Revista Brasileira de Geografia Física

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Transcrição:

ISSN:1984-2295 Revista Brasileira de Geografia Física v.06, n.04, (2013) 665-679. Revista Brasileira de Geografia Física Homepage: www.ufpe.br/rbgfe Análise Comparativa do Fluxo de Calor no Solo em Profundidade e na Superfície Willames de Albuquerque Soares 1 ¹Prof. Adjunto da Escola Politécnica de Pernambuco - Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, was@poli.br Artigo recebido em 09/07/2013 e aceito em 27/09/2013. R E S U M O O objetivo deste estudo é comparar os resultados do fluxo de calor no solo, na superfície e em profundidade, encontrados por sensores de fluxo de calor no solo e pelo método harmônico, em cultivo de mamoneira. No dia sem chuvas, a pouca quantidade de água no solo diminuiu a sua difusividade térmica, provocando um maior acúmulo de energia no solo, e, consequentemente, a elevação na temperatura nas camadas mais próximas à superfície. As principais diferenças entre os valores medidos e estimados aconteceram nos horários de maior insolação, principalmente nos dias em que o céu estava encoberto por nuvens. A presença da vegetação cobrindo o solo influenciou diretamente nos valores medidos e modelados. As estimativas tanto em profundidade como para a superfície do solo se mostraram bastante satisfatórias, tanto em dias de céu claro como para dias de céu encoberto. Palavras-chave: método harmônico, temperatura do solo, fluxímetro. A B S T R A C T Brazil Comparative Analysis of Soil Heat Flux in Depth and Surface The aim of this study was to compare the results of soil heat flow, in the surface and depth, found by sensors soil heat flux and by harmonic method, in castor crop. On days without rainfall, the small amounts of water in the soil decreased its thermal diffusivity, causing a higher energy accumulation in the soil and consequently an increase at a temperature on the layers nearest the surface. The main differences between the measured and estimated values occurred at times of intense sunlight, especially on days when the sky was obscured by clouds. The presence of vegetation covering the soil directly influenced the values measured and modeled. Estimates both in depth and to the soil surface proved very satisfactory, both in clear sky conditions as for overcast days. Key-Words: Harmonic Method, Soil temperature, soil heat flux plates. Soares, W. A. 665

Introdução A temperatura do solo é essencial para a caracterização climática da superfície do solo, tornando-se fundamental conhecer a sua variação, para um melhor entendimento dos fenômenos relacionados aos balanços energéticos. Também é um dos fatores que influenciam no desenvolvimento das plantas, bem como a decomposição da matéria orgânica presente. As transferências de massa e de calor nas camadas superficiais do solo, assim como as trocas na interface solo-atmosfera, condicionam numerosos fenômenos que afetam, direta e indiretamente, a produtividade agrícola. Em particular, o fluxo de calor na superfície constitui um dos termos da equação do balanço de energia na superfície e sua estimativa possibilita a avaliação da evaporação e do fluxo de calor sensível no ar (Antonino et al, 1997). O fluxo de calor no solo G representa a fração do saldo de radiação que foi transferida nos níveis inferiores do solo e depende da condutividade térmica e da temperatura do solo em diferentes profundidades. Em estudos de balanço de energia a quantificação do G torna-se importante, pois representará a entrada/saída de energia de determinado meio, contribuindo, assim, para o aumento e/ou redução nos fluxos de calor latente e sensível e, conseqüentemente, aumentar e/ou reduzir as taxas de evaporação e transpiração (Galvani et al., 2001). O fluxo de calor no solo (G) pode ser medido usando técnicas calorimétricas, de gradientes ou combinadas que requerem medidas relativamente precisas e complicadas da temperatura e das propriedades térmicas do solo. Não obstante, muitos dos estudos recentes têm utilizado sensores de fluxo de calor para medir G. Os sensores de fluxo de calor do solo são pequenos discos rígidos, de propriedades térmicas conhecidas e constantes, que são colocadas horizontalmente no solo próximo à superfície. Alguns dos aspectos que podem incidir em erro na utilização dos sensores de fluxo de calor no solo são: distorção do fluxo de calor próximo a placa; fluxo de água e vapor divergentes e subestimativa de G devido ao mau contato entre a placa e a matriz do solo (Sauer et al 2003). O fluxo de calor no solo é controlado pela sua condutividade térmica e pelos gradientes de temperatura. Os gradientes térmicos podem, em princípio, ser determinados experimentalmente, instalandose sondas térmicas a várias profundidades. A condutividade térmica, que é função da umidade, pode ser calculada pelo produto entre a capacidade térmica volumétrica do solo, que depende da composição deste, e a difusividade térmica (Antonino et al, 1997). Nos experimentos de campo com balanço de energia, as medições do fluxo de calor no solo são realizadas com dois a três fluxímetros, inseridos de 0,05-0,10 m de profundidade e com várias sondas de Soares, W. A. 666

