PRODUTIVIDADE ESTIMADA DE GENÓTIPOS DE MAMONA COLETADOS NA REGIÃO DE SENHOR DO BONFIM, NORTE DA BAHIA Domingos Sávio Henriques Malta 1, Delfran Batista dos Santos 1, Roberto Sílvio Frota de Holanda Filho 2, Ivânia Soares de Lima 3 1EAFSB, domingos_malta@hotmail.com, delfran.batista@gmail.com; 2 UFCG, robertosilvio2002@yahoo.com.br, 3 UNEB-Campus VII, ivanials@hotmail.com RESUMO A mamona se apresenta como uma excelente alternativa para a produção do biodiesel, sendo de boa adequação às condições climáticas da região e ao cultivo com base na agricultura familiar. Desta forma objetivou-se neste tralho estimar a produtividade de dez genótipos de mamona comumente cultivados na região de Senhor do Bonfim, BA. As sementes foram coletadas em propriedades (agricultura familiar) e atravessadores. Após triagem, foram escolhidos os dez genótipos que apareceram em maior freqüência nas amostras recolhidas. Estes genótipos receberam numeração de 1 a 10 e seus nomes vulgares conhecidos na região. O experimento foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim EAFSB. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições. Foram contadas as bagas produzidas e a produtividade estimada pela média de três sementes por baga. A massa de cada semente foi obtida por média. Os genótipos ensaiados ofereceram produtividades que variaram de 475 a 1883 kg.ha -1. As maiores médias da produtividade estimada foram obtidas para os genótipos de mamonas branca e vermelha (nomes regionais) Palavras-chave: Semi-árido, Genótipos regionais de mamona, Ricinus communis. INTRODUÇÃO Segundo Carvalho (2005) a mamoneira, é cultivada tradicionalmente em quase todo o Estado da Bahia, mas, deste mosaico, se sobressaem as regiões de Irecê, Jacobina e Itera, onde é cultivada, em grande parte, por agricultores familiares, que utilizam a mamoneira como cultura principal, em consórcio com outros cultivos para alimentação. Uma das alternativas para a redução de gases poluentes é a produção de biodiesel em substituição ao consumo do óleo diesel mineral. O biodiesel pode ser adaptado aos motores de ciclo Diesel sem muitas modificações (LIMA, 2004). Após a Lei N o 11097 (jan./2005) houve a inclusão definitiva do biodiesel na matriz energética brasileira. O governo brasileiro implantou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. Biodiesel é acima de tudo um combustível biodegradável, renovável que pode ser fricado por reações químicas entre óleos vegetais e animais e álcoois de baixo peso molecular (TORRES, 2006).
Dente várias oleíferas, a mamona se apresenta como uma excelente alternativa, uma vez já houve, no nordeste, grandes plantações no século passado e esta planta que se adeqüa bem às condições climáticas da região e ao cultivo com base na agricultura familiar, garantindo emprego e renda ao sofrido homem nordestino. Para aumentar o rendimento da mamona, faz-se necessário conhecer o desempenho dos vários materiais disponíveis para plantio em determinado local e condição de cultivo. Sendo assim, o escopo deste tralho foi o de definir a produção estimada de sementes coletadas na região de Senhor do Bonfim, localizada no semi-árido norte do Estado da Bahia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de junho de 2006 a janeiro de 2007 em área da Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim (EAFSB), BA, de coordenadas geográficas 10 o 26 S e 40 o 08 W e altitude de 530 m. O município de Senhor do Bonfim apresenta clima semi-árido, variando de seco a subúmido, dependendo do ecossistema que pode ser caatinga ou grota (PREFEITURA DE SENHOR DO BONFIM, 2008). A EAFSB está implantada em região de caatinga. Durante a condução do experimento, as temperaturas médias diárias variaram de 18 a 29 o C e a precipitação total foi de 390 mm. O solo da área experimental é um latossolo amarelo. As sementes foram adquiridas em produtores e atravessadores da região de Senhor do Bonfim. Foi feita uma triagem e das quantidades mais presentes foram retiradas 10 amostras, numeradas de 1 a 10. Foram testados para a variável produtividade os seguintes genótipos de mamona: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 (Tela 1 e Figura 1). Os genótipos foram distribuídos ao acaso em 4 blocos (Figura 2), de forma a totalizar 40 unidades experimentais, ou seja, 160 plantas. Cada unidade experimental foi constituída por uma fileira com quatro plantas, perfazendo um total de 160 plantas. O espaçamento utilizado no plantio da mamona foi 3 x 1 m, colocando-se três sementes por cova. Após quinze dias da germinação, realizou-se o desbaste para manutenção de uma planta por cova. Quinzenalmente foi efetuada a eliminação de plantas invasoras através de capinas manuais realizadas pelos alunos da disciplina Agricultura II da EAFSB durante as aulas práticas. Não foram realizados tratos culturais como adubação e irrigação. No final do ciclo, procedeu-se à realização da medição do número de bagas por planta. Em seguida, foi estimado o número de sementes por planta multiplicando-se por três o valor do número de bagas por planta. De posse do número estimado de sementes por planta, estimou-se a produção em massa de sementes de cada planta multiplicando-se a massa média obtida em doze sementes, pelo total de sementes por plantas.
