FALE Revista da ADPPUCRS Porto Alegre, nº. 5, p. 33-40, dez. 2004 Embraer 170: Decolagem para o Sucesso Análise do Estrangeirismo SIMONE SARMENTO 1 1 INTRODUÇÃO 1 A produção de conhecimento, ou seja, o desenvolvimento técnico-científico em um país influencia muito um (ou vários) sistema(s) lingüístico(s). Países desenvolvidos, com maior poder econômico e cultura mais influente, além de exportar tecnologias, exportarão também seus conceitos e, conseqüentemente, vocabulário referente às linguagens especializadas. Existe, assim, uma relação de poder socioeconômico e cultural entre línguas em contato, no caso deste trabalho, inglês e português. Hoffmann (1998) define linguagem especializada como: O conjunto de todos os recursos lingüísticos que são utilizados em um âmbito comunicativo, delimitado por uma especialidade, para garantir a compreensão entre as pessoas que nela trabalham. Esses recursos conformam, enquanto sublinguagem 2, uma parte do inventário total da língua. 1 Professora de inglês FALE/PUCRS- Mestre em Estudos da Linguagem/UFRGS 2 Conforme Hoffmann (1998) a sublinguagem é um recorte de elementos lingüísticos e de suas relações estabelecidas em textos de uma temática delimitada. A especialidade em foco é a aviação. Nesta área existe uma grande influência do inglês americano sobre o português brasileiro. Um dos motivos, como supracitado, deve-se ao maior poder econômico dos Estados Unidos em relação ao Brasil, ocasionando, segundo Marinotto (1995: 140), uma relação unidirecional vertical descendente, resultando em uma grande quantidade de termos 3 emprestados. É importante também levar em consideração que o inglês é uma das línguas oficiais da aviação (a língua portuguesa não é) reforçando, assim, a imposição do empréstimo entre as línguas. Ainda de acordo com o autor, a língua de especialidade da aviação é altamente padronizada e com tendência à universalidade, fazendo com que muitos termos da língua inglesa sejam adotados, nesta área, por quase todos os países. Quando se fala sobre a aviação no Brasil, é importante definir as áreas pertencentes a esse extenso setor. A primeira grande divisão é entre a aviação militar e a 3 Para efeito deste trabalho, será utilizada uma definição abrangente de termo. Conforme Maciel (2001:40): os termos são palavras técnicas, ou traços que saltam aos olhos do leitor que se depara com um texto técnico ou científico.
aviação civil. Conforme Marinotto (1995), a aviação civil se divide em duas grandes áreas com suas respectivas subáreas: (a) as atividades terrestres administração de aeroportos, manutenção de aeronaves, recepção de passageiros, entre outras- e (b) as atividades aéreas- executadas pelos aeronautas, serviço de bordo, navegação aérea, pilotagem, entre outras. Hoffmann (1988) sugere que as linguagens especializadas se desenvolvem no processo de divisão do trabalho, conseqüência das forças produtivas e dos processos de produção. Por conseguinte, encontram-se termos e características textuais distintas para cada subárea de atuação. Contudo, sem muito esforço, é possível perceber que existe uma característica comum às várias ramificações, que é a presença marcante de estrangeirismos, sobretudo da língua inglesa. Esses estrangeirismos ocorrem inclusive nas subáreas de atividades terrestres em que o contato entre especialistas e nãoespecialistas acontece com freqüência, como nos aeroportos (recepção de passageiros) e na área comercial (venda de passagens). Como exemplos pode-se citar: checkin (proceder ao embarque burocrático de um passageiro no vôo), no-show (quando um passageiro já confirmado não aparece para embarcar), go-show (quando um passageiro embarca em um vôo anterior a sua reserva), overbooking (quando uma empresa aérea efetua mais reservas de assentos do que a capacidade do avião, fazendo com que alguns passageiros não consigam embarcar), entre outros. Os termos supracitados não parecem possuir equivalente na língua portuguesa, contudo sua noção é geralmente entendida tanto pelos funcionários das empresas aéreas quanto pelos passageiros. Conforme Castillo (1997), o termo estranho a uma língua, ou seja, o neologismo 4 estrangeiro tem provocado uma grande preocupação e tem sido causa de várias polêmicas entre os lingüistas puristas. Muitos desses estudiosos resistem a duras penas principalmente à presença de anglicismos na língua portuguesa. Essa discussão, entretanto, está além do escopo deste trabalho, que é o de descrever o tratamento que os termos estrangeiros recebem em um texto endereçado a pilotos de avião. 