Variação do Coeficiente de Capturabilidade na Frota Arrasteira Paulista Dirigida ao Camarão-Rosa

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1 Variação do Coeficiente de Capturabilidade na Frota Arrasteira Paulista Dirigida ao Camarão-Rosa SERGIO LUIZ DOS SANTOS TUTUI Tese apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Área de Concentração: Zoologia) Rio Claro Estado de São Paulo Brasil Abril de 2008

2 Variação do Coeficiente de Capturabilidade na Frota Arrasteira Paulista Dirigida ao Camarão-Rosa SERGIO LUIZ DOS SANTOS TUTUI Orientador: Prof. Dr. FRANCISCO MANOEL DE SOUZA BRAGA Tese apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Área de Concentração: Zoologia) Rio Claro Estado de São Paulo Brasil Abril de 2008

3 À Simone, Ana Paula e Luiz Gustavo, pela incessante motivação e apoio em todas as fases deste trabalho. i

4 ii ÍNDICE RESUMO...1 ABSTRACT... 2 INTRODUÇÃO GERAL... 3 Literatura Citada CAPTURAS DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO- ROSA: I BALISTES CAPRISCUS GMELIN, Resumo Abstract Introdução Material e métodos Resultados Discussão Bibliografia Tabelas Figuras CAPTURAS DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO- ROSA: II CYNOSCION JAMAICENSIS (VAILLANT E BOCOURT, 1883) Resumo Abstract Introdução Material e métodos Resultados Discussão Bibliografia Tabelas Figuras CAPTURAS DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO- ROSA: III MENTICIRRHUS AMERICANUS (LINNAEUS, 1758) Resumo Abstract Introdução... 62

5 iii Material e métodos Resultados Discussão Bibliografia Tabelas Figuras CAPTURAS DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO- ROSA: IV MICROPOGONIAS FURNIERI (DESMAREST, 1823) Resumo Abstract Introdução Material e métodos Resultados Discussão Bibliografia Tabelas Figuras DINÂMICA DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO- ROSA Resumo Abstract Introdução Material e métodos Resultados Discussão Conclusão Bibliografia Tabelas Figuras CONSIDERAÇÕES FINAIS Literatura Citada

6 1 RESUMO A proposição de ações necessárias ao manejo pesqueiro requer uma base de conhecimentos dos parâmetros populacionais dos principais recursos pesqueiros, da caracterização das embarcações e estratégias de pesca, das interações entre as espécies-alvo e demais componentes do ecossistema, além das características sócio-econômicas da atividade. Neste caso, o entendimento da dinâmica da frota, em princípio dirigida à captura do camarão-rosa e as inter-relações com a dinâmica populacional das principais espécies da fauna acompanhante. Balistes capriscus apresentou recrutamento à pesca no primeiro semestre do ano; período reprodutivo de novembro a fevereiro e coeficientes de mortalidade de Z = 2,42 ano -1 e F = 2,21 ano -1. Os resultados indicaram que o recrutamento de Cynoscion jamaicensis deve ocorrer no primeiro semestre; o período reprodutivo é entre a primavera e o verão; coeficientes de mortalidade de Z = 0,61 ano -1 e F = 0,070 ano -1. Menticirrhus americanus apresentou recrutamento no segundo trimestre e o principal período de desova durante a primavera e o verão. Os parâmetros estimados para o modelo de crescimento de von Bertalanffy foram: L = 469 mm, k = -0,18 e to = - 0,924, com estimativas de mortalidade de Z = 0,98 ano -1 e F = 0,20 ano -1. O recrutamento de Micropogonias furnieri ocorre entre o verão e outono; o principal período de desova é entre o final da primavera e início do verão; os coeficientes de mortalidade foram de Z = 0,49 ano -1 e F = 0,37 ano -1. As características físicas das embarcações não apresentaram correlação significativa com as capturas; por outro lado, em função das diferenças entre as capturas, determinaram-se seis sub-frotas. Por fim, demonstrou-se que há correlação significativa entre a produção de fauna acompanhante e a de camarão-rosa, e que a produção do camarão-rosa não apresenta correlação significativa com o esforço de pesca, o que indica que essa pescaria não apresenta uma única espécie-alvo, mas um grupo de espécies, responsáveis pela manutenção da rentabilidade da atividade. Esse grupo de espécies varia em função de sua disponibilidade sazonal e da demanda do mercado. Assim, a gestão deve considerar, além do camarão-rosa, todos os recursos envolvidos e suas respectivas características populacionais, sendo também necessário o acompanhamento da dinâmica dessa frota e da composição de suas capturas.

7 2 ABSTRACT The proposition of actions needed for fisheries management demands a base of knowledge on the population parameters of the main fisheries resources besides the characterization of the productive units, their fishing strategies, the interactions among the target species and other ecosystem components. In the present case, these data refer to the understanding of the dynamics of the fleet presumably targeted to capture pink shrimp and also to its interrelations with the population dynamics of the main species which compose bycatch. Among the four studied species, Balistes capriscus presented fisheries recruitment in the first half year; reproductive period from November to February and mortality rates as Z = 2,42 year -1 and F = 2,21 year -1. The Cynoscion jamaicensis recruitment to fisheries is very likely to occur in the first half year and reproductive period lasts from Spring to Summer. The mortality rates as Z = 0,61 year -1 and F = 0,70 year -1. Menticirrhus americanus presented fisheries recruitment in the second quarter of the year; The main spawning season was during Spring and Summer; The parameters estimated for the von Bertalanffy growth model were: L = 469 mm, k = -0,18 e to = - 0,924 and mortality rates as Z = 0,98 year -1 and F = 0,20 year -1. The Micropogonias furnieri recruitment to this fishery is from Summer to Autumn and reproductive period mostly occurs from late Spring to early Summer. Mortality rates as Z = 0,49 year -1 and F = 0,37 year -1. No significant correlation was verified between the boats physical characteristics and their catch composition. By the other side, six sub-fleets were distinguished by means of their different catch compositions. Finally, the analysis results demonstrated that pink shrimp production is significantly correlated to bycatch production. Besides, no significant correlation was verified between pink shrimp production and the fleet s fishing effort, which points out that this fishery is headed to a group of species, instead of one single target species. That group of species is in charge of keeping up the profitability of the fishing activity. This group composition varies depending on the seasoned species availability and market demands. Thus, this fishery management must consider, besides shrimp, all the fishing resources involved and their population parameters, in addition to monitoring the fleet dynamics and catch composition.

8 3 INTRODUÇÃO GERAL O arrasto de fundo é o método de captura responsável pela maior parcela da produção anual de recursos pesqueiros demersais nas regiões sudeste e sul do Brasil. Estimativas recentes têm indicado, no entanto, que essa pescaria se encontra em situação crítica, já que os estoques de peixes demersais e camarões que a sustentava está plenamente explotado ou sobre-explotados (HAIMOVICI, 1998; VALENTINI et al., 1991a, 1991b). Superdimensionadas, as frotas de arrasteiros têm buscado sua sustentação através do aproveitamento de espécies acompanhantes, da diversificação de alvos e da expansão de áreas de atuação. Esse processo tem levado ao incremento de desembarques de espécies pouco conhecidas e produzido um impacto adicional ainda pouco dimensionado na plataforma do Sudeste-Sul (PEREZ et al., 2003). Nesse contexto, a pesca de arrasto de portas do estado de São Paulo dirige maiores esforços na captura de camarões peneídeos, embora nos últimos anos uma parte da frota tenha se adaptado tecnologicamente para dirigir o esforço pesqueiro para a pesca de peixes além da isóbata de 100 m (TOMÁS et al., 2003). Segundo Valentini et al. (1991a), o início da pesca artesanal de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil é indefinido; os primeiros dados de produção disponíveis datam de 1945 para o estado do Rio Grande do Sul. Este tipo de pescaria ocorre basicamente sobre as áreas de crescimento das espécies em regiões costeiras estuarinas, com artes de pesca variando de região para região. A pesca industrial, por outro lado, iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial, com a mecanização da frota pesqueira de São Paulo e do Rio de Janeiro, sendo a arte mais utilizada a do arrasto duplo de portas com tangones. Em sua evolução se destacam a substituição das redes de algodão por redes de fibra sintética em 1965, a introdução das redes duplas nas frotas do Rio de Janeiro e São Paulo e o início da pesca industrial em Santa Catarina em 1968; a explotação dos bancos de camarões do Espírito Santo e sul da Bahia a partir de 1970 e a experimentação do sistema de redes gêmeas em Santa Catarina em 1986.

