos captados na escola, os valores que constam na tabela podem não ser exatos, assim, torna-se praticamente impossível afirmar com precisão os valores de recursos próprios captados e geridos por essa escola, pois os registros e controles dos recursos próprios, como na escola anterior, são insuficientes. A GESTÃO DOS RECURSOS Nas escolas estaduais existem normas para a aplicação dos recursos públicos, bem como para aqueles oriundos da captação própria, contudo cada escola possui a sua maneira muito singular de geri-los. Souza (2001) reconhece a existência de uma cultura própria da escola, que a institui de maneira muito particular, com uma prática social única. Os recursos públicos repassados às escolas trazem na sua concepção a exigência de que o planejamento, acompanhamento e controle do uso dos recursos sejam realizados com a participação da comunidade escolar, dando visibilidade à gestão financeira. Apurar com precisão o montante de recursos próprios captados e geridos nas escolas durante a pesquisa foi uma tarefa praticamente impossível, pois os registros e controles são efetuados de forma artesanal (anotações realizadas em cadernos, fichas, dinheiro guardado em caixinha de papelão, etc.). Tudo indica que as escolas adotam uma contabilidade informal no que se refere à captação e gestão dos recursos próprios, isto é, não seguem um procedimento padronizado. Já o planejamento e a aplicação dos recursos públicos, bem as respectivas prestações de contas, seguem normas regulamentadas pelas mantenedoras. O gráfico a seguir expressa a relevância dos recursos públicos (autonomia financeira e PDDE) repassados a Escola A e a Escola B, indicando que são esses recursos que efetivamente mantém essas instituições estaduais, especialmente aqueles oriundos do repasse do governo estadual. GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS GERIDOS NA ESCOLA A E NA ESCOLA B 1997-2005

100 80 60 40 20 Autonomia Financeira PDDE Recursos Próprios 0 Escola A Escola B A Escola B recebeu mais recursos do governo estadual na verba da autonomia financeira por possuir número maior de alunos e oferecer todos os níveis de ensino da educação básica, educação profissional e curso normal. Ela se destaca na captação de recursos próprios, pois além de contar com maior número de alunos, está localizada na zona central do município e seus alunos não se encontram em situação sócio-econômica tão precária quanto aos da Escola A, localizada num bairro da periferia. A Escola A por sua vez, recebe mais recursos do governo federal através do PDDE por possuir maior número de alunos no ensino fundamental. No que se refere aos gastos efetuados nas duas escolas com o recurso da autonomia financeira, há situações que se repetem, como a predominância de gastos na verba de manutenção com aquisição de material de consumo e pedagógico, e a contratação de serviço de terceiros, podendo-se concluir que essas são as maiores despesas nessas escolas, fator que impede o avanço pela conquista do ensino de qualidade, na medida em que os recursos para investimentos são bem menores. Na verba para despesas com investimentos, também a situação se repete nas duas escolas; os gastos relevantes ocorrem na aquisição de material permanente e pedagógico, indicando uma preocupação dessas instituições na oferta de condições básicas para um ensino de qualidade. Merece destaque a existência, nas escolas estaduais, de duas gestões paralelas de recursos públicos: uma para o recurso federal (PDDE), e outra para o estadual (autonomia financeira). O primeiro é gerido pelo CPM e pela direção; o segundo, pelo Conselho Escolar e pela direção. Para isso, existem duas contas bancárias, processos de prestação de contas, órgãos colegiados, reuniões, eleições e mandatos distintos. Dessa

