A atuação do Ministério Público, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, está nos artigos 200 ao 205.



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Transcrição:

Crimes e infrações administrativas O Ministério Público A atuação do Ministério Público, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, está nos artigos 200 ao 205. A competência para atuação do Ministério Público está elencada de forma pormenorizada no artigo 201 1 do Estatuto, salientando-se, pois é de fundamental importância, que a participação do Ministério Público, mesmo nos processos e procedimentos em que não for parte, será sempre obrigatória quando se tratar de defesa de direitos de crianças e adolescentes. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta nulidade ao feito, podendo ser decretada de ofício pelo juiz ou por requerimento de qualquer interessado. O advogado Os artigos 206 e 207 do Estatuto sob exame estabelecem a necessidade da presença de um advogado para a garantia do direito fundamental de acesso à justiça, de crianças e adolescentes. A proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos das crianças e adolescentes Na seara da proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos das crianças e adolescentes, os 1 Assim, prevê o artigo 201, do Estatuto da Criança e do Adolescente, o seguinte: Art. 201. Compete ao Ministério Público: I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes; III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, 3º inciso II, da Constituição Federal; VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los: a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar; b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias; c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas; VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas; XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições. 1.º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei. 2.º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público. 3.º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente. 4.º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. 5.º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Público: a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente procedimento, sob sua presidência; b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados; c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação. 113

2 O artigo 208, do Estatuto da Criança e do Adolescente, contempla as seguintes hipóteses: Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: I - do ensino obrigatório; II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência; III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino fundamental; VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; VII - de acesso às ações e serviços de saúde; VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade; IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. X - de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. 1.º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei. 2.º A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desaparecido. artigos 208 ao 224 do Estatuto da Criança e do Adolescente, propõem longa análise casuística das hipóteses em que os direitos de crianças e adolescentes não forem respeitados por falta de oferta ou por oferta irregular. O artigo 208 2 do Estatuto elenca as situações em que as ações de responsabilização por ofensa aos direitos da criança e do adolescente serão cabíveis, observando-se, mormente, os seguintes aspectos principais: a garantia do direito fundamental à educação; a assistência social para a proteção familiar; a proteção ao direito à convivência familiar como direito fundamental. Crimes e infrações administrativas Crimes Conforme a previsão legal dos artigos 225 ao 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, no capítulo que dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, contemplam-se as hipóteses de cometimento de crime por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal. Aplica-se a esses crimes o disposto na Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, aplicam-se as regras pertinentes ao Código de Processo Penal. Crimes em espécie Destacar-se-á, no estudo dos crimes em espécie previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, aqueles cuja relevância é significativa. Ademais, e como opção de abordagem desse tema, utilizar-se-á o critério da inovação legislativa, no sentido de que alguns desses crimes foram recentemente definidos e alterados por legislações que inseriram novas previsões no ordenamento jurídico brasileiro. Em atenção à saúde da gestante, os artigos 228 e 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente objetivaram coibir as práticas relacionadas a uma modalidade ilícita de adoção, a denominada usualmente adoção à brasileira. Decorre que é bastante comum a ocorrência de partos, mesmo em maternidades e/ou estabelecimentos hospitalares, sem o devido registro e sem respeito à documentação da mãe, tampouco da criança. Não raro são os casos em que mães adotivas (à brasileira) saem das maternidades carregando como seu o filho de outra pessoa, que, pelas mais diversas razões, não pôde ou não quis criá-lo. 114

Foi justamente para coibir tais práticas que o legislador estatutário, previu nos referidos artigos, penalização para os crimes dessa natureza. Em seguida, em relação ao artigo 232, percebe-se a proteção à integridade psicofísica de crianças e adolescentes, através da coibição de práticas de maus-tratos ou constrangimentos desferidos contra crianças e adolescentes. Os artigos 238 e 239, do Estatuto sob exame, contemplam as hipóteses de penalização ao tráfico de crianças. Inclusive, o governo federal tem feito diversas campanhas nesse sentido, exigindo-se, por exemplo, que nos processos de adoção internacional a criança somente possa sair do país após a sentença constitutiva da adoção e de toda a documentação brasileira necessária. Importante conteúdo do Estatuto da Criança e do Adolescente, e que sofreu a recente alteração da Lei 11.829, de 25 de novembro de 2008, foi o dos artigos 240 e 241-E, que tratam da penalização dos crimes sexuais na internet. É uma realidade bastante frequente a utilização da imagem de crianças e adolescentes para pornografia, pedofilia, exploração sexual, prostitução infanto-juvenil e abuso sexual, de forma virtual e também real. Nesse sentido, e com um texto bastante adequado à sociedade contemporânea, é que esses artigos do Estatuto em comento abordaram a tipificação das condutas criminosas dessa natureza. O artigo 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente foi expresso ao penalizar aquele que oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente, com pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. E ainda, sofre a penalização aquele que fornecer meios para a armazenagem desse material fotográfico. O artigo 244-A do Estatuto prevê a proteção contra a prostituição e exploração sexual infanto-juvenil. As infrações administrativas Quanto às infrações administrativas, os artigos 245 ao 258-B do Estatuto da Criança e do Adolescente previram-nas de forma bastante casuística, e, 115

portanto, far-se-á menção às mais inovadoras, em termo de legislação, sem pretensão de esgotamento do tema. 3 Nesse sentido, o artigo 1.º: O parágrafo único do art. 143 da Lei nº 8.069, de 13 julho de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 143 [...]. Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. Assim, o artigo 247 do referido Estatuto prevê a proibição da divulgação sem autorização e em qualquer meio, de nome, imagem, ato ou documento de procedimento judicial, administrativo ou policial, relativo a crianças e adolescentes, em respeito, inclusive, aos mandamentos da Lei 10.764/2003 3. Ademais, e em atenção às recentes alterações legislativas, a Lei 12.010/2009 exige que as famílias pretendentes à adoção, e também as pessoas que unilateralmente desejam adotar uma criança ou adolescente, estejam cadastradas em um banco nacional e estadual. Assim, também, as crianças e adolescentes que estão postos à adoção devem estar cadastrados. O artigo 258-A do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê pena de multa (de R$1.000,00 a R$3.000,00) para os casos em que os cadastros estaduais e nacionais de crianças e adolescentes aptos para a adoção e de possíveis pais não tenham sido feitos. Dicas de estudo Competência para a atuação do Ministério Público: artigo 201, do Estatuto. Análise dos crimes em espécie e as inovações introduzidas pela Lei 11.829, de 25 de novembro de 2008. Os desafios propostos pelo artigo 245 do Estatuto para a garantia de direitos fundamentais. Referências ALVES, Roberto Barbosa. Direito da Infância e da Juventude. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ( Coleção Curso e Concurso v. 31 Coordenação Edílson Mougenot Bonfim). ELIAS, Roberto João. Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2005. 116

. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. FACHIN, Luiz Edson.Teoria Crítica do Direito Civil: à luz do novo Código Civil brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.. Questões do Direito Civil Brasileiro Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: doutrina e jurisprudência. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente aspectos teóricos e práticos. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. PENA JUNIOR, Moacir César. Direito das Pessoas e das Famílias: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2008. LÉPORE, Paulo Eduardo. Comentários à Lei Nacional da Adoção Lei 12.010, de 3 de Agosto de 2009 e outras disposições legais: Lei 12.003 e Lei 12.004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite. (Coord.). Manual de Direito das Famílias e das Sucessões. Belo Horizonte: Mandamentos, 2008. 117