MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
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- Júlio César Botelho Viveiros
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1 MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE ORIENTAÇÕES PARA O PROCESSO DE PACTUAÇÃO DOS INCENTIVOS DE ATENÇÃO BÁSICA E ESPECIALIZADA À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS (Criados pela Portaria GM/MS nº /2007) CONSIDERAÇÃO: Este documento não tem a pretensão de esclarecer todas as dúvidas sobre o tema em questão, podendo sofrer alterações e/ou inclusões de orientações, de acordo com o andamento dos processos de pactuação e do surgimento de novas dúvidas. 16/Outubro/2008 1
2 I - Introdução A implantação simultânea dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas - Dsei gerou uma necessidade expressiva de recursos humanos fazendo com que a Funasa buscasse as alternativas legais para a execução da política de saúde para os povos indígenas. Um desses mecanismos foi a contratação de profissionais pelos municípios, com recursos repassados na modalidade fundo-a-fundo, de forma similar à realizada com a Estratégia Saúde da Família. O incentivo para a atenção básica à saúde dos povos indígenas assumiu gradativamente, nos últimos nove anos de implantação do Subsistema de Saúde Indígena, uma importância fundamental, correspondendo hoje a 50% da força de trabalho contratada para atuar na atenção básica em terras indígenas, sendo esta questão um dos nós críticos para a implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Os incentivos destinados à saúde indígena, criados pela Portaria GM/MS nº de 1999 e regulamentados pela Portaria GM/MS nº /2007, desencadearam um amplo debate sobre a necessidade da inserção da saúde indígena no processo de pactuação no SUS. Foram realizados vários eventos* de âmbito nacional, regional e local para discussão e compreensão desse processo, regulando aspectos da atuação complementar dos municípios e estados e compatibilizando a saúde indígena com as diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde, definidas na Portaria GM/MS nº. 399 de 22 de fevereiro de A publicação da Portaria GM/MS nº /2007 estabeleceu critérios per capita de alocação de recursos para o Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas - IAB-PI, bem como adequação à legislação vigente, resultando numa projeção de exclusão de 44 municípios que já atuam de forma regular no Subsistema com infra-estrutura, logística e recursos humanos, uma vez que não possuem os mesmos da população indígena residente em seu território. Consequentemente foram provocados questionamentos relativos à possibilidade de se manter a qualificação para o incentivo aos municípios de referência. Concomitantemente, a mesma Portaria Ministerial incluiu, por possuírem índios residentes em seu território (informação constante do Sistema de Informação de Saúde Indígena Siasi), 133 novos municípios que não atuavam na saúde indígena até então. Tal procedimento tem exigido um extenso processo de negociação, uma vez que alguns desses municípios não demonstram e/ou não possuem condições de participar deste processo ou então são rejeitados politicamente pelas populações indígenas. A proposta de um Documento Orientador é decorrente das discussões e dificuldades encontradas na compreensão e na articulação com os vários atores envolvidos na pactuação dos incentivos à saúde indígena. Assim, foi realizada nos dias 11 e 12 de agosto de 2008 uma Oficina do Grupo Trabalho Tripartite - GTT, (Portaria GM/MS nº. 14 de janeiro de 2008) com o objetivo de oferecer respostas às principais dúvidas e questionamentos relativos à Portaria GM/MS nº /2007 apontados pelos Condisi, Dsei, Municípios e Estados. Buscouse, ainda, identificar e qualificar profissionais para atuar como divulgadores, orientadores e apoiadores desse processo. * (Alguns eventos em que participaram presidentes de Condisi, chefes de Dsei, gestores municipais, profissionais e usuários do Subsistema de Saúde Indígena, representantes da Cisi, do Conasems, do Conass, técnicos do Ministério da Saúde e da Funasa, realizados para discussão, definição e esclarecimentos do processo de regulamentação dos incentivos à saúde indígena definida na Portaria GM/MS nº /2007: Brasília/DF 15/junho/2007 e 13/setembro/2007; Belém/PA em 26/11/2007; Campo Grande/MS em 21/02/2008; São Luiz/MA em 12/03/2008; Belém/PA em 25/03/2008; Recife/PE em 27/03/2008; Florianópolis/SC em 28/03/2008; Ji- Paraná/RO em 02/04/2008; Rio Branco/AC em 15/04/2008; Belo Horizonte/MG em 28/04/2008). 2
