O se-passivo é passivo?

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1 O se-passivo é passivo? Revisitando as construções com SE na história do Português Silvia Regina de Oliveira Cavalcante (UFRJ) Resumo: As construções com SE tradicionalmente classificadas como passivas sintéticas têm sido analisadas como construções passivas, em que o DP casas é analisado como o sujeito da oração ou coindexado à posição sujeito (Cinque, 1988; Dobrovie Sorin, 1998; Cyrino, 2007). Essa classificação, entretanto, pode ser questionada tendo em vista: (1) a mudança linguística que ocorre entre os séculos XV e XVI em que o agente da passiva desaparece dessas construções (Naro, 1976; Martins, 2003) e (2) a mudança linguística que ocorre a partir do século XVIII em que os sujeitos das construções ativas e passivas analíticas passa a ser preferencialmente pré-verbal (Galves e Paixão de Sousa, 2005; Cavalcante, Galves e Paixão de Sousa, 2010). Neste trabalho investigo o comportamento desses DPs das ditas passivas sintéticas em comparação com os DPs sujeitos das passivas analíticas e das construções ativas em textos do Corpus Tycho Brahe, com base na seguinte hipótese principal: se o DP dessas construções com SE é de fato um sujeito, vai se comportar como os sujeitos das construções passivas analíticas e ativas. Para tanto, observo o comportamento desses DPs nas três construções ao longo do tempo considerando: a posição desse DP em relação ao verbo; a frequência de DPs nulos (em relação aos DPs expressos); a presença de agente da passiva. Os resultados quantitativos apontam diferenças significativas entre o comportamento do DP das construções ditas passivas sintéticas com os outros DPs a ponto de poder afirmar que as construções com SE, consideradas tradicionalmente como passivas sintéticas, são de fato construções ativas, em que o DP, mesmo desencadeando a concordância com o verbo se comporta como um complemento. Tais resultados corroboram análises teóricas tanto para o Português Europeu como para o Italiano (Raposo e Uriagereka, 1996; Martins, 2003). Abstract: SE-constructions like vendem-se casas have traditionally been analyzed as synthetic passives or passive-se constructions, in which the DP "casas" is analyzed as the subject of the sentence or co indexed with the subject position (Cinque, 1988; Dobrovie Sorin, 1998; Cyrino, 2007). This analysis, however, may be questioned in view of: (1) the linguistic change that occurs between the 15 th and 16 th centuries by which the agent disappears from these passive constructions (Naro, 1976; Martins, 2003) and (2) the change that occurs from the 18 th century on by which the subjects of active and canonical passive constructions becomes preferably preverbal (Galves & Paixão de Sousa, 2005; Cavalcante, Galves & Paixão de Sousa, 2010). This paper investigates the behavior of the DPs of so-called "synthetic passives" compared with the DPs of canonical passives and active constructions in texts of the Tycho Brahe Corpus, based on the following main hypothesis: if the DP of these constructions with SE is indeed a subject, it will behave as subjects of passive and active constructions. For this, we observed the behavior of these DPs in these constructions over along the 16 th and 19 th centuries texts taking into account (a) the position of DP in relation to the verb, the frequency of null DPs (in relation to full DPs); (b) the presence of the PP external argument; (c) the verbal agreement patterns between the plural DP and the verb in SE-constructions. The quantitative results indicate significant differences between the behavior of the DP of the so-called synthetic-passives with the DP subjects of the other two constructions, so as we can say that these SE-constructions are in fact active and the DP, even when triggering agreement with the verb, behaves as a complement. These results support the theoretical analysis for both European Portuguese and Italian (Raposo and Uriagereka, 1996; Martins, 2003). Apresentação As construções com SE, mais especificamente as conhecidas tradicionalmente como passivas sintéticas, apresentam um desafio para a teoria sintática no que diz respeito à posição de sujeito e a checagem de Caso, por causa do padrão de concordância que aparece 1

2 nessas construções: o argumento interno pode desencadear a concordância com o verbo, como vemos em (1). A maioria dos trabalhos que consideram o modelo gerativo de análise (Manzini, 1986; Cinque, 1988; Dobrovie-Sorin, 1998; Mateus et al., 2003; Cyrino, 2007) defendem que essas construções sejam consideradas passivas, e se assemelham às construções inacusativas, em que o argumento interno recebe o Caso Nominativo e ocupa ou está ligado à posição de sujeito. Por outro lado, construções com SE com outros tipos de verbos (transitivos indiretos, inacusativos, inergativos, cópula, etc.) e com verbos transitivos diretos que não apresentam concordância com o argumento interno, como nos exemplos em (2) e (3), respectivamente, são consideradas exemplos de SE-nominativo, em que o clítico SE absorve o Caso Nominativo e o argumento interno, o Caso Acusativo. Como se vê, o padrão de concordância que aparece quando o argumento interno é plural é o que vai definir se se trata de uma construção de passiva (SE-passivo) ou ativa (SE-nominativo). (1) Vendem-se casas. (2) a. Precisa-se de empregados b. Vive-se bem no Rio de Janeiro. (3) Vende-se casas. Além disso, na diacronia do português, podemos observar casos em que o argumento externo aparece como um sintagma preposicionado, o que no português contemporâneo não é mais gramatical, como vemos com o contraste entre (4a), um exemplo de um autor nascido no século 16, e (4b): (4) a. Os mais guerreiros Reys do mundo se ajudaraõ de estranhos... (M. Costa, século 16) b. *Vendem-se casas pela imobiliária. Neste trabalho, recorro a uma análise quantitativa com base em dados extraídos de textos de autores nascidos entre os séculos XVI e XIX que compõem o Corpus Histórico Anotado do Português O Corpus Tycho Brahe para defender que essas construções não podem ser analisadas como passivas. Minha hipótese principal é que, se essas construções com SE são construções passivas e se o argumento interno, pelo fato de desencadear a concordância com o verbo, é o sujeito, vamos observar padrões semelhantes entre as construções passivas analíticas com relação à posição do argumento considerado sujeito em relação ao verbo e o DP argumento interno vai apresentar um padrão semelhante aos DPs sujeitos de outras construções. Para defender essa hipótese, vou recorrer a uma metodologia que alia o aparato formal da teoria sintática, principalmente nas análises de 2