temperatura, inseridas em múltiplas profundidades acima dos fluxímetros, para se calcular o armazenamento de calor acima dos fluxímetros por meio do método calorimétrico (Kustas et al., 2000). O fluxo de calor no solo pode ser medido por meio de um fluxímetro que possui uma condutividade térmica constante e possui sensores de temperatura, numa configuração adequada para se fazer leituras diferenciais (Fuchs, 1986). Horton & Wiereng (1983) propuseram um método para estimar o fluxo de calor no solo, designado harmônico, com base no ajuste dos dados de temperatura a solução por séries de Fourier da equação de calor e o compararam ao método calorimétrico, obtendo uma boa concordância entre ambos. Antonino et al, (1997) analisaram a influência do posicionamento das sondas, empregando uma distância nominal de 0,025 m entre as sondas, na determinação da difusividade térmica e na estimativa do fluxo de calor na camada superficial, em distintas condições de umidade, comparando cinco métodos de determinação da difusividade térmica e analisando a sensibilidade em relação a eventuais erros de posicionamento do sensor térmico. Segundo eles os estimadores de difusividade térmica obtidos mostraram-se sensíveis as condições hídricas do solo estudado, apresentando valores coerentes. Dentre os métodos estudados o harmônico forneceu os estimadores de difusividade térmica mais consistentes. A determinação de difusividade térmica foi bastante sensível a erros de posicionamento do sensor térmico. E recomendam bastante cuidado na instalação de sensores térmicos, com a finalidade de estimar o fluxo de calor na superfície. Ainda segundo os autores, é possível reduzir a influência de eventuais erros de posicionamento dos sensores térmicos, adotando-se maior distância entre eles. Para se estimar o G na superfície do solo, utilizando sensores tipo placa, são necessários, além dos sensores de fluxo de calor no solo, a determinação da temperatura em diferentes profundidades e a determinação da a capacidade térmica volumétrica do solo (MJm -3 o C -1 ), que é fortemente influenciada pela variação da umidade do solo. Para a determinação do G pelo método harmônico são necessários os mesmos sensores de temperatura e de umidade, dispensando o sensor de G, e fazendo uso de uma rotina numérica. Desta forma, o objetivo deste estudo é comparar os resultados do fluxo de calor no solo, na superfície e em profundidade, encontrados por sensores de fluxo de calor no solo e pelo método harmônico, determinados para em uma cultura de mamona. Material e Métodos Descrição da área experimental Os dados utilizados no estudo foram obtidos entre os meses de abril a outubro de 2007 em Soares, W. A. 667

um plantio de mamona, em uma área de 4 ha da Fazenda Experimental Chã de Jardim, pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no município de Areia, situado na microrregião do Brejo Paraibano, a 6 58 12 S e 35 42 15 O, com altitude de aproximadamente 620 m. O clima na região, pela classificação de Köppen, é do tipo As (quente e úmido), com estação chuvosa no período outono-inverno, com maiores precipitações nos meses de Junho e Julho (Brasil, 1972). O solo da área é classificado, de acordo com EMBRAPA (2006), como Latossolo Amarelo. A camada de solo entre a superfície e 0,4 m de profundidade apresenta classificação textural Franco Argilo Arenosa e a camada de solo entre 0,4 e 0,8 m é classificada como Argilo Arenosa (Lima, 2004). Para a medida do fluxo de calor no solo, foram instalados fluxímetros em dois locais, um entre linhas e o outro entre plantas, numa profundidade de 0,05 m, juntamente com um sensor de umidade do solo na mesma profundidade, além de duas sondas térmicas instaladas horizontalmente nas profundidades de 0,02 m e 0,08 m. O fluxo de calor na superfície do solo (Gsup) foi dado de acordo com Kustas et al. (2000): G sup TsCD (1) Gp t sendo Gp a medição do fluxo de calor pelo fluxímetro, ΔTS a variação na temperatura média do solo ( C) durante o período de medição, C a capacidade térmica volumétrica do solo (MJ m -3 o C -1 ), D é a profundidade do fluxímetro (m) e t é a duração do período de medição (s). Fluxímetro O fluxo de calor no solo não pode ser medido diretamente na superfície devido à exposição à radiação dos sensores, nem pode que ser feita muito próximo à superfície do solo, devido à modificação induzida no sensor pelo de movimento de umidade. Quando os sensores de fluxo de calor são instalados a poucos centímetros abaixo da superfície do solo, o método proporciona uma combinação correção produzindo estimativas do fluxo de calor do solo na superfície (Passerat de Silans et al. 1997). Método Harmônico Trata-se do método mais utilizado, por ser fácil de programá-lo no computador e por sua adaptação às regiões temperadas, devido as suas hipóteses. Em regiões tropicais, este é constantemente avaliado. O método considera como hipótese que a difusividade térmica é, ao longo de um período, constante no tempo e na vertical, até uma profundidade teoricamente infinita. A solução analítica da equação da condução do calor não necessita das condições iniciais sobre o perfil vertical de temperatura, uma vez que a hipótese de estabilidade da periodicidade para todas as Soares, W. A. 668

