Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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1 Página 1 de 12 Acórdãos STA Processo: 01770/13 Data do Acordão: Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: ANA PAULA LOBO Descritores: Sumário: Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo EXECUÇÃO NULIDADE DE CITAÇÃO NULIDADE DE DESPACHO REVERSÃO DE EXECUÇÃO QUESTÃO PREJUDICIAL PROCESSO IMPUGNAÇÃO As vicissitudes do processo de execução fiscal, nomeadamente a nulidade da citação, ou do despacho de reversão poderão determinar a anulação do processado e eventual repetição de tais actos, artº 165º do Código de Procedimento e Processo Tributário, sem que, pela simples razão de estarem a ser apreciadas se constituam questão prejudicial ao processo de impugnação onde está em causa a legalidade de um acto de liquidação que, por definição, é prévio à constituição do título executivo e diferenciado dos trâmites processuais inerentes ao processo executivo. Nº Convencional: JSTA000P17765 Nº do Documento: SA Data de Entrada: Recorrente: A... Recorrido 1: AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Recurso Jurisdicional Decisão recorrida Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa. 4 de Junho de 2013 (Indeferiu o pedido de suspensão da instância.) Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: A.., veio interpor o presente recurso da decisão supra mencionada, proferida no âmbito do processo de impugnação n. 81/11.1 BELRS, tendo, para esse efeito formulado, a final da sua alegação, as seguintes conclusões: A. Com base nos fundamentos alegados, entende o Recorrente que incorre em ilegalidade o douto despacho

2 Página 2 de 12 em recurso proferido pela Mm.ª Juiz a quo a fls. 1194/1196 dos autos, assim como o proferido a fls. 1265/1267, por violação e incorrecta interpretação dos artigos 269º e 272. do CPC ex vi da alínea e) do artigo 2. do CPPT, considerando equivocado o entendimento no qual se baseia o Tribunal a quo para indeferir o pedido de suspensão da instância apresentado pelo Recorrente. B. Constitui, assim, objecto do presente recurso a decisão de indeferimento do pedido de suspensão da instância de impugnação judicial deduzida contra as liquidações de IVA de C. No caso em apreço, os fundamentos invocados nos doutos Despacho de fls. 1194/1196 em recurso assim como no Despacho de fls. 1265/1267 não encontram acolhimento nem motivos legais que suportem o indeferimento da requerida suspensão da instância, porquanto, não interpretou nem aplicou o douto Tribunal a quo correctamente a lei ao fazer depender a suspensão dos presentes autos das condições de suspensão da instância da execução fiscal, incorrendo, por outro lado, em contradição, ao reconhecer não haver prejudicialidade mas afirmando, em simultâneo, que os autos ficam prejudicados se for pelo órgão de execução fiscal dada razão ao Recorrente quanto ao pedido de nulidade insanável. D. Ora, não compreende o Recorrente como poderá o deferimento do seu pedido de suspensão se encontrar dependente da condição de prestação de garantia idónea ou da sua dispensa pelo órgão de execução fiscal (nos termos legais dos art. 52. da LGT e 199. do CPPT, evocados na decisão em recurso), pois note-se que este não peticionou a suspensão do processo de execução fiscal (nem esta seria a sede própria para o efeito) mas antes a suspensão da presente instância judicial. E. No processo de execução fiscal encontram-se em cobrança coerciva para além das liquidações aqui impugnadas outras liquidações, designadamente do IVA dos anos de 1996 e 1998 e do IRC dos exercícios de 1997 e 1998, sendo que, apreciada a questão suscitada pelo Recorrente (quer a falta de citação, quer a falta de requisitos essenciais de citação e ausência de nota indicativa dos meios de reacção e do prazo de oposição, que prejudicam a defesa do interessado) gera-se uma