3 Raposo e Uriagereka (1996) e de Martins (2003) e o aparato quantitativo para lidar com um número elevado de dados. Desse modo, considero aqui os seguintes pontos para a análise: (A) A comparação do comportamento das construções com SE-indefinido 1, construções com SE não-passivo (reflexivo, inerente, ergativo) e construções passivas analíticas, principalmente com relação à ordem do DP argumento em relação ao verbo flexionado (pré-verbal e pós-verbal) e os padrões de DPs nulos ( sujeitos nulos). (B) O comportamento das construções com SE-indefinido ao longo dos quatro séculos, com relação ao padrão de ordem do DP argumento interno em relação ao verbo flexionado; à presença do argumento externo como um PP. (C) O comportamento de DPs sujeitos ao longo da história do português; com base nos resultados de Galves e Paixão de Sousa (2005, 2010) e com base no comportamento do DP sujeito das construções passivas analíticas (Melo, 2009). A argumentação que desenvolvo aqui é feita principalmente com base nos padrões estatísticos que vão aparecer nessas construções, uma vez que, segundo Kroch (1989), os resultados quantitativos e os padrões estatísticos de determinadas construções são indícios da gramática (Língua-I) que tenha gerado tais construções. Desse modo, a hipótese principal que norteia este trabalho está centrada em outras mudanças que ocorreram na diacronia do português e que fazem levantar a existência de uma mudança gramatical ocorrida a partir da virada do século XVIII (se considerarmos a data de nascimento dos autores e não a produção do texto) que afeta a posição do sujeito, mas não afeta as construções com SE. De fato, pesquisas desenvolvidas no âmbito do Projeto Temático Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Linguística, coordenado por C. Galves, têm mostrado que o século XVIII é o ponto em que emerge a gramática do Português Europeu, com relação a fenômenos totalmente distintos. No entanto, pretendo mostrar que a mudança na posição do sujeito não afeta as construções com SE-indefinido, mas sim as construções passivas analíticas e de SE não passivo (reflexivo, recíproco, inerente, ergativo). Este capítulo está organizado da seguinte forma: na seção 1, apresento um panorama das construções com SE do ponto de vista teórico abarcando pelo menos dois modelos 1 Para evitar confusões, adoto a classificação de Raposo e Uriagereka (1996): para eles, as construções de SEindefinido são aquelas em que o DP argumento interno pode desencadear a concordância com o verbo; diferentemente de outras classificações como SE-passivo (Nunes, 1990; Cyrino, 2007 e.o.) 3

4 teóricos: a Teoria de Regência e Ligação e o Programa Minimalista; na seção 2, apresento a análise quantitativa dos dados que comprova empiricamente as hipóteses levantadas em na seção 2; na seção 3, apresento a análise e interpretação desses padrões estatísticos para comprovar as hipóteses. 1. O estatuto do SE nas línguas românicas: o se-passivo é passivo? As construções com SE com verbo transitivo direto e que apresentam concordância entre o seu argumento interno e o verbo são analisadas tradicionalmente como passivas sintéticas (5a) em contraparte com as passivas analíticas (5b): (5) a. Venderam-se casas. b. Casas foram vendidas. Desconsiderando-se que semanticamente, uma passiva sintética não corresponde a uma passiva analítica, tanto a análise das Gramáticas Tradicionais (Cavalcante, 2009) quanto as análises dentro do modelo de Regência e Ligação (Chomsky, 1981) as consideram construções passivas. Esse tipo de análise apresenta um problema teórico para resolver como o argumento interno, que ocorre preferencialmente na posição pós-verbal, recebe Caso Nominativo. Assim, a solução encontrada é dizer que o DP quando posposto recebe Caso Nominativo via Cadeia com um expletivo na posição de sujeito; e quando anteposto, recebe o Caso Nominativo na posição de sujeito 2. E esse problema persiste não só nas abordagens que tratam dessas construções no Português Brasileiro e no Português Europeu, mas também em outras línguas românicas 3. Nesta seção, apresento uma discussão das duas propostas teóricas principais para a questão, as limitações do modelo de Regência e Ligação e duas soluções dentro do Programa Minimalista (Raposo e Uriagereka, 1996; Martins, 2003) que eu adoto para explicar o comportamento dos dados. As análises dentro do modelo de Regência e Ligação convergem para a abordagem a que Mateus et al. (2003) fazem referência na Gramática da Língua Portuguesa. As autoras 2 Nessas análises o Caso Nominativo é atribuído na posição de Especificador do núcleo flexional ([Spec, IP] ou [Spec, AgrP], dependendo do modelo adotado. No Programa Minimalista isso não muda, a diferença reside no fato de os DPs virem especificados com um traço de Caso para ser checado. 3 Dentro do Modelo de Regência e Ligação, podemos mencionar as análises de Manzini (1986); Cinque (1988); Nunes (1990); Otero (1999). 4

5 diferenciam dois tipos de SE: o passivo e o nominativo. As sentenças em (6) são analisadas como um exemplo passiva de se (Cf. Mateus et al. 2003:531): (6) a. Os artigos publicaram-se propositadamente no último número da revista. b. O canivete usou-se para cortar o pão. O SE-passivo recebe o papel temático externo do verbo e ocupa a posição de especificador de VP. Esse clítico funciona como um morfema passivo, pois ele absorve (ou elimina) o traço casual acusativo do verbo, forçando o argumento interno directo deslocar-se para aceder ao Caso nominativo. (cf. Mateus et al. 2003:532) A concordância entre o verbo transitivo e seu argumento interno é explicada da seguinte forma: as construções com se-passivo, se assemelham, portanto, tanto às construções passivas como às construções inacusativas, em que o argumento interno do verbo não pode receber acusativo e tem que receber nominativo. (cf. Mateus et al. 2003:532) No caso das construções com argumento interno singular, Mateus et al. (2003) as consideram enunciados ambíguos entre uma interpretação passiva com SE-passivo, ou ativa com SE-nominativo, como vemos com os exemplos em (7): (7) a. Descobriu-se uma fuga no reactor nuclear. (cf. Mateus et al. 2003:532) Int1: Foi descoberta uma fuga no reactor nuclear. Int2: Alguém descobriu uma fuga no reactor nuclear. b. Assaltou-se uma carrinha de transporte de valores. Int1: Foi assaltada uma carrinha de transporte de valores. Int2: Alguém assaltou uma carrinha de transporte de valores. A construção passiva com SE-passivo, ao contrário das passivas sintáticas (passivas analíticas), não permite a expressão do agente por um sintagma por como exemplifica (8), apesar de este agente receber uma interpretação arbitrária: (8) a. *Os artigos publicaram-se no último número da revista pelo editor. b. *O canivete usou-se por alguém para cortar o pão. (cf. Mateus et al. 2003:532) Mateus et al. (2003) analisam o SE-nominativo como um clítico argumental de referência arbitrária, e acrescentam: o sujeito associado a esse clítico é interpretado como indefinido e não-específico, sendo parafraseável por expressões nominais como alguém. Os exemplos a seguir demonstram algumas características do SE-nominativo. Em (9), encontramos exemplos de SE com verbos transitivos sem o seu argumento interno ou apresentando a não concordância, ou com verbos inergativos. Os exemplos em (10) 5

