Serviços de Apoio Domiciliário



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Transcrição:

Direcção-Geral da Acção Social Núcleo de Documentação Técnica e Divulgação Catarina de Jesus Bonfim Sofia Mercês Veiga Serviços de Apoio Domiciliário (Condições de implantação, localização, instalação e funcionamento) Lisboa, Dezembro de 1996

Ficha Técnica Autor: Catarina de Jesus Bonfim Sofia Mercês Veiga Editor: Direcção-Geral da Acção Social Núcleo de Documentação Técnica e Divulgação Colecção: Guiões Técnicos, Nº 7 Plano gráfico e capa: David de Carvalho Impressão: Nova Oficina Gráfica, Lda Rua do Galvão, 34-A 1400 Lisboa Tiragem: 500 exemplares Dezembro/96 ISBN 972-95777 - 1-4 Depósito Legal nº

ÍINDICE NOTA A PRÉVIA 5 NORMAS GENÉRICAS Âmbito de Aplicação das Normas Conceito Objectivos 7 7 7 ORGANIZAÇÃO E INSTALAÇÕES Organização Instalações 7 8 FUNCIONAMENTO Princípios Gerais de Funcionamento Articulação Inter-Serviços Regulamento Interno 9 10 10 DIREITOS E DEVERES Direitos do Utilizador Deveres do Utilizador 10 10 PESSOAL Pessoal dos Serviços de Apoio Domiciliário Indicadores de Pessoal 11 12 3

NOTA PRÉVIA PREVIA Considerando a necessidade de regulamentar a resposta social Serviço de Apoio Domiciliário, elaborou-se o presente trabalho com a finalidade de definir linhas orientadoras, tendo como desejável a uniformização da sua estrutura, sobretudo, no que se refere às condições de instalação e funcionamento. A forma como estes serviços têm vindo a implantar-se - o aumento crescente de estruturas de apoio bem como as activiades desenvolvidas - demonstra claramente a adesão das populações a esta modalidade de serviços como forma de responder a alguns dos seus problemas. Particularmente, no que se refere às pessoas idosas, a prestação destes serviços coloca-se hoje como exigência de vida normal e integrada, possibilitando-lhes por essa via a permanência no seu meio habitual de vida. Como foi sublinhado, dado o incremento que estes serviços têm vindo a ter, este documento pretende ser um documento aberto à possibilidade de avaliações periódicas e/ou propostas de alterações. 5

NORMA I Âmbito de aplicação das normas As presentes normas visam regulamentar as condições de instalação e funcionamento dos serviços de apoio domiciliário. NORMA II Conceito O Serviço de Apoio Domiciliário (S.A.D.) é uma resposta social que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou as actividades da vida diária. NORMA III Objectivos 1 Os objectivos gerais do Serviço de Apoio Domiciliário são: a) Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e famílias; b) Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização. 2 Os objectivos específicos do serviço de apoio domiciliário são, nomeadamente: a) Assegurar aos indivíduos e famílias satisfação de necessidades básicas; b) Prestar cuidados de ordem física e apoio psico-social aos indivíduos e famílias, de modo a contribuir para o seu equilíbrio e bem estar; c) Colaborar na prestação de cuidados de saúde. NORMA IV Organização 1 O SAD pode ser desenvolvido a partir de uma estrutura criada com essa finalidade ou a partir de uma estrutura já existente - lar, centro de dia ou outra. 2 O serviço de apoio domiciliário, deve progressivamente organizar-se no sentido de proporcionar um apoio contínuo nas 24 horas e uma actuação de emergência, sempre que necessário. 7

3 O SAD deve proporcionar os seguintes serviços: a) Prestação de cuidados de higiéne e conforto; b) Arrumação e pequenas limpezas no domicílio; c) Confecção, transporte e/ou distribuição de refeições; d) Tratamento de roupas. 4 O SAD pode ainda assegurar outros serviços, nomeadamente: Acompanhamento ao exterior; Aquisição de géneros alimentícios e outros artigos; Acompanhamento, recreação e convívio; Pequenas reparações no domicílio; Contactos com o exterior; NORMA V Instalações 1 Quando o SAD funcionar em instalações autónomas, são exigidas as seguintes dependências: a) Gabinete para atendimento e apoio logístico; b) Sala de espera; c) Instalações sanitárias; d) Arrecadação; e) Cozinha/despensa; f) Lavandaria/rouparia. 2 Quando o SAD fôr desenvolvido a partir de uma estrutura já existente ou recorra a serviços exteriores (de refeições, lavandaria) são apenas exigidas as instalações referidas de a) a d) do número 1. 8

