WETLANDS CONSTRUÍDOS PARA O TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA



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Transcrição:

WETLANDS CONSTRUÍDOS PARA O TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA Danielle Martins Cassiano de Oliveira (*), Ricardo Nagamine Costanzi * Universidade Tecnológica Federal do Paraná, danielle.martins.cassiano@gmail.com RESUMO Na atualidade, o reúso das águas torna-se necessário pela escassez dos recursos hídricos. Os wetlands construídos são uma alternativa para viabilizar a reutilização de água e também, podem contribuir para a paisagem local. Este trabalho tem o objetivo de analisar a eficiência de um wetland de fluxo subsuperficial horizontal seguido de um wetland de fluxo vertical para o tratamento de águas cinzas provenientes de máquina de lavar roupa. O efluente foi inserido no sistema em um reservatório pulmão que abastecia o sistema de tratamento de wetlands. As análises realizadas foram semanais com os parâmetros de ph, turbidez, condutividade, cor aparente, sólidos totais, sólidos voláteis, sólidos suspensos e demanda química de oxigênio (DQO). Os resultados apresentam uma eficiência para cor aparente, turbidez e DQO acima de 90%. PALAVRAS-CHAVE: Wetlands construídos, Reúso, Águas cinzas. INTRODUÇÃO A preservação das águas naturais tem sido um tema de grande relevância para sociedade. Com a recente seca que atinge o sudeste brasileiro prejudicando a maioria das cidades, a conservação de água é destaque como forma de garantir a qualidade de vida da população. Uma estratégia para a melhor gestão dos recursos hídricos é o reúso da água, pois evita a captação de água de melhor qualidade para atividades que não necessitam de águas com qualidade superior, consequentemente ocorre a preservação dos mananciais (TEXEIRA, 2003). Neste contexto, o reúso da água através de tratamentos com wetlands construídos torna-se uma alternativa para minimizar o consumo da água. Wetlands construídos são ecossistemas artificiais com a utilização de diferentes tecnologias, partindo do princípio de funcionamento de sistemas naturais capazes de modificar e melhorar a qualidade das águas (SALATI et al., 2009). Esse tipo de tratamento possui muitas vantagens econômicas e operacionais. Sua construção é barata e de fácil manutenção. Estes sistemas são tolerantes à variações hidráulicas e a carga de contaminantes. (DORNELAS, 2008). Nos sistemas de wetlands são utilizadas plantas aquáticas para o tratamento do efluente gerado. Estas plantas crescem na água ou próximas aos corpos d`água, podendo ser submersas, imersas ou flutuantes. São muito importantes para o sistema aquático e tem grande participação nos processos biogeoquímicos destes ambientes (Weis e Weis, 2004). Os wetlands construídos podem ser associados a sistemas individuais que possibilitem gerar um efluente com características de melhor qualidade, para o lançamento em corpos hídricos ou receptores ou ainda reutilizados na irrigação de jardins, campos e culturas (SILVA, 2007). O objetivo deste trabalho é analisar a eficiência de remoção no tratamento de águas cinzas provenientes da máquina de lavar roupas com um sistema de wetland construído de fluxo horizontal seguido de um wetland de fluxo vertical. MATERIAL E MÉTODOS O projeto de wetland foi construído na casa de vegetação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Campus Londrina, localizado sob as coordenadas geográficas de latitude 23º18 2854 S e longitude 51º06 5066 O. O sistema completo é composto de um reservatório, um wetland construído de fluxo subsuperficial horizontal seguido de um wetland construído de fluxo vertical. RESERVATÓRIO DE ENTRADA O reservatório utilizado possuía altura de 0,3 m, largura de 0,3 m e comprimento de 0,45 m, com capacidade útil de 40,5 L. O sistema era abastecido a cada dois dias com 20 litros de águas cinza proveniente da máquina de lavar roupa de uma residência com 4 moradores. O controle de vazão de entrada era realizado por válvula hidráulica. