Parque Eólico do Outeiro



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Transcrição:

Parque Eólico do Outeiro ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL Resumo Não Técnico Julho de 2002

1. Em que consiste o Resumo Não Técnico? Este Resumo Não Técnico é um volume independente que integra o Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro. Destina-se, como o nome indica, a ser um documento de grande divulgação, escrito em linguagem acessível a todos. Por isso, caso pretenda obter informações mais aprofundadas sobre os efeitos que o projecto vai ter sobre o Ambiente, deve consultar o Estudo de Impacte Ambiental, que está disponível nas Câmaras Municipais de Mondim de Basto e Vila Real, na Direcção Regional de Ambiente e Ordenamento do Território do Norte (DRAOT Norte), no Porto, e no Instituto do Ambiente, em Lisboa. Apesar do Estudo de Impacte Ambiental ser um documento técnico, nas duas últimas entidades mencionadas (com excepção das Câmaras Municipais), poderá obter esclarecimentos, uma vez que existem técnicos disponíveis para o fazerem. 2. O que é o Projecto do Parque Eólico do Outeiro? O Parque Eólico do Outeiro consistirá na instalação de 15 aerogeradores de última geração, com potência unitária de 2 000 kw, num total de 30 000 kw. Os aerogeradores serão servidos por uma subestação / edifício de comando que terá a função de albergar todos os dispositivos de comando e protecção, de alimentação interna e, simultaneamente, servir de interface entre o centro produtor e a rede eléctrica nacional a uma tensão de 60 kv. A ligação à rede será efectuada em Felgueiras. Na Figura 1 apresenta-se uma fotografia dos aerogeradores a instalar neste parque eólico. Como se pode observar, estes equipamentos são constituídos por uma torre cónica em aço (que vai afunilando em altura), com 65 m de altura. Os aerogeradores possuem um rotor (motor com movimento giratório) com três pás. As pás descrevem um círculo com um diâmetro de 70 m. Estes equipamentos permitem recuperar e transformar a energia do vento em energia eléctrica, que será fornecida à Rede Eléctrica Nacional para consumo. O Projecto exige a instalação dos seguintes elementos, a nível de equipamentos e instalações eléctricas: Aerogeradores; Rede de média tensão, que ligará os aerogeradores no interior do Parque e que será instalada em vala, ficando enterrada; Subestação e edifício de comando (no mesmo edifício); Rede de terras. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 1/12

Figura 1 Exemplo de aerogeradores a instalar no Parque Eólico do Outeiro. Os aerogeradores actuais são fabricados com um cuidado especial, para não produzirem muito ruído e para reduzirem, o mais possível, os efeitos na paisagem, a par da necessidade de garantirem um rendimento elevado na transformação da energia do vento em energia eléctrica. A Figura 2 apresenta uma paisagem com aerogeradores em zonas montanhosas frequentemente enevoadas, como é o caso do Parque Eólico do Outeiro. Figura 2 Aerogeradores em Vila Lobos Lamego. Esta imagem permite observar como as condições climatéricas adversas que se verificam nestas zonas ajudam a disfarçar visualmente os aerogeradores, tornando-os, por vezes, difíceis de identificar a maiores distâncias. Mesmo tendo em conta o esforço já desenvolvido para criar equipamentos mais elegantes, as condições meteorológicas que se verificam nestas áreas também ajudarão a reduzir os efeitos visuais na paisagem. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 2/12

