Palavras-chave: Tribolium castaneum, resistência a inseticidas, armazenagem de grãos.

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Transcrição:

Monitoramento de populações de Tribolium castaneum H. (Coleoptera: Tenebrionidae) resistente aos inseticidas Deltamethrin e Pirimiphos-methyl, protetor de grãos armazenados Marcela Bergamini Bocardi 1, Maria Cristina Zborowski de Paula 2, Irineu Lorini 3, Glaucia Cristina Ferri 4, Cassiana Rossato 4 73 1 Pós-graduação em Qualidade no Armazenamento de Grãos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Campus Toledo. Av. da União, 500, Jardim Coopagro, 85902-532 Toledo, PR. E-mail: marcela.uis@lar.ind.br 2 Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Campus Toledo. Av. da União, 500, Jardim Coopagro, 85902-532 Toledo, PR. E-mail: maria.zborowski@pucpr.br 3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa Soja). Rodovia Carlos João Strass Sn - Distrito de Warta, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. E-mail: lorini@cnpso.embrapa.br 4 Pós-graduação em Agronomia. Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR. E- mail: ferriglaucia@hotmail.com, cassyrossato@hotmail.com Resumo O surgimento da resistência de insetos a inseticidas é um dos principais entraves para o controle das pragas de grãos armazenados, visto que o número de ingredientes ativos recomendados para o controle é pequeno. Nesse trabalho o principal objetivo foi monitorar a resistência de populações de Tribolium castaneum (H.) aos inseticidas deltamethrin e pirimiphos-methyl. Os resultados demonstram a presença de populações resistentes aos inseticidas deltamethrin, com fator de resistência de 78 vezes (TcT10), e pirimiphos-methyl, com fator de resistência de 2,5 vezes (TC12), este, embora baixo, demonstra o início da seleção de indivíduos ao inseticida pirimiphosmethyl. Palavras-chave: Tribolium castaneum, resistência a inseticidas, armazenagem de grãos. Introdução Com o aumento populacional, tornou-se indispensável também o aumento da produção de alimentos para suprir a demanda mundial. Mas para isso, é necessário que a qualidade do grão colhido na lavoura seja mantida com o mínimo de perdas até o consumo final. 544

Estima-se que, de cerca de 142 milhões de toneladas de grãos produzidas no Brasil, 20% são desperdiçadas nos processos de colheita, transporte e armazenamento (BRASIL, 1993). Metade dessas perdas são devido ao ataque de pragas durante o armazenamento. As pragas são as maiores causadoras de perdas físicas, além de serem responsáveis pela perda na qualidade dos grãos e dos subprodutos, no momento que são destinados à comercialização e ao consumo (LORINI, 1999). Tribolium castaneum (H.), também conhecido como besouro-castanho, é um coleóptero da família Tenebrionidae que ataca todos os tipos de cereais moídos, como farelo, rações, farinhas, fubás e grãos quebrados, defeituosos ou já atacados por outras pragas, além de raízes de gengibre, frutos secos, chocolate, nozes, grãos de leguminosas. São predominantes em ambientes quentes e úmidos. O inseto pode apresentar de 3 a 4 gerações em um ano (BIOCONTROLE, 2009). Sua presença geralmente é um sinal de que os grãos estão infestados por pragas primárias. No Brasil, o controle de insetos pragas em grãos armazenados é feito utilizando-se diversos métodos: expurgo ou fumigação; aplicação de inseticidas curativos ou preventivos; aplicação de produtos naturais (SANTOS et al., 1994). O uso de inseticidas químicos é um dos métodos de controle de pragas mais empregados na atualidade. Porém, vem sofrendo restrições de uso conforme surgem problemas com resistência de pragas (LORINI, 2008). A resistência de pragas a produtos químicos é uma realidade comum no mundo todo e cada vez mais deve ser considerada, de forma consciente, por todos os envolvidos no processo, uma vez que pode inviabilizar o uso de alguns produtos químicos disponíveis no mercado e provocar perdas de elevados investimentos de capital para a consecução dessas ações (LORINI & BECKEL, 2002). Diante destes problemas, este trabalho teve por objetivo determinar, através de bioensaios em laboratório, o grau de resistência de diversas populações de Tribolium castaneum (H.), os inseticidas deltamethrin e pirimiphos-methyl. Materiais e métodos O trabalho foi conduzido no laboratório de entomologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR Campus Toledo, no período de outubro de 2008 a julho de 2009. Para a realização dos bioensaios, foram utilizadas oito populações distintas de insetos adultos de Tribolium castaneum (H.), as quais possuíam a seguinte identificação e procedência: TcT 10 de Guarapuava (PR), TcT11 de São Miguel do Iguaçu (PR), TcT 12 de Céu Azul (PR), TcT13 de Toledo (PR), TcT14 de Palotina (PR), TcT15 de Cascavel (PR), Tc11 de Londrina (PR) e Tc12 de Espumoso (RS). Os insetos utilizados foram coletados de unidades armazenadoras e mantidos em laboratório em frascos de vidro de 500 ml, contendo uma dieta a base de trigo e milho triturados, fechados com papel filtro e massa de calafetar, e mantidas em sala climatizada a temperatura e umidade do ar de aproximadamente 25 ± 1 C e 60 ± 5%, respectivamente. 545

