Proposta de Projeto de Lei
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- Luís de Almeida Varejão
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1 Proposta de Projeto de Lei Dispõe sobre o fechamento de via e o controle de acesso de pessoas e veículos estranhos aos moradores de vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída e dá outras providências. A Câmara Municipal de São Paulo DECRETA: Art. 1º Fica autorizado o fechamento de via e controle de acesso de pessoas e veículos estranhos aos moradores de vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída de pequena circulação de veículos em áreas residenciais, inclusive calçadas, ficando limitado o tráfego local de veículos apenas a seus moradores e visitantes. Art. 2º Para os fins desta lei, considera-se: I - vila: conjunto de lotes destinados à habitação, cujo acesso se dá por meio de uma única via de circulação de veículos, a qual deve articular-se em único ponto com uma única via oficial de circulação existente; II - rua sem saída: via cujo acesso se dá por meio de uma única via de circulação de veículos e cujo traçado original não tem continuidade com a malha viária na sua outra extremidade; III - ruas e travessas com características de ruas sem saída : ruas e travessas que são vias locais com importância exclusiva para o trânsito de veículos de acesso às moradias nelas inseridas. Art. 3º As vilas e ruas sem saída, bem como as ruas e travessas com características de ruas sem saída, que são passíveis de fechamento, deverão necessariamente: I - ter apenas usos residenciais; II - não apresentar mais de 10,00 (dez) metros de largura de leito carroçável;
2 III - servir de passagem exclusivamente para as casas nelas existentes, vedado o fechamento quando servir de passagem única a outros locais, especialmente a áreas verdes de uso público, a áreas institucionais ou a equipamentos públicos. Art. 4º O fechamento do leito carroçável e das calçadas de vilas, ruas sem saídas e ruas e travessas com características de rua sem saída poderá ser realizado por meio de portões, cancelas, correntes ou similares, ou com a diuturna permanência de ao menos 1 (um) vigia. 1º Será admitida a instalação de sistemas de monitoramento eletrônico, interfones ou outros instrumentos de controle de acesso. 2º É autorizada a instalação de guaritas de controle do trânsito de veículos, préfabricadas ou de alvenaria, observada a legislação específica. 3º O eventual acesso de caminhões será permitido, sendo a liberação de entrada feita pelos moradores ou responsáveis pelo acesso. 4º O fechamento deverá respeitar a linha que define o prolongamento do alinhamento da via pública com a qual o acesso à vila, rua sem saída, e ruas e travessas com características de ruas sem saída se articular. 5º A abertura dos portões deverá se dar para o interior da vila, rua sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída. Art. 5º Fica dispensado o pedido prévio de autorização para o fechamento de vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, devendo ser protocolado requerimento na Subprefeitura competente requerimento instruído com os seguintes documentos: I - declaração expressa de anuência ao fechamento subscrita por, no mínimo, 70% (setenta por cento) dos proprietários dos imóveis situados na vila, rua sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, sendo que o teor será de total responsabilidade dos signatários, sob as penas da legislação administrativa, civil e criminal pertinentes; II - cópia dos títulos de propriedade e da certidão de dados cadastrais do imóvel IPTU relativos aos imóveis pertencentes aos solicitantes;
3 III - croqui esquemático ou relatório descritivo da via e imóveis abrangidos pelo pedido, bem como do tipo de fecho a ser utilizado. Art. 6º O requerimento será analisado pela Subprefeitura competente, ouvido o Departamento Patrimonial da Procuradoria Geral do Município da Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos sobre a situação dominial dos imóveis situados na vila, rua sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, cujo fechamento seja postulado, bem como a Companhia de Engenharia de Tráfego CET sobre as condições viárias. 1º A Subprefeitura deverá analisar o requerimento no prazo de até 90 (noventa) dias da data de protocolo, devendo o despacho autorizatóriodo fechamento ser publicado no diário oficial do município. 2º Decorrido o prazo de que trata o 1º, sem que tenha sido publico o despacho pela Subprefeitura, o fechamento será considerado tacitamente deferido, devendo ser publicado o respectivo despacho autorização no diário oficial do município no prazo de até 10 (dez) dias. 3º O fechamento ao tráfego de veículos estranhos aos moradores não poderá ser realizado se a análise mencionada no caput deste artigo concluir pela existência de reflexo negativo no tráfego de veículos. 4º Caso haja necessidade, a CET indicará as obras viárias e de sinalização necessárias para a implementação do fechamento. 5º Na hipótese prevista no 5º deste artigo, o fechamento somente poderá ser implementado após realização das obras viárias e de sinalização necessárias, devidamente atestada pela CET. 6º No caso de despacho da Subprefeitura indeferindo o requerimento será concedido prazo de 15 (quinze) dias, a partir da publicação no diário oficial do município, para apresentação de recurso. Art. 7º Observado o disposto no art. 6º, o fechamento será implementado pelos moradores do local, às suas expensas e na conformidade das demais disposições desta lei. Art. 8º Verificado, pela Subprefeitura competente, o descumprimento das condições estabelecidas nesta lei, será expedida intimação aos moradores do local para
