MOPEIA. Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares em Mopeia abre

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Transcrição:

dúvidas? MOPEIA Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares em Mopeia abre espaço para Cidadãos de Moçambique é uma rede de activistas, independentes e apartidários, dedicados a assegurar que os cidadãos tenham o direito a informação e a informar bem como a capacidade de influenciar as decisões políticas, macro e micro, com impacto sobre as suas vidas.

Mesmo com a exploração em alta da madeira no distrito de Mopeia, a sul da Província da Zambézia com 136,520 habitantes, mais de sete mil alunos do ensino primário e secundário, de um universo de quarenta mil alunos de diferentes subsistemas de ensino, continuam a estudar sentados no chão. A problemática da falta de carteiras nas salas de aula é cabeluda, facto que desgasta aos encarregados de educação assim como aos seus educandos. Mopeia é um dos muitos distritos da Zambézia cujas salas de aula de algumas escolas, de construção precária principalmente, vê se quase nuas de carteiras. Apenas as paredes construídas de bloco, estacas ou capim as caracterizam. Os pais e encarregados de educação e alunos daquele distrito sustentam que o facto de ainda haverem salas de aula sem carteiras é injustificável, porque segundo explicaram, muita é a quantidade da madeira ilegalmente cortada e apreendida pelo sector da floresta e fauna bravia vinda do distrito de Mopeia que, no âmbito Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares lançada em 2017 pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, deveria destinar-se ao fabrico de carteiras para as escolas públicas, com destaque para as primárias que apresentem défice daquele mobiliário. Francisco Boné e Ruquia Sabonete têm, cada, dois filhos dos quais uma rapariga que frequentam a terceira, quinta, sexta e oitava classes respetivamente. Todos os dias, os meus filhos vêm da escola com a roupa suja e cheio de poeira porque sentam no chão durante seis horas de estudos na escola. Isto é lamentável e entristece-nos ter que batalhar para comprar sabão para lavar o uniforme para que no dia seguinte levem-no à escola. Entristece-se Ruquia Sabonete. Francisco Boné acrescenta, para além da roupa sujar, sentar no chão durante a aula desconcentra o aluno, provoca dor de coluna devido a má posição durante a escrita ou leitura. Não é dignificante para um futuro Ministro ou Governador. rasgou o sorriso tristonho! Os Jovens Edson Raimundo, de 16 anos de idade e Moisés Tarcísio de 18 anos de idade, ambos que frequentam a décima primeira classe na Escola Secundária de Mopeia desabafam que sentar no chão todos os dias, durante seis horas de estudo, tira lhes a concentração e a possiblidade de ilustrar uma caligrafia bonita no caderno. Até por vezes, de tanto nos mexermos para sacudir a poeira no uniforme, e coçar, por incômodo do chão, tem tido implicações directas na percepção da matéria. Durante a realização de avaliação é ainda pior. Pedimos aos titios do Governo para solucionar o problema. Nós também merecemos, fez o grito de socorro! Ao todo, Mopeia necessita de mais de duas mil carteiras para cobrir 64% das duzentas e quarenta e seis escolas do ensino primário e secundário existentes no Distrito. Segundo dados em posse da Plataforma Cidadãos de Moçambique, indicam que dez mil e duzentos e quinze (10,215) alunos, de um universo de mais de quarenta mil, reprovaram no ano lectivo de 2017 por fraco aproveitamento pedagógico. A falta de carteiras é apontada como sendo uma das principais causas. O Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares vem para corrigir este problema e melhorar o processo de ensino e aprendizagem, e está na responsabilidade do Ministério de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. Na Zambézia, a implementação deste programa é questionável, embora o Chefe do Serviço Provincial de Floresta e Fauna Bravia, Eugénio Manhiça ter avançado que no ano passado foram produzidas e entregues simbolicamente em Nicoadala cerca de quinhentas carteiras neste âmbito. Eugénio Manhiça acrescentou que para o presente ano de 2018, o programa perspectiva fabricar e entregar através da apreensão da madeira ilegalmente cortada, oitenta mil carteiras para toda a Província. Segundo a fonte, a madeira na sua maioria provem da famosa Operação Tronco desencadeada de 1 a 4 de março de 2017, nos distritos de Quelimane, Nicoadala, Mocuba, Mocubela, Maganja da Costa e Mopeia, onde foram apreendidos mais de cinco mil toros de madeira ilegal, correspondentes a pouco mais de um milhão e seiscentos mil metros cúbicos. A produção das carteiras escolares será de forma faseada e colocada nas escolas para a utilização pelos alunos. A Cidadãos de Moçambique sabe, porém, que nesta vertente, perspectiva-se que até em 2019 sejam produzidas e distribuídas, na província da Zambézia, mais de cento e cinquenta e cinco mil carteiras. A ideia primordial deste programa, como fizemos referência, é tirar do chão as crianças que estudam em condições deploráveis e melhorar, deste modo, a qualidade de ensino.

Como se explica que em Mopeia haja falta de carteiras nas escolas, se foi um dos distritos abrangidos pela famosa Operação Tronco?

