Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral DICTIOCAULOSE



Documentos relacionados
Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral ANCILOSTOMÍASE. OLIVEIRA, Fábio FAGUNDES, Eduardo BIAZOTTO, Gabriel

PNEUMONIA VERMINÓTICA EM BEZERROS

PARASITA DE EQUINOS: DICTYOCAULUS ARNIFIELDI

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Campus Universitário de Sinop

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral. Bunostomíase

[VERMINOSES]

Nematóides mais comuns em Seres Humanos e Animais

Nomes: Melissa nº 12 Naraiane nº 13 Priscila nº 16 Vanessa nº 20 Turma 202

A pneumonia é uma doença inflamatória do pulmão que afecta os alvéolos pulmonares (sacos de ar) que são preenchidos por líquido resultante da

Jornal de Piracicaba, Piracicaba/SP, em 4 de Junho de 1993, página 22. Animais de companhia: O verme do coração do cão

TEMA 003 CONHEÇA E PREVINA AS DOENÇAS DO INVERNO

-.BORDETELOSE CANINA "TOSSE DOS CANIS"

Nematódeos. - infecção oral. Classificação. Reino: Animalia Filo: Aschelminthes Classe: Nematoda Ordem: Ascaridida Ascarididae Ascaris lumbricoides

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

TOXOCARÍASE E LARVA MIGRANS VISCERAL

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA DPOC.

Introdução. Renata Loretti Ribeiro - Enfermeira

24/8/2009. Larva migrans cutânea. Larva migrans cutânea. Larva migrans cutânea. Larva migrans cutânea

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

As disfunções respiratórias são situações que necessitam de intervenções rápidas e eficazes, pois a manutenção da função

IMPORTÂNCIA E CONTROLE DAS HELMINTOSES DOS CÃES E GATOS

Boletim Epidemiológico

Difilobotríase: alerta e recomendações

Parasitoses - Ve V rminoses Prof. Tiago

INDICAÇÕES BIOEASY. Segue em anexo algumas indicações e dicas quanto à utilização dos Kits de Diagnóstico Rápido Bioeasy Linha Veterinária

Questionário Proficiência Veterinária

PROTOZOÁRIOS PARASITAS INTESTINAIS

Ascaris lumbricoides. Fernanda Aparecida Gonçalves da Silva. Nutrição

COCCIDIOSES EM ANIMAIS DOMÉSTICOS

Linfomas. Claudia witzel

COCCIDIOSE EM ANIMAIS DOMÉSTICO

Formadora: Dr.ª Maria João Marques Formandas: Anabela Magno; Andreia Sampaio; Paula Sá; Sónia Santos

Principais parasitas em cães e gatos:

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

Como controlar a mastite por Prototheca spp.?

1. Programa Sanitário

PANORAMA DE PARASITOSES EM OVINOS NO BRASIL.

Nematódeos parasitas do ser humano. Prof.: Chico Pires

FASCIOLOSE NO BRASIL

EXERCÍCIO E DIABETES

Circulação sanguínea Intrapulmonar. V. Pulmonar leva sangue oxigenado do pulmão para o coração.

PNEUMONIAS COMUNITÁRIAS

[PARVOVIROSE CANINA]

Unidade I Energia: Conservação e transformação. Aula 5.1 Conteúdo: Sistema cardiovascular.

ENDOPARASITOSE EM AVES - Revisão de Literatura

COLÉGIO ALEXANDER FLEMING SISTEMA RESPIRATÓRIO. Profª Fernanda Toledo

A respiração ocorre dia e noite, sem parar. Nós podemos sobreviver determinado tempo sem alimentação, mas não conseguimos ficar sem respirar por mais

Patologia Geral AIDS

Podem ser portadores e formar uma rede de transmissão. Não, porque contêm químicos e está clorada.