Os trabalhos de construção civil deste projecto compreendem: Acesso principal ao Parque; Acessos aos aerogeradores a partir do acesso principal; Maciços e plataformas dos aerogeradores; Subestação, edifício de comando; Valas para instalação da rede de cabos de média tensão; Recomposição do terreno e coberto vegetal (recuperação paisagística) nos locais que tenham sido afectados pelos trabalhos. Sempre que possível, os acessos resultarão da melhoria dos existentes, sendo apenas abertos os caminhos de acesso directo aos aerogeradores no interior do parque. Todos estes caminhos possuirão uma cobertura em tout-venant (mistura de areia e brita, devidamente compactada), o que permitirá que as águas da chuva se infiltrem, evitando efeitos graves a nível da alimentação das águas subterrâneas (ver Figura 3.). Ao longo dos caminhos haverá uma vala de drenagem para as águas de escorrência, de modo a evitar efeitos de erosão nos terrenos envolventes. Figura 3. Exemplo de como serão melhorados os caminhos florestais existentes. 3. Onde se localiza o Parque Eólico do Outeiro? O Parque Eólico do Outeiro localiza-se nos concelhos de Vila Real e de Mondim de Basto, respectivamente, nas freguesias de Vila Cova e de Ermelo, respectivamente, a cerca de 1,5 km do lugar de Vila Cova (ver Figura 4). Este parque localiza-se na Serra do Alvão, numa área com interesse para a conservação da Natureza (Rede Natura 2000). Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 3/12

å Legenda 1- ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO PARQUE EÓLICO DO OUTEIRO Resumo Não Técnico Aerogerador Acesso principal Acesso interno Subestação / Edifício de Comando Escala 1:25 000 Figura 4 - Localização do Parque Eólico do Outeiro e respectivos acessos. Data: Julho 2002

4. Foram estudadas alternativas de localização ou do projecto? Um Parque Eólico dificilmente tem alternativas de localização porque há um interesse particular, por parte do proponente, em aproveitar o recurso eólico (energia do vento) de um determinado local. Contudo, foram estudadas alternativas de localização dos aerogeradores, dos respectivos caminhos de acesso e dos locais possíveis para o edifício de comando/subestação e para o estaleiro (para suporte da fase de obra), no sentido de respeitar, integralmente, os pedidos do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), tendo em vista conseguir chegar à solução que consegue conciliar o mais possível os interesses de defender os recursos naturais (como é o caso da flora/vegetação/habitats nesta área da Rede Natura 2000) e patrimoniais, e, a utilização economicamente viável da energia do vento. A solução considerada como a mais adequada, porque melhor respeita os objectivos de conservação da natureza, é a que se apresenta na Figura 5, na página seguinte. 5. Porquê a energia eólica? Que vantagens traz? A energia eólica é uma fonte de energia renovável e não gera emissões de gases poluentes, sendo explorável em diversas regiões do nosso país que foram estudadas pelo facto de terem ventos mais fortes e regulares que permitem um aproveitamento mais equilibrado deste recurso renovável. A utilização da energia eólica para a produção de electricidade, em escala industrial, teve início há cerca de 30 anos e, com base nos conhecimentos da indústria aeronáutica, os aerogeradores evoluíram rapidamente, sendo actualmente produtos de alta tecnologia. No início da década de 70, com a crise mundial do petróleo, houve um grande interesse dos países europeus e dos Estados Unidos em desenvolver equipamentos para produção de electricidade que ajudassem a diminuir a dependência do petróleo e carvão. A utilização da energia eólica para a produção de electricidade, em escala industrial, teve início nessa altura e, com base nos conhecimentos da indústria aeronáutica, os aerogeradores evoluíram rapidamente, sendo actualmente produtos de alta tecnologia. O desenvolvimento da energia eólica foi, ainda, acelerado após a Conferência Internacional que se realizou em Kyoto (Japão), em 1997, porque os países se comprometeram a reduzir as emissões de gases causadores do efeito de estufa, que originam alterações climáticas a nível mundial, podendo pagar, no futuro, multas pesadas se não o fizerem. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 5/12