harmônicas é considerada, ou seja, a onda da temperatura na superfície conserva a periodicidade de suas diversas harmônicas por longo tempo, até mesmo anterior ao período examinado. Figura 1. Esquema de instalação dos sensores de fluxo de calor no solo, de umidade e temperatura no solo. Assim, o perfil inicial não apresenta mais influência sobre os perfis verticais de temperatura nos períodos estudados. Teoricamente, este fato admite ser a temperatura média diária a mesma em todas as profundidades. A equação unidimensional vertical da condução de calor no solo é dada por: T t 2 T (2) 2 z Sendo T a temperatura do solo, t o tempo, z a profundidade e α é a difusividade térmica aparente do solo (m 2 s -1 ). O termo aparente foi introduzido por De Vries (1963). Esse autor analisou em detalhe o processo de transferência de calor no solo e mostrou que, além de um processo essencialmente condutivo pelos contatos físicos entre as fases sólida, líquida e gasosa, nos espaços intraporais, existe transferência de calor por convecção associada a processos de evaporação-condensação. A condutividade térmica e a difusividade térmica medidas in loco representam esses processos, motivo pelo qual elas são chamadas de aparentes. A difusividade térmica do solo () representa a capacidade do solo em difundir as influências térmicas. Ela controla a Soares, W. A. 669

velocidade com que as ondas de temperatura se movem e a profundidade de influência térmica da superfície ativa, ou seja, representa uma medida exigida para que as variações de temperatura se propagarem, as quais são afetadas especialmente pela umidade. As condições de fronteira superior e inferior, respectivamente, para a equação 1, são: N T 0,t T A si nnt (3) e z limt z,t t 0n 0n n1 T (4) A solução analítica desta equação, considerando α Fourier é dada por: N constante, pelas séries de z/ Dn, t 0n e sin 0n / n (5) T z t T A n t z D Com n1 2 (6) P 2 D n (7) n Sendo T t a temperatura média do perfil de solo, n a ordem da harmônica considerada; N, o número total de harmônicas, A0n e on a amplitude e a fase da harmônica n, frequência fundamental, P o período fundamental do ciclo térmico no solo e Dn a a profundidade à qual a onda de calor penetra durante o período P/i. Os termos da equação z exp e Dn z D n representam, respectivamente, o amortecimento e a defasagem para cada harmônica. O fluxo de calor no solo pode ser obtido por meio da condutividade térmica aparente e do gradiente de temperatura em função da profundidade, por: T G (8) z Diferenciando a equação 4 com respeito a z, e combinando o resultado com a equação 7 e com o fato de que C, temos: G z t A C n n t n1 Dn 4 Dn N z z, 0n exp sen on (9) Esta equação representa o fluxo de calor, positivo para baixo, em um perfil de solo homogêneo, com a temperatura superficial descrita por uma série de Fourier. A capacidade térmica volumétrica de um solo (C) é definida como a quantidade de calor necessária para variar a temperatura de 1 cm 3 de solo de 1 ºC e indica a capacidade do solo em armazenar e liberar calor, isto é, expressa a variação de temperatura resultante por ganho ou perda de calor. Uma forma de estimar a capacidade térmica volumétrica do solo é somar as capacidades caloríficas dos Soares, W. A. 670