3 Página 3 de 12 nulidade insanável do processo de execução fiscal, que tem como consequência a anulação dos termos subsequentes do processo que deles dependam absolutamente, onde se inclui todo o aqui processado (artigo 165. n 3 do CPPT). E. Verificada a extinção da execução fiscal ocorrerá a inutilidade superveniente da lide impugnatória, porquanto, nesta impugnam-se apenas liquidações em execução naquela e deixa o ora Recorrente de ser parte legítima nos autos de impugnação (por falta de citação). G. Assim, enquanto se encontrar pendente de apreciação e de decisão pelo órgão do execução fiscal a questão da nulidade insanável do processo de execução fiscal, no qual se encontra em cobrança coerciva, entre outras, as liquidações impugnadas, arguida pelo Recorrente junto do órgão de execução fiscal, verifica-se, de forma indubitável, um nexo de prejudicialidade justificativo da suspensão da instância entre o pedido de apreciação da nulidade insanável e o pedido de apreciação da legalidade das liquidações impugnadas respeitantes a IVA do ano de H. De acordo com o nº 1 do artigo 272. CPC, para que o juiz possa suspender a instância é necessário que exista uma relação de dependência ou prejudicialidade entre duas causas, e não havendo motivos legais para não a ordenar (artigo 272. n 2 do CPC), cumpridos os pressupostos legais, impõe-se a decisão judicial de suspensão (artigo 269. do CPC). I. Tal relação existirá, como bem ensina ALBERTO DOS REIS, quando a decisão de uma primeira causa pode destruir o fundamento ou a razão de ser da segunda «in Comentário ao Código de Processo Civil, Vol. III, Pág. 268). J. Assim, como bem refere o Acórdão TRL de (disponível em wvw.dsit) (. ii) doutrina e jurisprudência estão, pois, de acordo no que concerne à afirmação de que uma causa é prejudicial em relação a outra quando o julgamento ou decisão da questão a apreciar, na primeira, possa influir ou afectar o julgamento ou decisão da segunda, nomeadamente modificando ou inutilizando os seus efeitos ou mesmo tirando razão de ser à mesma.

4 Página 4 de 12 K. Dispõe o artigo 272. n. 2 do CPC que a suspensão da instância apenas não deve ser ordenada se houver fundadas razões para crer que a causa prejudicial foi intentada unicamente para se obter a suspensão ou se a causa dependente estiver tão adiantada que os prejuízos da suspensão superem as vantagens, o que não só não é o caso dos autos, como não foi esse o fundamento do indeferimento do douto despacho recorrido. L. Pelo exposto, deve a decisão recorrida ser revogada e substituída por acórdão declaratório da suspensão da instância de impugnação até à formação caso decidido ou trânsito em julgado da decisão final a proferir na causa prejudicial (i.e, causa dependente da apreciação e decisão pelo órgão de execução fiscal, da questão da nulidade insanável) seguindo de perto o entendimento perfilhado pela jurisprudência do STA, nomeadamente no Acórdão de , Processo nº 0238/11 (disponível em M. O presente recurso deve ser admitido com subida imediata, nos próprios autos, e efeito suspensivo, sob pena de perda do efeito útil da decisão a proferir (artigo 285., nº 2 e 286, nº 2 do CPPT). Requereu que seja revogada a sobredita sentença declarando a suspensão da instância de impugnação até ao conhecimento do requerimento de arguição da nulidade insanável. Foi emitido parecer pelo Magistrado do Ministério Público no sentido da improcedência do recurso. A decisão recorrida não procedeu à enunciação de qualquer facto como provado, tendo apenas mencionado que da decisão que vier a ser proferida pelo órgão de execução fiscal, caberá a competente reclamação nos termos do disposto no art do CPPT.. Assim, com suporte nos documentos juntos nos autos são os seguintes, os factos provados, com relevo para a decisão do presente recurso: 1. O recorrente em 11 de Janeiro de 2011 invocando terem contra ele sido revertidos diversos processos de execução fiscal por dívidas de que era devedora originária B, Ldª, no montante total de ,90, relativas a Imposto sobre o valor acrescentado de 1996,

5 Página 5 de e 1998 e imposto sobre o rendimento de pessoas colectivas de 1997 e 1998, já objecto de reclamação graciosa que foi indeferida em 22/06/2007, e, impugnação judicial em que a Fazenda Pública foi absolvida da instância por cumulação indevida de processos, instaurou o presente processo de impugnação onde impugna exclusivamente o acto de liquidação de Imposto sobre o valor acrescentado de 1997, com 705 artigos que subordinou ao seguinte índice, para melhor compreensão: I. Questões Prévias a) Da Nulidade e da Falta de Citação art. 4º ss. b) Da Ilegalidade da Reversão art. 56.º ss. c) Da Má-Fé da Administração Fiscal em todo este processo art. 86. ss. II. Da Ilegalidade da Liquidação do IVA de 1997 Cuja Execução Reverteu contra o Impugnante 1. Da ilegalidade do acto de notificação das liquidações adicionais de imposto e juros compensatórios art ss Da inexistência de mandado art ss Da incompetência do funcionário art ss Da irregularidade da notificação art ss Da ilegalidade do recurso à notificação com hora certa art ss. 2. Da caducidade do direito à liquidação art ss. 3. Da decisão de fixação da matéria colectável e da sua falta de fundamentação art ss. 4. Da falta de audiência prévia relativamente à aplicação de métodos indiciários art ss. 5. Da falta de fundamentação legalmente exigida art ss. 6. Da ilegalidade da aplicação de métodos indiciários art ss. 7. Da errada quantificação da matéria colectável 7.1. Da inexistência de critérios art ss Dos vícios do método de quantificação utilizado as facturas conhecidas, reais e inequívocas art ss Dos vícios do método de quantificação utilizado o número de facturas presumivelmente utilizadas art ss Dos vícios do método de quantificação utilizado o valor das instalações art ss Dos vícios do método de quantificação utilizado do valor presumido para as assistências técnicas e para o volume total de serviços prestados art ss.