9 4 Essa frota atua basicamente sobre o estoque adulto em oceano aberto, principalmente no litoral das região Sudeste e Sul (até o estado de Santa Catarina) sendo dirigida preferencialmente à captura do camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis) e camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri); entretanto, outras espécies de camarão compõem a captura, ocorrendo em quantidades variáveis e por vezes sendo a razão de esforços dirigidos, como o camarão-branco (Litopenaeus schmitti); camarãobarba-ruça (Artemesia longinaris) e camarão-santana (Pleoticus muelleri) (ISAAC et al., 1992; VALENTINI et al., 1991a). Essa frota arrasteira vem se mantendo estável, contando com cerca de 400 barcos permissionados para a pesca nas regiões Sudeste e Sul, regulamentados pela portaria Ibama n /89. Essas embarcações possuem, em sua maioria, casco de madeira com características médias de 18,5 m de comprimento total, tonelagem de arqueação bruta de 55 t e potência de 246 HP. A frota paulista é a mais numerosa (59, do total de barcos), seguida pelas frotas de Santa Catarina (20,0 %), Rio de Janeiro (18,0 %), Espírito Santo (3,) e Rio Grande do Sul (0,4%) (IBAMA, 1997). A produção pesqueira de camarão rosa do Brasil variou, entre 2001 e 2006, de 5.028,5 (2001) a ,5 (2006) toneladas. No mesmo período, a produção de camarão-rosa do estado de São Paulo variou entre 163,5 (2002) e 317 (2003) toneladas, o que representa cerca de 5,5% da produção nacional. Por outro lado, para o mesmo período, a participação das capturas de camarão rosa variou entre 0,99% (2001) a 2,35% (2006) do total das capturas marinhas, enquanto que para o estado de São Paulo essa participação ficou entre 0,62% (2002) e 1,27% (2005) (IBAMA, 2003; 2004a;2004b; 2005; 2007; 2008). Entretanto, a série histórica de dados sobre essa pesca no Sudeste e Sul não discrimina as espécies de camarão rosa. A captura total (industrial e artesanal) máxima do estoque foi alcançada em 1972, com t e a e a mínima em 1987, com t, que coincidiram com os valores máximos e mínimos (9.832 t e t) obtidos pela pesca artesanal nos mesmos anos. Os melhores resultados obtidos pela pesca industrial correspondem aos períodos de 1969 (7.102 t) a 1972 (6.797 t), devido à política de incentivos fiscais à pesca instituída na época, que favoreceu principalmente a

10 5 atividade camaroeira, devido ao alto valor econômico do produto e ao rápido retorno dos investimentos, resultantes da expansão do mercado internacional. Várias avaliações sobre o estoque de camarões da região Sudeste e Sul foram realizadas nas reuniões do Grupo Permanente de Estudos de Camarões (GPE) e, em 1984, os dados da pescaria foram divididos em dois períodos: um abrangendo os anos de 1965 a 1972 e outro a partir de Analisando-se a série histórica de produção oriunda da pesca industrial, entre 1965 e 1994, observa-se um crescimento gradativo até 1969, atingindo t, decrescendo nos anos seguintes até 1973, com apenas t. Nos anos de 1974 a 1994, a produção industrial oscilou entre t em 1984 e t em 1994 (IBAMA, 1997; VALENTINI et al., 1991a). Em reuniões técnicas promovidas pelo Ibama nos anos de 1992, 93 e 94, um grupo de especialistas redividiu a série histórica de produção em três períodos com base naquelas análises: um de 1965 a 1972, outro de 1973 a 1986 e um terceiro de 1987 a 1994 (Ibama, op.cit.). Na ciência pesqueira, o coeficiente de capturabilidade (q) é definido por Gulland (1964, 1983) e Caddy (1979) como a proporção de indivíduos em uma área de pesca de tamanho A, removidos por um aparelho de pesca atuando em uma área a com eficiência c, isto é: q c a A. Apesar dessa proposta considerar as características físicas do aparelho de pesca, desconsidera o comportamento dos organismos capturados e a estratégia de pesca, que também afetam as capturas. Avanços recentes em ecologia pesqueira (CHRISTIANSEN; PAULY, 1992; MacCALL, 1990) apresentam uma interpretação alternativa para a definição do coeficiente de capturabilidade: A é considerada a área de habitat de toda a população; a, a fração afetada pelo aparelho de pesca e c a eficiência desse aparelho em relação a uma dada densidade populacional. Desse modo, mudanças na capturabilidade podem ser explicadas em termos de flutuações temporais e espaciais da abundância da população, interdependência com outras espécies e esforço de pesca. Desse modo, a capturabilidade pode ser melhor definida como mortalidade por pesca (F) por unidade de esforço (f), i.e.: q F f, podendo ser interpretada de duas formas: i. o número de peixes ou biomassa por unidade de esforço, que refletem variações na abundância (BEVERTON; HOLT, 1993);

11 6 ii. sendo a população (ou abundância) estável e o esforço de pesca constante, as variações em q refletem a vulnerabilidade do recurso ao aparelho de pesca, à estratégia de pesca e à biologia do peixe mas, principalmente, seu comportamento e sua resposta a fatores ambientais. Com isso, e apesar de ser classicamente considerada como uma constante, novas abordagens demonstram que a capturabilidade é uma variável de outros parâmetros, tais como: migração (alimentar e/ou reprodutiva), reprodução e recrutamento (influenciando diretamente a disponibilidade e a vulnerabilidade dos organismos); estratégia de pesca, seletividade do aparelho e período de pesca (que influenciam a eficiência do aparelho de captura). Biólogos pesqueiros normalmente assumem que o recurso explotado é homogeneamente distribuído em uma área, e que as frotas pesqueiras possuem acesso completo a essa área, i.e., a probabilidade de captura seria constante. Isto pode ocorrer se forem empregadas as estratégias e aparelhos de pesca apropriados. Porém, se essas condições não forem satisfeitas, e com as pescarias atuando somente sobre uma porção da população, as medidas de capturabilidade e mortalidade por pesca serão relativas somente a esta fração da população explotada, produzindo erros nas estimativas de tamanho da população e da mortalidade por pesca. Isto é particularmente importante para a dinâmica de espécies de ciclo de vida curto como clupeídeos, lulas e camarões (ARREGUÍN-SÁNCHES, 1996). Larkin (1977) criticou o conceito de captura máxima sustentável (MSY) para uma única espécie por diversas razões, incluindo o fato de não garantir a possibilidade de ocorrência de falhas de recrutamento e pela impossibilidade de maximização de capturas sustentáveis simultaneamente para todas as espécies sujeitas ao esforço de pesca. Hilborn, Walters (1992) discorrem sobre a impossibilidade de estimar-se a MSY antes de ultrapassá-la. Atualmente, porém, tem havido mudanças fundamentais na percepção da MSY, de um objetivo que pode ser rotineiramente excedido para um limite a ser evitado. Com isso, novas abordagens têm sido propostas para o gerenciamento pesqueiro, onde se destaca a ecologia pesqueira

12 7 (CHRISTIANSEN; PAULY, 1992) e, mais recentemente, o conceito de capacidade pesqueira (FAO, 1998b; 1999a; 1999b; 1999c). Partindo-se da premissa de que as capturas constituem a mortalidade por pesca e são dependentes do coeficiente de capturabilidade, (i.e.: a probabilidade de captura de uma operação de pesca, que pode ser interpretada como a interação entre a abundância do recurso e o esforço de pesca, segundo Arreguín-Sánchez, 1996), fica evidente que o conhecimento das variações do coeficiente de capturabilidade e, sobretudo, de suas fontes de variação (eficiência do aparelho de pesca, estratégia de utilização desses aparelhos, vulnerabilidade do recurso às pescarias, acessibilidade do aparelho aos ambientes ocupados pelo recurso e condições biológicas e ambientais que regulam a abundância do recurso, [ARREGUÍN-SÁNCHES, 1996]) são necessárias para uma correta estimativa da abundância dos recursos pesqueiros, qualquer que seja a abordagem dada ao gerenciamento (ARREGUÍN-SÁNCHES, 1999; RICHARDS; SCHNUTE, 1986). Portanto, para um correto conhecimento da capturabilidade e de sua variação espaço-temporal seria imprescindível o entendimento de outros conceitos associados, como seleção, seletividade, acessibilidade, disponibilidade e vulnerabilidade, além das variáveis relacionadas a cada um desses conceitos, como essas variáveis interagem e como essas interações variam no tempo e no espaço. Além disso, as características operacionais de uma frota não podem ser interpretadas de maneira direta com a sua forma de atuação, pois fatores externos à análise, e de complexa mensuração (experiência da tripulação, tendência de mercado, cultura regional,...) influenciam nas capturas, sendo também responsáveis pela elevada variância dos conjuntos de dados pesqueiros (TOMÁS et al., 2003). A variação do número de arrasteiros nas regiões Sudeste e Sul, além das mudanças estruturais e das estratégias de pesca ocorridas desde meados do século XX, demonstram um possível processo de adaptação a um ecossistema progressivamente impactado e com recursos cada vez menos produtivos (PEREZ et al., 2003), demonstrando que a dinâmica das pescarias é um sistema análogo ao sistema presa-predador (HILBORN; WALTERS, 1992; NIKOLSKII, 1969).