6 mostram que o SE-nominativo não pode ocorrer associado a uma posição de expletivo. E, finalmente, (11) mostra que o caráter referencial do SE-nominativo possibilita o seu aparecimento em contextos de extração simultânea de clítico (cf. Mateus et al. 2003): (9) a. A grande questão está naquilo em que se acredita. b. Aluga-se casas. c. Trabalha-se demais. (10) a. * Há-se muitos livros nesta biblioteca. b. * Parece-se a toda a gente que os professores compram livros em excesso. (11) Informa-se que se aluga apartamentos e vende moradias. Estamos diante, portanto, de dois pronomes distintos: um que desempenha um papel sintático (o SE-passivo) e outro, um elemento lexical (o SE-nominativo). O SE-passivo transforma o verbo transitivo em um verbo inacusativo, quando, por absorver o papel temático externo do verbo transitivo, o impede de atribuir Caso acusativo ao seu argumento interno. Assim, o argumento interno tem que receber Caso nominativo como o argumento interno de verbos inacusativos. O SE-nominativo, ao contrário, é um elemento lexical que contém traço [+humano, -definido] que faz com que a interpretação do sujeito da sentença seja arbitrária. Segundo a abordagem de Mateus et al. (2003), o SE-passivo não é um argumento, se comporta como um morfema passivo, transforma a voz verbal; ao passo que o SE-nominativo é um elemento que ocupa a posição de sujeito; trata-se de um argumento. Como se vê, o diagnóstico principal utilizado para diferenciar o SE-passivo do SE-nominativo é a possibilidade de haver concordância entre o verbo e o argumento interno; tanto é assim que as sentenças com DP argumento interno no singular são analisadas como ambíguas. Diferentemente de abordagens tradicionalmente desenvolvidas dentro do quadro gerativista, Raposo e Uriagereka (1996, p.750) propõem que as construções de SE com verbos transitivos que apresentam concordância com seu argumento interno plural, como vemos em (12), são na verdade estruturas ativas e não passivas. (12) a. Ontem compraram-se demasiadas salsichas. b. Essas salsichas compraram-se ontem. c. Compra-se sempre salsichas no talho Sanzot. Martins (2003) também se vale dessa análise e ainda apresenta dados do PE não padrão, do dialeto da Madeira, para corroborar sua análise. Raposo e Uriagereka (1996) chamam as construções com concordância de SE-indefinido e as sem concordância de SEgenérico. O ponto-chave da sua argumentação de que a estrutura não é passiva, é que o DP argumento interno não está na posição sujeito ([Spec, T]), tampouco ligado a uma categoria 6

7 vazia nessa posição, como é postulado na literatura gerativista sobre o tema. O problema, então, é como explicar a concordância. Sua análise divide-se, pois, em duas partes: a primeira em que eles levantam os dados empíricos para provar que o DP não se comporta como um sujeito e a segunda em que, se valendo da Teoria de Checagem de traços (Chomsky 1995), demonstram como se dá a checagem de Nominativo do objeto resultando no padrão de concordância. Raposo e Uriagereka (1996) demonstram que o DP, quando movido da posição de objeto, ocupa, na realidade, uma posição na periferia esquerda da sentença, uma posição de tópico ([Spec, F]), especificador no núcleo F(orce)P 4, com base na comparação entre as construções de SE-indefinido e as passivas analíticas. Em sentenças infinitivas complemento de predicados adjetivos, um sujeito lexical pode ocupar a posição pré-verbal, tanto numa sentença ativa, quanto passiva (13). Nas construções de SE-indefinido, o DP só pode ocupar a posição pós-verbal, e não pré-verbal (14), o que pode indicar que esse DP não está na posição de sujeito: (13) a. Vai ser difícil os tribunais aceitarem os documentos. b. Vai ser difícil os documentos serem aceitos. (14) a. Vai ser difícil aceitarem-se os documentos. b. * Vai ser difícil os documentos aceitarem-se. A assimetria que existe na construção com SE-indefinido nas sentenças infinitivas desaparece nas encaixadas finitas: (15) mostra que é possível o DP aparecer numa posição pré-verbal tanto na passiva quanto na construção com SE. No entanto, Raposo e Uriagereka (1996) mostram que em sentenças encaixadas é possível a presença de um tópico, somente em sentenças finitas e não em encaixadas infinitivas, como mostra (16): (15) a. Vai ser difícil que os documentos sejam aceitos. 4 Raposo e Uriagereka (1996) assumem a proposta de Uriagereka (1995) segundo a qual no PE existe um núcleo funcional F(orce)P responsável por codificar a estrutura de informação da sentença: tópico, foco, ênfase, contraste, etc. Nas palavras de Uriagereka (1995:155): All I mean is this: F encodes point of view. The claim is that all information theoretic operations need to be mediated through a point of view. That is, when emphasis appears in a sentence, someone is responsible for that emphasis. Old or new information is old or new for someone. Even the usage of a referring expression pressuposes a speaker who assumes responsibility (mistakenly or otherwise) for calling someone Smith s murderer or Jones, and similar issues arise for deixis, anaphora, etc. [O que eu quero dizer é o seguinte: F codifica ponto de vista. A assunção aqui é que as operações teóricas de toda informação precisam ser mediadas através de um ponto de vista. Isto é, quando a ênfase aparece na sentença, alguém é responsável por essa ênfase. Informação nova ou velha é nova ou velha para alguém. Até mesmo o uso de uma expressão referêncial pressupõe um falante que assuma a responsabilidade (erradamente ou não) por chamar alguém de o assassino do Smith ou Jones, e as mesmas questões surgem para dêixis, anáfora, etc.]. Desse modo, o constituinte que se move para [Spec, FP] tem que checar traços relacionados à força ilocucionária da sentença. Essa checagem pode ser aberta (e aí se vê o movimento) ou somente de traços (o elemento permanece in situ). 7