2- EMBRAER 170: DECOLAGEM PARA O SUCESSO Antes de entrar no texto que será a- nalisado, cabe emitir umas breves palavras sobre o significado de texto. Definindo textos de uma forma geral, Crystal (1988:254) afirma que os textos são considerados unidades da língua com uma função comunicativa definível, caracterizada por princípios como coesão, coerência e informação. Para o autor, um texto pode se referir a material escrito ou falado. Além das características já assinaladas por Crystal (ibid), Hoffmann (1988) acrescenta, para os textos especializados, outras características, como intencionalidade, aceitabilidade, situcionalidade, e intertextualidade. O autor, seus objetivos de comunicação, a estratégia de comunicação e a expectativa quanto à reação do leitor são partes integrantes do texto. O texto intitulado Embraer 170: Decolagem para o sucesso foi publicado na AERO Magazine, revista especializada em aviação que, apesar de ter um público-alvo bastante específico, pode ser adquirida em bancas de revista. Enquetes informais entre diversos profissionais da área apontaram que a revista parece ter como principais leitores pilotos em fase de treinamento inicial, ou seja, pilotos que ainda não estão 4 Alves (1994) explica que neologismo refere-se ao processo de criação lexical, resultando em uma nova palavra/termo. O neologismo pode ser formado por mecanismos oriundos da própria língua ou provenientes de outros sistemas lingüísticos.
trabalhando, ou jovens que nem mesmo começaram o seu treinamento mas que objetivam tornar-se pilotos. O texto foi escrito por um piloto 5 que participou, como passageiro, de um dos vôos inaugurais da aeronave. Classificado pela revista como Ensaio de vôo, consiste na descrição e apreciação de um avião em teste a partir da ótica de um piloto que é convidado a realizar um vôo juntamente com o piloto de provas do fabricante, neste caso a Embraer. Uma das características do texto é a linguagem informal e próxima do leitor, com a utilização da primeira pessoa do singular como sujeito de várias frases, assim como elementos lingüísticos que demonstram a opinião do autor do texto a respeito da aeronave: (1) Eu iria participar do Programa MMI (Man Machine Interface) do novíssimo jato que a empresa vinha desenvolvendo desde agosto de 1999: o Embraer 170. (2) As posições de comando e o jumpseat são mais confortáveis do que as do Boeing 737, por exemplo. (3) Gostei do espaço interno da cabine de comando e de passageiros. A terminologia é bastante marcada. Conforme Ciapuscio (2000:63), Esta terminologia não recebe tratamento reformulativo uma vez que se pressupõe sua compreensão pelos pares. Uma das características marcantes é a ampla presença de termos em inglês sem incorporações ortográficas, mantendo o termo exatamente como na sua língua de origem. Cabe ressaltar que o texto trata de um avião fabricado no Brasil, portanto, nesse caso, está-se falando de uma tecnologia nacional, embora, como acima citado, o grande exportador de tec- 5 O texto não apresenta maiores informações a respeito do autor, como, por exemplo, escolaridade, tipo de vínculo que mantém com a revista, experiência profissional, etc. nologias relacionadas à aviação seja os Estados Unidos. A revista apresenta, na penúltima página de cada edição, uma seção intitulada glossário, com o subtítulo Expressões e Termos Técnicos Citados Nesta Edição. Esses termos, siglas 6 e expressões foram classificados em dois grupos: (a) Ensaio em vôo- Embraer 170 e (b) Segurança- Helicóptero e Mau Tempo. Através de uma breve leitura, foi possível perceber que nem todos os anglicismos estavam definidos nesse glossário. De um total de 60 unidades lexicais emprestadas, sendo 16 siglas e 44 termos, apenas 25 foram definidas. O glossário apresenta também termos em português. É importante ressaltar que alguns termos e siglas estavam explicados no próprio texto, outros, entretanto, não receberam