Cultura do Milho sob Manejo Orgânico e Tratamentos Alternativos de Sementes
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- Octavio Candal Vieira
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1 Cultura do Milho sob Manejo Orgânico e Tratamentos Alternativos de Sementes Corn crop under organic management and Alternative Seeds Treatments MACEDO, Rogério Barbosa 1 ; FIGUEIREDO, Gizele Spigolon 2 ; TEIXEIRA, Elma José Rosa 3 ; MOURO, Gisele Fernanda 4 ; DINIZ, Ellen Rubia 5. 1 Universidade Estadual do Norte do Paraná, Bandeirantes, PR, macedo@uenp.edu.br; 2 Universidade Estadual do Norte do Paraná, Bandeirantes, PR, gizele.spigolon@unep.edu.br; 3 Instituto Federal do Paraná, Ivaiporã, PR, helmateixeira@gmail.com; 4 Instituto Federal do Paraná, Ivaiporã, PR, gisele.mouro@ifpr.edu.br; 5 Instituto Federal do Paraná, Ivaiporã, PR, ellen.diniz@ifpr.edu.br. Resumo: Com o objetivo de identificar tratamentos alternativos de sementes de milho visando o baixo custo e que possam ser implantados na agricultura orgânica familiar, foi realizado na segunda safra de 2016 um experimento com duas variedades de milho conduzidas sob manejo orgânico, BR451 QPM (Quality Protein Maize) branco e milho crioulo Amarelão na estação experimental agroecológica do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios - NEAT da Universidade Estadual do Norte do Paraná - CLM em Bandeirantes - PR. As sementes foram tratadas com supermagro, homeopatia, e a testemunha com água, posteriormente, todas foram inoculadas com Azospirillum brasiliensis. Os tratamentos foram: T1) milho QPM branco tratamento de sementes testemunha; T2) milho QPM branco tratamento de sementes com supermagro; T3) milho QPM branco tratamento de sementes com homeopatia; T4) milho crioulo amarelão tratamento de sementes testemunha; T5) milho crioulo amarelão tratamento de sementes com supermagro; T6) milho crioulo amarelão tratamento de sementes com homeopatia. Foram avaliados a altura das plantas, número de fileiras de grãos por espiga, o número de grãos por fileira, o número de grãos por espiga, peso de 100 sementes e a produtividade do milho. O tratamento com homeopatia teve melhor desenvolvimento inicial, porém quanto à produtividade os tratamentos não diferiram entre si, as variedades de milho apresentaram diferenças tendo melhor desempenho o milho crioulo Amarelão. Palavras-chave: homeopatia, supermagro, milho QPM, milho crioulo Amarelão. Abstract: With the objetive to identify alternative corn seeds treatments aiming low cost and can be implanted in organic Family farming, it was realized in the second harvest of 2016 an experimente with two varieties conducted under organic management, White BR451 QPM (Quality Protein Maize) and Amarelão landrace corn in Agroecologic experimental station of Agroecology and Territorial Studies Center NEAT of North of Paraná State University in Bandeirantes-PR. Seeds was treated with supermagro biofertilizer, homeopathy, and the control with water. All treatments was inoculated with Azospirillum brasiliensis. Treatments were: T1) QPM White corn seeds with control treatment; T2) QPM White corn seeds with supermagro biofertilizer treatment; T3) QPM White corn seeds with homeopathy treatment; T4) Amarelão landrace corn seeds with control treatment; T5) Amarelão landrace corn
2 seeds with supermagro biofertilizer treatment; T6) Amarelão landrace corn seeds with homeopathy treatment. They were evaluated plant height, number of grain rows for cob, number of grains for row, number of grain for cob, weight of 100 seeds and corn productivity. Homeopathy treatment had the best initial development, however in relation of productivity, treatments had no difference. Corn varieties presented diferences with amarelão landrace corn having the best performance. Keywords: homeopathy, supermagro biofertilizer, corn QPM, Amarelão landrace corn. Introdução A cultura do milho tem amplo valor econômico, pois garante renda a muitas famílias, principalmente para produtores de pequenas propriedades rurais do país. Sendo assim viabiliza a agregação de valores ao produto pela função do milho na alimentação humana e animal (Miranda, 2003). Grande parte dos agricultores familiares conduz lavouras de milho, visto que é matéria prima para uma gama de produtos, destacando-se principalmente na cadeia de produção animal (EMBRAPA). Assim é