A Tela 1 apresenta os nomes populares regional das sementes selecionadas para este experimento e a massa média de 12 grãos. Para obtenção da produção em massa de sementes por unidade experimental, somou-se a produção de sementes das quatro plantas da respectiva unidade. Essa produção foi transformada em produtividade (kg.ha -1 ). Para verificação da ocorrência de diferença entre os genótipos com relação à produtividade estimada, procedeu-se à análise de variância. Realizou-se o teste t ao nível de 5% de probilidade com a finalidade de comparação de médias dos genótipos para a variável analisada RESULTADOS E DISCUSSÃO Ocorreu diferença significativa entre os genótipos testados com relação à produtividade estimada. Os genótipos de mamona branca e vermelha apresentaram média da produtividade estimada superior às médias dos demais genótipos, porém, estatisticamente suas médias só foram superior às médias dos genótipos jurity pequena e coty rochinha (Figura 3). Apenas dois genótipos apresentaram média de produtividade inferior a 700 kg.ha -1. Essa produtividade média foi obtida pela mamoneira quando cultivadas em condições de sequeiro na região de Petrolina, PE (DRUMOND et al., 2005). Na microregião, bem como em diversas regiões do nordeste, os pequenos agricultores, que tralham com base na agricultura familiar, plantam a mamona por meio de sementes não certificadas e misturadas. Encontram-se, em um mesmo plantio, mamonas de várias variedades, que acam fazendo cruzamentos que vão refletir em variedades diferentes para a próxima safra. Este é um grave problema que traz uma redução de produtividade e de qualidade do produto. Vale salientar que, durante a coleta de amostras, foi questionada qual a preferência no plantio das sementes. Grande parte dos agricultores respondeu que preferia plantar a mamona juriti pequena, pois ela traria maior peso nos sacos, como já desconfiávamos, este genótipo ofereceu a mais baixa produtividade (475 kg.ha -1 ). Devido à sua densidade relativa ser menor, eles avaliam a produtividade da mamona pela quantidade que ce no saco e não pela que é realmente produzida e colhida. CONCLUSÃO As maiores médias da produtividade estimada foram obtidas para os genótipos de mamona branca e vermelha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, B. C. L. Manual do cultivo da mamona. Salvador: EBDA, 2005. DRUMOND, M. A.; ANJOS, J. B. dos; SILVA, A. F.; MILANI, M.; BELTRÃO, N. E. de M.; SEVERINO, L. S. Sistema de produção da mamona, para o semi-árido brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2005. Não paginado. LIMA, P. C. R. O biodiesel e a inclusão social. Brasília: Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, 2004. PREFEITURA DE SENHOR DO BONFIM. Geografia e Ambiente. <http://www.senhordobonfim.ba.gov.br/geografia.html>. Acesso em: 07 mai. 2008. TORRES, E. A. et al. Biodiesel: o combustível para o novo século. Bahia análise & dados. Salvador, v. 16, n. 1, p. 89-95, jun. 2006. Tela 1. Nome popular regional das sementes testadas. Genótipos plantados (número de controle) Nome popular regional das sementes testadas Massa média* (g) 01 Mamona couro 0,64 02 Mamona chitadinha coruja 0,62 03 Mamona juriti grande 0,57 04 Mamona coty vermelha 0,70 05 Mamona juriti pequena 0,14 06 Mamona coty rochinha 0,59 07 Mamona branca 0,82 08 Mamona vermelha 0,78 09 Mamona coty pequena 0,58 10 Mamona branca coruja 0,86 * A massa média foi obtida a partir de 12 sementes.
Figura 1. Foto das sementes testadas. Figura 2. Vista parcial do experimento.
Produtividade estimada (kg ha -1 ) 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 a* a b b a* 8 7 1 3 10 9 4 2 6 5 Genótipos Figura 3. Produtividade estimada obtidas pelos genótipos testados.