13 8 Nesse foco, pode-se considerar, no comportamento do predador (frota pesqueira), o quão especialista ou generalista ele é. Perez et al. (2001) e D Incao et al. (2002) discorrem que a depleção dos estoques de camarão levou a frota camaroeira a buscar a sustentabilidade econômica de sua atividade na captura de peixes, na diminuição da quantidade de rejeito e no aumento da importância da categoria mistura. Demonstrando, com isso, que a frota camaroeira industrial não mais se sustenta apenas da captura do camarão-rosa e sim, também, do aproveitamento de espécies comerciais da fauna acompanhante e/ou do direcionamento do seu esforço a recursos disponíveis ao arrasto, mas não necessariamente componentes do bycatch do camarão-rosa. Levando, à exceção do observado na frota de São Paulo, o camarão-rosa não mais se caracterizar, de forma bem definida, como uma espécie-alvo nas capturas. Porém, essa frota paulista se mostra também generalista, ao se utilizarem de recursos outros para complementação da rentabilidade da atividade, além disso, apesar de apresentarem concentração do esforço nas áreas tradicionais de pesca do camarão-rosa (D INCAO et al., 2002; VALENTINI et al., 1991a), expandiram suas áreas de pesca para profundidades maiores, principalmente até a isóbata dos 200 m, concentrando suas operações sobre o camarão-rosa nos períodos (principalmente pós defeso) ou em anos de maior produtividade. Juntamente com as espécies alvo, a pesca do camarão captura um grande e diversificado conjunto de peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos, e cnidários. Essas capturas são chamadas bycatch, definido por Saila (1983) como todos os organismos capturados que não sejam alvo da pescaria. Graça-Lopes et al. (2002) apresenta uma lista de espécies que compõem o bycatch da pesca do camarãorosa do Estado de São Paulo, totalizando 160 espécies de teleósteos e elasmobrânquios, 18 de crustáceos e 12 de moluscos. Graça-Lopes (1996) demonstra que os desembarques de camarões tendem a diminuir periodicamente, quando aumenta o desembarque do bycatch. Isso pode decorrer tanto de um melhor aproveitamento das capturas, como também de uma alteração na estratégia das operações de pesca, devida a uma maior ou menor

14 9 disponibilidade do recurso alvo e das espécies da fauna acompanhante, que possuem interesse comercial, e que levam à otimização do lucro das operações de pesca. Tal fato remete aos conceitos relacionados à capturabilidade (vulnerabilidade, disponibilidade e acessibilidade), que podem decorrer do comportamento reprodutivo e do recrutamento das espécies alvo e das que compõem o bycatch. Por exemplo, o aumento da vulnerabilidade de uma espécie do bycatch devido ao recrutamento pode alterar a estratégia de pesca de uma dada frota, alterandose assim a capturabilidade dessas operações de pesca quanto à espécie alvo. Com isto, o conhecimento dos parâmetros biológicos de reprodução e crescimento (para se conhecer em qual fração das populações o esforço de pesca está atuando) se tornam fundamentais para a compreensão das variações da capturabilidade dessa frota, uma vez que podem reger a variação na estratégia de pesca. Além disso, sabe-se que populações que sofrem esforço de pesca alteram os seus parâmetros populacionais a fim de manterem o equilíbrio populacional frente à nova mortalidade total (NIKOLSKII, 1969), tornandose necessário reavaliar periodicamente esses parâmetros. Como exemplo, registra-se a já citada divisão da série histórica de produção do camarão-rosa em três períodos, devido à intensa explotação do recurso ter provocado a quebra do equilíbrio original do estoque, passando a estabilizar-se em outros patamares. As espécies Micropogonias furnieri (corvina), Menticirrhus americanus (betara), Cynoscion jamaicensis (goete) e Balistes capriscus (peixe-porco) representaram, para os anos de 1997 e 1998, 14,1 e 12,84%, respectivamente, da captura total desembarcada da frota camaroeira dirigida à captura do camarão-rosa (sem considerar os indivíduos comercializados na categoria mistura, que representou 9,12% e 12,85% nesses mesmos anos). Tais porcentagens, somadas à captura de camarão-rosa, totalizam, respectivamente, 61,01% e 71,06% do desembarque total (dados cedidos pela Unidade Laboratorial de Referência em Controle Estatístico de Produção Pesqueira Marinha do Instituto de Pesca). As espécies da família Balistidae têm distribuição predominantemente tropical (AIKEN, 1983) e algumas representam importante recurso pesqueiro. Espécie demerso-pelágica, Balistes capriscus Gmelin, 1789 se distribui do Canadá à Argentina

15 10 (FISCHER, 1978), sendo no Brasil mais comum entre o Espírito Santo e São Paulo. Associada à recifes de corais, também pode ser encontrada em fundos arenosos e de pedra (BERNARDES, 1988). Nas décadas de 1960 e 70, B. capriscus era capturada como produto secundário da pesca de arrasto e comercializado principalmente na categoria mistura. A espécie começou a ganhar importância a partir da década de 80, em função do declínio dos estoques tradicionalmente explotados pela pescarias de arrasto, quando passou a constituir uma categoria de pescado própria peixe-porco (VALENTINI et al., 1991a). A área de maior captura do peixe-porco no estado de São Paulo está compreendida entre a Ilha da Queimada Grande e a Ilha do Bom Abrigo (CASTRO, 2000), com produção anual média de t/ano no período de 1986 a 1996 (CASTRO et al., 2005). A categoria é explotada tanto pela frota de arrasto-de-parelha quanto pela de arrasto-duplo-pequeno e arrasto-duplo-médio. É a quinta categoria de peixe mais importante dessa última, com produção anual média de 52 t/ano no período de 1998 a 2004, que representaram 3 % da produção total. A espécie Cynoscion jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883) é costeira e ocorre sobre fundos de areia e lama até 100 m de profundidade (VAZZOLER, 1975). Distribui-se do Panamá à Argentina (FIGUEIREDO, 1981), sendo no Brasil mais abundante na região Sudeste, onde é capturada o ano todo, com os melhores rendimentos no verão e primavera (CASTRO, 2000). Atualmente é a sexta espécie de peixe demersal mais desembarcada no estado de São Paulo e a segunda mais desembarcada por parelhas, em biomassa. Em menores proporções, também é capturada pela frota que opera com arrasto-duplo (CASTRO et al., 2005). É desembarcada tanto em categoria própria, goete, quanto na categoria mistura, nos desembarques da frota de arrasto-duplo-pequeno, dirigida à captura do camarão-sete-barbas e nos de arrastoduplo-médio, voltado ao camarão-rosa (GRAÇA-LOPES et al., 2002). No período de 1986 a 2000, a produção total média de C. jamaicensis, desembarcada na região Sudeste, foi de t/ano. Nesse período, observou-se um incremento de produção, em grande parte devido ao aumento dos desembarques das frotas de arrasto-de-parelha e de arrasto-duplo realizados em São Paulo e Santa Catarina

16 11 (CASTRO et al., 2005; VALENTINI et al., 1991a). É a oitava espécie mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio, com uma produção média de 37 t/ano, que representou 2 % da produção total da categoria no período de 1998 a Castro et al. (2005) discorrem que esta se encontra em vias de sobreexplotação, segundo as informações disponíveis, tendo seus rendimentos diminuído de 112,35 kg/lance, na década de 1980, para 99,70 kg/lance na década de Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) é uma espécie demersal com ampla distribuição, ocorrendo da Nova Inglaterra até a Argentina (MENEZES; FIGUEIREDO, 1980). De hábito costeiro, é encontrada sobre fundos de areia e lama, com os juvenis ocupando as regiões estuarinas e próximo à zona de arrebentação, até a profundidade de 20 m, enquanto os adultos ocupam a área adjacente até 50 m de profundidade (ALVITRES-CASTILLO, 1986; ARMSTRONG; MULLER, 1996). Espécie mais eurialina do gênero, suporta salinidades de 0,2 o / oo a 41 o / oo e temperaturas de 8,0 ºC a 33 ºC (ARMSTRONG; MULLER, op cit.). Na pesca de arrasto-duplo, M. americanus é capturada pelas frotas pequena e média, dirigidas, respectivamente, ao camarão-sete-barbas e ao camarãorosa. Graça-Lopes et al. (2002) observaram a ocorrência da espécie na fração rejeitada do pescado, com comprimentos entre 50 e 260 mm, enquanto que a fração desembarcada foi composta por indivíduos de 160 a 440 mm, constituindo a categoria betara, formada pelos indivíduos maiores, enquanto que os menores fazendo parte da categoria mistura. Foi a quinta categoria de pescado mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio no período de 1998 a Sua produção média de 72 t/ano representou 1 da produção total desta espécie no estado de São Paulo. Apesar de sua importância para a pesca de arrasto, poucos estudos foram realizados sobre a espécie, como Giannini, Paiva-Filho (1992) e Alvitres-Castillo (1986). Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) é uma espécie demersal, que se distribui do Golfo do México ao Golfo de San Matias, Argentina, sendo no Brasil mais abundante nas regiões Sudeste e Sul (ISAAC, 1988). De hábitos costeiros, é encontrada até a profundidade de 100 m, ocorrendo em ambientes com ampla variação

17 12 de salinidade e temperatura, sobre fundos de areia e lama. De comportamento gregário, os jovens se utilizam das áreas estuarinas para alimentação e crescimento, enquanto os adultos ocupam a zona costeira adjacente para reprodução (VAZZOLER, 1975; 1991; VAZZOLER et al., 1999). Compõe-se de duas populações distintas: entre 23ºS e 29ºS (estoque sudeste) e entre 29ºS e 33ºS (estoque sul) (ISAAC, 1988; VAZZOLER, 1971; 1991). Principal espécie em biomassa desembarcada pela frota industrial, a maior produção de M. furnieri se dá pelas capturas da frota de arrasto-de-parelha. A partir de 1986, houve um incremento nos desembarques da mesma, principalmente devido a mudanças ocorridas na composição das frotas, na dinâmica das pescarias e na captura por pescarias tradicionalmente não dirigidas aos peixes demersais, como os arrastos-duplos e cercos de traineiras (CASTRO et al., 2003; GASALLA et al., 2003; TOMÁS et al., 2003). Na pesca de arrasto-duplo, M. furnieri é capturada pelas frotas pequena e média. Nessas modalidades constitui duas categorias: corvina formada pelos indivíduos maiores e cascote pelos indivíduos menores, além de fazer parte da categoria mistura (GRAÇA-LOPES et al., 2002). Foi a quarta espécie de peixe mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio no período de 1998 a 2004, com uma produção anual média de 80 t/ano, que representou 2% da produção total da espécie no estado de São Paulo. Por tanto, considerando que: O conhecimento empírico que as tripulações possuem a respeito da vulnerabilidade, disponibilidade e acessibilidade das espécies-alvo e também das principais espécies que compõem o bycatch são a base das estratégias de pesca. As estratégias de pesca são composta por variações tanto na ocupação do espaço pesqueiro pela frota, quanto nas características do aparelho de pesca, com as características de vulnerabilidade, disponibilidade e acessibilidade do aparelho de pesca às espécies capturadas se devendo às estratégias populacionais (crescimento, reprodução e recrutamento)