3 II - Principais questões apontadas para a implementação da regulamentação dos incentivos à saúde indígena: 1. Quais são os municípios que podem/devem participar do processo de pactuação dos incentivos, só os referidos na Portaria GM/MS nº. 2656? Recomenda-se que todos os municípios mencionados na Portaria GM/MS nº /2007 participem deste processo, uma vez que a população indígena encontra-se presente em seu território. Para tal, o município deve conhecer as informações epidemiológicas de seus munícipes. Constatada a impossibilidade de algum município participar ou a necessidade de participação de outro não referido na portaria, o Dsei e o Condisi deverão tecer justificativa baseada em avaliações técnico-operacionais, definindo assim quais outros municípios participarão da pactuação, deixando clara a necessidade de se consultar previamente o DAB/MS, o DSAI/Funasa e a Câmara Técnica da Comissão Intergestora Tripartite. Não será possível extrapolar a totalidade dos recursos dos incentivos para o conjunto dos municípios de abrangência do Dsei definidos pelo critério per capita. 2. Há casos de prefeituras, em função do per capita referenciado pela Portaria GM/MS nº /2007, que terão uma diminuição dos valores do IAB-PI, podendo acarretar problemas para a operacionalização das ações no Dsei. O Dsei deverá apontar alternativas para a contratação das equipes necessárias, sem prejuízo das atividades de que é responsável. O Dsei encaminhará solicitação ao Desai, antes da pactuação, que verificará a viabilidade de solução conforme artigo 4º 6º da Portaria GM/MS nº /2007. Art. 4º - Estabelecer que o Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas - IAB-PI seja utilizado para ofertar consultas e procedimentos de atenção básica às comunidades indígenas. 6º Os Municípios que estão recebendo, por meio da legislação em vigor, valores superiores aos estabelecidos nesta Portaria, serão avaliados pela Funasa com acompanhamento do Condisi, que poderá readequar esses valores, desde que a aplicabilidade esteja de acordo com as responsabilidades pactuadas e respeitados os limites orçamentários. Caso essa solução não seja viável, poderão ser buscados recursos transferidos fundo-afundo a outros municípios ou a convênios. 3. Em caso de inconsistências nas pactuações realizadas, quem poderá recomendar a revisão do processo? A proposta de pactuação deve ser submetida à análise técnica nas câmaras técnicas (CIB e CIT) dos espaços de pactuação do SUS. A base deste processo deverá contemplar necessariamente a programação contida nos Planos Distritais de Saúde Indígena, os quais deverão possibilitar uma visão integral dos recursos disponibilizados aos Dsei e assim evitar inconsistências na pactuação. Uma vez pactuado na CIB o processo será encaminhado para a SAS/MS para publicação da portaria de descentralização dos recursos. É fundamental que, antes de submeter a qualquer instância deliberativa do SUS, os atores envolvidos, em casos de duvidas, consultem o Desai/Funasa e/ou o DAB/MS. 4. Como serão feitos os pagamentos de obrigações patronais? Deverão ser previstos nos Termos de Pactuação da Atenção Básica aos Povos Indígenas (Art. 7º inc. I e Art. 8º Portaria GM/MS nº /2007) as responsabilidades das partes, 3
4 devendo estar claro como serão pagas as obrigações trabalhistas, se será contrapartida ou se serão utilizadas a partir de recursos do incentivo. Os recursos são de custeio e, conforme artigo 6 parágrafo 2 da Portaria GM/MS nº. 204/2007, são vetadas despesas com pessoal não contratado exclusivamente para as funções de atenção básica de atenção à saúde indígena (ver Anexo): 2º Os recursos referentes aos blocos da Atenção Básica, Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Vigilância em Saúde e de Gestão do SUS, devem ser utilizados considerando que fica vedada a utilização desses para pagamento de: I - servidores inativos; II - servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempenhar funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde; III - gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde; IV - pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio município ou do estado; e V - obras de construções novas, exceto as que se referem a reformas e adequações de imóveis já existentes, utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde. 5. Quais os parâmetros para definir a contratação de uma equipe ou Agente indígena? Na Portaria GM/MS nº /2007 o art. 12º, inciso XII, prevê que o município definirá, em conjunto com a Funasa, o perfil dos profissionais que comporão as equipes multidisciplinares de saúde indígena, de acordo com os Termos de Pactuação da Atenção à Saúde aos Povos Indígenas. As categorias profissionais e o quantitativo serão definidos no Plano Distrital de Saúde Indígena, com base em parâmetros populacionais, área geográfica, perfil epidemiológico e vias de acesso. É importante também considerar parâmetros existentes para a estratégia da saúde família, avaliando a região que atuarão os profissionais e a concentração populacional indígena a ser atendida. 6. Existem critérios por região para adequar os valores salariais dos profissionais? Não. Este tema será discutido e definido na comissão de construção da política de RH para saúde indígena, criada pela Portaria GM/MS nº. 1325/2008. Cada prefeitura e estado aprova lei regulando a contratação de servidores e empregados públicos não podendo estabelecer regime excepcional sem amparo legal. Assim, o estabelecimento ou não de critérios específicos de remuneração para os trabalhadores em áreas indígenas devem ser estudados e aprovados no âmbito de cada município e Estado. 7. É possível a contratação de profissionais como motorista, cozinheira, auxiliar de epidemiologia e agente administrativo? É possível a contratação de profissionais necessários para a atuação da equipe de atenção básica na saúde indígena (conforme artigo 6 parágrafo 2 da Portaria GM/MS nº. 204/2007), desde que justificado e pactuado. 8. Existem profissionais contratados com recursos do IAB-PI exclusivamente para atuarem nas Casas de Saúde Indígena (Casais). Como resolver esta questão? Dado que a natureza das Casai é de apoio a referências de média e alta complexidade, há desvio em direcionar a elas pessoal contratado com recursos do IAB-PI. Estas situações terão que ser negociadas caso a caso, uma vez que em alguns casos os recursos humanos contratados foram substituídos de convênios com Ongs para Fundo/SAS, gerando um fato de difícil resolução a curto prazo. A Funasa assinou junto à Justiça do Trabalho, juntamente com o Ministério do Planejamento, Ministério da Saúde e com o Ministério Público do Trabalho um Termo de Conciliação Judicial sobre como adequar a contratação de RH para o Subsistema de Saúde Indígena como um todo. 4
5 9. Como é feita a atenção básica aos índios residentes fora das terras indígenas e em áreas urbanas? O incentivo do IAB-PI não deveria contemplá-los? A atenção básica nestes casos é responsabilidade direta da prefeitura municipal que deve qualificar as unidades de saúde e as equipes de saúde da família para atendê-los adequadamente, respeitando suas especificidades culturais e observando os princípios da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, aprovada pela Portaria GM/MS nº. 254/ O recurso do IAB-PI pode ser usado para qualificar atendimento à saúde da população indígena no município. Sim. Os recursos do IAB-PI podem ser usados para qualificar a atenção básica ao cidadão indígena, onde quer que ele resida, mantendo-se o rito de pactuação e aprovação nas instâncias de controle social. No âmbito das unidades de referência de média e alta complexidade, deverão ser discutidos e pactuados os recursos do IAE-PI, propostos, entre outras, para qualificar os recursos humanos e o atendimento diferenciado. 