MONITORAMENTO GEOTÉCNICO E VERIFICAÇÃO DO DESEMPENHO, A LONGO PRAZO, DE UMA ESCAVAÇÃO EM SOLO RESIDUAL, ESTABILIZADA COM TIRANTES E GRAMPOS.

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Transcrição:

MONITORAMENTO GEOTÉCNICO E VERIFICAÇÃO DO DESEMPENHO, A LONGO PRAZO, DE UMA ESCAVAÇÃO EM SOLO RESIDUAL, ESTABILIZADA COM TIRANTES E GRAMPOS. André Pereira Lima (Engenheiro Civil; GEOINFRA / UVA); andre@geoinfra.com.br. Silio Pereira Lima (Engenheiro Civil; GEOINFRA); silio@geoinfra.com.br. Resumo: Este artigo tem por objetivo a apresentar a verificação do desempenho de talude de escavação em solo residual de gnaisse-migmatito. Para atender a este objetivo, realizouse o acompanhamento de uma obra de corte e estabilização de talude de grande altura (cerca de 31m) estabilizado em solução mista (tirantes e grampos), a partir de um programa de monitoramento e instrumentação geotécnica, durante o período de cerca de 10 anos. Os instrumentos geotécnicos em operação na encosta foram: 4 inclinômetros e 3 células de carga. Após cerca de 10 anos de monitoramento geotécnico, o desempenho da obra de estabilização foi considerado satisfatório. Os acréscimos nos valores de deslocamentos horizontais do maciço (δ h ), após a conclusão da obra, possivelmente, estão associados à relaxação de tensões e movimentações de creep. Em relação à mobilização dos tirantes durante a construção e em serviço, a instrumentação indicou uma tendência de estabilização após o término da obra até 22/04/2009. Palavras-chave: Solo Grampeado, Cortina Atirantada, Estabilidade de Talude, Grampo, Monitoramento Geotécnico. LONG TERM PERFORMANCE OF EXCAVATION SUPPORTED BY ANCHORING AND NAILING IN RESIDUAL SOIL OF GNEISS Abstract: This paper reports on the stress-strain-strength behaviour of a 30m high excavation in gneissic residual soil, supported by anchoring and nailing, near to city of Rio de Janeiro, Brazil. Instrumentation included inclinometer for monitoring horizontal displacements of the soil mass. Load Cells were also placed on the tiebacks for obtaining tension along the reinforcement. The results from the monitoring program allowed identifying the displacements during the excavation progress and for more than ten years after the field works was completed. Design concepts and construction details are discussed. Keywords: Soil Nailing, Anchored Wall, Slope Stability, Nails, Geotechnical Monitoring. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 1 de 16

1. INTRODUÇÃO A importância do desempenho na engenharia de obras de estabilização de taludes deve ser verificada através de monitoramento dos deslocamentos na face das estruturas e em pontos distantes da face (em alguns casos), além da medição dos esforços mobilizados nos elementos de reforço através da observação de cargas nas ancoragens e/ou nos grampos e às suas variações com o tempo. Durante a construção e logo após a conclusão da obra, o maciço de solo estabilizado tende a se deformar. Nos locais onde as movimentações são significativas, uma solução de contenção em estrutura mista (solo grampeado+tirantes) pode ser útil em determinados pontos da escavação. Esta redução é obtida através da instalação de tirantes nesses locais. Interessante mencionar que diversas observações e monitoramento de obras em solo grampeado, por exemplo, têm demonstrado que o fenômeno de creep ou fluência ocorre após o término da escavação (Plumelle et al., 1990). Isto acarreta um aumento suave nos deslocamentos e nos esforços nos grampos, especialmente naqueles situados próximos à base da escavação. Instrumentação de campo em estrutura de solo grampeado na França (Unterreiner et al., 1995) indicou aumentos consideráveis de deslocamentos, durante um período de interrupção da obra, atribuídos ao efeito de creep (ou fluência). Lazarte et al. (2003) sugeriram um aumento de 15% nos deslocamentos em solo grampeado, em até 6 meses após o término da obra, associados a alívio de tensões e efeito de creep. Wong et al. (1997) indicaram aumento de 30% após 3 anos de monitoramento de uma escavação instrumentada em solo residual (H=9,0m). Em outra escavação grampeada (H=14,5m), Stocker e Riedinger (1990) reportaram que os deslocamentos horizontais cessaram após 3 anos de monitoramento da obra. Segundo os autores, o processo de estabilização da massa de solo grampeado foi influenciado por uma construção próxima a crista do talude. Acréscimos de deslocamentos no maciço grampeado e aumento das solicitações em grampos, por influência de escavações vizinhas, constituem-se em fatos importantes e não devem ser desconsiderados (Lima, 2007). Em estruturas mistas (solo grampeado+tirantes), a maior parte das movimentações devem ocorrer durante ou imediatamente após a escavação do solo. No entanto, deformações após a construção podem ocorrer associadas à relaxação de tensões e movimentações de creep, desconfinamento lateral (escavações vizinhas), redução da resistência ao cisalhamento do solo (por saturação devido às chuvas intensas), etc. Estas Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 2 de 16