18 13 A análise da dinâmica de uma frota objetiva avaliar as razões que motivam a composição das capturas, levando em consideração a dispersão das unidades da frota nas áreas de pesca e as suas variações espaço-temporais (TOMÁS; CORDEIRO, 2003). Objetiva-se o entendimento da dinâmica da frota arrasteira dirigida à captura do camarão-rosa sediada no Estado de São Paulo e as inter-relações com a dinâmica populacional das principais espécies da fauna acompanhante, como subsídio ao entendimento à variação do coeficiente de capturabilidade da pescaria do recurso camarão-rosa. Literatura Citada AIKEN, K. A. The biology, ecology and bionomics of the Tiggerfishes, Balistidae. In: MUNRO, J. L. (Ed.) Caribbean Coral Reef Fishery Resources. Philippines: ICLRM Stud. And Ver. p , ALVITRES-CASTILLO, V. R. Estudo sobre a biologia e ciclo de vida de Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) (Ubatuba 23º30 S Cananéia 25º05 S) f. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo, São Paulo. ARMSTRONG, M. P.; MULLER, R. G. A summary of biological information for southern kingfish (Menticirrhus americanus), gulf kingfish (M. littoralis), and northern kingfish (M. saxatilis) in Florida wateres. Rep. Florida Mar. Fish. Comm., St. Petersburg, v. 4, p. 1-26, ARREGUÍN-SÁNCHES, F. Catchability: a key parameter for fish stock assessment. Rev. Fish Biol. Fish., v. 6, p. 1-22, ARREGUÍN-SÁNCHES, F. Catchability estimates and their application to the red grouper (Epinephelus morio) fishery of the Campeche Bank, Mexico. Fish. Bull., v. 97, p , 1999.

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25 20 CAPTURAS DE BALISTES CAPRISCUS GMELIN, 1789 PELA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO-ROSA Resumo Balistes capriscus é explotado pelas frotas de arrasto-de-parelha e de arrasto-duplomédio. É a quinta categoria de peixe mais importante desta última, com captura média anual de 52 t/ano, que representaram 3 % da produção total desembarcada no estado de São Paulo, no período de 1998 a A distribuição das freqüências de comprimento desta fração populacional foi muito similar entre as frotas de arrasto-duplo-médio sediadas em Ubatuba, Santos/Guarujá e Cananéia, com as capturas concentradas entre 16 e 26 cm de comprimento furcal (Lf). O recrutamento à pesca ocorre no primeiro semestre do ano e o comprimento médio de primeira maturação (Lf 50 ) foi estimado em 17,1 cm (Lf) para fêmeas e 19,3 cm (Lf) para machos. O período reprodutivo ocorre entre novembro e fevereiro. A taxa instantânea de mortalidade total foi estimada em 2,42 ano -1 e por pesca, de 2,21 ano -1, que é considerada alta. O comprimento de retenção de 50 %, estimado em 18,8 cm, também foi considerado muito próximo do comprimento médio de primeira maturação, indicando de que a pressão de pesca dessa frota atua principalmente sobre extratos jovens da população. Abstract Balistes capriscus is exploited by pair trawlers and also by double rigged trawlers for pink shrimp. It's the fifth most important fish category landed by the later, whose average annual catch was 52 t/year, which means 3 % of total landings between 1998 and The length frequency distributions of this portion of B. capriscus population are very similar among pink shrimp trawlers based in the fishing ports of Ubatuba, Santos/Guarujá and Cananéia, with fork length ranging from 16 to 26 cm. Recruitment to fisheries occurs along the first half year and length at first maturity (L 50 ) was

26 21 estimated as 171 mm for females and 19,3 cm for males; reproductive period was between November and February. The instantaneous total mortality rate was estimated as 2.42 year -1 and the fishing mortality rate, as 2.21 year -1, which can be considered high. The length of 50 % retention was estimated as 18,8 cm, which was also considered high, for it's too close to the length at first maturity, indicating that pink shrimp trawlers mostly capture the immature stratum of this population. Introdução As espécies da família Balistidae têm distribuição predominantemente tropical (AIKEN, 1983) e algumas representam importantes recursos pesqueiros. Espécie demerso-pelágica, Balistes capriscus distribui-se do Canadá à Argentina (FISCHER, 1978), sendo mais comum entre o Espírito Santo e São Paulo. Associada à recifes de corais e parcéis, pode também ser encontrada em fundos arenosos e de pedra (BERNARDES, 1988). Nas décadas de 1960 e 70, B. capriscus era capturada como produto secundário da pesca de arrasto e comercializada principalmente na categoria mistura. A espécie começou a ganhar importância a partir da década de 80, em função do declínio dos estoques tradicionalmente explotados pela pescarias de arrasto, quando passou a constituir uma categoria de pescado própria peixe-porco (VALENTINI et al., 1991). A área de maior captura do peixe-porco no estado de São Paulo está compreendida entre a Ilha da Queimada Grande e a Ilha do Bom Abrigo (CASTRO, 2000), com produção anual média de t/ano no período de 1986 a 1996 (CASTRO et al., 2005). A categoria é explotada tanto pela frota de arrasto-de-parelha quanto pela de arrasto-duplo-pequeno e arrasto-duplo-médio. É a quinta categoria de peixe mais importante dessa última, com produção anual média de 52 t/ano no período de 1998 a 2004, que representaram 3 % da produção total.

27 22 Balistes capriscus representa, atualmente, uma parte importante da biomassa de peixes demersais disponíveis à pesca na plataforma continental, assim, fazse necessário o monitoramento permanente das pescarias que atuam sobre a espécie, principalmente considerando que sua explotação é relativamente recente (CASTRO et al., 2005). Este trabalho visa apresentar as características biológico-pesqueiras da fração populacional de B. capriscus explotada pela frota de arrasto-duplo-médio paulista. Material e métodos As coletas de dados e de material biológico ocorreram no período de junho de 2001 à fevereiro de 2003, perfazendo dois anos, ao se considerar o período de defeso do camarão-rosa, de março a maio. As coletas foram compostas por visitas semanais ao cais de desembarque da Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, no Guarujá e a diversos pontos de desembarque da região de Cananéia. Na região de Ubatuba, as coletas foram quinzenais, concentradas no píer do Saco da Ribeira e no cais da fábrica de gelo do Alemão, únicos pontos de desembarque da frota estudada no município. O trabalho de coleta constituiu-se de entrevistas com os mestres das embarcações que descarregavam no dia, medição do comprimento furcal, seleção e aquisição de pescado para análise em laboratório. Foram selecionados até 4 exemplares por classe de 10 mm de comprimento furcal. Em laboratório, obtiveram-se as seguintes informações: comprimento total (Lt), comprimento furcal (Lf), comprimento padrão (Ls), peso total (Wt), peso das gônadas (Wg) e peso do fígado (Wh). Foram ainda identificados o gênero e o estádio de maturidade gonadal, segundo a escala macroscópica descrita em BERNARDES (1988). A variação da proporção entre gêneros foi analisada por mês e entre classes de comprimento furcal, comparando-se os resultados através do método loglikelihood para proporção 1:1 e proporção marginal (SOKAL e ROHLF, 1981).

28 23 Calcularam-se ainda, os parâmetros descritivos das distribuições de comprimento para gêneros separados. O comprimento furcal médio de primeira maturação gonadal (Lf 50 ) foi estimado através de regressão não-linear entre o comprimento furcal e a proporção entre adultos e juvenis, utilizando-se o modelo r L L 1 50 p { 1 e } (SANTOS, 1978). Os parâmetros das relações comprimento/peso, foram estimados através de regressão linear, com os dados linearizados através de transformação logarítmica. Para cada indivíduo, foram calculados o fator de condição alométrico, que utiliza o peso total (K 1 ), o fator de condição somático, que utiliza o peso total subtraído o peso das gônadas (K 2 ) e de uma terceira forma, utilizando o peso total subtraído o peso das gônadas e do fígado (K 3 ). Nessa espécie, a massa do fígado é desproporcionalmente grande, tendo importância nos processos fisiológicos da reprodução (BERNARDES, 1988). Em todos esses casos, o fator de condição de cada indivíduo foi calculado utilizando-se o valor do coeficiente angular b da relação comprimento/peso específico de cada gênero. Da mesma forma que o fator de condição, as relações gonadossomática e hepatossomática de cada indivíduo foram calculadas utilizando-se o peso total (RGS 1 e RHS 1, respectivamente), o peso total subtraído o peso das gônadas (RGS 2 ) ou do fígado (RHS 2 ) e o peso total subtraído os pesos da gônada e do fígado (RGS 3 e RHS 3 ) (VAZZOLER, 1996). A taxa instantânea de mortalidade total (Z) foi calculada através do método da curva de captura linearizada (SPARRE e VENEMA, 1998), que utiliza a estrutura de comprimentos obtida nos desembarques transformada em estrutura etária. para tanto, utilizaram-se os parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy estimados por CASTRO et al. (2005). Os parâmetros da curva logística de seletividade ( T1 T2 t) 1 ( S t [ 1 e ] ), para o cálculo dos comprimentos e idades de 50 % e 75 % de retenção, também foram estimados através desse método.