forma, a escola convive com uma ambigüidade na gestão dos recursos financeiros públicos que a ela chegam. O PDDE exige uma unidade executora de direito privado para sua execução, enquanto a autonomia financeira tem sua gestão unicamente pública. Cabe questionar se essas exigências para a gestão desses recursos não estariam criando excesso de burocracia nas escolas, que adotam procedimentos diferenciados, ocasionando maior envolvimento da direção com as questões administrativofinanceiras, principalmente naquelas instituições que não possuem o assistente financeiro, como é o caso da maior parte das escolas estaduais. O corpo diretivo possui papel importante e determinante nas estratégias que envolvem a gestão dos recursos, uma vez que a assinatura do diretor do estabelecimento é indispensável na movimentação da verba (movimentação de conta bancária, assinatura de cheques e dos processos de prestação de contas, etc.). Nos estabelecimentos estaduais em que existe o assistente financeiro pessoa responsável pelo setor financeiro, as decisões ficam bastante centradas nessa pessoa, que possui dedicação exclusiva e recebe uma gratificação pela função exercida. A Escola B não possui no seu quadro nenhum profissional técnico da área de informática para atender o laboratório de informática, e se utiliza do trabalho voluntário de alunos que possuem conhecimento na área e que estão realizando curso técnico de Informática em uma escola profissionalizante. No curso técnico de celulose a escola conta com o trabalho de 11 professores, funcionários da empresa Aracruz empresa de celulose localizada no município. Tanto essas parceiras como outras encontradas na escola trazem no seu bojo a transferência de responsabilidades do Estado para entidades da sociedade civil ou pessoas. As escolas, na ânsia de resolver suas questões administrativas, financeiras e pedagógicas, criam arranjos institucionais dos mais diversos matizes. A escola pública estadual vem sentindo no seu dia-a-dia os reflexos da escassez de recursos públicos para a manutenção de suas atividades, e continua, como sempre fez, mobilizando esforços na captação de novos recursos dentro e fora da escola. A participação da comunidade escolar na gestão financeira da escola fica às vezes restrita ao cumprimento das normas burocráticas exigidas pela legislação. O grande desafio de envolver a comunidade nos assuntos financeiros da escola exige esforço da equipe diretiva que terá que desenvolver estratégias de participação em todas

as etapas da gestão, desde o planejamento até a aplicação dos recursos e não apenas no momento de aprovar as despesas já realizadas. A comunidade estando informada sobre os acontecimentos da gestão financeira poderá sentir-se mais comprometida com a escola, somando-se à direção numa gestão compartilhada. A direção por sua vez, através do apoio recebido não irá sentir-se tão só nos momentos de dificuldade, principalmente diante da escassez de recursos que tem vivenciado. A escola tenta e inventa sua autonomia. São muitos ensaios. É um aprendizado constante que exige um esforço enorme da escola para superar as dificuldades que surgem. CONCLUSÃO A gestão de recursos financeiros na escola estadual é uma proposta que vem avançando e se aprimorando desde 1995, quando teve início a implantação da política da autonomia financeira. Um fator que tem limitado a gestão financeira das escolas pública de uma maneira geral é a insuficiência de recursos públicos, fato mais agravado ainda nas escolas da rede estadual em que se evidencia a falta de periodicidade e atraso no repasse da verba. No ano de 2006, nas duas escolas pesquisadas, as direções de ambas informaram que até o mês de julho tinham recebido apenas o recurso referente ao primeiro quadrimestre daquele ano, e que o recurso sempre chega na escola com atraso. Para 2007, a informação que se tem é que será repassado pelo governo estadual apenas 70% do valor que seria devido às escolas. Através da análise dos dados da pesquisa empírica nas duas escolas, observa-se sempre uma prevalência dos gastos apenas para a manutenção da escola. Isso é muito relevante, pois a literatura tem apontado que somente a manutenção do que se tem não está garantindo a qualidade do ensino público. É necessário investir para além da manutenção, pois só assim ocorrerão mudanças efetivas na qualidade do ensino. O repasse de recursos diretamente às unidades de ensino traz novos horizontes à prática escolar, surgem novos papéis no cotidiano da escola, pois atribuições anteriormente realizadas pelo poder público central passam a ser efetuadas no âmbito local pelas escolas. Desta forma, as instituições locais recebem uma maior capacidade