8 b. Vai ser difícil que se aceitem os documentos. (16) a. Vai ser difícil que esses documentos, o tribunal (os) possa aceitar. b. * Vai ser difícil esses documentos, os tribunais aceitarem(-nos). Um outro conjunto de dados que mostra que o DP anteposto nas construções com SEindefinido não ocupa a posição de sujeito, mas uma posição de tópico, refere-se às infinitivas complemento de verbos epistêmicos. Vejamos o contraste a seguir: (17) a. Eu penso terem os soldados fuzilado os presos. (18) a. * Eu penso terem-se os presos fuzilado. b. Eu penso terem os presos sido fuzilados (19) a. Eu penso terem sido fuzilados os presos. b. Eu penso terem-se fuzilado os presos. O exemplo (17) mostra que um DP sujeito pode ocorrer à direita do verbo auxiliar, que no caso em questão, sobe para um núcleo acima de T. Já o DP na construção SE-indefinido não pode ocorrer nessa posição, ao passo que o DP sujeito de uma passiva pode, como mostra o contraste em (18). Enfim, o DP argumento interno pode ocorrer na posição de objeto tanto nas construções passivas, quanto na de SE-indefinido, como mostra (19). Um outro argumento está relacionado à questão dos nomes nus. No PE, os nomes nus só podem ocorrer na posição objeto e não na posição sujeito, como mostra o contraste em (20). Mas, nomes nus podem ocorrer numa posição de tópico, quando ligam uma categoria vazia na posição de objeto, mas não na posição sujeito, como mostra o contraste em (21). Como seria de esperar, nas construções com SE-indefinido, os nomes nus podem ocorrer tanto na posição de objeto, quanto antepostos ao verbo, o que pode provar que esse sintagma esteja na periferia à esquerda, como mostra (22): (20) a. O Nestor compra salsichas no talho Sanzot. b. *Salsichas são compradas no talho Sanzot. c. *Salsichas custam caro no talho Sanzot. (21) a. Salsichas, o Nestor compra [-] no talho Sanzot. b. * Salsichas, [-] são compradas no talho Sanzot. c. * Salsichas, [-] custam caro no talho Sanzot. (22) a. Vendem-se salsichas no talho Sanzot. b. Salsichas, vendem-se no talho Sanzot. Ainda para ilustrar que o DP pré-verbal nas construções com SE-indefinido não ocupa a posição de [Spec, T], mas sim uma posição de tópico e se comporta como um tópico, Raposo e Uriagereka (1996, p. 756) se valem do seguinte par de sentenças: (23) a. Os especialistas consultaram-se durante a operação. b. Em que momento da operação os especialistas se consultaram? 8

9 A sentença (23a) é ambígua entre uma leitura indefinida ou reflexiva/recíproca. Já para a sentença (23b), em que ocorre extração do adjunto, só é possível a leitura reflexiva ou recíproca. Isso indica que uma leitura recíproca/reflexiva está associada à posição de [Spec, TP], uma vez que o PP em que momento ocorre numa posição mais à esquerda. A ambiguidade de (22a) decorre de haver duas posições possíveis para o DP os especialistas : a posição de sujeito ([Spec, TP]) e a posição de tópico ([Spec, FP]), como na representação a seguir em (24): (24) a. [ TP os especialistas consultaram-se durante a operação ] b. [ FP os especialistas ] [ TP SE consultaram durante a operação ] Raposo e Uriagereka (1996) resolvem a questão da concordância entre verbo e seu argumento interno plural, argumentando que (a) SE é um DP mínimo, no sentido de possuir traços semânticos reduzidos {[humano], [indefinido]}, como PRO. SE checa o traço D de T, e recebe, como PRO, Caso nulo e (b) no PE existem duas posições disponíveis para checar o nominativo, [Spec, T] e [Spec, F]. É nessa posição que o DP argumento interno vai checar o Caso Nominativo. Quando o DP está in situ, somente os seus traços se movem para checar nominativo em [Spec, F]. De toda forma, movido ou in situ, o DP checa o Caso Nominativo em [Spec, F] e não em [Spec, T]. Essa análise dá conta, portanto, da concordância entre o verbo e seu argumento interno plural, sem postular que o DP esteja na posição sujeito ou ligado a ela. Na verdade, o elemento que ocupa a posição [Spec, T] é o SE, como o SE-genérico (das construções sem concordância). Em seu artigo sobre a mudança e variação das construções com SE no PE, Martins (2003) argumenta que no PE não existe o SE-passivo, mas sim que a construção com concordância possui uma estrutura ativa, consoante a análise de Raposo e Uriagereka (1996), e que as construções com SE-passivo são fósseis no PE moderno. Ela ainda estende a análise de Raposo e Uriagereka (1996), com alguma modificação, para os casos de duplo sujeito encontrados no dialeto da Madeira e de Porto Santo, de Portugal. Vejamos os argumentos relevantes para considerar que (1) o SE-passivo é um fóssil e (2) que as construções de SE com concordância são ativas. Do ponto de vista diacrônico, Martins (2003) argumenta que a natureza passiva do SE possui as seguintes características: sua limitação aos verbos transitivos, concordância 9

10 obrigatória entre o verbo e o seu argumento interno e expressão opcional do agente da passiva. Segundo Martins (2003), essas características estavam ativas até o século XVI, como mostra o trabalho de Naro (1976), inclusive no que tange à expressão do agente da passiva nas sentenças finitas: (25) a. Como Josep se conheceu pelos irmãaos. (séc. 14, Naro, 1976:789) b. o mar remoto navegamos, que só dos feos focas se navega (séc. 16, Naro, 1976:781) No PE moderno, além de o SE ser licenciado junto a outros verbos como os inergativos, inacusativos, cópula, voz passiva, a concordância não é obrigatória, na construção transitiva e o agente da passiva nunca pode ser expresso. Assim, também para Martins (2003), ambas as construções com concordância e sem concordância constituem-se numa estrutura ativa. Na verdade, a distinção que se faz entre SE-passivo e SE-nominativo não se aplica mais, pois em ambas as construções o SE ocupa a posição de [Spec, T]. A diferença é que na construção com SE-indefinido, com concordância, o SE vai receber Caso Nulo e o DP argumento interno recebe Nominativo na posição de tópico. Na construção com SE-impessoal, a construção sem concordância, o SE recebe Nominativo e o DP argumento interno, quando houver, recebe acusativo. Martins (2003, p.36-38) ainda acrescenta que o diagnóstico de que o argumento interno deverá aparecer como um clítico acusativo para provar que ele recebe acusativo não se aplica, por causa de uma restrição morfofonológica: o clítico acusativo não pode ocorrer nas construções com se-impessoal (26a e 26b); na construção com SE-indefinido, o argumento interno do verbo se manifesta como um pronome na forma nominativa quando ocorre em posição pré-verbal (25c); por fim, o pronome forte ele ocorre em posição pós-verbal quando o objeto pronominal se encontra focalizado (26d): (26) a. * Convidaram-se-os para a festa. (Raposo e Uriagereka 1996:777) b. * Deu-se-o à Maria. c. Eles convidaram-se para a festa. (Raposo e Uriagereka 1996:777) d. Convidou-se até mesmo eles. Diante isso, o fato de o DP argumento interno frequentemente não aparecer como clítico acusativo não prova que ele não esteja checando Caso acusativo. Esta análise, que desconsidera o caráter passivo das construções com SE, parece ser mais coerente com as restrições que se aplicam às construções com SE, mas que não se aplicam às estruturas passivas: (a) a restrição à 3ª. pessoa para o traço de pessoa do 10