29 24 Z A taxa de sobrevivência (S) foi calculada através da equação S e. O coeficiente de mortalidade por pesca (F), dado pela diferença entre a mortalidade total e a mortalidade natural ( F Z M ), foi estimado utilizando-se o valor de M obtido por CASTRO et al. (2005). Optou-se por utilizar o coeficiente de mortalidade natural da literatura, por se considerar que a frota de arrasto-duplo captura uma fração da população, levando à estimativas não confiáveis da mortalidade natural. Resultados Entre 1 de junho de 2001 e 28 de fevereiro de 2003, realizaram-se 111 coletas de dados, que resultaram no monitoramento de 211 descargas de 59 embarcações. Cada barco monitorado foi entrevistado, em média, 3,46 vezes, tendo sido realizadas, em média, 1,9 entrevistas por coleta. Nesse período, indivíduos foram medidos durante os desembarques e destes, 195 exemplares foram coletados para processamento em laboratório. A Tabela 1 apresenta os parâmetros gerais das amostragens de comprimento furcal obtidos nos três municípios. Observa-se que as medidas de tendência central são muito próximas, com valores ligeiramente inferiores em Cananéia, onde se amostraram os menores indivíduos. Apesar da maior amplitude de tamanhos ter ocorrido nos municípios de Santos/Guarujá, as distribuições de freqüências de comprimento furcal foram bastante semelhantes nas frotas dos três municípios, concentradas entre 16 e 26 cm (Figura 1), demonstrando que as frotas desses municípios atuam sobre a mesma fração populacional. A Figura 2 apresenta, por mês, a distribuição de comprimento furcal desembarcada, onde se observa que os menores indivíduos desembarcados são capturados no terceiro trimestre. Porém, considerando-se a seleção e o descarte no momento da triagem das capturas, quando os menores indivíduos, sem interesse econômico, são eliminados, supõe-se que o recrutamento à pesca ocorra no primeiro semestre do ano, considerando-se que os menores indivíduos observados no terceiro trimestre são os maiores indivíduos recrutados e não rejeitados pela pescaria.

30 25 A proporção entre gêneros da amostra total foi de 45 % de machos e 55 % de fêmeas. A variação mensal dessa proporção não apresentou uma tendência, nem diferença significativa em relação à proporção da amostra total (Figura 3). Do mesmo modo, a variação da proporção entre gêneros não apresentou tendências entre as classes de comprimento furcal. Entretanto, duas classes de comprimento furcal apresentaram diferenças significativas em relação à proporção entre gêneros da amostra total. Este fato, no entanto, foi atribuído à aleatoriedade da amostragem, devido ao número de indivíduos ser pouco representativo nessas classes. A Figura 4 apresenta o ajuste das proporções entre adultos e jovens à equação da curva sigmóide em função do comprimento furcal. Os comprimentos médios de primeira maturação gonadal (L 50 ) foram estimados em 171 mm de comprimento furcal para fêmeas, 193 mm de comprimento furcal para machos e 180 mm para gêneros agrupados. Todas as fêmeas são adultas a partir de 230 mm (L 100 ), o que ocorre com os machos e para gêneros agrupados a partir de 240 mm. Daí se observa que 21% do peixe-porco desembarcado tinham comprimento abaixo do comprimento médio de primeira maturação gonadal e 93%, abaixo do comprimento em que todos os indivíduos são adultos. A Figura 5 mostra a variação mensal da freqüência dos estádios de maturidade gonadal para machos e fêmea. Indivíduos com gônadas em maturação ocorreram ao longo de todo o período estudado; só se observaram indivíduos com gônadas imaturas no segundo semestre, e fêmeas com gônadas maduras e desovadas só ocorreram em outubro. A variação dos valores estimados da relação gonadossomática de B. capriscus (Figura 6) não permitem visualizar claramente um período reprodutivo. Notase, porém, um crescimento acentuado dos valores de RGS das fêmeas entre novembro de 2001e fevereiro de 2002, levantando a hipótese do período reprodutivo ocorrer concomitante com o defeso do camarão-rosa. Enquanto que entre setembro de 2001 e fevereiro de 2002 se observa uma queda das médias de RGS dos machos.

31 26 Quanto à relação hepatossomática (Figura 7), esta apresentou a mesma tendência de variação apresentada na relação gonadossomática com exceção do cálculo utilizando o peso total, que obteve valores maiores sem alterar a tendência de variação. Os ajustes das relações comprimento/peso apresentaram boa aderência à variação dos dados, tendo sido estimados os seguintes parâmetros para fêmeas: 2,95 Wt 2,8E 5 L f (r 2 = 0,9559); machos: 3,08 Wt 1,4E 5 L f (r 2 = 0,9551). A comparação dos parâmetros dos ajustes de machos e fêmeas resultou que eles não são significativamente diferentes com isso, a relação comprimento/peso, para ambos os gêneros agrupados: W 2,98 t 2,3E 5 L f (r 2 = 0,9555) (Figura 8). Os valores estimados para as três formas de cálculo do fator de condição, K 1, K 2 e K 3, tiveram a mesma tendência decrescente ao longo do segundo semestre de 2001 (Figura 9). As diferenças entre das médias de K 3 são maiores, facilitando a interpretação. Para as fêmeas, essa diferença não é tão grande a ponto de haver uma alteração de escala, enquanto que para machos sim, provavelmente devido à pequena influência das gônadas masculinas no peso total dos indivíduos. A Tabela 2 apresenta os valores dos coeficientes de mortalidade total (Z) para as frotas dos três municípios separadamente e no total, as estimativas do coeficiente de mortalidade por pesca (F) e a taxa de sobrevivência (S). Para tanto, utilizaram-se os valores dos parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy, L = 53,14 cm e K = 0,18 ano -1 e do coeficiente de mortalidade natural (M) de 0,21 ano - 1 (CASTRO, et al., 2005). Nota-se que as frotas dos municípios de Cananéia e Ubatuba, que atuam sobre uma faixa de comprimento menor, possuem coeficientes de mortalidade cujos valores são quase o dobro daqueles da frota de Santos/Guarujá, que atua sobre uma amplitude de comprimento maior. O comprimento furcal correspondente a 5 de retenção foi estimado em 194 mm para o total da frota, variando entre 197 mm para a frota de Santos/Guarujá e 202 mm para a frota de Ubatuba. Esses valores correspondem à idade de 5 de retenção de 2,5 anos, para a frota total (Figura 10).

32 27 Discussão Nos últimos anos, é observada uma progressiva redução da importância do recurso camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) nos desembarques da frota paulista de arrasto duplo dirigido à esse recurso e o aumento do desembarque de espécies componentes da fauna acompanhante, caracterizando uma pescaria multiespecífica. Essas embarcações, porém, param suas operações, para manutenção ou alteram suas estratégias de pesca durante o defeso do camarão-rosa. Nesse período, de março a maio, as coletas de peixe-porco ficam prejudicadas, pois elas passam a utilizar outro aparelho de pesca, como redes-de-emalhe, ou vão à captura de recursos demersais de maiores profundidades, como o lagostim (Metanephrops rubellus) e o camarão-cristalino (Parapenaeus americanus e Plesionika edwardsii) (VALENTINI et al., 1991; PEREZ et al., 2001; D INCAO, 2002; D IINCAO et al., 2003; PEREZ et al., 2003; TOMÁS et al., 2003) A temporada de pesca do camarão-rosa se reinicia em junho, após o defeso de recrutamento. Por isso, nesse mês, as embarcações tendem a atuar mais próximas à costa, realizando viagens mais curtas, com elevada taxa de rejeição de fauna acompanhante, estratégia de pesca que continua no início do terceiro trimestre. Com a diminuição da produtividade do camarão, porém, as viagens tendem a ser mais longas, com taxas de rejeição menores. A partir do quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano subseqüente, com menores taxas de produtividade, a frota tende a atuar em profundidades maiores ou a direcionar seu esforço à captura de peixes demersais, de tamanhos e valores maiores. BERNARDES (1988) apresenta um comprimento total máximo de 410 mm para B. capriscus, com o L variando entre 506 e 566 mm, inferior ao máximo comprimento furcal observado, de 525 mm. Aquele autor baseou sua amostragem na frota de parelha, que possui uma captura maior dessa espécie, porém as frotas em questão possuem estratégias distintas, atuando em diferentes áreas de pesca, o que deve ter levado à essa diferenciação de comprimentos.

