DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Documentos relacionados
CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. (continuação)

CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Fé Pública

Direito Processual Penal

DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPEIS PÚBLICOS. SUJEITO ATIVO: trata-se de CRIME COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

Direito Processual Penal

DA FALSIFICAÇÃO DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Direito Penal para o cargo de Escrevente TJ/SP Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos arts. 293 a 295 do CP Professora: Lorena Nascimento

Direito Penal. Crimes Contra a Fé Pública

Elemento subjetivo: dolo (elemento subjetivo específico no núcleo suprimir para o fim de restituí-los à circulação ). Não admite modalidade culposa.

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL INFRAÇÃO PENAL DIREITO PENAL 11/9/2009

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR (arts. 299 a 318)

Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Fé Pública

Nº da aula 01 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Direito Previdenciário

DIREITO PENAL MILITAR

Direito Penal. Estelionato e Receptação

TEMA: Aumento das Penas e Crime Hediondo para Corrupção de Altos Valores (arts. 5º, 3º e 7º do PL) MEDIDA 3 (Versão 05/11/16 às 10:40)

DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (continuação)

30/09/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

Direito Penal. Lei de drogas Lei /2006. Parte 2. Prof.ª Maria Cristina

1

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Crimes contra o Patrimônio Estelionato e outras fraudes

Estelionato. - Segundo o STF, a vantagem tem que ser necessariamente econômica, considerando que está entre os crimes contra o patrimônio.

Direito Penal. Código Penal Artigos 293 a 301 e 1º e 2º; 305; 311-A a 317 e 1º e 2º; 319 a 333; 337; 339 a 344; 347; 357 e 359

Crimes contra a Fé Pública

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco

Algumas questões tiveram um nível relativamente elevado, considerando o cargo a que destinadas. Contudo, não vejo possibilidade de recurso.

Pós Penal e Processo Penal. Legale

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (continuação)

1. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO

Comissão de Estudos de Organizações Contábeis do CRCRS. Sped Responsabilidades do Profissional da Contabilidade ou do Empresário?

Oficial Justica São Paulo

COMPRA E VENDA E SUAS CLÁUSULAS

RESPONSABILIDADE CRIMINAL NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

TRATADO DE DIREITO PENAL BRASILEIRO

PROVA ABIN OFICIAL DE INTELIGÊNCIA - ÁREA 1 QUESTÕES DE DIREITO PENAL Prof. Douglas Vargas

AULA 08 - CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA / JUIZADOS ESPECIAIS / IMPUTABILIDADE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS AVANÇADO ABELARDO LUZ EDITAL Nº 012/2017

Direito Penal III. Aula 16 30/05/2012

01 MOEDA FALSA MOEDA FALSA Introdução Classificação doutrinária Objetos jurídico e material

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco

Professor Sandro Caldeira Dos Crimes contra a Administração Pública

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

WORKSHOP COMPLIANCE. Denise de Holanda Freitas Pinheiro

CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO

23/09/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes

OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

Direito Penal. Roubo e Extorsão

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL LEI DE DROGAS TRÁFICO E PORTE - DEFESAS. Prof. Rodrigo Capobianco

Direito Penal. Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro

Crimes Contra a Administração Pública

Crimes Contra a Incolumidade Pública

Antonio Augusto dos Reis Veloso Diretor de Administração. Este texto não substitui o publicado no DOU e no Sisbacen.

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte VII. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

Livro Eletrônico. Aula 00. Direito Penal p/ MP-SP (Oficial de Promotoria) Professor: Renan Araujo DEMO

Art. 272 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA OU PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Apologia de crime ou criminoso

PROVA OBJETIVA DA POLÍCIA FEDERAL DELEGADO DE POLÍCIA QUESTÕES DE DIREITO PENAL QUESTÃO 58

Competência: Justiça Estadual (se a emissão do papel incumbir à União Justiça Federal).

Curso/Disciplina: Crimes contra a Fé Pública. Aula: Crimes Contra Fé Pública - 02 Professor (a): Marcelo Uzêda Monitor (a): Amanda Ibiapina

1ª CONVOCAÇÃO PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS REMANESCENTES REFERENTE AO EDITAL Nº 36/RIFB, DE 26 DE OUTUBRO DE 2018

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (continuação)

PRÉ-DATADO É DOCUMENTO LEGAL

Legislação Específica

NOVA LEI DE DROGAS: RETROATIVIDADE OU IRRETROATIVIDADE? (PRIMEIRA PARTE)

EDITAL Nº 15/2016/CAMPUS GURUPI/IFTO, DE 19 DE MAIO DE DECLARAÇÃO DE TRABALHO INFORMAL

CRIMES AMBIENTAIS. Lei Nº de 12/02/1998

Direito Penal Parte especial

Edital de Portador de Diploma, Transferências Externa e Interna Seleção 2019/2 Pré-requisitos: Componentes Curriculares e Período/Semestre

Inclui questões gabaritadas! TJ/SP. Tribunal de Justiça de São Paulo ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO. Correções que ocorreram nas páginas citadas.

CÓDIGO PENAL MILITAR CFS Cap Rogério. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Arts

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I).

CRIMINALIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR. 23 de junho de 2016 Por: Mariana Nogueira Michelotto - OAB/PR

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte V. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

Crimes contra o Patrimônio

Direito Administrativo e Constitucional

DUPLICATA MERCANTIL. Partes: Com efeito, se alguém efetua a venda a prazo, pode emitir uma duplicata O vendedor será o adquirente. Natureza Jurídica:

CONTRATO DE SEGURO. /professorfernandomoreira.