11 argumento interno, (b) a impossibilidade de aparecer agente da passiva e (c) o fato de o argumento interno, quando anteposto, não ocupar a posição de sujeito. Além disso, apresenta uma vantagem em relação às outras por não postular uma estrutura passiva. Martins (2003), que adota a análise de Raposo e Uriagereka (1996), lembra que as estruturas passivas, além de apresentar concordância entre argumento interno e verbo, podem apresentar o agente opcionalmente. Nas construções com SE no Português contemporâneo, o agente não pode ser expresso. As propostas a partir de Raposo e Uriagereka (1996), a de Martins (2003) e a deste trabalho apresentam um fator em comum: o SE é um argumento, e ocupa uma posição argumental, no caso a posição de sujeito. A diferença que existe, portanto, entre uma análise que prioriza o caráter passivo das construções com SE com a presente análise é a de que, como passivo, o SE é um morfema, capaz de mudar a diátese verbal e portanto a atribuição de Caso acusativo e nominativo. Como argumento, o SE entra na derivação como um elemento lexical; não muda a diátese verbal. A diferença é que o SE ocupa a posição de sujeito, mas não checa o Caso Nominativo, mas sim o Caso Nulo. O objeto checa o Caso Nominativo em F(orce)P, ao mesmo tempo em que o SE se move para [Spec, T]. E quando o DP argumento interno está in situ, a checagem de Caso é via movimento de traços em LF, pois o DP não tem um traço [afetivo] forte para ser movido para a posição de FP. A consequência dessas análises é que o seu poder de explicação parece ser maior uma vez que pode lidar com diferenças empíricas que não eram explicadas pelas análises que igualam as construções com concordância entre o verbo e o argumento interno às passivas. As construções de SE e verbo transitivo direto com concordância são estruturas ativas e não passivas, e compartilham com as estruturas sem concordância (SE-impessoal/ SE-genérico) o fato de o SE ocupar a posição de sujeito. O Quadro 1 a seguir traz as propriedades dos três tipos de SE que podem ser encontrados na diacronia do português: Quadro 1: Tipos de se na diacronia do Português Passivo Indefinido Impessoal ou Genérico Concordância com DP na posição sujeito SE é um clítico a Infl agente expresso como PP só Verbos transitivos Concordância sem DP na posição sujeito SE ocupa posição sujeito não possui agente Verbos transitivos Não-concordância sem DP na posição sujeito SE ocupa posição sujeito --- Todos os verbos 11

12 Cabe agora relacionar a questão do estatuto do SE (impessoal, indefinido ou passivo) com a questão da posição do sujeito na diacronia do português. Para tanto, recorro às análises desenvolvidas com base em dados extraídos de grandes corpora. Galves e Paixão de Sousa (2005) associam a evolução da posição do sujeito nas sentenças matrizes com clítico a duas mudanças relacionadas à emergência da gramática do PE: a posição do sujeito e a ênclise. Em primeiro lugar, em textos produzidos por autores nascidos entre os séculos XVI e XVII, os padrões de VS em geral em sentenças matrizes e principais (combinando XVS, VS inicial, etc) são mais frequentes do que nos textos de autores nascidos a partir do século XVIII: a frequência de VS passa de 18% - 20% para uma média de 8% - 9%. Em segundo lugar, dentre os diferentes tipos de VS, o padrão que apresenta a queda mais acentuada na frequência dos séculos XVI e XVII para os séculos XVIII e XIX são construções XVS em que há razão para acreditar que X é um constituinte pragmaticamente proeminente. E dentro desse grupo, a ordem XVSX (onde o sujeito pós-verbal é seguido por outros constituintes do sintagma verbal) apresenta ainda uma queda mais acentuada, e simplesmente não é atestada em textos do século XIX. Esses resultados levaram Paixão de Sousa (2004) a afirmar que os sujeitos pós-verbais nos textos dos séculos XVI e XVII correspondem a Inversões Germânicas, enquanto sujeitos pós-verbais nos textos dos séculos XVIII e XIX correspondem a Inversões Românicas (e, neste sentido, a evolução do Português Europeu seria semelhante ao que foi descrito para outras línguas românicas, como o espanhol, cf. Fontana, 1993). Isso significa que XVS do Português Clássico não é propriamente inversão do sujeito, mas sim, topicalização / fronteamento de X. De fato, Paixão de Sousa (2004) argumenta que no Português Clássico, não só XV, mas também todas as construções SV representam uma estrutura na qual o sujeito é promovido de sua posição de base, a posição pós-verbal, enquanto no PE moderno, a posição pré-verbal é a posição canônica para os sujeitos. Os fundamentos principais para essa afirmação estão no padrão de ordem que aparece: em textos escritos por autores nascidos até o final do século XVII, os padrões de frequência das construções SV seguem os padrões de frequência das construções XV, em geral; enquanto que em textos escritos por autores nascidos depois de 1700, os padrões de frequência das construções SV começam a manifestar particularidades em relação ao padrão XV. Os dados sobre a variação na colocação dos clíticos fornecem evidências adicionais, revelando que, neste mesmo ponto no tempo quando a queda na frequência da ordem XVS (na virada do século XVIII) aumenta, a ênclise 12