33 28 Apesar do discorrido, CASTRO (2000) apresenta, para a frota de parelha, uma distribuição de freqüência de comprimento furcal composta por exemplares de 110 a 410 mm, com as capturas incidindo principalmente sobre os tamanhos de 160 a 230 mm. Muito semelhante à distribuição observada nas capturas desta frota, sugerindo que ambas atuam sobre a mesma fração populacional. Sendo que as diferenças observadas por BERNARDES (op. cit.) decorrentes da variação temporal da composição da frota de parelha e sua dinâmica de pesca (CASTRO e TUTUI, 2007) Os valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal estimados se apresentam maiores aos obtidos por BERNARDES (op. cit.), fato inusitado, pois em teoria tais valores deveriam ser menores ou no mínimo iguais, porém CASTRO et al. (2005) obteve valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal de 169 mm para fêmeas e 200 mm para machos, similar ao estimado. A partir de tais valores, observa-se que, considerando o valor obtido para gêneros agrupados e a distribuição de freqüência de comprimento furcal obtido nos desembarques, 21% do desembarcado estava abaixo do comprimento médio de primeira maturação gonadal e 93% abaixo do comprimento em que todos os indivíduos são adultos. A Figura 5 mostra a variação da freqüência mensal dos estádios de maturidade gonadal para machos e fêmeas. Para essa espécie houve incerteza na classificação macroscópica das gônadas, devido a dificuldades na comparação com a escala apresentada por BERNARDES (1988), porém, apesar das reservas no trato dessas informações, a ocorrência de fêmeas com gônadas maduras somente em outubro, mostra-se coerente com o período reprodutivo obtido por BERNARDES (op cit.) que é entre novembro e fevereiro. A variação dos valores estimados para as relações gonadossomática e hepatossomática e do fator de condição de B. capriscus (Figura 6, 7 e 9) não apresenta nenhuma tendência clara que possa indicar um período reprodutivo, porém, avaliando a dispersão dos dados, tende-se a notar um crescimento dos valores do RGS no segundo semestre de 2001 (Figura 6), confirmando a época de desova no período de novembro a fevereiro. Há de se considerar que BERNARDES (1988) discorre sobre a não captura de fêmeas com gônadas desovadas, o que fortaleceria o alto valor obtido em fevereiro de

34 Corroborando as informações pertinentes às características reprodutivas, similares às apresentadas em literatura. SPARRE e VENEMA (1998) discorrem que o recrutamento é também dependente do tamanho, da mesma maneira que a curva de seletividade do arrasto. Então, a probabilidade de um peixe de certo tamanho ser capturado é o produto da probabilidade do recrutamento e da seletividade. Além disso, estimativas baseadas na freqüência de comprimento desembarcada não levam em consideração as classes de comprimento rejeitadas, o que leva à real curva de seletividade e de probabilidade de retenção tenderem a ser menores que as estimadas. Tendo que se considerar que a espécie ocorre também na pesca de arrasto-duplo-pequeno, e em ambas as pescarias de arrasto-duplo o rejeitado é composto por indivíduos entre 11 e 18 cm, com moda em 15 cm (GRAÇA-LOPES et al., 2002). Há ainda de se considerar que os comprimentos estimados de 5 de retenção são muito próximos do comprimento médio de primeira maturação (17,1 cm para fêmeas e 19,3 cm para machos). Este fato, somado aos altos coeficientes de mortalidade obtidos, superiores aos apresentados por CASTRO, et al. (2005) (Z = 1,97 ano -1 e F = 1,76 ano -1 ), provavelmente devido à menor amplitude de comprimento a que estão submetidos pela atividade pesqueira, indicam que para essa frota a pressão de pesca atua principalmente sobre extratos jovens da população. Portanto, apesar da produção de B. capriscus apresentar grandes flutuações temporais, de não se saber se a espécie possui distribuição homogênea ou se é composta de grupos populacionais distintos, e da frota de arrasto-duplo-médio ter pouca participação na produção desembarcada dessa categoria de pescado, há de se ter cautela quanto à explotação desse recurso, por demonstrar ser sensível a sobrepesca por recrutamento, demonstrado pelos valores estimados de comprimento médio de primeira maturação e comprimento médio de retenção muito similares.

35 30 Bibliografia AIKEN, K. A The biology, ecology and bionomics of the Tiggerfishes, Balistidae. In: MUNRO, J. L. (Ed.) Caribbean Coral Reef Fishery Resources. Philippines: ICLRM Stud. And Ver. p BERNARDES, R. A Idade, crescimento, reprodução e pesca do peixe-porco, Balistes capriscus (GMELIN, 1789), capturado na costa sul do Estado de São Paulo (Brasil). São Paulo. 127p. (Dissertação de Mestrado. Instituto Oceanográfico, USP). CASTRO, P. M. G Estrutura e dinâmica da frota de parelhas do Estado de São Paulo e aspectos biológicos dos principais recursos pesqueiros demersais costeiros da região Sudeste-Sul do Brasil (23º - 29º S). São Paulo. 122p. (Tese de Doutoramento. Instituto Oceanográfico, USP). CASTRO, P. M. G.; BERNARDES, R. A.; CARNEIRO, M. H.; SERVO, G. J. M Balistes capriscus (GMELIN, 1789). In: CERGOLE, M. C.; ÁVILA-DA- SILVA, A. O.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica populacional das espécies em explotação. São Paulo: Instituto Oceanográfico. p CASTRO, P. M. G.; TUTUI, S. L. S Frota de parelhas do estado de São Paulo Caracterização física e operacional, e suas variações temporais. Rev. Bras. Eng a. Pesca, São Luis, 2(2): FISCHER, W FAO species identification sheets for fisheries purpose. Western Central Atlantic. Rome: FAO. pág. var. GRAÇA-LOPES, R.; TOMÁS, A. R. G.; TUTUI, S. L. S.; SEVERINO-RODRIGUES, E.; PUZZI, A Fauna acompanhante da pesca camaroeira no litoral do estado de São Paulo, Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(2): TOMÁS, A. R. G.; GASALLA, M. de los A.; CARNEIRO, M. H Dinâmica da frota de arrasto de portas do Estado de São Paulo. In: CERGOLE, M. C.;

36 31 ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica das frotas pesqueiras. São Paulo: Evoluir. p SPARRE, P.; VENEMA, S. C Introduction to tropical fish stock assessment. FAO Fish. Tech. Pap. 306/1 Rev. 2. Rome: FAO. 407p. VALENTINI H.; CASTRO, P. M. G.; SERVO, G. J.M.; CASTRO, L. A. B Evolução da pesca das principais espécies demersais na costa sudeste do Brasil, pela frota de arrasteiros de parelha baseada em São Paulo, de 1968 a Atlântica, Rio Grande 13(1):87-95.

37 32 Tabelas Tabela 1: Parâmetros gerais das amostras de comprimentos furcais de B. capriscus medidos nos desembarques dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/2003. Lf (mm) - Desembarque Cananéia Santos / Guarujá Ubatuba Número de indivíduos Média 189,4 208,7 206,4 Mediana Desvio Padrão 3,79 2,99 2,38 Mínimo Máximo Tabela 2: Valores estimados dos coeficientes de mortalidade total (Z), por pesca (F) e da taxa de sobrevivência (S) de B. capriscus, para as frotas dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003. Z - mortalidade total (ano -1 ) F - mortalidade por pesca (ano -1 ) Cananéia 4,22 4,01 0,01 Santos/Guarujá 2,39 2,18 0,09 Ubatuba 3,96 3,75 0,02 Total 2,42 2,21 0,09 S - taxa de sobrevivência (ano -1 )

38 33 Figuras 35% 3 A n = 88 35% 3 B n = % 25% % 15% 1 1 5% 5% % 3 C n = % 3 D n = % 25% % 15% 1 1 5% 5% Figura 1: Distribuições das freqüências relativas, em porcentagem, das capturas de B. capriscus por classes de comprimento total (mm) e número de indivíduos amostrados, por local de desembarque, onde: A Cananéia, B Santos/Guarujá, C Ubatuba e D Total.

39 junho n= junho n= julho n= julho agosto n= agosto n= setembro n= setembro n= outubro n= outubro n= novembro n= novembro dezembro n= dezembro janeiro n= janeiro fevereiro n= fevereiro n= Figura 2: Variação mensal da distribuição de freqüência relativa do comprimento furcal (mm) de B. capriscus e número de indivíduos amostrados, para o total dos desembarques do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

40 35 10 A 10 B 5 5 jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/ fêmeas machos fêmeas machos Figura 3. Variação da proporção entre gêneros de B. capriscus, por mês (A) e por classe de comprimento furcal (mm) (B), do total das amostragens realizadas Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/ A 10 B C Figura 4. Curva ajustada da freqüência relativa de adultos em função do comprimento furcal (mm) e respectivos valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) de B. capriscus, onde: A Fêmeas; B Machos e C Ambos os gêneros, do total das amostras, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003.

41 36 A 25% 2 15% 1 5% jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 imaturo em maturação maduro desovado C jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 imaturo em maturação maduro desovado E jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 B 25% 2 15% 1 5% D F jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 imaturo em maturação maduro desovado imaturo em maturação maduro esgotado Figura 5: Freqüência mensal de B. capriscus com gônadas nos distintos estádios de maturidade para todo o período de estudo (A fêmeas; B machos); Freqüência mensal de indivíduos com gônadas em cada estádio de maturidade (C fêmeas; D machos); freqüência dos distintos estádios de maturidade em cada mês E fêmeas; F machos).