movimentações podem causar aumento nas forças axiais nos grampos e aumento da mobilização dos tirantes (em estruturas mistas). Este trabalho tem por objetivo a apresentar a verificação do desempenho de talude de escavação em solo residual de gnaisse-migmatito. Para atender a este objetivo, realizouse o acompanhamento, por cerca de 10 anos, de uma obra de corte e estabilização de talude de grande altura (cerca de 31m) estabilizado em solução mista (cortina atirantada e solo grampeado). Foram instalados 4 (quatro) inclinômetros e 3 (três) células de carga (em 3 tirantes da obra), para o monitoramento geotécnico dos descolamentos do maciço e esforços axiais nos tirantes, durante as etapas de construção e após a conclusão da obra. 2. DESCRIÇÃO DA OBRA 2.1 Localização A obra em questão localiza-se na Avenida Almirante Benjamim Sodré, Praia de Boa Viagem, na cidade de Niterói (RJ). Trata-se de uma escavação em solo residual de gnaissemigmatito estabilizada com tirantes e grampos (com cerca de 80m de extensão), ao longo da face sul do Morro do Palácio, para implantação de 2 prédios residenciais, cada um com 11 pavimentos tipo. Tendo em vista à proximidade com o Museu de Arte Contemporânea (MAC) a obra foi denominada Museu 0. Duas outras grandes escavações próximas ao talude estudado foram denominadas Museu 1 (Lima, 2007) e Museu 2 (Saré, 2007). A Figura 1 ilustra a localização destas obras. Figura 1 Local da Obra. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 3 de 16

2.2 Geologia A geologia local é bastante complexa e foi descrita a partir do mapeamento geológicogeotécnico estrutural de detalhe realizado por Gomes Silva (2006) e Erhlich e Silva (2015), com a elaboração de mapas e modelos geológico-geotécnicos bidimensionais e tridimensionais da área de estudo e regiões vizinhas ( Museus 0, 1 e 2 ). Segundo Gomes Silva (2006), a área do Morro do Palácio situa-se dentro de uma zona de falha, que resultou em vários tipos de dobras e foliações associadas. Tem geologia marcada por grande diversidade de rochas, causada por um sistema de falhamentos de direção NE-SW, e forte mergulho para SE. Intercalam-se kinzigitos, quartzitos, anfibolitos, granada-biotita gnaisses, gnaisse calcissilicáticos, além de veios de pegmatito e migmatitos, sobrepostos às rochas pré-cambrianas que formam o embasamento da Baía da Guanabara. As rochas, na área do estudo, encontram-se alteradas, formando um espesso pacote de solo residual. No local de ocorrência dos solos residuais, nota-se a presença de feições estruturais herdadas da rocha matriz. Este aspecto geológico é o principal agente predisponente a deflagrar ruptura em taludes de corte. O mecanismo de instabilização do talude varia conforme atitude das descontinuidades em relação à direção da face da escavação. As medidas das atitudes das descontinuidades mostraram uma grande variabilidade na sua orientação, tanto lateralmente como em profundidade por se tratar de uma zona que sofreu intenso cisalhamento e dobramentos. Observavam-se intercalações de camadas de solo muito resistentes e outras de resistência muito mais baixa (Erhlich e Silva, 2015). Em termos geomorfológicos, a área pesquisada caracteriza-se pelas marcas de falhas, deslocamentos de blocos e falhamentos transversos, impondo nítido controle estrutural sobre a morfologia atual e movimentação do maciço durante o processo de escavação. Este fato promoveu modificações na concepção do projeto e execução da obra (Erhlich e Silva, 2012). 2.3 Concepção do Projeto e Histórico da Obra de Estabilização A concepção do projeto, originalmente, foi desenvolvida em 2003, com base em levantamentos planialtimétricos e perfis individuais de sondagens à percussão. Neste mesmo ano, deu-se início as obras de estabilização dos taludes de corte, com altura total (H) de 31m, para implantação dos 2 prédios residenciais. Resumidamente, foram previstos 2 lances de cortinas ancoradas, com alturas de 10 a 17m, apoiadas em estacas tipo raiz Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 4 de 16