A União Europeia estabeleceu como meta para 2005, que a contribuição das Fontes de Energia Renováveis aumentasse dos actuais 4% para 8% do total de consumo energético. Assim, a energia eólica, poderá representar um papel relevante no cumprimento deste objectivo, uma vez que a sua indústria se propõe instalar uma capacidade de 40 000 MW até 2010, fornecendo electricidade a, aproximadamente, 50 milhões de pessoas. Assim, a potência total instalada de energia eólica no espaço da União Europeia tem vindo a conhecer um grande crescimento, que se pode estimar em cerca de 40% ao ano, entre 1993 e 1999. Aliás, apenas neste último ano foram instalados 3150 MW, de um total em funcionamento de mais de 9500 MW. Em Portugal vive-se, ainda, numa situação de grande dependência internacional, no que diz respeito ao abastecimento de energia, uma vez que não são conhecidas reservas importantes e economicamente exploráveis de qualquer tipo de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo). Assim, a energia eólica surge como uma forma de energia renovável com grandes potencialidades no nosso país, sendo explorada, pelo menos, desde o século XV, através dos moinhos de vento, utilizados para moagem de cereais (Figura 6). Outro exemplo da forte tradição portuguesa na utilização do vento como fonte de energia tem a ver com a navegação marítima. Figura 6 Moinho de vento tradicional. O primeiro Parque Eólico em Portugal foi instalado nos Açores em 1989 e, até 1996, apenas as ilhas da Madeira e dos Açores foram exploradas, com a excepção de um pequeno projecto de 1,8 MW perto de Sines, o primeiro construído em Portugal Continental, em 1992. Entretanto, tem-se assistido a um enorme crescimento da exploração desta forma de energia, sendo que em Janeiro de 2002 havia 243 aerogeradores instalados em Portugal (estando em construção mais 33), perfazendo uma potência total de 125 MW. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 7/12

Para além de reduzir a dependência energética do país e a emissão de gases causadores do efeito de estufa, a exploração da energia eólica cria postos de trabalho e dinamiza actividades económicas diversas, incluindo, entre outros, a produção de equipamento, a elaboração dos projectos de engenharia, a comercialização dos sistemas e a sua instalação. Além disso, a energia eólica é um processo eficiente de produção de electricidade para redução das quebras de tensão na Rede e permite que os terrenos ocupados sejam utilizados para outras actividades simultaneamente. Este parque eólico, em particular, vai produzir oito vezes mais energia, durante um ano, do que a que é consumida no concelho de Mondim de Basto, no mesmo período, com base nos consumos totais desse concelho do ano 2000, incluindo consumos domésticos, públicos e todos os sectores da actividade económica. Além disso, o Parque Eólico do Outeiro permitirá que, ao longo de 20 anos, não sejam emitidas para a atmosfera cerca de 67 mil toneladas de dióxido de carbono (CO 2 ), que é um gás que provoca o efeito do estufa e o aquecimento global. 6. Porquê um Estudo de Impacte Ambiental? Para que serve? Realizou-se um Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para analisar os efeitos directos e indirectos (impactes) do Projecto no ambiente, para identificar e avaliar os efeitos positivos e negativos, em cumprimento da legislação ambiental aplicável. A compreensão destes efeitos ajuda a implementar o projecto de forma a que o parque respeite os valores ambientais locais importantes, a par da sua valiosa contribuição para reduzir os efeitos que alteram o clima do planeta. O estudo foi realizado no período compreendido entre Novembro de 2000 e Fevereiro de 2001 ao abrigo dos diplomas legais então em vigor e foi agora reformulado, depois de boa obtenção do ponto de ligação à rede eléctrica de distribuição, por forma a cumprir com todos os requisitos legais actuais. Por outro lado, os aerogeradores sofreram alguns reajustamentos na sua localização para melhor utilização / beneficiação do vento no local. O Estudo de Impacte Ambiental analisou aspectos como: Clima; Geologia, Geomorfologia e Hidrogeologia; Recursos Hídricos de Superfície; Solos; Ecologia; Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 8/12