qualquer definição. Na tentativa de verificar se existe um critério de inclusão de termos nos glossários da revista quanto ao grau de dificuldade imposto ao público leitor, foi realizada uma breve pesquisa com 36 alunos do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC. Os termos estrangeiros foram retirados do texto (anexo) para elaboração do instrumento de coleta de dados. Esse instrumento consistiu em uma espécie de questionário com os termos estrangeiros fora de contexto 7, e aos alunos foi pedido que os traduzissem ou explicassem. Termos bastante comuns para esses alunos como, por exemplo, flape, ailerons e autobrake que 100% dos respondentes souberam definir, estão presentes no glossário. Por outro lado, alguns termos como altitude tape, conhecido por apenas 4 alunos (11%) e a sigla CNS/ATM conhecida por 6 (16%) não apresentavam qualquer definição. Essa sigla 6 Neste trabalho se faz uma diferenciação entre termo e sigla apenas para fins de análise. 7 Os termos foram colocados de forma descontextualizada para que os alunos expressassem quais eram os elementos que eles conheciam a priori. Não compactuo com a opinião de que o aluno deva conhecer o termo fora de seu contexto.
não veio acompanhada de seu sintagma em nenhum momento do texto (vide seção 3.2). Em alguns casos, houve uma dupla explicação para uma sigla entendida por 100% dos alunos: ILS (Instrument Landing System). Além de vir acompanhada do sintagma no texto, ela foi ainda definida no glossário como Sistema de pouso por instrumentos formado pelo Glide Slope, que emite sinais indicativos da rampa de aproximação e o Localizer (LOC), que indica o eixo da pista; ILS CAT I sistema de ILS que permite aproximações por instrumentos até 800 metros da cabeceira a uma altura de 60 metros. Mesmo em uma análise detalhada das definições dadas pelos alunos a todas as siglas e termos, foi possível concluir que, à primeira vista, não parece haver um critério de inclusão de termos quanto ao respectivo grau de dificuldade de entendimento tido pelo leitor. Uma análise mais criteriosa seria necessária para poder verificar o critério de inclusão de termos apresentado no glossário pela revista. 3- ANÁLISE DOS ESTRANGEIRISMOS A neologia por empréstimo apresenta-se em diferentes níveis. No texto em questão, nota-se a presença de siglas, substantivos e adjetivos. A seguir é feita a análise qualitativa dos termos e siglas (emprestadas do inglês) encontradas no texto. Foram considerados estrangeirismos os termos tratados graficamente com o uso de itálico, assim como termos que já obtiveram uma incorporação ortográfica à língua portuguesa. Os casos foram classificados de acordo com: presença da tradução/ definição, incorporação ortográfica, classe gramatical, concordância de gênero e número. Como o objetivo do trabalho é realizar uma análise qualitativa, é apresentada pelo menos uma ocorrência de cada tipo. 3.1-Termos Emprestados Em muitos casos, os termos emprestados são acompanhados da sua tradução (Alves, 2001:66), estabelecendo-se uma concorrência entre os dois elementos. A tradução geralmente aparece quando o termo é introduzido no texto pela primeira vez: (4) Os bins (compartimentos para bagagem de mão) e também o espaço abaixo das poltronas acomodam uma mala de 20X40X60 centímetros. (5) A fuselagem segue o princípio double bubble (duas bolhas). Num corte transversal seu desenho lembra a junção de duas semi-circun-ferências, o que melhora tanto o espaço para passageiros quanto para a carga. Em outros momentos a unidade léxica é seguida por uma definição do seu significado: (6) Os trens de pouso têm freios de carbono acionados pelo sistema brakeby-wire e contam com shimmy dumper, dispositivo que reduz as vibrações durante a frenagem. (7) Atualmente o avião está certificado para decolar com flape 4, mas até a homologação definitiva estará autorizado para decolagens com flape 2, muito útil em subidas iniciais do tipo improved climb- decolagem em pistas grandes mas com limitação no segmento de aceleração. A alternância em que por vezes se emprega o termo em inglês e em outros momentos em português foi observada no seguinte exemplo: (8) O cockpit é maior que o do Boeing 737. (9) A preparação da cabine é muito rápida.