vários constituintes do solo, ponderados de acordo com suas frações de volume. equação linear da capacidade térmica em função da umidade: C C f C f C C f (10) m m o o w a ar C 0,994 4,19 (12) Sendo Cm, Co, Cw e Ca as capacidades térmicas dos minerais do solo, da matéria orgânica, da água e do ar, respectivamente, e, fm a fração de volume dos minerais, f0 a fração de volume da matéria orgânica e a umidade volumétrica do solo e far a fração de ar no solo. Quanto maior a quantidade de água no solo, maiores serão os valores de C, pois a adição de água expulsa um volume proporcional de ar de dentro do solo, e, como a capacidade térmica do ar (0,0015 MJK -1 m -3 ) é muito menor do que a dá água (4,19 MJK - 1 m -3 ). Um valor médio para Cm é 1,93 Jm -3 K -1 e para Co é 2,51 Jm -3 K -1, desta forma uma razoável aproximação para a capacidade térmica volumétrica do solo é (de Vries, 1963; Hillel, 1998): C 1,93 f 2,51 f 4,19 (11) m o A capacidade térmica do solo foi estimada pela soma das capacidades caloríferas dos constituintes do solo. A fração de volumes de sólidos do solo foi estimada em 0,45, uma vez que a porosidade media do solo foi de 0,50 e a fração de matéria orgânica do solo foi de aproximadamente 0,05 (Lima, 2004). Desta forma, a substituição dos valores constantes na Equação 11, obtém-se uma Para estimar a difusividade térmica do solo, empregou-se o método harmônico (Horton et al., 1983), com seis harmônicas e um período igual a um dia (86400 s). Para se determinar os valores de T t, A 0n e on utilizou-se uma função objeto, minimizando as diferenças entre os valores medidos e estimados da temperatura a 0,02 m, que foram considerados iguais aos valores da temperatura na superfície do solo: 6 0 t 0n 0n n1 T,t T A sen nt (13) Para a obtenção dos valores diários de, utilizaram-se os dados de temperatura obtidos a 0,08 m. A função objeto utilizada para a minimização da diferença entre os valores medidos e estimados de temperatura foi da seguinte forma: k 2 s s (14) F t t i Resultados e Discussão Temperatura do solo Observa-se pelos perfis de temperatura do solo em um dia de céu claro (5/4) e um dia com o céu encoberto (19/4), apresentados na Figura 2a e 2b, respectivamente, que o Soares, W. A. 671

sombreamento causado pelas nuvens influência a temperatura do solo. No dia sem chuvas, a pouca quantidade de água no solo diminuiu a sua difusividade térmica, provocando um maior acúmulo de energia no solo e a elevação na temperatura nas camadas mais próximas a superfície. Resultados semelhantes podem foram encontrados por Passerat de Silans et al., (2006).. Figura 2. Perfil de temperatura do solo em um dia de a) céu claro e b) céu encoberto. As temperaturas no dia sem chuvas (Figura 2a) sofrem grande variações no decorrer do dia até 0,2 m de profundidade. A 0,02 m de profundidade, as 12:00 horas, a temperatura do solo está a 37 C, valor logo superado as 13:00, atingindo 38,6 C. Às 14:30 h o valor máximo da temperatura do solo é atingido, chegando a 39,2 C. No meio da tarde, às 16:30 h, o solo já está mais frio, com uma temperatura de aproximadamente 36 C, e finalmente termina o dia a 32,8 C. No dia de céu claro, a temperatura a 0,02 m variou cerca de 6 C durante o dia. A influência da cobertura do céu pelas nuvens nas variações térmicas do solo é facilmente observada (Figura 3b). A 0,02 m de profundidade, as 12:00 h solo encontra-se a 27,68 C. Passando-se uma hora a temperatura não sofreu alteração. Às 14:30 h o solo diminuiu sua temperatura, atingindo 26,29 C, horário em que num dia sem chuva atingiria seu valor máximo. Às 16:30 h e às 17:30 h o solo apresenta valores de temperatura s muito próximas uma das outras, com valores de 24,64 e 24,17 C. Soares, W. A. 672