As populações foram avaliadas em papel filtro com cinco doses de concentrações diferentes de cada inseticida e o controle (testemunha) sem inseticida. Os inseticidas utilizados foram deltamethrin (Decis 25 CE ), e pirimiphos-methyl (Actellic 500 CE ). A metodologia utilizada foi estabelecida pela FAO (1974), onde o papel filtro foi impregnado com inseticida. Cada disco de papel de filtro de 9 cm de diâmetro foi tratado individualmente com 1 ml de solução de deltamethrin e pirimiphos methyl em diferentes concentrações, usando éter de petróleo como solvente, sendo o controle (testemunha) tratado somente com éter de petróleo, seguindo o que foi recomendado pela FAO (1974). Foram testadas quatro concentrações do inseticida deltamethrin e pirimiphos-methyl com 4 repetições, iniciando-se com a dosagem recomendada pelo fabricante (25 g/1000 ml) que foi então dividida pela metade e assim, sucessivamente, obtendo-se concentrações de 1%, 0,1%, 0,01%, 0,001%, 0,0001% para o inseticida deltamethrin e concentrações de 0,01%, 0,005%, 0,0025%, 0,00125% e 0,00625% para o inseticida Actellic. Cada papel, com as respectivas concentrações dos inseticidas testados, foi seco ao ar e colocado em uma placa de Petri. Após 1 h, foram colocados 10 insetos não sexados e sem idade definida (de 1-10 dias de idade), em cada placa de petri, para cada repetição nas diferentes concentrações. As placas foram posteriormente colocadas em uma sala com temperatura de 27 ± 1 o C. Os insetos permaneceram expostos aos tratamentos durante 24 h, quando então, a mortalidade foi avaliada, contando-se o número de insetos mortos. Eram considerados mortos os insetos que, em 1 minuto, não conseguiram se deslocar do centro da placa de petri. Para determinação da CL 50 e demais parâmetros de regressão linear de cada população, os resultados de mortalidade dos bioensaios foram analisados pelo programa estatístico Genstat Software (GenStat, 7 Committee, GenStat for Windows, 7th edition. Lawes Agricultural Trust (Rothamsted Experimental Station), VSN International Ltd, Oxford, UK (2003), com análise de variância (ANOVA) e significância pelo teste F (p< 0,05) para a diferenciação das CL 50. Resultado e discussão Os resultados de caracterização da resistência de Tribolium castaneum (H.) ao inseticida deltamethrin demonstram a existência de resistência da praga em diferentes níveis, que podem ser observados pelo fator de resistência (Tabela 1). A população TcT10 originária de Guarapuava (PR), apresentou um fator de resistência de 78 vezes, sento estatisticamente diferente das demais populações avaliadas, exceto de Tc12 e Tc11, provenientes de Espumoso (RS) e Londrina (PR), com fator de resistência de 62,5 e 17,1, as quais não diferem estatisticamente entre si. As demais populações foram semelhantes estatisticamente a população TcT13, originária de Toledo (PR) a qual foi considerada suscetível, por representar a normal suscetibilidade desta praga ao inseticida deltamethrin. Apesar de ter encontrado um fator de resistência significativo em algumas populações, indicando claramente a existência da resistência da praga, a frequência de populações resistentes nas amostras coletadas não foi alta, inferindo que a resistência a este inseticida está em sua fase 546