A seguir, observa-se uma incorporação ortográfica do termo ao sistema português. Todavia, essa forma concorre com o elemento grafado de acordo com a língua inglesa (Alves, 1994: 77): (10) Elas variam de acordo com o flape selecionado: flapes nas posições 1 a 3,5, slats a meio curso; na posição 4 a full flap, slats totalmente estendidos. Os neologismos por empréstimos recebidos pela língua portuguesa, em geral, mantêm a classe gramatical da língua de que provêm: (11) São dois banheiros- um na frente da aeronave e outro junto às portas traseiras-, uma galley traseira e outra dianteira, com uma estação de comissários em cada uma delas. (12) As asas possuem slats com duas posições. Entretanto, por vezes, se modificam, desempenhando outras funções, como a- contece com o sintagma dark cockpit que passa a assumir uma função adjetival: (13) O painel segue o princípio dark cockpit e apresenta cinco telas de cristal líquido da linha Honeywell Epic. O mesmo acontece com o sintagma nominal improved climb: (14) Atualmente o avião está certificado para decolar com flape 4, mas até a homologação definitiva estará autorizado para decolagens com flape 2, muito útil em subidas iniciais do tipo improved climb- decolagem em pistas grandes mas com limitação no segmento de aceleração. Como o idioma inglês não possui flexão de gênero, nota-se muitas vezes que o item lexical adota, não marcado na língua portuguesa, o gênero masculino: (15) Avião configurado e com a devida autorização da torre, acionamos os motores. Para tanto, basta colocar o switch na posição start e depois deixar em on. Muitas vezes essa flexão vem de encontro à equivalência em português, como é o caso de cockpit=cabine: (16) O cockpit é bem espaçoso. Em certos casos, a unidade léxica emprestada segue a flexão de gênero do equivalente em português. Por exemplo galley=cozinha: (17) São dois banheiros- um na frente da aeronave e outro junto às portas traseiras-, uma galley traseira e outra dianteira, com uma estação de comissários em cada uma delas. Com referência aos termos estrangeiros encontrados nesse texto, parece haver uma equiparação na flexão em número em ambos os idiomas, uma vez que o plural não marcado, tanto em português quanto em inglês, ocorre com o acréscimo da letras no final da palavra. Dessa forma não é possível determinar a qual padrão seguem, vide exemplo abaixo: (18) Com exceção dos ailerons, os comandos do tipo fly-by-wire não impõem qualquer restrição de manobra e apresentam tensão constante, que não varia conforme a velocidade ou configuração. 3.2- Siglas Siglas e acrônimos são bastante observados nas áreas de especialidade (Alves, 2001), e resultam da lei da economia discursiva, tornando o sintagma mais simples e eficaz durante a comunicação. Conforme a autora, siglas são formadas pelas letras iniciais de um sintagma, enquanto acrônimos são termos formados
pela redução do sintagma sob forma de sílabas, geralmente as iniciais, as quais são pronunciadas como uma palavra autônoma (2001:63). Ou seja, a diferença na estrutura fonética é a maior e mais importante diferença entre essas duas unidades léxicas. A estrutura fonética da sigla é muito específica e mais difícil de ser incorporada no sistema fonológico de uma língua. De acordo com Toncheva (1995:10), the initial abbreviations are trying hard to become acronyms. Recentemente, abreviações como um fenômeno lingüístico tornaram-se um fenômeno abundante e representam os esforços de uma língua de quebrar algumas normas lingüísticas ao mesmo tempo que estimulam o desenvolvimento dessa mesma língua. De acordo com os dados do texto, é ainda possível classificar um terceiro