6 Página 6 de Da desconsideração do IVA suportado nas aquisições art ss. 9. Do excesso da matéria colectável e do imposto presumidos, antes e após a comissão de revisão art ss. 10. Das restantes correcções em sede de IVA art ss. 11. Conclusão art ss. 2. A recorrente e o seu ex-cônjuge foram notificados dos actos de liquidação em 20/03/2009 e 23/03/2009; 2. Nessa impugnação do acto de liquidação formulou os seguintes pedidos: Termos finais em que, e nos melhores de Direito que V. Exa. doutamente suprirá, se requer a V.Exa. que seja recebida e julgada provada a presente impugnação judicial e, em consequência: a) seja declarada nula a citação do Impugnante; b) seja declarada a nulidade insanável da citação do Impugnante, por se considerar existir falta de citação; c) seja anulado o despacho de reversão da execução; d) sejam anuladas as liquidações adicionais de imposto e juros compensatórios n. s a (Docs. 37 a 49), por se verificarem os seguintes vícios: (Docs. 37 a 49) 1) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigo 198., n. 1, do Código de Processo Civil e 36., n. 1, do Código de Procedimento e de Processo Tributário, uma vez que o Senhor Chefe de Finanças do 8. Bairro Fiscal de Lisboa não ordenou a notificação pessoal presumida; 2) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigo 198., n. 1, do Código de Processo Civil e 36., n. 1, do Código de Procedimento e de Processo Tributário, uma vez que o Senhor C não foi incumbido de proceder a qualquer notificação pessoal; 3) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigos 198., n. 1, 235., n. 2, 240., n. 3, e A, n. 1, do Código de Processo Civil, uma vez que não é indicado o prazo para o exercício de defesa; 4) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigos 198., n. 1, e 240., 3, do Código de Processo Civil, uma vez que o funcionário da Administração Fiscal não se certificou da possibilidade de obter a colaboração de terceiros para efectuar a notificação pretendida;

7 Página 7 de 12 5) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigos 198., n. 1, e 240., n. 2, do Código de Processo Civil, uma vez que o funcionário da Administração Fiscal marcou nova tentativa de notificação para uma data em que sabia estarem as instalações encerradas; 6) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do disposto nos artigos 198., 110, e 240., nº 3, do Código de Processo Civil, uma vez que o funcionário da Administração Fiscal afixou o aviso na sede da B, Lda. quando, nos termos do relatório de fiscalização, a gerência funciona noutra morada; 7) nulidade da notificação dos actos tributários impugnados, nos termos do artigo 198., n. 1, do Código de Processo Civil, uma vez que o artigo 38., n. 5, do Código de Procedimento e de Processo Tributário não permite a citação com hora certa mas, apenas, a citação por contacto directo com o citando; 8) caducidade do direito à liquidação do imposto e dos juros compensatórios, nos termos do artigo 45., 5, da Lei Geral Tributária, aplicável nos termos do artigo 11.0 da Lei n. 15/2001, de 5 de Junho; 9) vício de violação de lei por ofensa ao disposto nos artigos 36., n. 1, 38., n. 1, e 62., nº 1, do Código de Procedimento e de Processo Tributário, 92., n. s 6 e 7, da Lei Geral Tributária e 151., n. 1, do Código do Procedimento Administrativo; 10) vício de forma por falta de fundamentação da decisão de fixação da matéria colectável; 11) vício de violação de lei por falta de audiência prévia da B., Lda. relativamente à decisão de aplicação de métodos indirectos, prevista no artigo 60., n. s 1, alínea d), e 4, da Lei Geral Tributária; 12) vício de forma por falta de fundamentação legalmente exigida pelos artigos 66., nº 6, e 77., nº 1, da Lei Geral Tributária; 13) vício de violação de lei por erro nos pressupostos de facto que determinaram a aplicação de métodos indirectos; 14) vício de violação de lei por ofensa ao disposto no artigo 87., alínea b), da Lei Geral Tributária; 15) vício de violação de lei por quantificação excessiva da matéria colectável; 16) vício de forma por falta de fundamentação da liquidação de juros compensatórios, em violação do disposto nos artigos 35., n. s 3, 4 e 7, da Lei Geral Tributária;