11. Qual a diferença entre Termo de Compromisso de Gestão, Termo de Pactuação, e Plano de Trabalho? O Termo de Compromisso de Gestão é o documento em que o gestor municipal formaliza o pacto pela saúde nas suas dimensões pela vida, em defesa do SUS e de gestão, é uma declaração publica dos compromissos assumidos perante a população das suas responsabilidades com a saúde no município. O Termo de Pactuação, exigido no Art. 7º da Portaria GM/MS no. 2656/2007 é parte integrante do Termo de Compromisso de Gestão. Refere-se às responsabilidades e atribuições da atenção à saúde dos povos indígenas com base nas atribuições definidas naquela Portaria. O Art. 8º da mesma Portaria estabelece o conteúdo mínimo do Termo de Pactuação da Atenção Básica aos Povos Indígenas. O Art. 9º estabelece o conteúdo mínimo do Termo de Pactuação da Atenção Especializada aos Povos Indígenas e que os estabelecimentos de saúde contratados ou conveniados com o SUS deverão assinar com o gestor estadual ou municipal um Termo de Compromisso do Prestador de Serviços, devendo este ser parte integrante do Termo de Pactuação da Atenção Especializada (Art. 9º 1º). O Plano de Trabalho, parte integrante do Termo de Pactuação, é o documento em que se planejam as metas e a forma como os recursos dos incentivos serão utilizados para alcançá-las. (ver Portaria compete nº. 699 /06). 12. Quem monitora e avalia a pactuação? O monitoramento e a avaliação da pactuação deverão ser realizados em conformidade com a Portaria GM/MS nº /2007. O Art. 16 do citado comando normativo determina que o monitoramento nacional do IAB-PI e o IAE-PI se dará por meio da verificação e utilização dos sistemas nacionais de informação a serem preenchidos e remetidos ao Ministério da Saúde pelos Municípios e Estados contemplados, conforme normas em vigor. Os Municípios, os Estados e o Distrito Federal que não alimentarem regularmente os Sistemas de Informação em Saúde com o atendimento hospitalar e ambulatorial aos Povos Indígenas por 2 (dois) meses consecutivos ou 3 (três) meses alternados terão o repasse dos incentivos suspenso (Art. 16º 1º). O repasse dos incentivos IAE-PI e IAB-PI, caso sejam detectadas, por meio de auditoria federal ou estadual, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos (Art. 16º 2º). O Art. 17º da norma legal estabelece que compete à SAS/MS e à Funasa, por meio do Departamento de Saúde 5
6 Indígena - Desai, o monitoramento da implantação e implementação da regulamentação, com a participação das instâncias de controle social. O Art. 18º, ao final, determina que o acompanhamento e a avaliação da aplicação dos recursos se darão por meio dos Conselhos Locais e Distritais de Saúde Indígena e dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde. No Art. 10º é dada como competência à Funasa, em conjunto com os secretários municipais e estaduais de saúde, realizar acompanhamento, supervisão, avaliação e controle das ações desenvolvidas no âmbito dos Dsei. 13. Como compatibilizar os Planos de Saúde dos Estados e Municípios com os Planos Distritais de Saúde Indígena? Todas as ações e metas de saúde indígena definidas e pactuadas deverão estar em conformidade com os Planos Distritais de Saúde Indígena e com os Planos Municipais e Estaduais de Saúde conforme definido no artigo 1º e 3º da Portaria GM/MS no. 2656/2007. Ao definir que o planejamento, a coordenação e a execução das ações de atenção à saúde às comunidades indígenas dar-se-á em conformidade com as políticas e diretrizes definidas para atenção à saúde dos povos indígenas, a Portaria GM/MS no. 2656/2007, em seu artigo 1º, se remete às competências aprovadas para os Conselhos Distritais de Saúde Indígena no art. 8º do Decreto no. 3156/1999, quais sejam: I - aprovação do Plano Distrital; I - avaliação da execução das ações de saúde planejadas e a proposição, se necessária, de sua reprogramação parcial ou total; e III - apreciação da prestação de contas dos órgãos e instituições executoras das ações e serviços de atenção à saúde do índio. 14. Como as ações previstas no Plano de Trabalho dos Incentivos se relacionam com as planejadas no Plano Distrital? O Plano Distrital de Saúde Indígena contempla todas as atividades que serão desenvolvidas no Dsei. As ações previstas no Plano de Trabalho devem ser derivadas do Plano Distrital. 15. Como inserir a saúde indígena nas discussões da Programação Pactuada Integrada (PPI) e no Plano Diretor de Regionalização (PDR)? O Dsei deve estabelecer gestões junto aos gestores municipais e estadual, visando a inserção da saúde indígena no processo de pactuação, garantindo a inclusão do tema nas discussões da PPI ( recurso distribuído per capta, baseado num teto determinado para cada região) e do PDR (distribuição dos recursos, dentro do estado, das regiões de saúde). A Funasa e as instâncias de controle social (Conselhos de Saúde Indígena) devem participar das negociações para demarcar a necessidade da atenção diferenciada, aspectos culturais, antropológicos e outros. 