(=15cm). Os reforços constituiam-se em tirantes de barra Dywidag ST85/105 (=32mm), para carga de trabalho de 350kN, com comprimentos de ancoragem de 8m e de trecho livre variando entre 13m (topo) e 5m (base da escavação). Durante a execução da obra de estabilização, quando o painel superior da cortina ancorada estava praticamente concluído, foi observado a ruptura de um tirante (em 29/06/2003) e a ocorrência de uma trinca contínua a 30m da encosta, no dia seguinte, indicando uma movimentação do maciço e exigindo a adoção de medidas emergenciais (selagem das trincas, alívio de cargas nos tirantes, terraplenagem), paralização da obra e desenvolvimento de projetos de reforço da estrutura de contenção existente e de readequação do projeto de contenção para cotas inferiores. A Figura 2 apresenta a situação da obra paralizada em 11/12/2003. As Figuras 3 e 4 ilustram, esquematicamente, a concepção do projeto de reforço e de estabilização do talude inferior de corte. Figura 2 Obra paralizada em 11/12/2003. Figura 3 Planta de situação (SEEL, 2005). Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 5 de 16

Para a continuidade das escavações foi prevista a estabilização do talude inferior em solo grampeado. No terço central da escavação, os elementos de reforços foram constituídos de barras de aço CA50 com diâmetro nominal de 32mm e comprimentos variáveis entre 10m a 12m. As barras foram introduzidas em perfurações com 75mm de diâmetro. Em seguida, efetuou-se a injeção dos grampos com inclinação de 10º com a horizontal. O espaçamento vertical e horizontal entre reforços variou de 1,50 (Sv) e entre 1,7m e 2,0m (Sh). Na face em solo grampeado foi executada camada de concreto projetado, com tela metálica, com 100mm de espessura. Foram executados cerca de 356 grampos no terço central da escavação (3840m de perfuração). Figura 4 Seção típica A-A de projeto (SEEL, 2005). 3. INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO GEOTÉCNICO DA OBRA 3.1 Concepção do projeto de instrumentação e monitoramento geotécnico da obra O monitoramento geotécnico da obra foi realizado com a implementação de um programa de instrumentação do maciço e teve início em Junho de 2005. A instrumentação empregada teve por objetivo a observação do comportamento dos taludes reforçados durante a fase de execução, bem como após o término da obra. Para alcançar este objetivo foram medidos os deslocamentos horizontais do talude grampeado com a profundidade (δh), com a utilização de inclinômetros. Também foram calculados os esforços em grampos pré-definidos por meio Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 6 de 16

de leituras de deformações fornecidas por extensômetros elétricos ( strain-gauges ) colados nos grampos. A concepção da instrumentação definiu 2 seções-tipo no terço central da escavação, com strain-gauges colados em 6 barras de aço, para a medição de deformações e estimativa de esforços em 6 grampos inferiores (Figura 4), bem como a instalação de 4 tubos de inclinômetros (Erhlich e Silva, 2012). A Figura 5 ilustra esquemativamente, a posição dos inclinômetros instalados. Figura 5 Localização esquemática dos Inclinômetros I-01A a I-04. Em Outubro de 2005, concluída a escavação do talude inferior, não foi observada uma redução significativa das velocidades de deslocamentos, em face dos condicionantes geotécnicos desfavoráveis (estruturas reliquiares) e de escavações adicionais, em andamento no fundo da cava. Este fato acarretou em adoção de obra de reforço. O reforço da estrutura de contenção foi elaborado com a execução de 5 linhas adicionais de tirantes de barra Dywidag (=32mm), para cargas de trabalho de 200kN e 350kN, e com comprimentos de ancoragem de 6m e 8m, respectivamente. Os tirantes foram executados entre Fevereiro e Maio de 2006, na região inferior da escavação, de forma a reduzir os maiores deslocamentos no talude já grampeado. Células de carga foram instaladas em 3 tirantes da obra, nos painéis centrais da cortina ancorada superior ( Painéis B, F e I ), em cotas próximas ao talude inferior grampeado. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 7 de 16