8 Página 8 de 12 17) vício de violação de lei por ofensa ao disposto no artigo 35. da Lei Geral Tributária por não se encontrarem reunidos os pressupostos legalmente previstos para a liquidação de juros compensatórios; 18) vício de violação de lei por aplicação da taxa de juros compensatórios vigente à data do retardamento, após a entrada em vigor da Lei Geral Tributária. 3. Em 4 de Julho de 2013 veio requerer a suspensão da instância neste processo com fundamento na arguição no processo de execução fiscal de nulidades insanáveis em virtude da falta de citação e da falta de requisitos do título executivo, que constituiriam nulidades insanáveis que determinariam a inutilidade superveniente deste processo. Questão objecto de recurso: 1- Suspensão do processo de impugnação Em 4 de Julho de 2013 o recorrente apresentou no processo de impugnação supra identificado o seguinte requerimento: «A., Impugnante nos autos de impugnação judicial acima identificados, vem nos termos do disposto na alínea c) do n 1 do artigo 276. e no n 1 do artigo 279. do Código de Processo Civil, aplicáveis ex vi da alínea e) do artigo 2. do Código de Procedimento e de Processo Tributário (abreviadamente CPPT), expor e requerer a V. Exa, como segue: 1. Veio o Impugnante, por meio do requerimento de fls. 1107/1138 dar conhecimento aos presentes autos de que arguiu, em tempos a nulidade insanável do processo executivo fiscal n e Apensos, instaurado para cobrança coerciva de dívidas fiscais correspondentes aos actos de liquidação impugnados, de IRC 1997 e 1998 e IVA 1996, 1997 e 1998, no montante total de ,90, no qual é devedora originária a sociedade B, Lda., em virtude quer da falta de citação quer da falta de requisitos essenciais do título executivo, mais requerendo que a nulidade insanável fosse conhecida em substituição e, em consequência declarada a inutilidade do prosseguimento da presente lide. 2. Não obstante tratar-se de matéria inovadora, de conhecimento oficioso, não compreendida no objecto do processo, com influência na utilidade da lide, que é prévia e tem consequências no exercício do direito de defesa

9 Página 9 de 12 contra a reversão da execução fiscal contra o Impugnante, que não podendo ser suprida, obriga à anulação integral do processo de execução fiscal bem como de todo o processado, por despacho exarado a fls dos autos, entendeu douto Tribunal que «a questão agora invocada será conhecida afinal, na sentença a proferir nos autos». 3. Dispõe o n. 1 do artigo 279º do Código de Processo Civil (abreviadamente CPC), aplicável ao processo judicial tributário ex vi da alínea e) do artigo 2º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, sob a epígrafe Suspensão por determinação do juiz, que o tribunal pode ordenar a suspensão quando a decisão da causa esteja dependente do julgamento de outra já proposta ou quando ocorrer outro motivo justificado 4. Conforme ensinamento da doutrina, existe nexo de prejudicialidade ou dependência justificativo da suspensão da instância quando estão pendentes duas acções e dá-se o caso de a decisão duma poder afectar o julgamento a proferir na outra (cfr. JOSÉ ALBERTO DOS REIS Código de Processo Civil Anotado, Volume 1, 3.ª ed. (1949), reimpr., p. 384 anotação ao artigo 284. ). 5. No caso em apreço, quer a falta de citação, quer a falta de requisitos essenciais da citação e ausência de nota indicativa dos meios de reacção e do prazo de oposição, prejudicam a defesa do interessado, gerando uma nulidade insanável do processo de execução fiscal tendo ainda o Impugnante alegado e demonstrado que não chegou a ter conhecimento do acto de citação por motivo que não lhe foi imputável (artigo 1 65., n. 1 alínea a) e n. 2 do CPPT). 6. Por outro lado, apreciada a questão, a anulação do acto tem como consequência a anulação dos termos subsequentes do processo que deles dependam absolutamente, onde se inclui todo o aqui processado (artigo 165º, nº 3 do CPPT). 7. Pelo que se verifica um nexo de dependência justificativo da suspensão da instância entre o pedido de apreciação da nulidade insanável arguida pelo Impugnante junto do órgão de execução fiscal e o pedido de apreciação da legalidade das 1iquidações de IVA do ano de Assim sendo, justifica-se a requerida suspensão da instância ao abrigo do disposto no n. 1 do artigo 279. do CPC, não havendo motivos legais para a não ordenar (artigo 279Y a, 2 do CPC). 9. Ou seja, a suspensão da instância apenas não deve ser ordenada se houver fundadas razões para crer que a