Lembrete: Antes de começar a copiar cada unidade, coloque o cabeçalho da escola e a data! CIÊNCIAS - UNIDADE 4 RESPIRAÇÃO E EXCREÇÃO

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO

Bergson Museu de Paleontologia de Crato Fóssil de escorpião + / mi anos Formação Santana do Cariri

2ªsérie 2º período B I O L O G I A

-Os Papiloma Vírus Humanos (HPV) são vírus da família Papovaviridae.

OS EFEITOS DO PÓ NOS PULMÕES

Gripe Proteja-se! Faça Chuva ou faça Sol, vacine-se a partir de Outubro e até ao final do Inverno. Consulte o seu médico

INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO EM CÃES RELATO DE CASO FOREIGN BODY INGESTION IN DOGS CASE REPORT

Doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana

Planificação Curricular Anual Ano letivo 2014/2015

PREVALÊNCIA DE ENDOPARASITAS EM CÃES (Canis lupus familiaris) ERRANTES DO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, PARANÁ

OBJETIVOS DA PARASITOLOGIA

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Disciplina de Doença das Aves Domésticas Curso de Medicina Veterinária MV Leonardo Bozzi Miglino Mestrando em Ciências Veterinárias - UFPR

Qual é a função dos pulmões?

Palavras-chave: guarda responsável, higiene, vermifugação, saúde.

1 - Estrutura e Finalidades da disciplina

Reino Animalia 0 (Metazoa) Filo Nematoda. Natália A. Paludetto nataliaapaludetto@gmail.com

Doenças Respiratórias Crônicas. Caderno de Atenção Básica 25

Ano VII Número 12 Janeiro de 2009 Periódicos Semestral TOXEMIA DA PRENHEZ

Características Gerais

Actualizado em * Definição de caso, de contacto próximo e de grupos de risco para complicações

INFECÇÃO POR DIOCTOPHYMA RENALE COM LOCALIZAÇÃO LIVRE EM CAVIDADE ABDOMINAL DE LOBO-GUARÁ (CHRYSOCYON BRACHYURUS) - RELATO DE CASO

Ano VI Número 10 Janeiro de 2008 Periódicos Semestral PITIOSE EM EQÜINOS. LÉO, Vivian Fazolaro DABUS, Daniela Marques Maciel

CTENOCEPHALIDES CANIS E CTENOCEPHALIDES FELIS: REVISÃO DE LITERATURA

TEMA: Seretide, para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Matéria: Biologia Assunto: Reino Animal - Moluscos Prof. Enrico Blota

PANDEMIA DE GRIPE. Informação importante para si e para a sua família

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS CURSO: NUTRIÇÃO

FERTILIDADE DE CAPRINOS MOCHOS. Prof. Adelmo Ferreira de Santana Caprinocultura e Ovinocultura

Aspectos Clínicos da Hemobartolenose Felina

Quinta Edição/2015 Quinta Região de Polícia Militar - Quarta Companhia Independente

Imagem da Semana: Radiografia de tórax

ANÁLISE MORFOLÓGICA DE VERMES ADULTOS MACHOS DE Lagochilascaris minor, LEIPER (1909) EM CORTES POR MICROTOMIA

Conheça mais sobre. Diabetes

Profissional da Saúde

Infermun em parvovirose canina

Serviço de Diagnóstico por Imagem serviço de ultrassonografia e radiologia

Sistema Respiratório. Afecções das vias aéreas inferiores. Profa. Dra. Rosângela de Oliveira Alves Carvalho

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

INFLUENZA. Cinthya L Cavazzana Médica Infectologista COVISA/CCD

DIAGNÓSTICO DE DERMATOPATIAS EM EQUINOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE TRICOGRAMA

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

CAPILARIOSE HEPÁTICA: REVISÃO DE LITERATURA

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Projeto de Monitoria: Estudo microscópico de protozoários, helmintos e artrópodes. Aula Prática III: Protozoários Filo Apicomplexa.