tipo de abreviação, que combina características das siglas com características dos acrônimos. São formações com as letras iniciais de um sintagma, mas que, muitas vezes devido à inclusão de vogais, são pronunciadas, em português, como palavras autônomas. Como exemplo desse terceiro tipo de formação, há RAT: (19) A RAT é uma espécie de cata-vento gerador. De um total de 16 siglas, não foram detectados acrônimos puros, somente siglas e construções do terceiro tipo. É importante ressaltar que todas as formas analisadas são resultantes de empréstimo da língua inglesa: Total = 16! Siglas- 12! Siglas + Acrônimos = 4 Como a função do item léxico é permitir uma economia no ato da comunicação, este papel somente será exercido se a sigla for entendida pelos receptores. Dessa forma, quando a sigla é empregada pela primeira vez em um texto, é geralmente acompanhada de todo o sintagma a que corresponde, entre parênteses: (20) Eu iria participar do programa MMI (Man Machine Interface) do novíssimo jato que a empresa vinha desenvolvendo desde agosto de 1999: o Embraer 170. Após, começa a ser utilizado sem o sintagma: (21) Fico feliz em constatar que várias das sugestões incorporadas ao 170 saíram do programa MMI. Em alguns casos, quando o escritor toma por pressuposto que os leitores não necessitam do sintagma para decodificar a sigla, ela aparece independente desde a sua primeira ocorrência. Na pesquisa realizada com os 36 alunos do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC, 100 % souberam o significado de FL: (22) Realizadas as manobras, seguimos para o FL390, com razão média de subida de 2 500 pés por minuto, mantendo Mach.75. Por outro lado, em outros casos em que a sigla aparece independente, sem qualquer explicação no texto ou no glossário, apenas um dos alunos conhecia a sigla classificada, neste trabalho, como do terceiro tipo (sigla + acrônimo): (23) Conta também com Acars para a comunicação dos dados. Segundo Crane (1997), Acars é a sigla do sintagma aircraft communication addressing and reporting system. Dessa forma, a conjunção and não faz parte da sigla. Esse foi o único exemplo de tal ocorrência encontrado entre as 16 siglas do texto. Na língua portuguesa, as formações por siglas flexionam quanto ao gênero, que segue em geral o do primeiro elemento do sintagma, geralmente um substantivo. Tratando-se de sintagmas da língua inglesa,
observa-se uma situação inversa, como em um sintagma ocorrem primeiramente os adjetivos e depois o substantivo, a flexão tende a concordar com o equivalente em português do último elemento do sintagma, (engine=motor, turbine=turbina) como pode ser verificado nos exemplos (24) e (25): (24) O Eicas (Engine Indication Crew Alerting System) se localiza no centro do painel e fornece dados principais de motor, combustível pressão de óleo, vibração, trem de pouso, APU, pressurização, compensadores e as mensagens de aviso e de anormalidade. (25) O compartimento da RAT (Ram Air Turbine) fica no lado direito do nariz. Em outros casos, a flexão de gênero parece seguir o gênero masculino por ser esse o não marcado na língua portuguesa. O sintagma do APU (que não aparece no texto) é Auxiliary Power Unit, no caso, unit= unidade, caso o modelo dos exemplos (21) e (22) tivesse sido seguido, o artigo feminino deveria preceder a sigla APU, entretanto, não é o que ocorre: (26) O sistema de descarga do APU (abaixo) e os grades winglets são a marca registrada do 170. Como todas as siglas no texto aparecem no singular, não foi possível observar características da flexão de número. 