Uso do Solo e Ordenamento do Território; Ambiente Sonoro; Paisagem; Património; Sócio-Economia; dos quais a Ecologia, a Paisagem, o Uso dos Solos e o Ordenamento do Território, bem como o Património mereceram uma análise mais cuidada, dado o tipo de projecto e as características gerais do local onde será construído o Parque Eólico. Assim, o Clima foi estudado para se poder realizar uma análise mais completa noutros domínios, como por exemplo o Ambiente Sonoro, e a Geomorfologia foi um auxiliar importante da componente Paisagem. A análise do Ambiente Sonoro foi, também, muito desenvolvida. Para análise dos aspectos de Ecologia, Paisagem, Uso dos Solos, Ambiente Sonoro, Geologia, Património e Sócio-Economia foram realizadas visitas ao local para trabalho de campo, nos meses de Dezembro e Janeiro. No caso concreto da Ecologia, foi ainda realizada uma visita em Fevereiro, para verificação de alguns aspectos. 7. Que efeitos (impactes) poderá o projecto provocar no Ambiente? Os principais efeitos sobre o ambiente que se poderão verificar pela implementação do projecto serão, sobretudo, a nível da ecologia (vegetação, flora e fauna), da paisagem e da sócioeconomia, embora tal não signifique que sejam efeitos necessariamente elevados. Os efeitos sobre a vegetação serão, principalmente, decorrentes das obras de instalação dos aerogeradores e respectivos acessos e, embora prejudiciais, serão pouco extensos, temporários e, na maioria, reversíveis em pouco tempo. Como está prevista a devolução dos terrenos no fim dos dois períodos do contrato estabelecido com as Juntas de Freguesia e Conselhos Directivos dos Baldios, com o desmantelamento do parque eólico, os efeitos sofridos serão recuperados. O parque eólico, quando estiver a funcionar, pode ser fonte de curiosidade e haver visitantes, que podem, por falta de civismo, rejeitar diversos dejectos e aumentar o risco de incêndio. Contudo, e principalmente quando houver trabalhos de manutenção, a presença periódica dos trabalhadores pode contribuir para reduzir estes riscos de incêndio que sempre acompanha alguns descuidos humanos. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 9/12

Os efeitos mais importantes sobre a vegetação, durante a construção da linha de transporte de energia, têm a ver com a movimentação de maquinaria pesada e com os movimentos de terra para instalação dos suportes da linha. Na fase de construção do parque eólico e da linha de transporte de energia, os efeitos sobre os mamíferos serão reduzidos, tal como acontece para as aves, desde que sejam tomadas as medidas que permitam a recuperação dos habitats. Quando os aerogeradores estiverem a funcionar, poderão verificar-se alguns efeitos sobre as aves, sobretudo porque estas tendem a evitar a área. Os estudos de observação da morte de aves por choque com as pás dos aerogeradores têm demonstrado que há menos mortes do que se pensava devido a esta causa. Este projecto não tem efeitos importantes sobre o Uso dos Solos e o Ordenamento do Território, porque serão executadas acções no sentido de garantir que há uma compatibilização dos usos actuais (como o pastoreio) com o aproveitamento de energia do vento, entre outros aspectos de conservação de natureza. Por outro lado, quando os Planos Directores Municipais (PDM) dos concelhos de Mondim de Basto e Vila Real forem revistos, esta área será marcada com Parque Eólico nas cartas de ordenamento dos PDM. Para reduzir os efeitos da melhoria dos caminhos de acesso, estes serão revestidos com tout-venant (material permeável que é uma mistura de areia e brita compactada). Apenas serão abertos novos caminhos para acesso directo aos aerogeradores, sendo revestidos do mesmo material e possuindo drenagem para as águas da chuva. Em relação à Paisagem, os efeitos esperados são mais reduzidos do que se pensava inicialmente, porque há poucos observadores, estão geralmente muito afastados e verifica-se a presença frequente de nevoeiros. Estes dificultam, ou mesmo impedem, que se possa ver o parque eólico das áreas vizinhas, sendo verdade que nesta área se verificam más condições climatéricas durante parte significativa do ano. O ruído produzido durante a fase de construção e quando os aerogeradores estiverem a funcionar encontra-se abaixo dos limites da legislação nacional aplicável sobre esta matéria. Assim, constatou-se que, afinal, o ruído provocado por estes parques (com equipamentos modernos) é muito reduzido. Quanto ao Património, com base nas visitas ao local e no trabalho de campo, não se identificaram situações críticas, do ponto de vista dos efeitos deste projecto sobre o Património, nomeadamente no que respeita à Arqueologia. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 10/12