3.2 Verificação do desempenho, em longo prazo, da obra de contenção. 3.2.1 Generalidades Por solicitação dos condomínios, foi realizado um monitoramento geotécnico para verificação do desempenho das obras de estabilização. O monitoramento geotécnico e interpretação dos resultados iniciou-se durante o período construtivo e continuou após o término da obra, sendo a última leitura realizada em 07/07/2015. Os detalhes de instalação dos instrumentos geotécnicos (células de carga e inclinômetros) e da análise técnica do conjunto de resultados fornecidos, durante cerca de 10 anos de leituras, constam em Geoinfra (2015). 3.2.2 Movimentação do maciço Foram instalados 4 (quatro) tubos de inclinômetros (int = 48mm), denominados I-01A, I-02, I- 03 e I-04, com os objetivos de se obter os deslocamentos horizontais superficiais e de subsuperfície durante a execução da obra e após o seu término, bem como, quantificar o deslocamento com o tempo. As leituras foram efetuadas em duas direções denominadas direção principal A e direção secundária B, ortogonais entre si, sendo a primeira, a direção associada àquela de maior movimentação da encosta. A Tabela 1 apresenta os dados da instalação dos inclinômetros. Tabela 1. Dados da instalação dos tubos dos inclinômetros. Inclinômetro Data da instalação Data da leitura inicial Cota do furo (m) Compr. do tubo I-01A 10/06/05 16/06/05 +54,30 28,50m I-02 NF 07/03/05 +66,98 37,00m I-03 08/06/05 20/06/05 +68,50 28,50m I-04 16/06/05 20/06/05 +54,30 23,50m Os resultados típicos fornecidos pelos instrumentos foram apresentados em uma análise conjunta, com discussão de todos os resultados em Geoinfra (2015). Neste momento serão apresentados os deslocamentos horizontais, fornecidos pelo inclinômetro I- 01A, na direção principal de movimentação do talude (Figura 6). Este instrumento foi o que Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 8 de 16

forneceu os maiores valores de deslocamentos horizontais durante o monitoramento geotécnico da obra. De um modo geral, os resultados apresentados pelos inclinômetros indicaram um bom funcionamento da instrumentação e ilustraram que há um aumento dos deslocamentos horizontais, conforme o avanço da escavação e após o término da obra, com valores maiores de deslocamentos nos inclinômetros I-01A e I-02 (no setor leste da escavação). Entretanto, após o final da execução do projeto de estabilização (leituras a partir de Junho de 2006), observou-se que este acréscimo de deslocamentos foi pouco acentuado na direção principal de movimentação da encosta. Figura 6 Resultados fornecidos pelo Inclinômetro I-01A. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 9 de 16

A Tabela 2 resume os valores encontrados para os deslocamentos horizontais máximos na direção A, para a última medição realizada. Tabela 2 Deslocamentos horizontais máximos δh máx (direção A ) para os 4 inclinômetros: Inclinômetro δ h máx direção A (mm) Data da leitura Profundidade da leitura de δ h máx I-01A 188,16 07/07/15 6,0m I-02 144,57 07/07/15 1,0m I-03 92,81 07/07/15 1,0m I-04 103,31 07/07/15 9,5m A movimentação do maciço pode ser acompanhada pelos históricos de deslocamentos horizontais (δh), obtidos a partir dos dados dos inclinômetros, na profundidade de 1,50m, por exemplo, (Figura 7). Conforme observado nos resultados de todos os inclinômetros, o comportamento do maciço na direção principal de movimentação pode ser dividido em 2 fases. No trecho (I) das curvas h vs. data de leitura, há um crescimento acelerado dos deslocamentos conforme o avanço da escavação e conclusão da obra até o mês de Junho de 2006. Neste trecho a velocidade dos deslocamentos do maciço é mais elevada. A partir do mês de Junho de 2006, pode-se observar uma redução nas movimentações do maciço (trecho II), com indicação de um patamar quase horizontal nas curvas h vs. data de leitura, principalmente para as últimas datas de medição (a partir de Abril de 2009). Este comportamento típico é exemplificado para o I-01A (Figura 7), porém foi observado nos demais inclinômetros. Apesar do patamar quase horizontal nas curvas h vs. data de leitura, chama-se atenção para os acréscimos de deslocamentos horizontais após a conclusão das obras de estabilização, os quais na maioria das vezes, são desconsiderados nos projetos de obras de contenção de taludes (seja pelo fato das análises serem baseadas na teoria do Equilíbrio Limite, seja pela dificuldade de se executar um monitoramento geotécnico em longo prazo). O gráfico da Figura 8 indica esta variação de deslocamentos horizontais para os 4 inclinômetros em relação às medições das etapas importantes da obra de estabilização (para deslocamentos horizontais máximos). Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 10 de 16