inicial de ativação dos genes que conferem a resistência (Tabela 1). Em estudos sobre o efeito de repelência do inseticida deltamethrin sobre insetos de raças resistentes e suscetíveis de Rhyzopertha dominica (F.) em grãos de trigo armazenados. Beckel et al. (2004) observaram resultados semelhantes encontrados em populações oriundas de armazéns de trigo do Rio Grande do Sul em 1994, 1997 e 1998, e indivíduos da raça UK1 da Inglaterra. Segundo Lorini & Galley (1999) o inseticida deltamethrin é um dos mais importantes piretróides recomendados como protetores de grãos. O estudo do efeito repelente de deltamethrin sobre Rhyzopertha dominica é fundamental para controle dessa espécie, uma vez que a ação repelente, por contato ou inalação, pode reduzir a probabilidade de infestação no grão (HUSSAIN & MONDAL, 1994). Estudos de Collins (1998) indicaram que um conhecimento mais amplo dos efeitos de compostos químicos pode contribuir para reduzir o nível de aplicação de inseticidas, diminuindo, consequentemente os resíduos químicos em grãos e subprodutos e os custos de controle e, ainda, inibindo infestações posteriores devido às propriedades repelentes do protetor de grãos. Na análise dos resultados da resistência desta praga ao inseticida pirimiphos-methyl, verificou-se um baixo fator de resistência entre as populações, chegando ao máximo de 2,5 vezes apenas na população TC12 de espumoso (RS), não diferente estatisticamente das populações TC11 de Londrina (PR), TcT14 de Palotina (PR) e TcT10 de Guarapuava (PR), todas semelhantes estatisticamente entre si (Tabela 2). Referencias BECKEL, H.; LORINI, I.; LAZZARI, S.M.N. Detecção da resistência de Oryzaephilus surinamensis (L.) (Coleoptera: Silvanidae), praga de grãos de cevada armazenada, a inseticidas químicos. Comunicado técnico online, n. 88, jul. 2002. Disponível em: <http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/ p_co88.htm>. Acesso em 25 jun. 2009. BIOCONTROLE. Tribolium castaneum. São Paulo, 2009. Disponível em: <http:// www.biocontrole.com.br/?area=pragas&id=19>. Acesso em: 27 maio 2009. BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Comissão Técnica de Redução das Perdas na Agropecuária. Perdas na Agropecuária brasileira: relatório preliminar. Brasília, DF, 1993. COLLINS, P.J. Inheritance of resistance to Pyrethroid Insecticides in Tribolium castaneum (Herbst). J. Sored Prod. Res. vol 34, n. 4, p. 395 401, 1998. FAO, 1974. Recommended methods for the detection and measurement of resistance of agricultural pest to pesticides: Tentative method for adults of some major beetle pest of stored cereals with malathion or lindane FAO Method Nº 15. FAO Plant Protection Bulletin 22: 127-137. HUSSAIN, M.M.; MONDAL, K. A.M.S.H. Repellent Effect of Nogos on Adult Tribolium confusum D. and Rhyzopertha dominica F. Pakistan Journal of Zoology, v. 26, n. 2, p. 187 189, 1994. LORINI, I.; BECKEL, H.S. Mecanismos de Resistência das Pragas de Grãos Armazenados. In: LORINI, I.; MIIKE, H. L.; SCUSSEL, V.M. Armazenagem de Grãos. Campinas, SP: IBG, 2002. p 555-568. 547

LORINI, I. Pragas de Grãos de Cereais Armazenados. 1 Ed. Passo Fundo, RS: Embrapa Trigo, 1999. LORINI, I.; MIIKE, H.L.; SCUSSEL, V.M. Armazenagem de Grãos. Campinas, SP: IBG, 2002. SANTOS, J.P.; FONTES, R.A.; MANTOVANI, B.H.M. Perdas de Grãos na Cultuta do MiIlho. Sete Lagoas: EMBRAPA, 1994. 548