4 saneamento da irregularidade, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de retirada dos dispositivos de fechamento, com adoção das medidas administrativas e judiciais cabíveis. 1º No caso de alteração do uso dos imóveis situados na vila, rua sem saída e ruas e travessas com característica de ruas sem saída, a autorização perderá automaticamente seus efeitos, intimando-se os moradores a remover o fecho, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de adoção das medidas previstas no caput deste artigo. 2º Será regulamentada pelo Poder Executivo a possibilidade de fechamento de ruas, vilas e ruas e travessas com características de ruas sem saída com atividades comerciais em seu interior, devendo ser observada a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Art. 9º O lixo proveniente das casas situadas na vila, rua sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, objeto do fechamento de que trata esta lei, deverá ser, obrigatoriamente, depositado em recipientes próprios, colocados na via oficial com a qual se articulam. Parágrafo único Os serviços de varrição e limpeza das vias fechadas será de responsabilidade de seus moradores Art. 10º Será obrigatória a prestação de serviços ambientais no interior das vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, tais como a desimpermeabilização de calçadas com instalação de pisos ou poços drenantes, plantio de árvores, implantação de dispositivos para coleta de águas de chuva, coleta reciclável, instalação de hidrantes, reuso de água e ampliação das áreas ajardinadas. Parágrafo único: Caberá ao Poder Executivo regulamentar as atividades exemplificadas no caput a serem realizadas pelos moradores de vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de rua sem saída, considerando as peculiaridades e características de cada caso, inclusive a composição de renda de seus moradores Art. 11º Consideram-se válidas as autorizações já concedidas até a data de 15 de agosto de 2014, naquilo em que não contrariem as disposições da presente lei. Art. 12. As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
5 Art. 13. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
6 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS O presente projeto de lei trata sobre a permissão de fechamento das vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, situadas no Município de São Paulo, o que se faz necessário em razão da declaração de inconstitucionalidade da Lei n.º , de 22 de outubro de 2009, pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n.º A declaração de inconstitucionalidade fundamentou-se, especificamente, na existência de vício de iniciativa na referida lei, em razão de seu projeto ter sido originado no Poder Legislativo, e não pelo Poder Executivo. Portanto, visa-se, com o presente projeto de lei, mediante iniciativa do Poder Executivo, a nova introdução no ordenamento jurídico da permissão de fechamento, cuja disciplina, conforme decidido nos autos da mencionada ADI, não fere valores fundamentais como o direito de locomoção, à igualdade, à intimidade e ao lazer (trecho retirado da folha 7 do acórdão). A implementação desta lei, que autoriza o uso de portões, cancelas, correntes ou similares, ou vigias, no leito carroçável e nas calçadas, é medida fundamental para a conservação das vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída, para a segurança dos seus moradores e, via de consequência, para a viabilização de que os munícipes possam optar por residirem em casas. Dados coletados pela população que participou direta e indiretamente na elaboração do presente projeto de lei, demonstram que, antes do fechamento de suas vilas e ruas, estas eram expostas a furtos, roubos, estupros, tráfico de drogas, homicídios, latrocínios e outros crimes. Além disso, em relação às vilas e ruas que, recentemente, foram submetidas à retirada de seus portões e/ou aparatos de segurança, Boletins de Ocorrência, encaminhados pelos moradores, já evidenciam um acréscimo exponencial dos referidos crimes no interior das vilas e ruas. Foi constatado também que apenas o fechamento do leito carroçável, com a liberação das calçadas de pedestres, não altera em termos quantitativos a incidência de ocorrências, razão pela qual é introduzida a imprescindível permissão para o fechamento também das calçadas, com a implementação de portões, a fim de salvaguardar o direito à segurança dos moradores. Deve também ser ressaltado que o fechamento das vilas, ruas sem saída e ruas e travessas com características de ruas sem saída não importa em prejuízo ao
7 trânsito da população, uma vez que tais vias não dão acesso a outras vias, não têm o condão de circulação da malha viária, não possuem instalações e espaços de infraestrutura urbana destinados aos serviços públicos que importem na entrada de pessoas desconhecidas aos moradores, sendo, portanto, locais de destino dos próprios moradores. Dessa forma, os ganhos ocasionados por conta do fechamento são muito maiores do que eventuais prejuízos com a restrição do acesso ao público, porquanto há mais segurança para os moradores e para os que frequentam as vias, e também uma maior conservação das áreas verdes, a mantença do lençol freático, bem como a coibição do crescimento e verticalização desordenados da cidade. O presente projeto de lei estabelece a obrigatoriedade de que os moradores desempenhem atividades de interesse público, a serem regulamentadas pelo Poder Executivo, tais como, exemplicadamente, a coleta seletiva do lixo, plantio de árvores, instalação de hidrantes, dentre outras, a fim de exigir uma contrapartida dos moradores. Devem permanecer válidas as autorizações concedidas nos termos das leis anteriores, naquilo em que não contrariem as disposições do presente projeto de lei, em observância ao que restou decidido nos autos da ADI.
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