13 deixa de ser um padrão marginal em contextos SV (Galves, Britto, Paixão de Sousa, 2005). O Gráfico 1 a seguir mostra a linha de tendência, contrastando XVS com SV com ênclise: Gráfico 1: Evolução de SV com ênclise do século XVI ao século XIX (Paixão de Sousa, 2004) Em Galves, Britto e Paixão de Sousa (2005), Galves e Paixão de Sousa (2005), estes dados são ainda mais explorados, e tomados como reveladores da emergência de uma nova gramática, o Português Europeu, no início do século XVIII. A gramática moderna difere da gramática clássica, essencialmente, no que diz respeito à posição estrutural dos sujeitos: até o século XVIII não havia uma posição pré-verbal específica para sujeitos em Português. Em vez disso, a posição pré-verbal poderia ser preenchida por qualquer elemento fronteado, como mostra o comportamento das sentenças XVS em textos do século XVI e XVII (Galves e Paixão de Sousa, 2010; Cavalcante, Galves e Paixão de Sousa, 2010). Nesse sentido, a posição imediatamente pré-verbal no Português Clássico é uma posição de constituintes pragmaticamente proeminentes; não é uma posição de sujeitos, embora um constituinte pragmaticamente proeminente obviamente, pode (e em muitos casos, naturalmente, vai) coincidir com o sujeito gramatical. Desse modo, numa gramática que não tem uma posição pré-verbal específica para o sujeito, as construções de SE-indefinido podem apresentar ordens lineares parecidas com as construções de SE-passivo, ativas e construções passivas; i.e., um objeto posposto que apresenta concordância com o verbo vai ter o mesmo comportamento de um sujeito posposto. Do mesmo modo, quando anteposto, tanto o objeto-nominativo quanto o sujeitonominativo ocupam a posição na periferia à esquerda. Por outro lado, numa gramática como o PE, que tem uma posição pré-verbal específica para o sujeito, as construções de SE-indefinido não vão apresentar uma ordem linear dos constituintes parecida com as construções que envolvem sujeito, que será 13

14 preferencialmente anteposto. No PE, o fronteamento dos DPS objetos nas construções com SE-indefinido vai se dar pelos mesmos motivos que os DPs objetos-nominativo nas construções com SE-indefinido. Todas as análises propostas sobre o SE (é passivo? é indefinido?) podem ser aplicadas a ambas as gramáticas (PCl e PE), pois se trata da possibilidade de haver checagem de Caso nominativo para o objeto, no caso do SE-indefinido, ou mudança na diátese verbal, no caso do SE-passivo. A questão que me proponho a discutir aqui, no entanto, não está relacionada com a possibilidade ou não de haver SE-passivo no PCl ou no PE, mas sim mostrar que o comportamento das construções com SE tanto no PCl quanto no PE evidencia que não se trata de SE-passivo; i.e., não se trata de uma construção com o DP argumento interno sendo um sujeito pós-verbal coindexado com uma categoria vazia na posição de sujeito ou um DP pré-verbal que ocupa a posição de sujeito. 2. As gramáticas do português: resultados quantitativos Foram considerados para análise 21 textos de 20 autores 5 nascidos entre os séculos XVI e XIX integrantes do Corpus Tycho Brahe. Todos os textos estão etiquetados morfologicamente e os dados foram retirados através de buscas automáticas, o que me permitiu analisar um universo de 1714 dados 6. Em, seguida os dados foram codificados e submetidos ao programa Goldvarb para o controle dos padrões estatísticos. No Quadro 2, apresento a distribuição dos dados por tipo de estrutura considerada: 5 Os autores contemplados: Fernão Mendes Pinto ( ) Peregrinação; Diogo do Couto ( ) Décadas; Luis de Sousa ( ) Vida de Frei Bertolameu dos Mártires; F. Rodrigues Lobo ( ) Côrte na Aldeia e Noites de Inverno; Manuel de Galhegos ( ) Gazeta em que se relatam as novas todas que ouve nesta corte; Manuel da Costa ( ) A arte de furtar; Antonio Vieira ( ) Cartas e Sermões ; J. Cunha Brochado ( ) Cartas; Maria do Céu ( ) Rellaçaõ da Vida e Morte da Serva de Deos a Veneravel Madre Ellena da Crus; Andre de Barros ( ) Obra; Cavaleiro de Oliveira ( ) Cartas; Matias Aires ( ) Reflexão sobre a vaidade dos homens e Carta sobre a Fortuna; Antonio Verney ( ) Verdadeiro Método de Estudar; Antonio da Costa (n.1714) Cartas do Abade António da Costa; Correia Garção ( ) Obras Completas; Marquesa D Alorna ( ) Cartas; Almeida Garrett ( ) Viagens na Minha Terra; Marques de Fronteira e Alorna ( ) Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna; Ramalho Ortigão ( ) Cartas a Emilia. Os textos estão disponíveis em < 6 O banco de dados para a análise aqui desenvolvida foi estruturado por Elaine Melo e Fernanda Memoria enquanto bolsistas de Iniciação Científica do PIBIC/CNPq/UFRJ entre 2008 e

15 Quadro 2: Distribuição total dos dados por tipo de construção Oco. % SE-indefinido % Ativas % Passivas % Total Para demonstrar a diferença no estatuto dos DPs considerados sujeito nas construções tradicionalmente classificadas como passivas sintéticas, aqui chamadas de SEindefinido, e os DPs sujeitos das construções passivas analíticas e construções ativas (com outros tipos de SE, como o inerente, ergativo, reflexivo, recíproco), considero três pontos a serem levados em conta na análise quantitativa: (A) A frequência de argumentos nulos em relação aos preenchidos (pré-verbais e pósverbais) ao longo do tempo: O Português Clássico e o PE são línguas de Sujeito Nulo, o que faz com que as taxas de sujeito nulo sejam elevadas, mesmo levando-se em conta a oposição sujeito nulo vs. expresso (pré-verbal e pós-verbal), mas não línguas de objeto nulo. Tanto análises teóricas (Raposo, 1986; Kato e Raposo, 2005) quanto análises quantitativas (Duarte, 1989; Freire, 2005; Marafoni, 2010) mostram uma diferença entre PE e PB com relação à possibilidade de haver objeto nulo e à frequência de objeto nulo na fala e na escrita. Desse modo, ao controlar o comportamento (a possibilidade e a frequência) de DPs nulos nestas construções, posso verificar se as taxas de DPs nulos das construções com SE-indefinido se assemelham às taxas dos sujeitos nulos das outras construções ou às taxas de objeto nulo que foram verificadas em pesquisas sobre o objeto. (B) A frequência dos DPs pré-verbais em relação aos pós-verbais ao longo do tempo: Os trabalhos sobre a posição do sujeito na diacronia do português (Galves e Paixão de Sousa, 2005; 2010) mostram dois padrões distintos entre os séculos XVI e XIX: entre os séculos XVI e XVII, há preferência pela ordem XVS e, a partir do século XVIII, começa a haver preferência pela ordem SV, de modo que SV é a ordem predominante. Desse modo, seguindo Kroch (1989) se nas construções com SE-indefinido o DP é um sujeito, o seu comportamento ao longo do tempo vai ser semelhante ao comportamento dos sujeitos e a mesma mudança que é verificada para os sujeitos será verificada para esses DPs. Diferentemente dos sujeitos, os complementos tendem ocupar posições mais baixas e, portanto, após o verbo. O controle da taxa de DPs pós-verbais ao longo do tempo permite que possamos verificar se os DPs das construções com SE-indefinido possuem as mesmas 15