Transcrição:

DICTIOCAULOSE LOPES, Rômulo M. Gomes AZEVEDO, Fernando Felipe MARQUES, Manuel Eduardo O. CRUZ, Guilherme Gamba C. Discentes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça - FAMED NEVES, Maria Francisca Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça - FAMED RESUMO A dictiocaulose é uma pneumonia causada pelo nematóide Dictyocaulus viviparus e Dictyocaulus filaria em bovinos e ovinos e, o Dictyocaulus arnfieldi em eqüinos e asininos, acometendo principalmente animais jovens. Um mês após a infecção observa-se tosse, descargas de muco pelas narinas e olhos e com a evolução da doença pode ocorrer a morte do animal por anoxia ou sufocação. Palavra chave: Dictiocaulus arnfieldi, Dictiocaulus filaria, Dictiocaulus vivíparus, dictiocaulose. Tema central: Medicina Veterinária. ABSTRACT The dictiocaulosis is a pneumonia caused by nematode Dictyocaulus viviparous e Dictyocaulus filaria in cattle and sheep, Dictyocaulus arnfieldi in horse and donkey. In young animals is found with more evidence in situations seriously affected. Keyword: Dictiocaulus arnfieldi, Dictiocaulus filarial, Dictiocaulus vivíparus, dictiocaulosis. 1. INTRDUÇÃO

O Dictiocaulus é um nematóide encontrado nos pulmões dos bovinos, ovinos, eqüinos e asininos, é a principal causa de bronquite parasitária nestes hospedeiros. A Dictiocaulose dos bovinos é uma doença essencialmente respiratória e as manifestações clinicas relacionam-se com a penetração dos parasitas no hospedeiro. O objetivo deste trabalho foi descrever a epidemiologia, os sinais clínicos e os achados patológicos de um surto de dictiocaulose em bovinos com a finalidade de contribuir com dados para facilitar o diagnóstico dessa condição respiratória. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2. 1. Etiologia O gênero Dictyocaulus pertence ao Filo Nemathelminthes e a Classe Nematoda, apresentando as espécies Dictiocaulus vivíparus, Dictyocaulus filaria, Dictyocaulus arnfieldi. O D. vivíparus parasita os bronquíolos, brônquios e traquéia de bovinos; o D. filaria parasita os bronquíolos de ovinos e caprinos e; o D. arnfieldi parasita brônquios e bronquíolos de eqüinos e asininos (FORTES, 2004).Quanto a sua morfologia, o comprimento dos machos variar de 17 á 50 mm e as fêmeas de 23 a 80 mm (DUNGWORTH, 1993; EYSKER, 1994; ZAJAC, 2002). 2. 2. CICLO EVOLUTIVO As fêmeas de Dictyocaulus são ovovivíparas, produzindo ovos que contém larvas (L1) totalmente desenvolvidas que eclodem quase que imediatamente na mucosidade das vias respiratórias. As L1 migram até a traquéia, onde são deglutidas e eliminadas nas fezes ou expelidas pela tosse (URQUHART et al., 1998; FORTES, 2004). As larvas de primeiro estádio, presentes nas fezes, são caracteristicamente lentas e não se alimentam, apenas absorvendo energia de suas células intestinais