16. Cada Município tem uma senha especifica para agendamento de media e alta complexidade no SISREG (Sistema de Regulação). Como o Dsei poderá atender as demandas encaminhadas pelos Pólos-Base? Onde o SISREG está em funcionamento, o Dsei deverá articular e negociar com município, e onde não há o SISREG devem ser pensadas outras formas de negociação para o atendimento das demandas de serviços especializados. O objetivo do IAB-PI não é a compra de procedimentos, portanto não objetiva garantir vagas e procedimentos, mas a qualificação dos serviços prestados. O selo hospital amigo do índio visa distinguir as unidades que organizaram serviços diferenciados para os pacientes indígenas. A responsabilidade pelo acompanhamento de pacientes é compartilhada entre os vários 6
7 atores (Hospital, município, Dsei e Controle Social), e as formas/estratégias de acompanhamento devem estar claras nos termos de pactução. 17. Se a portaria estabelece que a prestação de contas do IAE-PI será por meio de internações hospitalares, como serão acompanhados os casos de tratamentos ambulatoriais e procedimentos de apoio ao diagnóstico? Os sistemas de informação do SUS contemplam os procedimentos de apoio diagnóstico e ambulatorial realizado. Essa discussão deve acontecer na pactuação local. O gestor deve identificar e assegurar o atendimento conforme a demanda, lembrando que na internação hospitalar estão inclusos os procedimentos ambulatoriais decorrentes desse tratamento sob regime de internação. 18. Como está acontecendo a transferência do IAE-PI? Até o estabelecimento das pactuações previstas na Portaria GM/MS nº. 2656/2007 o pagamento do IAE-PI segue a rotina estabelecida pela Portaria GM/MS nº. 1163/99, havendo depósito direto na conta do EAS. Na Portaria GM/MS nº. 2656/2007 o repasse de recursos é previsto nos Art. 2º e Art. 6º 1º, passando a ser feito fundo-a-fundo. O pagamento aos estabelecimentos de saúde será feito pela prefeitura ou Estado. A regulamentação da Portaria GM/MS nº. 645 de 27 de março de 2006, que institui o Certificado Hospital Amigo do Índio, poderá/deverá orientar a transferência do IAE-PI. 19. A equipe contrata pelo IAB-PI alimentará o Siab e o Siasi? A responsabilidade pela alimentação dos sistemas nacionais de informação é da Funasa e do Município, sendo obrigatória à alimentação de todos os sistemas de informação. Para isso, os gestores municipais deverão ter acesso e serem capacitados para o uso do SIASI. (Ver a portaria proposta pela SVS que foi aprovada na última reunião da Comissão Intergestores Tripartite no dia 28/08 e está para publicação, que define alguns fluxos para os sistemas de informação, inclusive da saúde indígena). 20. Como utilizar os saldos dos recursos dos incentivos á saúde indígena existentes nos municípios? A utilização dos saldos dos recursos tem se dado via processo de pactuação entre Dsei/Conselho/Município, inclusive usando os recursos para investimentos e despesas diversas de custeio. Considerando a Portaria GM/MS nº. 204, o recurso será naturalmente aplicado nas ações da atenção básica (ver Anexo). 21. O CNES permite cadastrar um profissional de forma diferente de 40 horas/semana? O que fazer com profissionais que atuarão menos ou mais horas? O CNES permite o cadastramento em diferentes quantidades de horas semanais de trabalho, devendo-se cadastrar o profissional com a quantidade de horas de trabalho que efetivamente cumprirá em cada estabelecimento de saúde. (Ver Portaria nº. 475, de 1º de setembro de 2008, define a tipologia das unidades de saúde indígena) 22. Dificuldade em cadastrar alguns profissionais no CNES, devido a especificidades locais, relacionadas a carga horária, que varia de 20, 30 e 40 horas, bem como o profissional estar compondo equipe em mais de um Município. O profissional poderá se vincular a mais de uma unidade de saúde do subsistema de saúde indígena (Dsei, Casai, Pólo-base, Posto de saúde indígena, Unidade de apoio indígena) podendo lançar para cada uma delas uma carga horária semanal específica, dentro dos limites legais para o exercício de cada profissão. 7