DIREITO TRIBUTÁRIO. Direito Penal Tributário. Prof. Gabriel Quintanilha

ATRIBUIÇÃO. Investiga no âmbito da Capital: A) Saúde do Trabalhador

PRÉ-AULA CAPÍTULO VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO GERAL

AULA 11. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades:

15, 16 e 17/07/2019 (ou enquanto houver vagas)*

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte 2. Prof. Karina Jaques

Direito Penal. Lei de drogas Lei /2006. Parte 3. Prof.ª Maria Cristina

07/09/2012 DIREITO PENAL III. Direito penal III

Transcrição:

DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA CAPÍTULO I DA MOEDA FALSA Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Fabricar exige a aquisição de material para cunhar a moeda ou imprimir papel- moeda. A alteração de parte de uma moeda ou cédula já existente, elevando o seu valor nominal. Exige-se elevação, ou seja, aumento do valor nominal. Havendo redução, o sujeito apenas estará prejudicando a si próprio. Moeda ou papel-moeda não inclui cheque, ou haveria analogia prejudicial. Porém, existe um tipo específico para quem falsifica cheque, que é equiparado a documento público, o o estelionato previsto no art. 297, 2º. Falsificação de documento público Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Curso legal significa ser de aceitação obrigatória, podendo ser a moeda corrente no país (real) ou de país estrangeiro (peso, euro, dólar). Esse crime é de competência da Justiça Federal e de apuração da polícia federal. www.monsterconcursos.com.br pág. 2

OBS: Falso grosseiro A princípio, o falso grosseiro, por ser incapaz de abalar a fé pública, configura crime impossível, uma vez que ninguém se deixaria enganar por ela. Contudo, a Súmula 73 do STJ prevê que: Súmula 73, STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. Isso quer dizer que, a princípio, o falso grosseiro não seria capaz de enganar ninguém (crime impossível). Porém, se o falsificador conseguir (por exemplo, no interior do país, em área rural), utilizando-se de ardil (dizendo, p.e., que é uma nota promocional, das Olimpíadas) e obtendo vantagem ilícita em prejuízo alheio, através da utilização da moeda grosseiramente falsificada, não haverá crime de moeda falsa, mas será configurado estelionato, de competência estadual. Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. Observações: Princípio da Insignificância: Não cabe a aplicação do princípio da insignificância no crime de moeda falsa, pois o bem jurídico protegido pela lei é transindividual, a fé pública. Mesmo que se trate da falsificação de uma moeda de 1 centavo, isso é capaz de alterar a quantidade de moeda circulante no mercado e influir sobre sua valorização/desvalorização. Dolo: Só existe crime no dolo direto: o agente tem que ter a intenção de falsificar. Não cabe dolo eventual ou culpa. Falsificação e estelionato: Se a pessoa falsifica moeda e depois a usa para obter vantagem ilícita em prejuízo de terceiro, esse estelionato é mero exaurimento do crime de moeda falsa. É um post factum impunível. Moeda falsa privilegiada 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Ex.: A pessoa vai a um estabelecimento comercial e, ao pagar com uma nota um bem, recebe a informação de que aquela nota é falsa. Pensando em não ficar no prejuízo, resolve passar a nota adiante em outro estabelecimento. Essa pessoa comete o crime de moeda falsa privilegiada. www.monsterconcursos.com.br pág. 3

Federal. Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros: O agente elabora uma nova cédula, nota ou bilhete com aparência verdadeira. Este crime não se confunde com a alteração de cédula verdadeira, que no caso é crime do art. 289, visto anteriormente. Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização: Agora o agente, com o intuito de reintroduzir à circulação nota, cédula ou bilhete já recolhidos, elimina sinal que identifica a retirada. Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Aqui o agente restitui à circulação cédula, nota ou bilhete que foram formados por fragmentos, como no caso do primeiro item, ou então restitui à circulação nota, cédula ou bilhete que tiveram sinal identificador de recolhimento suprimido, ou restitui nota, cédula ou bilhete que, mesmo não contasse com as circunstâncias anteriores, foram recolhidos para o fim de serem inutilizados. Petrechos para falsificação de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Adquirido equipamento para falsificar moeda e este é descoberto pela polícia em ação de busca e apreensão, não há crime de moeda falsa, pois ainda não havia se iniciado os atos executórios. Trata-se de norma subsidiária, utilizada para preencher hipóteses não encaixáveis no art. 289. Perceba-se que, configurado o crime de moeda falsa, eventual estelionato posterior será post factum impunível. O mesmo raciocínio aplica-se ao crime de petrechos. www.monsterconcursos.com.br pág. 4

Configurado o crime de moeda falsa, a aquisição anterior de equipamento para a sua produção, por exemplo, será ante factum impunível. Emissão de título ao portador sem permissão legal Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. Nós temos aqui, como objeto material, o título ao portador, é aquele que pode ser emitido sem qualquer indicação da pessoa a quem se dirige, transferível por simples tradição manual, independente de alguma condição, por exemplo, o endosso. Deve conter promessa de pagamento em dinheiro, excluindo-se os demais, como a emissão de conhecimento de depósito ou de warrant, tipificada no art. 178, do CP. Porém, este trata dos crimes contra o Patrimônio. O parágrafo único traz a hipótese privilegiada deste crime. O tomador deve estar ciente de que não a emissão do título não é permitida por lei, pois, se o recebe de boa-fé, não poderá ser responsabilizado. www.monsterconcursos.com.br pág. 5