constante a necessidade de insumos e tecnologias capazes de ampliar a produtividade, estabilidade econômica e ambiental das propriedades familiares. As sementes Crioulas são aquelas, que durante um longo período de tempo, foram conservadas, cultivas e selecionadas por agricultores em suas regiões, não sofrendo modificações por meio de melhoramento genético artificial, com isso estão adaptadas as biointerações presentes nos agroecossistemas, contribuindo com a sustentabilidade e diversidade, além de serem mais rústicas e resistentes. O milho amarelão se trata de uma variedade crioula que foi guardada por muitos anos, onde muitas vezes por não terem recursos financeiros para a compra de sementes tratadas e/ou transgênicas, o que proporciona a preservação dessas espécies. Devido a isso elas são multiplicadas e armazenadas todos os anos. O milho QPM tem sua qualidade proteica melhorada, seus níveis de lisina e triptofano, são 50% maiores do que em milhos comuns. Isto leva a um resultado muito superior na engorda de animais monogástricos como frangos, suínos, peixes e o próprio homem. Por é bastante recomendada para pequenos produtores, para tratar de seus animais de subsistência (MEIRELLES, 2014). Os tratamentos alternativos de sementes buscam melhorar a germinação e o desenvolvimento das plantas, aumentando também sua produtividade. Os mesmos devem ser de fácil acesso, baixo custo e preferencialmente, feitos em suas propriedades. Na busca de práticas mais sustentais para o tratamento de sementes, tem-se como opções o uso de produtos alternativos tais como preparados homeopáticos, caldas e biofertilizantes.
3 Visando tal necessidade, o supermagro que é um biofertilizante e os preparados homeopáticos surgem como uma opção para pequenos agricultores. Biofertilizantes são fertilizantes vivos produzidos a partir da fermentação anaeróbica, podendo ser líquido ou sólido, que contém microrganismo e sua principal característica, é a decomposição da matéria orgânica resultando em produção de gás e liberação de metabólitos, sendo eles antibióticos e hormônios (BETTIOL et al., 1998). A homeopatia em vegetais pode ser utilizada como tratamento de sementes e pulverizações foliares. O sulphur é uma matéria médica homeopática que tem a sua origem a partir de um mineral chamado pedra de enxofre e que pode ser utilizado na agricultura para diversos tratamentos de fitossanidade em plantas e também é indicado para algumas variedades que são mais exigentes em quantidades de nutrientes. Os tratamentos de sementes são feitos para melhoria na germinação e melhor desenvolvimento das plantas estimulando a defesa e resistência de doenças, insetos-praga e a impactos climáticos e ambientais. Para os agricultores espera-se a inserção da mesma como prática rotineira em pequenas propriedades para substituição de produtos comerciais como agrotóxico. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização da homeopatia e do biofertifizante supermagro no tratamento alternativo de sementes de milho QPM branco e milho Amarelão crioulo. Metodologia O trabalho foi conduzido na estação experimental agroecológica do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios - NEAT da Universidade Estadual do Norte do Paraná - campus Luíz Meneghel situado em Bandeirantes - PR (latitude 23,1 S, longitude 54,4 W e altitude de 440m). O material utilizado foi milho QPM branco, milho crioulo amarelão, supermagro, preparado homeopático com Sulphur, e todos tratados posteriormente aos tratamentos com Azospirillum brasiliense selecionados pelo Instituto Federal do Paraná de Ivaiporã. A semeadura foi realizada em março de 2016 no sistema de plantio convencional, em solo classificado como latossolo vermelho eutróférrico, o espaçamento utilizado foi de 0,8m entre linhas e 8 plantas por metro na linha de plantio, totalizando uma densidade de plantas por hactare. Por coincidir a época de florescimento realizou-se polinização controlada nas plantas avaliadas. Antecedendo o plantio foi pulverizado fungicida biológico trichodermil na dose de 12 ml por litro, e adubação com esterco compostado de gado na dose de 5 litros por metro linear de sulco, incorporando o esterco ao solo. A adubação de cobertura foi realizada aos 30 DAE com esterco compostado de frango na dose de 1kg por metro linear e o manejo foi realizado de acordo com a legislação orgânica do Brasil.