A resposta veio às pressas à nossa reportagem. É que o Director Executivo da Rede para Ambiente, Desenvolvimento Comunitário e Sustentável da Zambézia RADEZA, Daniel Maula denunciou em entrevista à Cidadãos de Moçambique que a madeira que está a ser alocada para o fabrico de carteiras no âmbito do Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares é fresca, sinal de que o Governo está a atribuir licenças novas às empresas selecionadas para fabricar carteiras, por forma a cortarem novos troncos nas florestas para a finalidade. A nossa percepção em torno do bem-vindo Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares, era de que seria utilizada a madeira que foi apreendida em várias operações de fiscalização, como a Operação Tronco (que é madeira seca) para fabricar carteiras escolares e não cortar outras árvores para o efeito. Isto que está a acontecer é insustentável. Criticou. Daniel Maula vai mais longe: Nós temos o conhecimento de que os mais de um milhão e seiscentos mil metros cúbicos de madeira apreendida durante a Operação Tronco havida no ano de 2017, já foi vendida em hasta pública. O que quer dizer que, na Zambézia não há madeira apreendida durante aquela Operação para o fabrico de carteiras. Maula acrescenta: É por isso que hoje, vemos que as carteiras que estão a ser produzidas no âmbito da iniciativa Presidencial, que é de utilizar a madeira apreendida para o fabrico de carteiras, é de madeira fresca. Está tudo a ser feito ao inverso, estão a acabar com a vida das florestas desnecessariamente. Na Zambézia, penso Programa de Produção e Distribuição de Carteiras Escolares, não está a ser implementado tal como foi preconizada. O nosso entrevistado apela: Para garantir a existência de carteiras nas escolas e sem devastar a floresta, é preciso que seja utilizada a madeira apreendida para o fabrico daquele mobiliário. Concluiu. Recorde-se que o distrito de Mopeia, foi um dos abrangidos pela Operação Tronco que não se beneficiou da madeira apreendida localmente, nem mesmo da madeira fresca que é cortada insustentavelmente para o fabrico de carteiras no âmbito da bem desejada Iniciativa Presidencial. Há que ser feito algo de urgente para travar esta acção maldosa e maléfica para a floresta, em detrimento de cobrir o problema de falta de carteira nas escolas. Por que não utilizar, por exemplo, o valor das multas pagas devido a exploração ilegal da madeira que só em 2017 situou-se em mais de quatro milhões de meticais, para a compra de carteiras? Como é realmente gerido este valor que, segundo o Chefe do Serviço Provincial de Floresta e Fauna Bravia é alocado aos Cofres do Estado? Eugénio Manhiça explica que o valor é utilizado pelo Governo Central para a construção de diversas infraestruturas e melhorar a vida das populações em todo o País. A pergunta que não quer calar é: E nas comunidades locais aonde sai a madeira ilegal que resultou na aplicação das multas, como o valor reflecte na vida da comunidade? Manhiça sustenta, sem avançar quantias, que às comunidades é lhe dado o direito dos 20% da taxa de ex-

ploração dos recursos madeireiros que visa melhorar a vida das comunidades locais através da construção de escolas, pontes, abertura de furos de água e mais. O problema é que, para caso específico de Mopeia, estes benefícios ainda continuam sendo promessas em discursos, nos comícios e no acto de apresentação das empresas e/ou operadores florestais. Ernesto Salimo diz que o único benefício a que a comunidade onde mora tem tido neste processo de exploração de madeira é o acesso ao emprego muitas vezes sazonal. Já reunimos muitas vezes através do Comité de Gestão junto aos madeireiros a apresentarmos as nossas faltas e dificuldades. Mas, até agora pouco se faz neste âmbito. Nós não temos muito poder ou força de exigir a implementação das obrigações socias por parte dos operadores florestais, se não o Governo para ajudar nos nesta luta. Mas também desta entidade, nada se vê de esforços para nos apoiar. Lamentou para depois acrescentar Pelo menos podiam estar a ajudarnos na construção ou melhoramento das escolas, apetrechar as salas de aula com carteiras, o que não tem. Ou então abrir novos furos de água mais próximo às comunidades. Pediu. Ainda sobre a falta de carteiras nas escolas em Mopeia, o Director Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano na Zambézia, Aldo Mussossa avançou que o Governo perspectiva distribuir este ano de 2018, cerca de um milhão e novecentas carteiras nas escolas de construção convencional daquele distrito, podendo tirar do chão sete mil e setecentas crianças. As construídas de forma precária ainda deverão aguardar por melhoramento para garantir a boa conservação do mobiliário. Aldo Mussossa acrescentou que ainda nos esforços do executivo para a melhorar do processo de ensino e aprendizagem, desenhou-se concluir vinte salas de aula nas Escolas Primárias de Liberdade e Posto Campo e a Escola Secundária de Mopeia. Acreditamos, porém, não haver razões que justifiquem existência de escolas sem carteiras na Zambézia em geral e em particular no distrito de Mopeia visto que há, nesta província, mais de vinte e duas cerrações de capitais Chineses existentes e mais de cem operadores florestais, que quase todos os dias, (expecto no período defeso talvez ) cortam, arrastam, transportam e vendem madeira tirada das comunidades. A Província da Zambézia dispõe da principal matéria-prima (madeira) para a produção de carteiras. Os custos de produção de uma carteira dupla, por exemplo, rondam entre 4.000 a 5.500 meticais cada. Para uma Província que anualmente consegue arrecadar mais de cinco milhões de meticais de receita para os Cofres de Estado por exploração de recursos florestais o problema de carteiras nas escolas deveria merecer mais atenção. Há que se imprimir maior esforço pelo Executivo Provincial bem como Central para acabar com o problema de falta de carteiras, porque de facto está a ter implicações sérias e directas no processo de ensino e aprendizagem, aliás, não se explica que um padeiro não tenha pão para comer Bem haja a floresta, bem haja o ensino e aprendizagem! Aldo Mussossa Director Provincial da Educação da Zambézia

CIDADAOS.ORG.MZ DOADOR PROPRIEDADE