que estão cheia de grânulos alimentares castanho-escuros. Em condições ideais, as larvas de terceiro estádio (L3) infectante é atingindo dentro de cinco dias, e retém as cutículas dos estádios anteriores (L1 e L2). As L3 infectantes deixam o bolo fecal e alcançam a forragem ou por sua própria motilidade ou através de intervenção do fungo Pilobolus que se desenvolve em fezes de herbívoros (URQUHART et al., 1998; FORTES, 2004). Os hospedeiros ingerem as L3 junto com o pasto e penetram na mucosa intestinal, atingindo a circulação sangüínea via gânglios linfáticos do mesentério. Pela circulação chegam aos alvéolos, bronquíolos e brônquios. Algumas larvas, em fêmeas prenhes, podem chegar ao feto através da circulação placentária, ocasionando infecção pré-natal. As larvas de terceiro estádios sofrem muda para L4 após cinco dias da infecção e no 15 o dia são observados adultos jovens nos brônquios (URQUHART et al., 1998; FORTES, 2004). 2. 3. Sinais clínicos Em qualquer grupo acometido, em geral são evidentes graus variáveis de gravidade clinica, de modo típico, alguns animais estão discretamente acometido, a maioria se encontra moderadamente acometida e alguns são gravemente acometidos. Os animais discretamente acometidos tossem de maneira intermitente, quando fazem esforço. Os animais moderadamente acometidos têm ataques freqüentes de tosse, em repouso a auscultação ouve-se chiados sobre os lobos pulmonares posteriores. Os animais gravemente acometidos apresentam taquipnéia grave e dispnéia. Com freqüência os animais mais jovens são mais gravemente acometidos (URQUHART et al., 1998; FORTES, 2004). 2. 4 Diagnóstico

Segundo URQUHART et al, (1998) os sinais não permitem identificar a dictiocaulose clinicamente, sendo necessário recorrer a recursos ou a constatação de parasitas em necropsia. No diagnóstico laboratorial a identificação microscópica de larvas encontrada na necropsia ou de ovos e larvas em exame parasitológico de fezes. De modo geral, a sintomatologia clínica, a época do ano e uma historia de pastejo em pasto permanente ou semi-permanente são suficiente para permitir que se chegue a um diagnóstico. 2. 5 Tratamento Os anti-helmintos viáveis para o tratamento da bronquite parasitaria são os modernos benzimidazóis, levamisol ou as ivermectinas. Essas drogas demonstram eficácia contra todos os estágios de parasitas pulmonares, com conseqüente melhora da sintomatologia clinica (URQUHART et al., 1998). Para máxima eficiência, todas essas drogas devem ser usadas o mais cedo possível, visto que os sintomas clínicos associados a patologia pulmonar não desaparecem rapidamente por simples remoção de parasitas pulmonares adultos. (URQUHART et al., 1998). Qualquer que seja o tratamento escolhido é aconselhável dividir os animais acometidos em dois grupos, pois o prognóstico varia de acordo com a gravidade da doença (URQUHART et al., 1998). 2. 6 Controle O melhor método para prevenir a bronquite parasitaria é imunizar todos os bezerros jovens com vacina constituída de larvas atenuadas, mas esta vacina atualmente encontra-se apenas na Europa. A Administração da vacina é por via oral em animais com oito semanas de idade. Porém, ela não impede a instalação de

pequenas quantidades de parasitas pulmonares ainda que num nível muito baixo (URQUHART et al., 1998). 3. CONCLUSÃO A dictiocaulose é uma das principais doenças pulmonares, principalmente em animais jovens e apesar do tratamento com anti-helmínticos ser bastante eficaz, melhor seria se a vacina estivesse ao alcance de todos. 4. REFERÊNCIAS DUNGWORTH, D. V. F. There spiratorysystem. In: JUBB, K.V.F; et al, pathology of domestic animals. 4 ed. San Diego: Academic, 1993. p. 539-699. EYSKER, M. Dictyocaulosis in cattle. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 16, p. 669-672, 1994. FORTES, E. Parasitologia Veterinária. 4 ed.,p. 302-307, 2004. GIBILS H. C. 1973. Transmission of parasites with reference to the stronyles of domestic sheep and cattle. Can. J. ZOOL,v. 51, p. 281-289. REINECKE R. K. 1989. Veterinary helmintology. Buttereuarths Kurlan. 392 p. URQUHART et al. Parasitologia Veterinária. 2 ed., p. 100-102, 1998.

ZAJAC, A. M. Parasitic bronchitis and pneumonia. In: SMITH, B. P. Large animal internal medicine: diseases of horses, cattle, sheep, and goats. 3. ed. Missouri: Mosby, 2002. p. 577-579.