16 taxas de posposição do que os sujeitos. Caso a frequência de posposição dos DPs nas construções de SE-indefinido seja muito alta, podemos afirmar que se trata de complementos e não sujeitos. (C) A presença do PP agente da passiva: Segundo Naro (1976), o PP agente da passiva era facultativo nas construções com SE (e, também nas passivas analíticas), fazendo com que as construções passivas com SE sem agente fossem reanalisadas como construções ativas. Ao controlar a presença do PP agente da passiva, pretendo mostrar nos dados a tendência ao seu desaparecimento ao longo do tempo, o que comprova estarmos diante de construções ativas. Antes de passar aos resultados gerais, cabe uma nota sobre o padrão de concordância entre o verbo e o argumento interno, uma vez que é esse o diagnóstico padrão para classificar uma construção como passiva de SE ou ativa com SE-nominativo. O percentual de não-concordância foi baixíssimo, em todas as sentenças matrizes: só foi registrado um caso de não-concordância entre o verbo e seu argumento interno plural (27a). Foram registrados também casos de não-concordância nas sentenças dependentes, como se vê em (27b) a seguir; mas esses casos não foram contados na análise pois estou tratando aqui somente das sentenças matrizes: (27) a. Enquanto ao mais o mesmo que em Lisboa e em nada se conhece mais as homogeneidades de raça. (R. Ortigão, n. 1836) b. Considerar a natureza e segui-la é a regra geral para acertar, porém, havendo licença para ornar as cópias que se fazem dela, ajuntando à escolha favorável que se elege os aparatos próprios que se apresentam, pode-se dar alguma liberdade à imaginação, contanto que se não falte à verdade nem ao natural inteiramente. (Cavaleiro de Oliveira, n. 1702) Os outros casos em que poderia haver um verbo na 3ª. pessoa do plural foram casos em que a concordância é facultativa, uma vez que se trata de DPs coordenados compostos por núcleos no singular, como ilustrado a seguir (28): (28) a. Naõ se vio mais pouca vergonha, nem mayor subtileza! (M. da Costa, n. 1601) b. Também se acha abutua, e a casca chamada Preciosa. (Andre de Barros, n. 1675) c. Pelo rio dos Tocantins se fez esta entrada, e valoroso acometimento (Andre de Barros, n. 1675) d. Uma e outra coisa se deve evitar.(verney, n. 1713) O índice de não-concordância que aparece na presente análise feita com base num elevado número de ocorrências nos faz pensar sobre a relevância desse diagnóstico, e somente ele, para determinar o caráter passivo ou não-passivo das construções com SE, 16

17 principalmente se considerarmos a não-concordância como um diagnóstico para uma reanálise de SE-passivo em SE-nominativo. É por isso que optei por considerar outros fatores sintáticos como diagnóstico para a análise proposta por Raposo e Uriagereka (1996). 2.1 Resultados gerais Os resultados gerais trazem a evolução comparada da distribuição dos argumentos (anteposto, posposto e nulo) nas três construções analisadas ao longo do tempo. O Gráfico 2 a seguir nos permite observar dois padrões distintos envolvendo as construções analisadas: o padrão de estabilidade e um padrão de mudança. Esses dois padrões separam os comportamentos dos sujeitos das construções ativas e passivas e o comportamento dos DPs das construções com SE-indefinido. Gráfico 2: Distribuição dos argumentos (Anteposto, Posposto e Nulo) por tipo de construção ao longo do tempo 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,07 0,06 0,07 0,06 0,58 0,68 0,66 0,67 0,47 0,24 0,27 0,27 0,29 0,11 0,28 0,46 0,34 0,35 0,26 0,34 0,23 0,15 0,37 0,10 0,30 0,20 0,10 0,36 0,26 0,26 0,27 0,28 0,27 0,46 0,59 0,39 0,31 0,61 0,53 0,00 XVI XVII XVIII XIX XVI XVII XVIII XIX XVI XVII XVIII XIX SE-indefinido Ativas Passivas Anteposto Posposto Nulo O padrão de estabilidade é encontrado nas construções com SE-indefinido: ao longo do tempo o índice de argumentos nulos, antepostos e pospostos varia em torno dos mesmos valores. Notamos nessas construções uma preferência pelos argumentos pós-verbais ao longo dos séculos, com índices que ultrapassam os argumentos pós-verbais das construções ativas e passivas. 17

18 Por outro lado, o comportamento das sentenças ativas e passivas mostra um padrão de mudança: os DPs sujeitos dessas construções apresentam uma curva ascendente em direção à preferência pela posição pré-verbal, o que se assemelha à curva da evolução da anteposição do sujeito observada por Paixão de Sousa (2004) e Galves e Paixão de Sousa (2005). Com relação à frequência de argumentos nulos, notamos que os índices de argumentos nulos nas construções com SE-indefinido não chegam a 10% em todo período observado; ao passo que os sujeitos das construções ativas e passivas analíticas apresentam índices mais altos. Tal comportamento pode ser melhor visualizado com o Gráfico 3 a seguir, em que mostro a evolução comparada de argumentos nulos nas três construções por autor e século. Gráfico 3: Evolução comparada dos argumentos nulos (versus pré-verbais e pós-verbais) ao longo do tempo por autor e data de nascimento 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0, SE-indefinido Ativa Passiva SE-indefinido Ativa Passiva A comparação da evolução dos argumentos nulos nas três construções permite visualizar com mais clareza a diferente natureza entre o argumento das construções com SEindefinido e o sujeito das construções ativas e passivas. A frequência média de argumentos nulos ao longo do tempo para as construções com SE-indefinido fica em torno de 7%, ao passo que nas outras construções a média sobe para 30% e 40% (considerando sujeitos nulos vs. pré e pós-verbais). O índice de argumentos nulos nas construções com SE- 18