8 23. Como adequar o Siasi aos Sistemas de Informação do SUS. A adequação do Siasi aos diversos sistemas de informação do SUS está sendo realizada com o desenvolvimento de nova versão do sistema. Assim como os demais sistemas do SUS, o SIASI trabalhará com códigos únicos para estabelecimentos de saúde e profissionais (CNES) e usuários (cartão SUS), estabelecendo-se variáveis comuns que permitirão o cruzamento de informações. Por sua vez, estão sendo feitas alterações em sistemas como o CNES e o SIM/SINASC para permitir a leitura da territorialidade do subsistema indígena, perpassando a divisão político-administrativa nacional e incluindo os territórios dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas. III - Considerações Gerais As questões apresentadas acima foram extraídas de documentos encaminhados ao MS/DAB e a Funasa/Desai e dos vários eventos realizados com intuito de esclarecer o processo de implementação dos incentivos à saúde indígena. Naturalmente elas não refletem todas as dúvidas decorrentes de um processo tão complexo, mas possibilitam o exercício reflexivo sobre as dificuldades presentes no processo de pactuação exigido pela Portaria GM/MS nº. 2656/2007. As respostas são resultados de oficina realizada pelo Grupo de Trabalho fruto da Oficina de Manaus e de processo de implementação da regulamentação dos incentivos de atenção à saúde indígena. Busca-se assim, a consolidação da saúde indígena no SUS, ampliando o conhecimento sobre a lógica do seu funcionamento e minimizando interpretações equivocadas relativos a esse processo. O Subsistema de Saúde Indígena e a Política de Saúde aos Povos Indígena são de responsabilidade da União, cabendo aos Estados e Municípios uma participação complementar, conforme legislação vigente. 8
9 ANEXO INFORMAÇÕES QUANTO ÀS POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DE INCENTIVOS FINANCEIROS DO PISO DE ATENÇÃO BÁSICA* As Portarias que estabelecem o repasse de Recursos Financeiros para a Atenção Básica são a Portaria GM nº. 204 de 29 de janeiro de 2007 e a Portaria GM nº. 648 de 28 de março de Segundo essas, o Piso de Atenção Básica - PAB constitui-se no componente federal para o financiamento da Atenção Básica, sendo composto de uma parte fixa e outra variável, denominadas, respectivamente, como PAB-Fixo e PAB-Variável. O Componente Piso da Atenção Básica PAB Fixo refere-se ao financiamento de ações de atenção básica à saúde, cujos recursos são transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios baseando-se no valor per capita por município. Já o Componente Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável é constituído por recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias, realizadas no âmbito da atenção básica em saúde, tais como: I - Saúde da Família; II - Agentes Comunitários de Saúde; III - Saúde Bucal; IV - Compensação de Especificidades Regionais; V - Fator de Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas; VI - Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário; VII - Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei, em regime de internação e internação provisória; e VIII - outros que venham a ser instituídos por meio de ato normativo específico. O somatório das partes fixa e variável do PAB compõe o Teto Financeiro do Bloco da Atenção Básica. Desta feita, os recursos do PAB são repassados mensalmente, de forma regular e automática por meio do Fundo Nacional aos Fundos Municipais de Saúde com informação disponibilizada no site Tais recursos não podem substituir as fontes de recursos próprios do orçamento municipal para a saúde. A Portaria GM nº. 204, de 29/01/2007 que regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle, estabeleceu que os recursos federais destinados às ações e aos serviços de saúde devem ser organizados e transferidos na forma de blocos de financiamento. Os blocos são constituídos por componentes, conforme as especificidades de suas ações e dos serviços de saúde pactuados. A portaria em questão estabelece os seguintes blocos de financiamento: I - Atenção Básica; II - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar; III - Vigilância em Saúde; IV - Assistência Farmacêutica; e V - Gestão do SUS. Desse modo, os recursos referentes a cada bloco de financiamento devem ser aplicados nas ações e serviços de saúde relacionados ao próprio bloco. De acordo com a Portaria nº. 648/2006 (Política Nacional de Atenção Básica), os recursos financeiros do Teto Financeiro do Bloco Atenção Básica deverão ser utilizados para financiamento das ações de Atenção Básica descritas nos Planos de Saúde do município e do Distrito Federal. A Portaria nos esclarece que os repasses dos recursos do 9