Figura 7 Histórico de deslocamentos horizontais na direção principal para I-01A (até Julho de 2015). Figura 8 Registros das leituras de δh na direção principal (direção A maior movimentação). Nota-se que, em relação ao término da escavação (Setembro/2005) e conclusão do projeto original em Solo Grampeado (Outubro/2005), houve uma variação e incremento significativo dos deslocamentos horizontais, sugerindo a necessidade da adoção de obras de reforço da contenção, conforme descrito anteriormente. Concluídas as obras de reforço, Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 11 de 16

observou-se ainda uma pequena movimentação do maciço, conforme indica a Figura 8, sendo a variação e incremento de δh máx maior na região dos inclinômetros I-01A e I-02. A Figura 9 ilustra, em termos percentuais, os acréscimos de deslocamentos horizontais máximos (δh máx) na direção principal, obtidas a partir das leituras dos 4 inclinômetros. Foram comparados os valores de δh máx entre o término do talude inferior grampeado (Outubro/2005) e a conclusão das obras de reforço (Maio/2006), bem como, a diferença nos valores de δh máx entre o término da execução dos tirantes adicionais (Maio/2006) e as últimas leituras dos fornecidas pelos inclinômetros (Julho/2015). Figura 9 Variação de δ h máx. Observa-se na Figura 9, um aumento nos valores de δh máx de quase 50% (I-03), entre o término do talude grampeado e conclusão do reforço. Adicionalmente, após 9 anos e 2 meses da conclusão das obras de reforço do maciço, os valores de δh máx aumentaram em até cerca de 35% (I-02), em referência às últimas medições realizadas da inclinometria (Julho/2015). 3.2.3 Esforços axiais nos tirantes O monitoramento dos esforços axiais nos reforços foi realizado em 3 tirantes instrumentados, conforme resume a Tabela 3. Os procedimentos de preparação das barras instrumentadas e os detalhes do monitoramento geotécnico com strain-gauges estão detalhados no relatório RE-678-01 (Geoprojetos, 2006). A análise técnica do conjunto de resultados fornecidos pelas células de carga, durante cerca de 10 anos de leituras, constam em Geoinfra (2015). Tabela 3 Dados dos tirantes instrumentados. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 12 de 16

Célula de Carga Tirante 1 201 Painel B 2 220 Painel I 3 211 Painel F Os resultados dos esforços de tração vs. datas de medição são apresentados na Figura 10. Os resultados da Figura 10 indicaram que houve uma redução gradativa e superficial da mobilização dos tirantes (após a reincoporação), com tendência de estabilização da carga axial, sendo esta mais evidente no tirante 201. Para os tirantes 220 e 211, houve aumento da mobilização axial, da ordem de 30kN e 50kN, respectivamente, no intervalo de leitura de 7 meses (até a data de 22/04/2009). A partir da data de 22/04/2009, pode-se observar uma variação das leituras das células de carga 02 (tirante 220) e 03 (tirante 211) mais expressivas. Para o tirante 211, por exemplo, houve um aumento de carga de cerca de 130kN entre Abril/2010 e Novembro/2010, quando as leituras foram interrompidas na célula de carga 03. Figura 10 Medições de carga axial média nos tirantes instrumentados (em kn). A Figura 10 ilustra também as variações de cargas atuantes no Tirante 211 e 220, no período de 29/04/2010 a 20/12/2011 e a partir desta data, quando foi considerada uma nova leitura de referência ( leitura zero ), admitindo-se como leitura inicial uma carga de incorporação de 280kN. De um modo geral, para as células de cargas 02 e 03 (tirantes 220 Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 13 de 16