42 37 0,008 0,004 0,006 0,003 0,004 0,002 0,002 0,001 A 0 0,008 B 0 0,004 0,006 0,003 0,004 0,002 0,002 0,001 C 0 0,008 D 0 0,004 0,006 0,003 0,004 0,002 0,002 0, ,000 E Figura 6. Variação mensal da relação gonadossomática (RGS) de B. capriscus, para todo o período de estudo, onde: A: RGS1 (peso total) fêmeas; B: RGS1 (peso total) machos; C: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) machos; E: RGS 3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) fêmeas; F: RGS 3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) machos. F

43 38 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 A 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 C 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 E 0,20 0,16 0,12 0,08 0,04 0,00 B 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 D 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 F Figura 7. Variação mensal da média da relação hepatossomática (RHS) de B. capriscus, para todo o período de estudo, onde: A: RHS1 (peso total) fêmeas; B: RHS1 (peso total) machos; C: RHS2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: RHS2 (peso total sem peso das gônadas) machos; E: RHS 3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) fêmeas; F: RHS 3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) machos.

44 39 Wt (g) fêmeas W t L 5 2,95 2,8 10 f Lf (mm) Wt (g) machos ,08 W t 1,4 10 L f Lf (mm) Wt (g) ambos os gêneros , W t 2,3 10 L f Lf (mm) Figura 8. Variação do peso total (g) em função do comprimento furcal (mm) de B. capriscus, por gênero e total, com as estimativas dos parâmetros da relação comprimento/peso.

45 40 0,034 0,032 0,030 0,028 0,026 0,024 0,022 A 0,034 0,032 0,030 0,028 0,026 0,024 0,022 C 0,032 0,030 0,028 0,026 0,024 0,022 E 0,017 0,016 0,015 0,014 0,013 0,012 0,011 0,010 B 0,017 0,016 0,015 0,014 0,013 0,012 0,011 0,010 D 0,017 0,016 0,015 0,014 0,013 0,012 0,011 0,010 F Figura 9. Variação mensal da média do fator de condição alométrico (K) de B. capriscus, para todo o período de estudo, onde: A: K1 (peso total) fêmeas; B: K1 (peso total) machos; C: K2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: K2 (peso total sem peso das gônadas) machos; E: K3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) fêmeas; F: K3 (peso total sem o peso das gônadas e fígado) machos.

46 41 % retenção Cananéia % retenção Cananéia 2,63 2, comprimento furcal (mm) idade (anos) % retenção Santos/Guarujá % retenção Santos/Guarujá 2,57 2, comprimento furcal (mm) idade (anos) % retenção Ubatuba % retenção Ubatuba 2,66 2, comprimento furcal (mm) idade (anos) % retenção Total % retenção Total 2,52 2, comprimento furcal (mm) idade (anos) Figura 10: Variação da porcentagem de retenção para B. capriscus, observada (pontos) e estimada (linha) em função do comprimento furcal (mm) e da idade (anos), para os municípios de Cananéia, Guarujá/Santos, Ubatuba e o total das amostragens, do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

47 42 CAPTURAS DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO-ROSA: II CYNOSCION JAMAICENSIS (VAILLANT E BOCOURT, 1883) Resumo Cynoscion jamaicensis é, atualmente, a sexta espécie de peixe demersal mais desembarcada no estado de São Paulo, principalmente pela frota de parelhas e, em menor proporção, pela frota que opera com arrasto-duplo. As frotas de arrasto-duplomédio analisadas, dos municípios de Santos/Guarujá e Ubatuba, capturam a mesma amplitude de comprimento total, supondo-se daí, que ambas atuam sobre a mesma fração populacional. A variação do comprimento médio não apresentou tendência sazonal, porém, os menores indivíduos foram desembarcados no terceiro trimestre do ano, indicando que o recrutamento deve ocorrer no primeiro semestre, face ao processo de triagem a bordo, com o descarte dos menores indivíduos, sem valor comercial. A proporção entre gêneros, de 69 % de fêmeas e 31 % de machos, não apresentou diferenças significativas tanto nas variações mensais quanto por classes de comprimento. Os comprimentos médios de primeira maturação gonadal foram 193 mm (Lt) para fêmeas e 186 mm para machos, com o período reprodutivo entre a primavera e verão. Os valores dos coeficientes de mortalidade estimados para a frota de Ubatuba foram ligeiramente superiores aos da frota de Santos/Guarujá, 0,64 ano -1 e 0,60 ano -1, respectivamente. O comprimento de 5 de retenção foi estimado em 214 mm para o total da frota, correspondendo à idade de 3,98 anos. O atual status de C. jamaicensis, em vias de sobre-explotação, exige um acompanhamento cuidadoso da pressão da frota de arrasto-duplo-médio sobre este recurso, apesar da pequena participação no total desembarcado.

48 43 Abstract Cynoscion jamaicensis is presently the sixth most landed demersal fish species in the State of São Paulo. It's mostly exploited by pair trawlers and, in lesser scale, by double rigged trawlers for pink shrimp. The studied fleets are based in the fishing ports of Santos/Guarujá and Ubatuba. Both caught the same range of total length, leading us to assume they exploit the same population stratum. The average length variation showed no seasonal trend. However, the smallest individuals landed in the third quarter of the year, pointing that recruitment might occur in the first half year. Total sex ratio was 69 % for females and 31 % for males and no monthly significant variation was observed and among length classes either. Size at first maturity was estimated as 193 mm (Lt) for females and 186 mm for males. Reproductive period was from spring to summer. The mortality coefficients estimated to the fleet based in Ubatuba were slightly higher than those estimated to the Santos/Guarujá fleet. The total length of 50 % retention was estimated as 214 mm for both fleets, which corresponds to the age of 3.98 years old. The present status of C. jamaicensis is close to over-exploitation, which demands careful management of the pressure on this resource by double rigged trawlers, although their participation in total landings is little. Introdução Cynoscion jamaicensis é uma espécie costeira que ocorre sobre fundos de areia e lama até 100 m de profundidade (VAZZOLER, 1975). Distribui-se do Panamá à Argentina (FIGUEIREDO, 1981), sendo mais abundante na região Sudeste do Brasil, onde é capturada o ano todo, com os melhores rendimentos no verão e primavera (CASTRO, 2000). Atualmente é a sexta espécie de peixe demersal mais desembarcada no estado de São Paulo e a segunda mais desembarcada por parelhas, em biomassa. Em menores proporções, a espécie também é capturada pela frota que opera com arrastoduplo (CASTRO et al., 2005). A espécie é desembarcada tanto em categoria própria, goete, quanto na categoria mistura, nos desembarques da frota de arrasto-duplo-

49 44 pequeno, dirigida à captura do camarão-sete-barbas e nos de arrasto-duplo-médio, voltado ao camarão-rosa (GRAÇA-LOPES et al., 2002). No período de 1986 a 2000, a produção total média de C. jamaicensis, desembarcada na região Sudeste, foi de t/ano. Nesse período se observou um incremento de produção, em grande parte devido ao aumento dos desembarques das frotas de arrasto-de-parelha e de arrasto-duplo realizados em São Paulo e Santa Catarina (CASTRO et al., 2005; VALENTINI et al., 1991). Cynoscion jamaicensis é a oitava espécie mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio, representando 2 % da produção total da categoria no período de 1998 a 2004, com produção média de 37 t/ano. CASTRO et al. (2005) discorrem que a espécie se encontra em vias de sobreexplotação, segundo as informações disponíveis, tendo seus rendimentos diminuído de 112,35 kg/lance, na década de 1980, para 99,70 kg/lance na década de Com isso, o intuito desse trabalho é apresentar as características biológicaspesqueiras da fração populacional de C. jamaicensis explotada pela frota de arrastoduplo-médio. Material e métodos As coletas de dados e de material biológico ocorreram no período de junho de 2001 à fevereiro de 2003, perfazendo dois anos, ao se considerar o período de defeso do camarão-rosa, de março a maio. As coletas foram compostas por visitas semanais ao cais de desembarque da Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, no Guarujá e a diversos pontos de desembarque da região de Cananéia. Na região de Ubatuba, as coletas foram quinzenais, concentradas no píer do Saco da Ribeira e no cais da fábrica de gelo do Alemão, únicos pontos de desembarque da frota estudada no município. O trabalho de coleta constituiu-se de entrevistas com os mestres das embarcações que desembarcavam no dia, medição do comprimento total, seleção e

50 45 aquisição de pescado para análise em laboratório. Foram coletados até 4 exemplares por classe de 10 mm de comprimento total. Em laboratório, obtiveram-se as seguintes informações: comprimento total (Lt), comprimento furcal (Lf), comprimento padrão (Ls), peso total (Wt) e peso das gônadas (Wg). Foram ainda identificados o gênero e o estádio de maturidade gonadal, segundo a escala macroscópica modificada de VAZZOLER (1996). As distribuições de freqüências de comprimento total dos dois municípios foram comparadas através do teste de Kolmogorov-Smirnov (SOKAL e ROHLF, 1981). A variação da proporção entre gêneros foi analisada por mês e entre classes de comprimento total, comparando-se os resultados através do método loglikelihood para proporção 1:1 e proporção marginal (SOKAL e ROHLF, 1981). Calcularam-se, ainda, os parâmetros descritivos das distribuições de comprimento para gêneros separados. O comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) foi estimado através de regressão não-linear entre o comprimento total e a proporção entre adultos e juvenis, utilizando-se o modelo r L L 1 50 p { 1 e } (SANTOS, 1978). Os parâmetros das relações comprimento/peso, foram estimados através de regressão linear, com os dados linearizados através de transformação logarítmica. Para cada indivíduo, foram calculados o fator de condição alométrico (K 1 ), que utiliza o peso total e o fator de condição somático (K 2 ), que utiliza o peso total subtraído o peso das gônadas. Em ambos os casos, utilizou-se o valor do coeficiente angular b da relação comprimento/peso específico de cada gênero. Da mesma forma, calculou-se a relação gonadossomática para cada indivíduo, utilizando-se o peso total (RGS 1 ) e o peso total subtraído o peso das gônadas (RGS 2 ) (VAZZOLER, 1996). A taxa instantânea de mortalidade total (Z) foi calculada através do método da curva de captura linearizada (SPARRE e VENEMA, 1998), que utiliza a estrutura de comprimentos obtida nos desembarques transformada em estrutura etária,

