a obra O Ateneu, de Raul Pompéia, é considerada uma das mais SUPLEMENTO DE ATIVIDADES O ATENEU RAUL POMPEIA NOME: SÉRIE/ANO: ESCOLA:
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1 SUPLEMENTO DE ATIVIDADES O ATENEU CRONICA DE SAUDADES RAUL POMPEIA Este suplemento de atividades é parte integrante da obra O Ateneu: crônica de saudades. Não pode ser vendido separadamente. SARAIVA S.A. Livreiros Editores NOME: Nº: ESCOLA: SÉRIE/ANO: a obra O Ateneu, de Raul Pompéia, é considerada uma das mais originais da literatura brasileira. Nem realista, nem romântica, nem impressionista, nem simbolista, ela traz em si, ao mesmo tempo, elementos de todas essas correntes literárias. Além disso, a obra trata de uma fase de transição da sociedade brasileira, e tem o Ateneu como símbolo da passagem do Império para a República. O próprio Pompéia foi, politicamente, um ator dessa transformação, a partir de episódios que foram decisivos na vida do escritor. Este suplemento de atividades pretende compreender esses e outros aspectos da obra. Desenvolva-os depois da leitura do livro, dos Diários de um Clássico, da Contextualização Histórica e da Entrevista Imaginária. 1
2 UMA OBRA CLÁSSICA 1. Qual é o tema principal de O Ateneu? 2. Qual é a singularidade da obra de Raul Pompéia no que se refere às correntes literárias? Por quê? 2 3. De acordo com a resposta anterior, quais são as principais características de O Ateneu, que fazem dele uma obra singular?
3 4. O que vem ser a amizade desempenhada por algumas personagens de O Ateneu? Explique. 5. Qual é o papel desempenhado por D. Ema, em relação a Sérgio e aos demais alunos do Ateneu? O NARRADOR 3 6. Como se explica a perspectiva do narrador dentro da obra? 7. Qual(is) é(são) a(s) principal(is) característica(s) desse narrador? Qual o efeito gerado por isso na obra?
4 AS PERSONAGENS 8. Relacione as colunas da esquerda com a da direita, unindo as personagens às suas características principais. Se for preciso, releia trechos da obra ou recorra aos Diários de um Clássico e ao Projeto Leitura e Didatização. 1. Sérgio 2. Aristarco 3. Ângela 4. D. Ema a) Figura que representa o autoritarismo. Também em diversos momentos deixa explícita a inclinação interesseira que subjaz à sua prática pedagógica. b) Aluno que faz o tipo exemplar, mas também extremamente arrogante, para o qual os outros são sempre inferiores. c) Ao ingressar no Ateneu, representa o ponto de vista interno aos acontecimentos, mas muitas vezes com ponderações de maturidade. O primeiro contato que tem com o colégio é positivo, pois o conhece em um dia de festa. Porém, a entrada na rotina do internato o leva a ver a falsidade daquele ambiente escolar. d) Faz o tipo sedutor, que oferece proteção aos alunos mais fracos. É uma das personagens mais envolvidas nas relações de poder do livro. Salva Sérgio de um afogamento na piscina. 4
5 5. Sanches 6. Rebelo 7. Egbert 8. Franco e) Empregada do colégio, é descrita com traços que chegam a denunciar formas animalizadas. Representa, para os internos, o forte apelo sexual e o lado puramente atrativo do feminino. f) É uma espécie de bode expiatório do grupo. Sobre ele é descarregada toda a violência do internato. g) O papel dessa personagem é marcadamente ambíguo. Para os adolescentes, ela é um misto de mãe e mulher. E esse seu caráter é importante de ser sinalizado, pois é central para o romance. É uma das fontes de admiração de Sérgio, responsável por sustentar o rito de passagem que o garoto realiza. h) Pode ser considerado o verdadeiro amigo de Sérgio, com quem ele conta e a quem confessa suas angústias e frustrações. 5 INTERTEXTUALIDADE 9. Nos Diários de um Clássico e na Contextualização Histórica, há um debate de textos sobre as possíveis interpretações de O Ateneu. Desenvolva uma comparação entre as ideias de dois ou mais desses textos.
6 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA A seguir, responda a algumas questões relacionadas à seção Contextualização Histórica, encontrada na parte final do livro. Os dois trechos selecionados a seguir são visões de dois importantes críticos literários, ambos abordando a obra O Ateneu, de Raul Pompéia. Leia-os com atenção e depois responda às questões sugeridas. MÁRIO DE ANDRADE (1941) Já se disse que O Ateneu é o menos naturalista dos nossos romances do Naturalismo. Não penso assim. Ele representa exatamente os princípios estético-sociológicos, os elementos e processos técnicos do Naturalismo. É sempre aquela concepção pessimista do homem-besta, dominado pelo mal, incapaz de vencer os seus instintos baixos reflexo dentro da arte das doutrinas evolucionistas. É sempre aquele exagerar inconsciente e ao sério das manifestações destrutivas do ser, baseado numa psicologia do terror, que concebe os homens como bestas e ignora a parte do anjo. É sempre aquela crítica ardorosa e deformadora das formas sociais mal ajustadas e infamantes que, contrastando romanticamente com o pessimismo evolucionista, acredita na melhoria do ser e num futuro mundo ideal novo avatar de romantismo que apenas substitui a imagem lírica e sentimental pelas imagens igualmente sentimentais do abjeto. Se ainda existem visões de delicadeza no livro, elas derivam muito mais do próprio assunto que de uma fuga anti ou extranaturalista do autor. 6 ANDRADE, Mário de. Apud POMPÉIA, Raul. O Ateneu. Organização Caio Gagliardi. São Paulo: Hedra, p. 272.