e 211), não houve variação significativa dos esforços de tração para as duas últimas leituras realizadas. Em relação aos dados da instrumentação fornecidos pela célula de carga 01 (tirante 201), pode-se dizer também que a magnitude das forças de tração pouco variou durante o período de monitoramento geotécnico. O valor da carga axial obtida para a última leitura de 07/07/2015 é de 323kN e inferior a carga de trabalho da barra de aço (350kN). É importante mencionar aqui que os demais tirantes também forneceram valores das forças de tração inferior à carga de trabalho da barra de aço para a última medição realizada. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo apresentou a verificação do desempenho de um talude de escavação, em solo residual de gnaisse-migmatito, estabilizado com tirantes e grampos. Após cerca de 10 anos de monitoramento geotécnico, o desempenho da obra de estabilização é considerado satisfatório e não apresenta indicações de anomalias ou movimentações significativas que possam exigir maior atenção. Os deslocamentos fornecidos pelos inclinômetros possibilitaram o controle da movimentação do maciço com eficiência. Os acréscimos nos valores de deslocamentos horizontais do maciço (δh), possivelmente, estão associados à relaxação de tensões e movimentações de creep. Em escavações estabilizadas com grampos e tirantes, o desconfinamento lateral e fenômeno de creep podem promover um incremento nos valores δh entre 20% a 30%. Esta informação deve ser considerada em projetos de estabilização de taludes, principalmnte naqueles com construções vizinhas, próximas à região da escavação. Não menos importante e quando possível, deve-se implantar um monitoramento geotécnico contínuo, inclusive após a conclusão das obras de estabilização. Em relação à mobilização dos tirantes durante a construção e em serviço, a instrumentação indicou uma tendência de estabilização após o término da obra até 22/04/2009. A partir desta data, pode-se observar uma variação das leituras das células de carga, com comprometimento das células de carga 02 e 03. Em relação à célula de carga 01, pode-se dizer também que a magnitude das forças de tração no tirante 201 pouco variou durante o período de monitoramento geotécnico. Todos os 3 tirantes instrumentados forneceram valores das forças de tração inferior à carga de trabalho da barra de aço para a última medição realizada. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 14 de 16

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos proprietários da obra apresentada, pela oportunidade de divulgação da mesma em publicação técnica do CREA-PR. REFERÊNCIAS EHRLICH, M.; SILVA, R.C. (2012). Comportamento de uma escavação estabilizada com ancoragens e grampos em solo residual de gnaisse. In: XVI COBRAMSEG, Porto de Galinhas/PE. EHRLICH, M.; SILVA, R.C. (2015). Behavior of a 31m high excavation supported by anchoring and nailing in residual soil of gneiss. In: Engineering Geology nº 191 pp.48 60. GEOINFRA (2015). Parecer geotécnico sobre resultados de monitoramento geotécnico da encosta. Documentação interna nº GEO-738-15-001-RT. GEOPROJETOS (2006). Relatório de Instalação e Leituras das Células de Carga. Documentação interna nº RE-678-01. GOMES SILVA, A.M.B. (2006). Condicionantes geológicos-geotécnicos de escavação grampeada em solo residual, Dissertação de Mestrado, COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro, 105p. LAZARTE, C.A.; ELIAS, V.R.; ESPINOZA, D.; SABATINI, P.J. (eds.) (2003). Soil nail walls. Geotechnical Engineering Circular nº 7, Technical Manual. FHWA. USA. 239p. LIMA, A.P. (2007). Comportamento de uma escavação grampeada em solo residual de gnaisse, Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 431p. PLUMELLE, C.; SCHLOSSER, F.; DELAGE, P.; KNOCHENMUS, G. (1990). French national research project on soil nailing: CLOUTERRE, Geotechnical Special Publication, nº 25, pp. 660-675. SARÉ, A.R. (2007). Monitoramento e análise de escavação grampeada em solo residual, Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 337p. Revista Técnico-Científica do Crea-PR - ISSN 2358-5420 Ed. Especial Junho de 2018 - página 15 de 16

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