10 Página 10 de 12 causa prejudicial foi intentada unicamente para se obter a suspensão ou se a causa dependente estiver tão adiantada que os prejuízos da suspensão superem as vantagens, o que não é o caso dos autos. 10. Face ao exposto, após Parecer a emitir pelo MP, e seguindo de perto o entendimento da jurisprudência do STA, nomeadamente o perfilhado no Acórdão de , disponível em impõe-se a suspensão da instância de impugnação, enquanto causa dependente da apreciação e decisão pelo órgão de execução fiscal da questão da nulidade insanável, até à formação de caso decidido ou trânsito em julgado da decisão. Nestes termos, requer a V. Ex.a que ordene a suspensão a instância do presente processo de impugnação até ao conhecimento do requerimento do arguição do nulidade insanável pelo órgão de execução fiscal, nos termos da alínea c) do nº 1 do artigo 276.º e do n.º 1 do artigo 279 do CPC, aplicáveis ex vi da alínea e) do artigo 2.º do CPPT.» Sobre este despacho foi proferida a seguinte decisão: «Requerimento de fls dos autos: é indeferido o pedido de suspensão dos presentes autos. Com efeito, da decisão que vier a ser proferida pelo órgão de execução fiscal, caberá a competente reclamação nos termos do disposto no art do CPPT. Quanto à pretendida inutilidade superveniente da presente lide, ocorrerá tão só se a decisão ali proferida foi favorável ao impugnante e se na sequência da mesma o processo de execução fiscal no qual corre a cobrança coerciva das dívidas aqui impugnadas vier a ser extinto. Até lá, a suspensão dos presentes autos depende, nos termos da lei (cf. art. 52. da LGT e 199. do CPPT), de apresentação de garantia ou de decisão do órgão de execução fiscal que dispense o Impugnante da respectiva apresentação, não se revelando provada qualquer destas circunstâncias». O processo de execução fiscal e o processo de impugnação de acto de liquidação têm processamentos autónomos, tendo cada um deles fins distintos. Naquele pretende o exequente obter a cobrança coerciva dos seus créditos, ao passo que neste pretende o impugnante obter a declaração de nulidade ou anulação do acto de liquidação que deu origem ao montante exequendo. No processo de execução fiscal foi determinada a reversão da execução contra o recorrente, conferindo-lhe, dessa forma legitimidade para deduzir o presente processo de impugnação.

11 Página 11 de 12 As vicissitudes do processo de execução fiscal, nomeadamente a nulidade da citação, ou do despacho de reversão poderão determinar a anulação do processado e eventual repetição de tais actos, artº 165º do Código de Procedimento e Processo Tributário, sem que, pela simples razão de estarem a ser apreciadas se constituam questão prejudicial ao processo de impugnação onde está em causa a legalidade de um acto de liquidação que, por definição, é prévio à constituição do título executivo e diferenciado dos trâmites processuais inerentes ao processo executivo. Ao invés, a ilegalidade do acto de liquidação poderá determinar a extinção do processo executivo pelo que, é do melhor interesse do impugnante a sua rápida conclusão. Não se vê como, no caso concreto, possam estar em causa os direitos de defesa do impugnante que tem vindo a suscitar todas as nulidades processuais que entende ocorrerem e deduziu o presente processo, pondo em marcha o seu direito de defesa quanto à ilegalidade do acto de liquidação. Para além disso, todas as questões que pretende ver resolvidas no processo de execução foram por si suscitadas neste processo e, a seu temo serão consideradas. Não se descortina, pois, qualquer fundamento legal, ou sequer qualquer conveniência na suspensão dos termos deste processo, nem se mostra suficientemente fundamentada qualquer questão prejudicial, contrariamente ao alegado pelo recorrente. Improcedem, pois, todos os fundamentos do recurso. Deliberação Termos em que acordam os Juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso, e confirmar a decisão recorrida, embora com a presente fundamentação. Custas pelo recorrente. (Processado e revisto com recurso a meios informáticos (art. 131º nº 5 do Código de Processo Civil, ex vi artº 2º Código de Procedimento e Processo Tributário). Lisboa, 2 de Julho de Ana Paula Lobo (relatora) Dulce Neto Ascensão Lopes.

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