NORMA VI Princípios gerais de funcionamento 1 O domicílio do utilizador é inviolável e como tal deve ser considerado, não sendo permitido fazer alterações nem eliminar bens e objectos sem prévia autorização. Nos casos em que ao serviço tenha sido confiada a chave do domicílio do utilizador, esta deve ser guardada em local seguro ou entregue à responsabilidade do trabalhador encarregado da prestação de cuidados. 2 Para a prossecução dos objectivos referidos na Norma III compete ao SAD garantir ao utilizador: O respeito pela sua individualidade e privacidade; O respeito pelos seus usos e costumes; A prestação de todos os cuidados adequados à satisfação das suas necessidades, tendo em vista manter ou melhorar a sua autonomia; A articulação com os serviços da comunidade. 3 A elaboração e avaliação do plano de cuidados deve ser assegurada por pessoal técnico; a prestação dos mesmos deve ser assegurada por pessoal com formação adequada. 4 O horário do pessoal prestador de cuidados - é estabelecido de acordo com as necessidades dos vários utilizadores a seu cargo. 5 Nas situações de dependência que exijam recurso a ajudas técnicas, o SAD pode providenciar a sua aquisição ou aluguer. 6 Na ocorrência de um óbito, na presença de um elemento do SAD, este deve informar imediatamente o familiar/responsável e o serviço, devendo ser providenciada a presença de um médico. 9

NORMA VII Articulação inter-serviços 1 A operacionalidade do SAD deverá resultar de uma rede de serviços organizada a partir da parceria estabelecida entre as entidades envolvidas no processo nomeadamente serviços locais de saúde e autarquia. NORMA VIII Regulamento interno 1 O Serviço de apoio domiciliário deve ter um regulamento interno donde constem designadamente, os seguintes elementos: a) Regras de funcionamento do SAD; b) Discriminação dos serviços prestados e respectivo preçário; c) Direitos e deveres dos utilizadores; d) Direitos e deveres do pessoal. 2 O regulamento interno deve ser também conhecido de todo o pessoal afecto aoserviço. NORMA IX Direitos do utilizador São direitos do utilizador: a) Usufruir do plano de cuidados estabelecido; b) Exigir respeito pela sua maneira de ser e estar; c) Exigir qualidade nos serviços prestados. NORMA X Deveres do utilizador São deveres do utilizador: a) Colaborar com a equipa do SAD na medida dos seus interesses e possibilidades, não exigindo a prestação de serviços para além do plano estabelecido; b) Satisfazer os custos da prestação, de acordo com o contrato previamente estabelecido. 10

NORMA XI Pessoal dos serviços de apoio domiciliário 1 O serviço de apoio domiciliário é dirigido por um director técnico com formação no âmbito das ciências sociais e humanas, a quem compete designadamente: a) Dirigir o serviço, assumindo a responsabilidade pela programação, execução e avaliação das actividades; b) Garantir o estudo da situação do utilizador e a elaboração do respectivo plano de cuidados; c) Coordenar e supervisar o pessoal do serviço; d) Sensibilizar o pessoal face à problemática das pessoas a atender e promover a sua formação. 2 O pessoal técnico, ajudantes familiares e outro pessoal devem ser em número suficiente para assegurar: a) O estudo dos processos de admissão e acompanhamento das situações; b) A elaboração, execução e avaliação dos planos de prestação de cuidados; c) As restantes actividades relativas ao funcionamento do serviço. 3 Ajudantes familiares no exercício das suas funções, devem enquadrar-se nod.l. 141/89 de 28 de Abril. 4 O pessoal auxiliar deve ser recrutado com a idade de 18 anos e possuir a escolaridade mínima obrigatória. 5 Os serviços devem promover a observação médica do pessoal, no mínimo uma vez por ano, obtendo dessa informação médica documento comprovativo do seu estado sanitário. 11

NORMA XII Indicadores de pessoal 1 Na determinação das unidades de pessoal, ter-se-ão em conta os indicadores constantes no ponto 2, adaptando-os com a necessária flexibilidade ao funcionamento de cada serviço. 2 Para assegurar níveis adequados de qualidade no funcionamento do serviço de apoio domiciliário, considera-se necessário o seguinte pessoal: a) Um director técnico; (1) b) Um técnico de Serviço Social para 60 utentes; c) Um ajudante familiar por cada 6 utentes; d) Um cozinheiro; e) Um ajudante de cozinheiro por cada 30 utentes; f ) Um trabalhador auxiliar (Serviços gerais) por cada 30 utentes; g) Um motorista; h) Um administrativo. (2) (1) Pode acumular as funções enunciadas em b) quando tiver formação de técnico de serviço social. (2) Pessoal a ser incluído quando se justifique. 12