4 O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 3 com 3 repetições, sendo T1) milho QPM branco tratamento de sementes testemunha; T2) milho QPM branco tratamento de sementes com supermagro; T3) milho QPM branco tratamento de sementes com homeopatia; T4) milho crioulo amarelão tratamento de sementes testemunha; T5) milho crioulo amarelão tratamento de sementes com supermagro; T6) milho crioulo amarelão tratamento de sementes com homeopatia. Durante o desenvolvimento da cultura avaliou-se a altura das plantas e no momento da colheita que se deu 150 DAE avaliou-se o número de grãos por espiga (NGE), o número de fileiras de grãos (NF), o número de grãos por fileira (NGF), a produtividade do milho (PROD) e o peso de 100 grãos. Ambas as avaliações foram feitas a partir de 10 plantas da área útil, sendo esta representada pelas duas linhas centrais de cada parcela excluindo-se 1,0m das extremidades das linhas. Os dados obtidos foram submetidos pelo teste f e as médias dos tratamentos agrupadas pelo teste de Scott-knott a 5% de probabilidade pelo programa SASM-Agri- Sistema para Análise e Separação de Médias em Experimentos Agrícolas. Resultados e discussões As temperaturas máximas e mínimas e a precipitação ocorrida durante o ciclo de desenvolvimento do trabalho estão representadas na Figura 1. Observou-se a ocorrência de chuvas mal distribuídas, com períodos de estiagens e temperaturas inadequadas, desfavorecendo os estádios terminantes de desenvolvimento da cultura do milho, conforme apontado por Fancelli. Figura 1. Precipitação pluviométrica, temperaturas mínima e máxima, da semana durante o período de condução da cultura totalizando 154 DAP. Fonte UENP Estação Agrometeorológica de Bandeirantes- PR.
5 A análise da altura das plantas realizadas aos 30 DAE diferiu para o tratamento com homeopatia e conforme Andrade (2000), o tratamento homeopático ativa mecanismos de defesa aumentando assim a tolerância a condições edafoclimáticas impróprias, o que ocorreu principalmente no estabelecimento da cultura, dando resposta significativa quanto aos outros tratamentos conforme demonstrado na tabela 1. O milho QPM branco destacou-se quanto à altura, esta ocorrência pode consistir devido o parâmetro analisado ser uma característica genética comandada por vários genes e pouco influenciada por fatores edafoclimáticos e de manejo (KAPPES, 2009). Tabela 1. Média das alturas das plantas aos 30 DAE em resposta aos tratamentos e cultivares. Tratamentos altura de plantas(cm) Testemunha 27,60 B Super M 28,10 B Homeopatia 29,52 A MQPM 31,59 a Mamarelo 25,22 b CV(%) 10,21 Não houve diferença significativa entre os tratamentos de sementes para as variáveis: número de fileiras por espiga, número de grãos por fileira, número de grãos por espiga, peso de 100 sementes e a produtividade na cultura do milho em resposta aos tratamentos, porém as cultivares diferiram entre si quanto ao peso de 100 sementes e produtividade sendo maior para o milho crioulo amarelão conforme dados apresentados na tabela 2. Conforme orientações da Embrapa milho e sorgo, o milho QPM branco BR 451 é considerado cultivar precoce com ciclo de 130 dias e com peso de sementes de 40,3 gramas, que diferem dos resultados obtidos, o ocorrido pode ser devido à época de