de decisão, resultando num maior compromisso e controle da própria comunidade sobre a gestão dos recursos financeiros. Observa-se que, para a escola vivenciar sua autonomia financeira, faz-se necessária a destinação de recursos que atendam às necessidades da escola, a fim de que ela não se envolva com questões que extrapolam seu objetivo maior, que é a educação, gastando seu tempo na busca de recursos para sua manutenção. Políticas educacionais, como a do repasse de recursos públicos financeiros para serem geridos nas escolas, é um dos instrumentos que possibilita à escola desenvolver uma gestão mais democrática. Entretanto, se as pessoas não estão preparadas, motivadas, tudo custa a acontecer, ou não acontece, fica só no papel. Ou ainda, as decisões ficam centradas em determinadas pessoas, e a escola funciona fragmentadamente, cada indivíduo isolado em seu papel, como se fossem ilhas. A escola, sendo um conjunto de intenções e ações, tem que existir de forma interligada, unindo os setores pedagógico, administrativo e financeiro em uma única proposta, na qual o fazer da escola é a educação escolar, a formação do ser humano. A escola não pode contrariar o que está previsto em lei, no entanto, pode avançar, construir possibilidades e, nessa construção, as pessoas são fundamentais e darão ou não sentido à gestão. A política de repasses de recursos comumente chamada de autonomia financeira na rede estadual de ensino do RS trouxe avanços para a gestão da escola, possui limitações, contudo o grande desafio é o seu aperfeiçoamento. No bojo da gestão financeira da escola pública estadual pode-se afirmar que são esses recursos que, com sérias limitações, mantém a escola. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Legislação e Normas RIO GRANDE DO SUL. Constituição. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, de 03 de outubro de 1989. Porto Alegre: CORAG, 2005. RIO GRANDE DO SUL. Leis, Decretos, etc. Lei nº 10.576, de 14 de novembro de 1995. Alterada pela Lei nº 11.695, de 10 de dezembro de 2001. Dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Publico e dá outras providências..lei nº 9.723, de 16 de setembro de 1992. Dispõe sobre o repasse direto e automático de verbas para manutenção e conservação das escolas públicas estaduais, de forma trimestral.

.Lei nº 10.875, de 11 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a proibição da cobrança de que trata o artigo 202, parág. 3º, da Constituição Estadual.. Decreto nº 37.104, de 19 de dezembro de 1996. Regulamenta o Capítulo II Da Autonomia Financeira nos Estabelecimentos de Ensino da Rede Pública Estadual da Lei nº 10.576, de 14 de novembro de 1995, e dá outras providências. Livros, artigos e dissertações LOBO, Thereza. Descentralização: Conceitos, princípios, prática governamental. Cadernos de Pesquisa, São Paulo (74): 5-10, agosto 1990. FARENZENA, Nalú e ARAUJO, Emílio. Espaços de Democratização na Gestão Financeira da Educação. In: LUCE, Maria Beatriz e MEDEIROS, Isabel Letícia Pedroso (orgs.). Gestão Escolar Democrática: concepções e vivencias. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. PERONI, Vera Vidal e ADRIÃO, Theresa. Público Não-Estatal: Estratégias Para O Setor Educacional Brasileiro. In: O público e o privado na educação Interfaces entre Estado e Sociedade. In PERONI, Vera e ADRÃO, Theresa (orgs.) São Paulo: Editora Xamã, 2005. SCHUCH, Cleusa Conceição Terres. Implementação da Política da Autonomia Financeira em Duas Escolas Públicas Estaduais do Rio Grande do Sul: um estudo de caso. FACED/UFRGS, 2007 (Dissertação de Mestrado). SOUZA, Ângelo Ricardo. A Escola, por dentro e por fora: a Cultura da Escola e o Programa de Descentralização Financeira em Curitiba-PR. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2001 (Dissertação de Mestrado).