4-CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme as informações apresentadas neste trabalho, nota-se a ampla presença de estrangeirismos convivendo com um texto que tem por base a língua portuguesa. Por ser um elemento estrangeiro, portanto externo ao vernáculo da língua portuguesa, não há uma padronização com relação ao seu uso. Não foram encontradas regras de uso claras quanto à flexão do gênero, ora usando o gênero não-marcado, ora concordando com o equivalente em português. Quanto à flexão de número, não foi possível definir qual o padrão utilizado, provavelmente devido ao pequeno tamanho da amostra. Provavelmente, ao incluir mais textos do mesmo tipo, haveria mais possibilidades de análise a esse respeito. Um estudo mais abrangente e detalhado se faz necessário para a obtenção de conclusões mais significativas a respeito do uso de estrangeirismo na linguagem dos pilotos. Entretanto, espero que este estudo piloto sirva para mostrar alguns caminhos a serem seguidos. 5-REFERÊNCIAS ALVES, Ieda Maria. (1994). Neologismo, Criação Lexical. São Paulo: Ática, 1994. ALVES, Ieda Maria (2001). Terminologia e neologia. São Paulo: Humanitas, FFLCH/USP. CASTILLO, Rodolfo Alpízar. (1997). Como hacer un diccionario científico técnico. Buenos Aires: Memphis.. CIAPUSCIO, Guiomar. (2000). La terminologia desde el punto de vista textual. Organon, Porto Alegre: Editora da UFRGS n. 26, p.43-65. CRANE, Dale. (1997). Dictionary of aeronautical terms. Washington: Aviation Supplies & Academics, Inc. CRYSTAL, David. (1988).Dicionário de lingüística e fonética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. HOFFMAN, L (1988) Grundbegriffe der Fachsprachenlinguistik [ Conceitos básicos da lingüística das linguagens especializadas]. In: Germanistiches Jahrbuch für Nordeuropa, Siebente Folge. Helsinki, Estocolm. P.9-16. Deutsche Fachsprachen in Forschung und Lehre. MACIEL, Ana Maria Becker (2001). Terminologia, linguagem de especialidade e dicionários. In: KRIEGER, Maria da Graça & MACIEL, Ana Maria Becker, Temas de Terminologia. Porto Alegre: UFRGS, São Paulo: Humanitas, FFLCH/USP.
MARINOTTO, Demóstene. (1995). Para a elaboração de um vocabulário especializado bilingüe (inglês/português) da linguagem de aviação: manutenção de aeronaves, controle de tráfego aéreo e operações aéreas. Tese de doutorado. São Paulo: USP. MARINNOTO, Demóstene. (-). Os fatores oikonopikóz e sojía em terminologia comparada. Revista da Faculdade de Educação São Luís. TONCHEVA, Kitka, T. (1995). Acronyms- An active form of word formation in aviation literature and terminology. Newsletter of the International Aviation English Association. Paris: IAEA. Anexo Semestre/Nível O que querem dizer essas siglas: traduzir e/ou explicar Siglas "Acars "APU "CCD (Cursor Control Device) "CNS/ATM. "Eicas (Engine Indication Crew Alerting System) "Fadec (Full Authorit Digital Engine Control) "FL "FMS (Flight Management System) "GE CF34-8E "HSI " ILS (Instrument Landing System) " MCDU (Multi Control Display Unit) " MFD (Multi Function Display) "MMI (Man Machine Interface) "PFD (Primary Function Display) "RAT (Ram Air Turbine) "RNP (Required Navigation Performance) Unidades Lexicais "ailerons "altitude tape "autobrake "Autopilot "Autothrottle "bins "bleeds "brake-by-wire "briefing "cockpit "cross bar "dark cockpit "flape "double bubble "flight director "fly-by-wire "full flap "galley "go-around " guidance cue "head-up display "Honeywell Epic "improved climb "jump seat "long range "looping "Mach " posição on "Paris Air Show "notebooks "payload " pitot "recirculation fan "shimmy dumper "slats "speed brake "speed tape "stand-by "standard "posição start "steering "switch "Thunderbolt II A-10 "touch pad "û"v bar "vertical speed "winglets