plantio não adequada o que pode afetar várias características da planta quanto ao meio ambiente, levando a um decréscimo mais acentuado no rendimento de grãos. Tabela 2. Número de fileiras por espiga, número de grãos por fileira, número de grãos por espiga, peso de 100 sementes e a produtividade em resposta aos tratamentos e os tipos de milho utilizados. Tratamentos Nº fil Grãos/Fil Grãos/Espiga Peso 100s(g) Prod. (kg/há) Testemunha 12,28 A 22,03 A 273,14 A 41,06 A 12641,67 A Super M 12,11 A 20,76 A 253,77 A 40,56 A 12500,00 A Homeopatia 12,01 A 21,34 A 259,87 A 41,39 A 11525,00 A MQPM 12,01 a 20,32 a 246,58 a 37,63 b 11138,89 b Mamarelo 12,25 a 22,43 a 277,94 a 44,37 a 13305,56 a
6 CV(%) 5,86 16,85 19,78 9,11 16,6 Conforme Araujo, 2002 a variedade de milho crioulo amarelão apresenta produtividade maior em relação á híbridos comerciais estudado, entre outras características desejáveis para produção, destacando-se como uma variedade interessante para produção na agricultura familiar. Conclusões Os tratamentos de sementes não diferiram da testemunha quanto à produtividade, porém o tratamento com preparado homeopático apresentou melhor desempenho inicial passando por períodos de estresses hídricos e temperaturas irregulares. A variedade BR 451 não apresentou boa produtividade na semeadura de segunda safra comparada a trabalhos de verão, já o milho crioulo Amarelão é indicado para o cultivo nesta época. Referências bibliográficas ALTIERI, Miguel A. (1995): El estado del arte de la agroecología y su contribució n al desarrollo rural en América Latina. En: Cadenas Marín, Alfredo (ed.): Agricultura y desarrollo sostenible. Madrid: MAPA; pp ANDRADE, F. M. C. Homeopatia no crescimento e produção de cumarina em chambá Justicia pectoralis Jacq. Viçosa, MG: UFV, f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. ARAÚJO, Pedro MÁrio de; NASS, Luciano LourenÇo. Caracterização e avaliação de populações de milho crioulo. Scientia Agrícola, Londrina, v. 3, n. 59, p , jul. 02. BETTIOL, W.; TRATCH, R.; GALVÃO, J. A. H. Controle de doenças de plantas com biofertilizantes. Disponível em:< yunj012j.pdf>. Acesso em: 31/08/2016 EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Circular técnica 159. Produção de Milho na Agricultura Familiar. Disponível em: Acesso em:05/09/2016. FANCELLI, A. L. Fisiologia, nutrição e adubação do milho para alto rendimento. Piracicaba, São Paulo. Departamento de Produção Vegetal. Piracicaba: ESALQ/USP, 2003, 9p. KAPPES, C. et al. Influência do nitrogênio no desempenho produtivo do milho cultivado na segunda safra em sucessão à soja. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 39, n.3, p , jul./set
7 MEIRELLES, Walter Fernandes. Tecnologias para a Agricultura Familiar: Milhos Especiais da Embrapa Variedades e Multiplicação para a Agricultura Familiar. Disponível em: < Acesso em: 10 set MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. COMUNICADO TÉCNICO 111: BR Milho de Alta Qualidade Protéica. 1ª ed. Sete Lagoas: Embrapa, p. Disponível em: < Acesso em: 02 set MIRANDA, G. V. Melhoramento de milho nas Universidades. In: Simpósio de melhoramento e perspectivas do milho, 2003, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2003.
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