19 indefinido se aproxima ao índice de objeto nulo que é encontrado na escrita contemporânea. Em estudo quantitativo sobre a realização do objeto direto e indireto anafóricos na escrita do PE e do PB, Freire (2005) observa que o índice de objeto direto nulo no PE escrito oscila entre 7% e 17%, dependendo da escala [oralidade-letramento] 7 estabelecida pelo autor, como se vê na Tabela 1 a seguir: Tabela 1. Distribuição das variantes do objeto direto no contínuo de oralidade-letramento no PE (adaptado de Freire, 2005: 108) PE Clítico SN anafórico Objeto nulo [+ oralidade/ letramento] 86/132 0,65 23/132 0,17 23/132 0,17 [+ oralidade/ + letramento] 109/134 0,81 11/134 0,08 14/134 0,10 [ oralidade/ + letramento] 87/100 0,87 6/100 0,06 7/100 0,07 Total 282/366 0,77 40/366 0,11 44/366 0,12 Em (29) a seguir, trago alguns dos exemplos encontrados por Freire (2005) para o PE contemporâneo: (29) a. Don Mendilairo olhou-o arrogante e perguntou-lhe pela licença de venda no passeio em frente à fachada. O homem não tinha [-]. (PE: Suplemento DNA do Diário de Notícias, Crônica) b. Excêntrico é pouco! Disse-me que um fantasma anda a roubar-lhe coisas do castelo e exige que eu investigue o caso! E o senhor vai investigar [-]? (PE: Disney Especial, n.º 222, outubro de 2004 História em quadrinhos) c. Quando digo isto parece que vou comer lagostas todos os dias e que tenho carros de 18 mil contos. Não tenho [-]. Nem ambiciono [-]. (PE: Suplemento DNA do Diário de Notícias, Entrevista) Os primeiros resultados, portanto, parecem indicar que o argumento das construções de SE-indefinido, apesar do padrão de concordância com o verbo, tem comportamento de complemento, pelo menos ao considerarmos a taxa de argumentos nulos ao longo do tempo. Passemos ao segundo ponto do diagnóstico com a evolução comparada dos argumentos pré-verbais. 7 A escala oralidade-letramento estabelecida por Freire (2005) está relacionada aos tipos de textos escritos analisados: os textos mais próximos do eixo oralidade seriam as histórias em quadrinhos e os textos mais próximos do letramento editoriais ou artigos de opinião. 19

20 2.2. A evolução dos argumentos pré-verbais ao longo do tempo Nesta seção, apresento a distribuição dos argumentos pré-verbais (em comparação com os pós-verbais) ao longo do tempo, excluindo os argumentos nulos. Num primeiro momento, na Tabela 2, apresento a frequência de argumentos pré-verbais pelos autores contemplados, considerando a data de nascimento nas três construções. Em seguida, no Gráfico 4, apresento as curvas com o percentual dos argumentos pré-verbais ao longo do tempo em cada construção, considerando somente a média por séculos. Os dados da Tabela 2 mostram uma certa variação entre os autores contemporâneos, mas se considerarmos a média de frequência de anteposição do argumento por século, podemos perceber a diferença existente entre as construções com SE-indefinido e as construções passivas e ativas. Tabela 2: Taxa de argumentos pré-verbais (excluindo os argumentos nulos) por autor do Corpus Tycho Brahe SE-indefinido Ativas Passivas Século Nasc. Autor - Obra DP Vse / Total - % SV / Total - % SVpp / Total - % 1510 Fernão Mendes Pinto 10/11 0,90 23/29 0,79 11/14 0,78 XVI XVII XVIII XIX 1517 Francisco de Holanda 24/43 0,56 3/15 0,20 2/3 0, Diogo do Couto 2/14 0,14 55/90 0,61 12/17 0, Luis de Sousa 3/30 0,10 3/28 0,11 6/17 0, Lobo 19/40 0,48 32/49 0,65 1/4 0, M. de Galhegos 7/56 0,13 25/31 0,81 8/14 0, M. Costa 26/62 0,42 11/30 0,37 2/3 0,67 Antonio Vieira - Sermões 6/26 0,23 3/28 0,11 2/4 0, Antonio Vieira - Cartas 5/38 0,13 17/37 0,46 1/1 1, J. Cunha Brochado 10/29 0,53 13/19 0,68 4/4 1, Maria do Ceu 3/15 0,20 9/17 0,53 0/1 0, Andre de Barros 9/70 0,13 8/52 0,15 2/8 0, Cavaleiro de Oliveira 12/48 0,25 50/96 0,52 2/3 0, Matias Aires 65/131 0,50 42/55 0,76 16/16 1, A. Verney 80/189 0,42 14/19 0,74 6/9 0, A. Costa 8/16 0,50 7/9 0,78 1/1 1, Correia Garção 3/22 0,14 3/9 0,33 2/2 1, Marquesa de Alorna 11/36 0,31 22/35 0,63 5/6 0, Almeida Garrett 4/37 0,11 41/66 0,62 7/11 0, Marques D Alorna 8/38 0,21 38/46 0,83 40/45 0, Ramalho Ortigão 11/29 0,38 30/35 0,86 4/5 0,80 Total 303/952 0,32 449/ 795 0,56 134/188 0,71 O Gráfico 4, a seguir, traz a média das frequências de argumentos antepostos ao longo do tempo nas três construções consideradas. Os comportamentos que se apresentam neste 20

21 Gráfico revelam também dois padrões distintos: de um lado os sujeitos das construções ativas e passivas e de outro os DPs da construção com SE-indefinido. Gráfico 4: Frequência de anteposição do DP argumento por tipo de estrutura ao longo do tempo média por século 1,00 0,90 0,84 0,80 0,80 0,84 0,70 0,56 0,57 0,60 0,63 0,50 0,53 0,40 0,39 0,30 0,38 0,20 0,27 0,28 0,29 0,10 0, SE-indefinido Ativas Passivas A frequência de anteposição dos DPs das construções com SE-indefinido se mantém estável ao longo do tempo, com índices que variam de 20% a 39%, ao passo que a frequência de anteposição dos sujeitos nas construções passivas e ativas não só apresenta índices mais elevados, como também sofre um aumento ao longo do tempo. Entre os séculos XVI e XVII, vemos um comportamento mais próximo entre as passivas e ativas e construções com SE-indefinido com relação aos argumentos pré-verbais. O comportamento desses DPs está consoante com a análise de Galves e Paixão de Sousa (2005; 2010) sobre a natureza da posição à esquerda da sentença no Português Clássico: até o século XVIII, a posição à esquerda do verbo não é a posição do sujeito, mas sim o sítio de pouso de elementos fronteados e topicalizados. A mudança ocorre a partir do século XVIII em que a posição à esquerda do verbo é a posição de sujeito e isso pode ser visto com o comportamento quantitativo dos dados em que a frequência de SV aumenta ao longo do tempo. 21

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