7 LÚCIA MIGUEL-PEREIRA (1950) Um escritor naturalista nunca teria desdenhado dos lances escabrosos que poderia fornecer o tema d O Ateneu, nunca se teria contentado com insinuações e meias palavras. [...] Raul Pompéia visava apenas aos conflitos e problemas interiores; para situá-los é que recorreu às descrições detalhadas, não quis explicar Sérgio pelas reações de seu temperamento em face do internato, mas criou, sem se valer dos dogmas em moda, um menino inadaptado, prisioneiro do próprio eu, cujo caminho ninguém encontrou. MIGUEL-PEREIRA, Lúcia. Apud POMPÉIA, Raul. O Ateneu. Organização Caio Gagliardi. São Paulo: Hedra, p O que esses dois trechos trazem de semelhante em suas visões de O Ateneu? No que divergem em suas abordagens? Explique sua resposta Como você situaria os textos de Mário de Andrade e de Lúcia Miguel-Pereira, de acordo com as principais características desenvolvidas em ambos os textos informativos? Justifique. 12. Consultando os Diários de um Clássico e a Contextualização Histórica, podemos dizer que os dois textos citados partem de uma interpretação. Qual é ela? Por que ela acabou se tornando uma referência para compreender a obra de Pompéia.
8 Leia o texto a seguir, do crítico José Paulo Paes, e responda às questões sugeridas. RAUL POMPÉIA E A ART NOUVEAU De resto, é a estilização caricatural que faz da écriture artiste d O Ateneu um dos momentos mais altos da ficção brasileira, só comparável, no meu entender, à epifania do romance machadiano. Mas se a prosa de Machado é regida pelo signo da discrição, do ocultamento manhoso de sua própria artesania, a de Raul Pompéia se rege pelo signo contrário do ornamental. Não, evidentemente, o ornamentalismo as mais das vezes vácuo da oratória de Rui ou da ficção de Coelho Neto, mas um ornamentalismo consubstancial, que anunciava, a exemplo da prosa, em cipó d Os Sertões, o advento avant la lettre, no campo da literatura também, da art nouveau. A consubstancialidade, no caso, vem da perfeita adequação entre a figura do ornamento e o empenho de caricatura a que serve. Que eu saiba, não se fez ainda um estudo pormenorizado da estilística d O Ateneu; quando for feito, destacará certamente, como um dos valores de base, a precisão caricaturesca, que chega amiúde às raias do rebuscamento, de seus epítetos e de suas metáforas. Dois exemplos de virtuosismo, nesse sentido, podem ser encontrados no penúltimo capítulo do livro, aquele em que se descreve a cerimônia da inauguração do busto de Aristarco. No discurso com que o professor Venâncio faz preceder o momento supremo da coroação do busto, as fórmulas adjetivais e metafóricas provêm do vocabulário metalúrgico: O orador acumulou paciente todos os epítetos de engrandecimento, desde o raro metal da sinceridade até o cobre dútil, cantante das adulações. Fundiu a mistura numa fogueira de calorosas ênfases, e sobre a massa bateu como um ciclope, longamente, até acentuar a imagem 8
9 monumental do diretor. De notar-se, nesta passagem o uso de um recurso de ênfase muito ao gosto de Pompéia, que também pode ser encontrado em Euclides e, ainda com maior frequência, em Augusto dos Anjos, um e outro expoentes, tanto quanto o mesmo Pompéia, da diversidade de nossa art nouveau literária. PAES, José Paulo. Armazém literário Ensaios. Organização e apresentação Vilma Arêas. São Paulo: Companhia das Letras, p , Conforme foi discutido nos Diários de um Clássico, uma das interpretações possíveis de O Ateneu consiste na sua vinculação à art nouveau. Onde essa estética surgiu? Em quais artes? 14. Quais as principais características dessa estética? Por que podemos enquadrar O Ateneu nessa estética?
10 16. Quais as principais palavras usadas por Paes para descrever o estilo de Pompéia? 17. Comente o texto de José Paulo Paes, à luz das questões discutidas nos Diários de um Clássico e da miscelânea de textos da Contextualização Histórica. A NOVA DO CADÁVER A SUA ENTREVISTA IMAGINÁRIA Agora é com você, caro leitor. Valendo-se das orientações desta edição e das suas respostas às atividades de leitura, elabore uma nova entrevista com o autor, mais ou menos como a Entrevista Imaginária do final do livro. Raul Pompéia escreveu uma obra com a marca da genialidade. Suas personagens oscilam constantemente entre a divagação interior e as lutas por poder no internato. A linguagem de Pompéia, pela sua diversidade e em razão de suas nuances, apresenta-se como um cruzamento de diversas estéticas. Entretanto, seja por meio da linguagem, da construção de suas personagens ou até mesmo por aspectos de sua biografia, que encontram ressonâncias em O Ateneu, a obra de Pompéia é uma das mais singulares da literatura brasileira. Para elaborar a sua Entrevista Imaginária, leia o debate de interpretações contido nos Diários de um Clássico e na Contextualização Histórica. Depois, faça uma pesquisa de alguns dados da vida do autor. A abordagem pode mencionar ideias artísticas, teorias filosóficas e políticas do século XIX, fontes de inspiração de Pompéia ou até algumas características pessoais. Vale a pena também interrogar o autor sobre o que ele pensa das interpretações que fizeram de sua obra. Bom trabalho e boa diversão! 10
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