Diferentemente do dia de céu claro, a variação neste dia de céu encoberto foi de apenas 3 C. A temperatura estimada para a profundidade de 0,02 m se mostrou um pouco mais eficiente do que a estimativa da temperatura a 0,08 m (Figura 3a e 3b). Os valores do coeficiente de determinação aproximaram-se bastante de um. 3.2 Fluxo de calor no solo Observa-se que o fluxo de calor no solo no dia de céu claro apresenta valores máximos mais elevados do que os valores para o dia de céu encoberto, a uma profundidade de 0,05m (Figura 4). Em ambos os dias os valores do fluxo de calor no solo nos dois casos apresentam comportamentos semelhantes. Como esperado, os valores medidos nas entre linhas foram maiores aos medidos entre plantas. b Figura 3. Valores de temperatura medidos versus estimado nas profundidades de 0,02 e 0,08 m. Podemos observar que as temperaturas apresentam comportamentos distintos. No dia de céu claro, a temperatura mais próxima à superfície apresenta maiores valores, tanto para medidas entre linhas, como para medidas entre plantas. O mesmo não ocorre no dia de céu encoberto, onde a temperatura a 0,08 m se sobressai. Na condição úmida, em função da maior capacidade térmica do sistema soloágua e da maior quantidade de energia envolvida no processo de evaporação, as variações de temperatura e, principalmente, as temperaturas máximas, foram menores do que na condição seca, ao longo de todo o período. Soares, W. A. 673

Figura 5. Evolução da temperatura do solo medidas entre linhas e entre plantas, a 0,02 m (, ) e 0,08 m (, ) de profundidade, em um dia de a) céu claro (20/10/2007) e b) céu encoberto (10/10/2007). No dia de céu claro, os valores máximos a 0,02 m de profundidade chegaram a ultrapassar os 40 C, enquanto que no dia de céu encoberto os valores máximos chegaram apenas aos 30 C. Durante todo o período, a temperatura do solo entre linhas é ligeiramente maior do que a temperatura do solo entre plantas, tanto para 0,02 m como para 0,08 m de profundidade. A maior diferença ocorre nos valores de pico, durante o dia de céu encoberto, a 0,08 m de profundidade. Para a cultura de mamona, com uma cobertura parcial do solo, e com folhagem pouco densa, os valores encontrados nos horários de pico para a temperatura do solo determinada entre linha e entre plantas, foram de apenas 1 C, para 0,02 m de profundidade e de 2 C, para 0,08 m, para o dia de céu claro, e as diferenças foram de 2 C, para a profundidade de 0,02 m e de 2,5 C, para 0,08 m, num dia de céu encoberto. As pequenas diferenças nos valores da temperatura do solo mostram que a folhagem pouco adensada da mamona diminui a energia disponível no solo. As evoluções do fluxo de calor no solo (G) a 0,05 m de profundidade, determinado pelos fluxímetros entre linhas, entre plantas e calculadas pelo método harmônico, em um dia de céu claro diferem dos valores medidos nos horários noturnos, em ambos os casos. Os valores máximos encontrados, para esse tipo de vegetação, foram bem maiores do que os encontrados durante o plantio de feijão determinados por Soares (2009). Essas diferenças foram provocadas pela própria forma com que a mamona cobre o solo. Soares, W. A. 674

Figura 6. Evolução do fluxo de calor no solo a 0,05 m de profundidade, a) medidos entre linhas (), b) entre plantas ( ) e calculado pelo método harmônico (), em um dia de céu claro (20/10/2007). Figura 1. Evolução do fluxo de calor no solo a 0,05 m de profundidade, a) medidos entre linhas (), b) entre plantas ( ) e calculado pelo método harmônico (), em um dia de céu encoberto (10/10/2007). No dia de céu claro o valor máximo determinado pelo método harmônico foi de aproximadamente 118 Wm -2, enquanto o valor medido pelo fluxímetro instalado entre linhas foi de aproximadamente 95 Wm -2, 20 % inferior. Esta diferença foi um pouco menor (~14%), quando se compara os valores de pico encontrado pelo método harmônico e o sensor instalado entre plantas, 130 Wm -2 e 112 Wm -2, respectivamente. Vale ressaltar Soares, W. A. 675