Tabela 1. Valores da CL 50 (μg/cm 2 ) para adultos de populações de Tribolium castaneum (H.) expostos ao inseticida deltamethrin. Toledo, PR, 2009. Ano de Fator de Populações Origem das Populações coleta CL 50 (95% I.C.) 2 CL 99,9 (95% I.C.) a (±EP) b (±EP) Resistência TcT13 Toledo, PR 2008 0,086 (0,0008-0,569) a 2,8E3 (51,77-1,2E13) 0,728 (±0,304) 0,683 (±0,247) 1,0 TcT14 Palotina, PR 2008 0,090 (0,001-0,579) a 243,1 (8,339-9,7E12) 0,954 (±0,423) 0,895 (±0,353) 1,0 TcT15 1 Cascavel, PR 2009 0,095 (0,0037-0,485) a 5328,0 (118,03-1,2E10) 0,665 (±0,249) 0,651 (±0,200) 1,1 TcT11 São Miguel do Iguaçu, PR 2009 0,127 (0,018-0,477) a 463,9 (27,17-4,4E6) 0,776 (±0,283) 0,868 (±0,242) 1,5 TcT12 Céu Azul, PR 2008 0,162 (0,028-0,597) a 474,4 (30,09-2,4E6) 0,704 (±0,278) 0,892 (±0,241) 1,9 TC11 Londrina, PR 2008 1,475 (0,523-4,120) ab 2,8E5 (1,2E4-1,2E8) -0,099 (±0,128) 0,585 (±0,098) 17,1 TC12 Espumoso, RS 2008 5,370 (1,766-19,40) b 6,7E4 (3,4E3-5,6E7) -0,550 (±0,198) 0,754 (±0,154) 62,5 TcT10 Guarapuava, PR 2008 6,714 (3,507-13,80) b 1,2E5 (1,5E4-3,5E6) -0,599 (±0,116) 0,723 (±0,088) 78,0 1 População considerada referência de suscetibilidade ao inseticida deltamethrin. 2 Os valores seguidos com as mesmas letras não são significativamente diferentes entre si pelo teste F, a 5 % de probabilidade. a = coeficiente linear; b = coeficiente angular; EP = Erro Padrão. FR = Fator de Resistência (qualquer CL 50 dividida pela CL 50 da população TcT13). Tabela 2. Valores da CL 50 (μg/cm 2 ) para adultos de populações de Tribolium castaneum (H.) expostos ao inseticida pirimiphos-methyl. Toledo, PR, 2009. Ano de Fator de Populações Origem das Populações coleta CL 50 (95% I.C.) 2 CL 99,9 (95% I.C.) a (±EP) b (±EP) Resistência TcT15 1 Cascavel, PR 2009 0,163 (0,133-0,192) a 5,115 (3,142-10,30) 1,628 (±0,134) 2,063 (±0,196) 1,0 TcT12 Céu Azul, PR 2008 0,194 (0,171-0,217) a 4,080 (2,888-6,402) 1,664 (±0,110) 2,335 (±0,163) 1,2 TcT13 Toledo, PR 2008 0,194 (0,155-0,233) ab 6,117 (3,474-14,46) 1,469 (±0,148) 2,061 (±0,225) 1,2 TcT11 São Miguel do Iguaçu, PR 2009 0,212 (0,169-0,258) abc 4,564 (2,597-11,20) 1,561 (±0,185) 2,319 (±0,281) 1,3 TcT10 Guarapuava, PR 2008 0,276 (0,224-0,335) bcd 3,728 (2,210-8,680) 1,528 (±0,212) 2,733 (±0,343) 1,7 TcT14 Palotina, PR 2008 0,341 (0,237-0,480) cd 3,985 (1,856-23,69) 1,352 (±0,347) 2,894 (±0,615) 2,1 TC11 Londrina, PR 2008 0,355 (0,256-0,488) cd 3,576 (1,786-16,536) 1,386(±0,340) 3,079 (±0,617) 2,2 TC12 Espumoso, RS 2008 0,414 (0,267-0,640) d 3,469 (1,571-37,50) 1,283 (±0,441) 3,346 (±0,890) 2,5 1 População considerada referência de suscetibilidade ao inseticida pirimiphos-methyl. 2 Os valores seguidos com as mesmas letras não são significativamente diferentes entre si pelo teste F, a 5 % de probabilidade. a = coeficiente linear; b = coeficiente angular; EP = Erro Padrão. FR = Fator de Resistência (qualquer CL 50 dividida pela CL 50 da população TcT15). 549