10 PAB - fixo e variável- aos municípios são efetuados em conta aberta especificamente para essa finalidade, com o objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito Federal. Isso é ratificado pela Portaria nº. 204/2007 em seu artigo 5º: Art. 5º Os recursos federais que compõem cada bloco de financiamento serão transferidos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, fundo a fundo, em conta única e específica para cada bloco de financiamento, observados os atos normativos específicos. Com efeito, os recursos são repassados em conta específica denominada FMS - nome do município - PAB de acordo com a normatização geral de transferências fundo a fundo do Ministério da Saúde. Os recursos transferidos da União para Estados, Municípios e Distrito Federal, como também os provenientes de faturamento de serviços produzidos pelas Unidades Assistenciais Públicas, deverão ser identificados nos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde como receita operacional proveniente da esfera federal e utilizados na execução de ações de saúde previstas nos respectivos Planos de Saúde. Diante do exposto, de acordo com a Portaria GM nº. 204/2007 acima tratada, os recursos financeiros do PAB poderão ser utilizados em todas as despesas de custeio e de capital relacionadas entre as responsabilidades definidas para a gestão da atenção básica e coerentes com as diretrizes do Plano Municipal de Saúde, que é a base das atividades e programações desse nível de direção do SUS, sendo vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações nele não previstas e de acordo com as seguintes orientações extraídas do comando legal em referência: I - Todas as despesas de custeio da Atenção Básica podem ser realizadas com recursos do PAB, excluindo: - pagamento de servidores inativos; - pagamento de gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles diretamente ligados às unidades de atenção básica; - pagamento de assessorias / consultorias prestadas por servidor público, quando pertencente ao quadro permanente dos municípios; - transferência de recursos na forma de contribuições, auxílios ou subvenções a instituições privadas, inclusive as filantrópicas. II - Todas as despesas de capital relacionadas à rede básica podem ser realizadas com recursos do PAB, excluindo: - a aquisição e reforma de imóveis não destinados à prestação direta de serviços de saúde à população; - a aquisição de equipamentos e materiais permanentes, incluindo veículos de qualquer natureza, não destinados à realização das ações de atenção básica. III - As despesas decorrentes de ações de saúde de média e alta complexidade e de assistência hospitalar não devem ser realizadas com recursos do PAB. IV - As ações de saneamento, que venham ser executadas supletivamente pelo SUS, serão financiadas por recursos tarifários específicos e outros, da União, Estados, Distrito Federal e municípios, conforme o parágrafo 3º, do Artigo 31, da Lei nº. 8080/90. 10
11 V Os recursos do PAB não devem substituir as fontes de recursos próprios do orçamento do município. O artigo 6º da mesma portaria ainda faz as seguintes ressalvas: Artigo 6º 2º - Os recursos referentes aos blocos da Atenção Básica, Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Vigilância em Saúde e de Gestão do SUS, devem ser utilizados considerando que fica vedada a utilização desse para pagamento de: I - servidores inativos; II - servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempenhar funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde; III - gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde; IV - pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio município ou do estado; e V - obras de construções novas, exceto as que se referem a reformas e adequações de imóveis já existentes, utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde. A Portaria nº. 204/2007 determina que todas as despesas de custeio e de capital relativas à Atenção Básica podem ser financiadas com os recursos do PAB, excetuando-se aquelas previstas na Portaria como despesas vedadas de aplicação. 11
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