que o intervalo de medida do sensor é de ± 100 Wm -2, o que o impossibilita de obter um valor equivalente ao calculado pelo método harmônico, além de não produzir confiabilidade neste valor por ele estipulado. Para o dia de céu encoberto, o método harmônico apresentou uma pequena redução no valor máximo, que foi de aproximadamente 109 Wm -2, enquanto que o valor medido pelo fluxímetro instalado entre linhas apresentou um diminuição bem maior, com de cerca de 49 Wm -2. A diferença entre os métodos, que era de 20% no dia de céu claro, passou para 60 %. Pode-se ainda observar uma diferença de 40% nos horários de pico, para as determinações entre plantas. Estes resultados assemelham-se aos apresentados por Soares (2009), que estimou G a partir do modelo Sispat em quatro diferentes fases de uma plantação de Mamona. Observa-se que em ambos os casos os valores estimados para os fluxos de calor no solo medido entre linhas e entre plantas versus calculados pelo método harmônico apresentam uma boa correlação com os valores medidos (Figura 8). Estes valores são melhores do que os encontrados por Hsieh et al., (2009), ao comparar o G obtidos por fluxímetros e pelo método analítico sinusoidal e se equiparam aos resultados obtidos pelo método da derivada temporal meia-hora. Entretanto, a estimativa quando comparada com os valores medidos pelo fluxímetro instalado entre plantas tem um melhor coeficiente de correlação. Isto se deve a menor perturbação na energia disponível no solo, que sofre menos com as diferenças provocadas pela passagem de nuvens. A evolução do fluxo de calor no solo corrigido para a superfície, a partir dos dados medidos entre linhas e entre plantas, e calculadas pelo método harmônico, num dia com céu claro (20/10/2007) apresentou valores muito próximos aos valores medidos, tanto para os valores ente linhas como para os valores entre plantas (Figura 9). Este resultado assemelha-se aos encontrados por Hseieh, et al., (2009), onde os valores determinados para a superfície do solo são melhor estimado ao encontrados para G a 0,05 m de profundidade. A evolução do fluxo de calor no solo corrigido para a superfície, a partir dos dados medidos entre linhas e entre plantas, e calculadas pelo método harmônico superestimou os valores medidos nos horários de maior incidência solar, tanto para os valores ente linhas como para os valores entre plantas (Figura 10). Também ocorreram subestimativas em horários noturnos. Este mesmo comportamento foi observado por Hsieh et al., (2009) ao comparar o fluxo de calor no solo a 0,05 m em um solo coberto por pastagem, na Irlanda. Soares, W. A. 676

Figura 8. Fluxo de calor medido por fluxímetros instalados entre a) linhas e b) plantas versus calculado pelo método harmônico. Figura 9. Evolução do fluxo de calor no solo calculado pelo método harmônico () e corrigido à superfície a parti de medições a) entre linhas () e b) entre plantas ( ), em um dia de céu claro. Soares, W. A. 677

Figura 10. Evolução do fluxo de calor no solo calculado pelo método harmônico () e corrigido à superfície a parti de medições a) entre linhas () e b) entre plantas ( ), em um dia de céu encoberto (10/10/2007). Conclusões - A partir dos perfis verticais de temperaturas no solo, determinou-se o comportamento do fluxo de calor do solo em um Latossolo Amarelo da região do Brejo Paraíbano, em dias de céu claro e encoberto por nuvens. - Embora considerando a difusividade térmica constante no tempo e no espaço durante o período de aplicação, o método harmônico, no solo estudado, mostrou-se adequado para estimar o fluxo de calor no solo tanto na superfície do solo como a 0,05 m de profundidade. - Mesmo com a presença de nuvens, que reduziu em aproximadamente 30% os valores do fluxo de calor no solo, o método harmônico forneceu resultados satisfatórios. Agradecimentos Agradecimentos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo no 484189/2011-5), pela concessão de recursos financeiros. Referencias Antonino, A. C. D. Lira, C. A. B. O. Dall olio, A. Audry, P. Pinto, A.X.M., 997. Influência do posicionamento de sondas térmicas na determinação da difusividade térmica e do fluxo de calor do solo em condições de campo. R. Brasileira de Ciencia do Solo, Campinas, 21:165-172,1. Brasil. 1972. Ministério da Agricultura. Equipe de Pedologia e fertilidade do Solo. Divisão de Agrologia SUDENE. Levantamento exploratório reconhecimento de solos do Estado da Paraíba. (Boletim Técnico,15). Rio de Janeiro. 670p. De Vries, D. A. 1963. Thermal properties of soils. In : VAN WIJIK, ed. Physics of plant environment. Amsterdam, North Holland, p.210-235. Soares, W. A. 678

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