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 WETLAND CONSTRUÍDO DE FLUXO SUBSUPERFICIAL HORIZONTAL Para a construção do wetland construído de fluxo subsuperficial horizontal utilizou-se reservatório com altura de 0,3 m, largura de 0,3 m e comprimento de 0,45 m. A base do sistema foi preenchida com predrisco, cujo diâmetro era de 4,8 mm, na zona central e com pedra brita nº 0 nas laterais. A espécie de planta escolhida para este tratamento foi a planta aquática Cyperus Papyrus. WETLAND CONSTRUÍDO DE FLUXO VERTICAL O wetland construído de fluxo vertical também foi construído a partir de reservatório com as mesmas dimensões do wetland de fluxo horizontal. Foi montado um esquema seqüencial vertical constituído de 0,06 m de brita nº 0, 0,03 m de pedrisco, 0,18 m de areia grossa e 0,015 m de pedrisco novamente. A espécie inserida para a wetland construída de fluxo vertical foi a Heliconia Rostrata. A figura 1 mostra o wetland construído composto do reservatório, Wetland construído de fluxo subsuperficial horizontal e Wetland construído de fluxo vertical. Figura 1: Wetland Construído OPERAÇÃO Foi realizada uma etapa de adaptação das plantas para funcionamento adequado do sistema durante três semanas. A inserção de águas cinza teve início no vigésimo dia de operação. A amostragem do sistema foi realizada por meio de coleta simples. Cada reservatório possuía uma saída segregada para permitir a realização da coleta. O sistema foi regado com águas cinza de dois em dois dias com uma vazão média de 10,8 L.d -1. As amostras foram coletadas durante um mês para as análises das variáveis: ph, turbidez, condutividade, cor aparente, sólidos totais, sólidos voláteis, sólidos suspensos e demanda química de oxigênio (DQO). RESULTADOS OBTIDOS Os resultados obtidos através das análises estão demonstrados na Tabela 1. Tabela 1: valores na entrada, no sistema intermediário e na saída do sistema. Entrada Intermediário Saída 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

ph 7,53 ± 0,73 7,12 ± 0,13 7,27 ± 0,48 Turbidez (UNT) 66,50 ± 43,40 24,48 ± 11,00 4,04 ± 4,03 Condutividade (µs.cm -1 ) 243,44 ± 113,18 300,20 ± 62,19 384,03 ± 32,75 DQO (mg.l -1 ) 794,70 ± 361,35 249,62 ± 151,44 40,87 ± 40,23 Cor aparente (uc) 309,25 ± 252,48 109,50 ± 64,07 19,67 ± 18,48 Sólidos Totais (mg.l -1 ) 552,00 ± 368,86 364,50 ± 74,57 299,00 ± 74.70 Sólidos Dissolvidos (mg.l -1 ) 274,66 ± 361,97 257,50 ± 157,54 114,67 ± 53,12 Sólidos Suspensos (mg.l -1 ) 36,00 ± 27,34 17,33 ± 10,10 6,00 ± 6,93 Sólidos voláteis (mg.l -1 ) 31,75± 24,96 12,08 ± 8,82 3,50 ± 4,36 O ph apresentou valores médios no sistema com uma propensão alcalina e valores máximos absolutos próximos de 8,5 no sistema intermediário em algumas amostras. Na saída ocorreu uma maior variação do que no sistema intermediário. Isso pode ter ocorrido devido a forma de funcionamento do sistema, pois o efluente na saída possui um tempo de detenção maior, ocorrendo uma maior influência de águas cinza irrigadas anteriormente a coleta. Outro fator importante na variável ph é a variação de material suporte ao longo do sistema: brita seguida de areia. O ph do efluente tratado se enquadra no padrão de potabilidade da água de acordo com a portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011, a qual varia de 6 a 9,5. O maior valor de ph obtido na saída foi de 7,8. A turbidez na entrada do sistema foi maior do que nas coletas intermediária e final com uma variação de 20 a 120 UNT (Figura 2). A variação nos valores de turbidez diminui conforme a água residuária atravessa o sistema de tratamento. Dessa forma, a turbidez na saída do wetland vertical variou entre 1 e 10 UNT, resultando em uma turbidez média de 4,04 UNT, valor que representa 94% de remoção de turbidez. 