Em relação à sócio-economia, apesar de não serem criados postos de trabalho com a construção do parque eólico, - porque os trabalhadores a utilizar nesta fase são mão-de-obra especializada que é trazida pela empresa proponente -, vai haver uma dinamização económica nas localidades próximas e na região, uma vez que se verificará um aumento do comércio local de materiais de construção, sobretudo em Vila Real e Mondim de Basto, bem como do sector da restauração nas localidades mais próximas. A energia produzida no parque eólico poderá equilibrar eventuais quebras de tensão na rede, o que é positivo para as populações. Como os aerogeradores estão equipados com pára-raios, é previsível um direccionamento das descargas eléctricas das trovoadas, desviando-as das localidades mais próximas. É, ainda, importante referir os benefícios económicos para as Juntas de Freguesia de Vila Cova e de Ermelo que serão totalmente aplicados nas freguesias, permitindo a recuperação de muros, caminhos e pavimentos. É por estas razões que foi possível verificar, aquando da realização do Estudo, que as populações locais vêem com bons olhos estes projectos. 8. Que medidas se prevêem para garantir que o Projecto funciona sempre bem em termos ambientais? Para garantir que o projecto funcionará bem em termos ambientais foram previstas algumas medidas. Primeiro, foram consideradas medidas e acções que poderão contribuir para reduzir os efeitos negativos identificados, às quais se chama medidas minimizadoras. Algumas delas já estão previstas pelo proponente, como é o caso dos acessos a melhorar ou a construir (no caso do acesso directo aos aerogeradores), serem apenas revestidos com toutvenant (permeável), em vez de serem asfaltados. Além disso, possuem valas de drenagem e, se for necessário, serão verificadas as passagens de água que os caminhos actuais cortam, para ver se funcionarão sempre bem. A tecnologia dos próprios aerogeradores tem evoluído para os tornar equipamentos mais silenciosos e mais elegantes, por forma a reduzir os efeitos visuais. Outras medidas referem-se, essencialmente, a adoptar boas práticas e a assegurar um acompanhamento ambiental nas fases de construção e de exploração, neste caso, nos primeiros anos, de modo a reduzir os efeitos de destruição da vegetação, abandono de resíduos, descuidos que possam provocar incêndios, entre outros aspectos. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 11/12

Por outro lado, para garantir que o projecto funcionará sempre bem em termos ambientais foram previstos, aquando do início de funcionamento do Parque Eólico, inventários para estudar os efeitos do Parque Eólico sobre a vegetação e sobre os animais, principalmente sobre as aves. Estes inventários e censos vão realizar-se nos três anos seguintes à instalação do parque e vão incluir levantamentos anuais da vegetação, contagem dos animais na época de reprodução (Março a Junho) e visitas mensais para verificar se houve morte de aves e morcegos, que possam ter sido vítimas de colisão com os aerogeradores. A estes programas, que serão desenvolvidos com uma frequência própria, chama-se monitorização do Projecto. Os resultados obtidos, devidamente registados e tratados, serão, depois, avaliados pelo Ministério das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente (MCOTA). A este acompanhamento por parte do MCOTA chama-se fase de pós-avaliação do Projecto, conforme está previsto na legislação ambiental aplicável, sendo uma forma de garantir que o projecto está bem enquadrado em termos ambientais. Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico do Outeiro 12/12