120 Turbidez 100 80 Datos 60 40 20 0 Entrada Intermediário Saída Figura 2: Valores de turbidez da entrada, sistema intermediário e saída. Quanto maior o valor da turbidez maior será a quantidade de sólidos suspensos presentes nas águas cinza. Assim, como a turbidez diminuiu ao passar pelo tratamento, também, os sólidos suspensos (SST) diminuíram de acordo com a equação 1 com um fator de correlação (r 2 ) de 0,762. SST = 0,493xTurbidez + 4,151 equação (1) IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 A condutividade aumenta conforme atravessa o sistema de tratamento com uma condutividade inicial média de 243,44 µs.cm -1 e final de 384,03 µs.cm -1 provavelmente pela sequência dos elementos que constituem o substrato no qual a vegetação está fixada, bem como pela solubilização de substâncias associado ao processo biológico. A condutividade elétrica indica as quantidades de sais existentes na água. Houve uma grande variação de valores encontrados nas águas cinza utilizadas, com valores entre 95 e 370 µs.cm -1. Esta elevada variação também foi encontrada por Alexandre et al. (2011) devido a sujidade das roupas. A demanda química de oxigênio (DQO) diminuiu gradativamente (Figura 3). A entrada apresentou uma variação de 1.100 a 400 mg.l -1 com um valor médio na saída de 40,87 mg.l -1. Houve uma eficiência de remoção de DQO de aproximadamente 95%, a qual pode ser considerada relativamente alta para sistemas de tratamento de águas cinza. 1200 DQO 1000 800 Datos 600 400 200 0 Entrada Intermediário Saída Figura 3: Valores de DQO de entrada, intermediário e de saída. Para a variável cor aparente também houve redução com um valor médio na entrada de 309 UC e na saída de 19,67 UC. A eficiência de remoção de cor aparente foi de 94%. A cor aparente (CA) apresentou uma forte correlação com os sólidos dissolvidos, ou seja, quanto maior os valores de cor aparente das águas cinza, maior a concentração de sólidos dissolvidos (SDT). A equação 2 apresentou uma correlação (r 2 ) de 0,865. SDT = 1,064 x CA + 108,3 equação (2) Os sólidos apresentaram uma diminuição de forma geral. Os sólidos totais tiveram uma redução de 46%, já para os sólidos dissolvidos a redução foi de 59%. Os sólidos suspensos apresentaram uma redução de 83% e para os sólidos voláteis a redução foi de 89%. A maior eficiência de remoção encontrada foi para os sólidos voláteis, o que pode indicar uma remoção da carga biodegradável. Os sólidos dissolvidos no efluente final apresentaram valor médio de 114,67 mg.l -1, que pode ser enquadrado no padrão de potabilidade de água. CONCLUSÃO A partir das análises dos resultados obtidos pelo sistema de wetland com a utilização de um Wetland construído de fluxo subsuperficial horizontal seguido de um Wetland construído de fluxo vertical pode-se concluir que este sistema possui viabilidade técnica e econômica para utilização no reúso de águas cinza de sistemas residenciais e condominiais. A qualidade de água produzida permite o seu reúso na lavagem de pisos e nos sistemas hidráulicos de descarga sanitária com o uso de desinfecção simplificado, adição de hipoclorito de sódio. A eficiência de remoção dos parâmetros cor aparente, turbidez e DQO apresentaram eficiências médias maiores que 90%. Alguns destes parâmetros enquadraram-se nas normas de padrão de potabilidade. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DORNELAS, F. L. Avaliação do desempenho de wetlands horizontais subsuperficiais como pós-tratamento de efluentes de reatores UASB. 2008. 101f. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos.) - Escola de Engenharia da UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. 2. TEIXEIRA, P. C. Emprego da flotação por ar dissolvido no tratamento de efluentes de lavagem de veículos visando a reciclagem da água. 2003.199f. Dissertação (Mestrado em Concentração de Saneamento e Meio Ambiente) Comissão de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. 3. ALEXANDRE, E. C. F.; PEREIRA, A. V.; CASTRO, M. L. L.Caracterização e tratamento de águas cinza com fins não potáveis. Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduaçãoe Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Goiás, 2011. 4. BRASIL. Ministério da Sáude (2011). Portaria n 0 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 25 mar. 2014. 5. SILVA, S. M. Wetlands Construídos de fluxo vertical com meio suporte de solo natural modificado no tratamento de esgotos domésticos. 2007. 231f. Dissertação (Doutorado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos). Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia. 6. WEIS, J. S.; WEIS, P. Metal uptake, transport and release by wetland plants: implications for phytoremediation and restoration. Environ. Int, v.30, p. 685-700, 2004. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5