51 46 para tanto, utilizaram-se os parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy estimados por CASTRO et al. (2005). Os parâmetros da curva logística de seletividade ( T1 T2 t) 1 ( S t [ 1 e ] ), para o cálculo dos comprimentos e idades de 50 % e 75 % de retenção, também foram estimados através desse método. Z A taxa de sobrevivência (S) foi calculada através da equação S e. O coeficiente de mortalidade por pesca (F), dado pela diferença entre a mortalidade total e a mortalidade natural ( F Z M ), foi estimado utilizando-se o valor de M obtido por CASTRO et al. (2005). Optou-se por utilizar o coeficiente de mortalidade natural da literatura, por se considerar que a frota de arrasto-duplo captura uma fração da população, levando à estimativas não confiáveis da mortalidade natural. Resultados Entre 1 de junho de 2001 e 28 de fevereiro de 2003 realizaram-se 111 coletas de dados, que resultaram no monitoramento de 211 descargas de 59 embarcações. Cada barco monitorado foi entrevistado, em média, 3,46 vezes, tendo sido realizadas, em média, 1,9 entrevistas por coleta. Nesse período, indivíduos foram medidos durante os desembarques e destes, 302 exemplares foram coletados para processamento em laboratório. As coletas realizadas no município de Cananéia foram excluídas da análise, uma vez que, ao longo de todo o período estudado, apenas 4 indivíduos da espécie foram identificados nos desembarques neste município. A Tabela 1 apresenta os parâmetros gerais das amostragens de comprimento total obtidos nos municípios. Observa-se que as medidas de tendência central são muito próximas em ambas as frotas, com valores ligeiramente inferiores em Ubatuba. Além disso, elas possuem a mesma amplitude de comprimento total, entre 170 e 360 mm, com poucos exemplares menores capturados, principalmente, pela frota de Santos/Guarujá (Figura 1), sugerindo que as duas frotas atuam sobre a mesma fração populacional. Apesar disso, as duas distribuições diferem significativamente (p < 0,05),

52 47 indicando que a frota de Ubatuba atua mais intensamente sobre extratos mais jovens da população. A distribuição da freqüência mensal de comprimento total (Figura 2) mostra não haver nenhuma tendência sazonal de variação de comprimento, com a média flutuando entre 200 e 300 mm em todo o período de estudo, porém, isto pode não ser conclusivo, devido à triagem das capturas a bordo. A figura ainda apresenta os menores comprimentos desembarcados no terceiro trimestre do ano, pressupondo que, havendo triagem e eliminação dos menores indivíduos capturados, o recrutamento deva ocorrer no primeiro semestre, similar ao apresentado em VAZZOLER e BRAGA (1983). Cynoscion jamaicensis apresenta uma proporção entre gêneros de 69% de fêmeas e 31% de machos. A Figura 3 mostra que, exceto por fevereiro de 2003 e pela classe de 180 mm de comprimento total, ocorreram sempre mais fêmeas do que machos. Utilizando-se essa proporção observada, para a comparação entre gêneros, somente nessas duas observações houve diferenças significativas, provavelmente devido ao pequeno número de indivíduos e à aleatoriedade do processo de amostragem. A espécie apresentou comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) de 193 mm de comprimento total para fêmeas, 186 mm de comprimento total para machos e 191 mm para gêneros agrupados, com a Figura 4 apresentando o ajuste da equação que explica a proporção entre jovens e adultos. Quanto ao comprimento em que todos os indivíduos são adultos (L 100 ), este foi estimado para fêmeas em 230 mm, machos em 240 mm e ambos os gêneros agrupados em 240 mm. Os ajustes das relações comprimento/peso realizados através de regressão não-linear, apresentando boa aderência à variação dos dados, tendo sido estimados para fêmeas: W 3,24 t 3,3E 6 L t (r 2 = 0,9738); machos: W 2,93 t 1,87E 5 L t (r 2 = 0,9774). A comparação dos parâmetros dos ajustes de machos e fêmeas resultou que eles não são significativamente diferentes com isso, a relação comprimento/peso, para ambos os gêneros agrupados: W t 3,26 2,9E 6 Lt (r 2 = 0,9752) (Figura 5).

53 48 A ocorrência de fêmeas de C. jamaicensis com gônadas maduras e desovadas no segundo semestre (Figura 6), somada à tendência observada na relação gonadossomática em de aumentar seu valor médio ao longo do segundo semestre, decaindo no primeiro trimestre do ano subseqüente (Figura 7), indicam que a reprodução ocorre entre a primavera e verão. Apesar disso, a variação do fator de condição alométrico (K1 e K2), mesmo não apresentando uma tendência clara (Figura 8), apresenta um ligeiro decréscimo ao longo do segundo semestre, condizente com a hipótese de reprodução na primavera. A Tabela 2 apresenta as estimativas dos valores dos coeficientes de mortalidade total (Z), do coeficiente de mortalidade por pesca (F) e da taxa de sobrevivência (S) para as frotas dos três municípios separadamente e no total; considerando, para tanto, os valores dos parâmetros L = 38,96 cm e K = 0,20 ano -1, do modelo de crescimento de von Bertalanffy e do coeficiente de mortalidade natural (M) de 0,54 ano -1 (CASTRO, et al., 2005). Os valores dos coeficientes de mortalidade estimados para a frota de Ubatuba foram ligeiramente superiores aos observados para a frota de Santos/Guarujá, provavelmente devido ao fato da primeira atuar mais intensamente sobre uma parcela menor da população. O comprimento total correspondente a 5 de retenção, considerando a frota total, foi estimado em 214 mm, variando entre 207 mm para a frota de Santos/Guarujá e 214 mm para a frota de Ubatuba. Esses valores correspondem à idade de 5 de retenção, para o total da frota, de 3,98 anos (Figura 9). Discussão Nos últimos anos, é observada uma progressiva redução da importância do recurso camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) nos desembarques da frota paulista de arrasto duplo dirigido à esse recurso e o aumento do desembarque de espécies componentes da fauna acompanhante, caracterizando uma pescaria multiespecífica. Essas embarcações, porém, param suas operações para manutenção ou alteram suas estratégias de pesca durante o defeso do camarão-rosa.

54 49 Nesse período, de março a maio, as coletas de goete ficam prejudicadas, pois elas passam a utilizar outro aparelho de pesca, como redes-de-emalhe, ou vão à captura de recursos demersais de maiores profundidades, como o lagostim (Metanephrops rubellus) e o camarão-cristalino (Parapenaeus americanus e Plesionika edwardsii) (VALENTINI et al., 1991; PEREZ et al., 2001; D INCAO, 2002; D IINCAO et al., 2003; PEREZ et al., 2003; TOMÁS et al., 2003) Na pesca do camarão-rosa a temporada de pesca se inicia em junho (pós-defeso de recrutamento), por isso no último mês do segundo semestre as embarcações tendem a atuar mais próximo à costa, realizando viagens mais curtas e tendo uma alta taxa de rejeição de fauna acompanhante. Tal estratégia de pesca continua no início do terceiro trimestre, porém com a produtividade do camarão já diminuindo, tendem a ocorrerem viagens mais longas e uma diminuição nas taxas de rejeição. A partir do quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano subseqüente, com as menores taxas de produtividade, a frota tende a atuar em profundidades maiores ou direcionando seu esforço à captura de peixes demersais, de tamanhos e valores maiores. Para a frota de parelhas, CASTRO et al. (2000) apresentam um comprimento total máximo de 365 mm, com uma amplitude de comprimento de captura variando de 110 a 365 mm, similar aos valores aqui encontrados. Mas quanto ao comprimento médio de primeira maturação gonadal, comparando-se com as informações apresentas em CASTRO et al. (2005) (comprimento médio de primeira maturação para: fêmeas 195,0 mm; machos 191,1 mm; ambos os gêneros agrupados 193,0 mm), os valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal esse trabalho foram ligeiramente superiores. Com os valores obtidos, 9% do desembarcado ficou abaixo do comprimento médio de primeira maturação gonadal de ambos os gêneros agrupados enquanto que 59% ficou abaixo do comprimento em que todos os indivíduos são adultos. Enquanto que para o período de reprodução, esse foi similar ao observado por CASTRO et al. (2005), porém maior do que o observado por VAZZOLER e BRAGA (1983), que apresentam a desova entre setembro e novembro (primavera).

55 50 CASTRO et al. (2002) obtiveram valores para o coeficiente de mortalidade total (Z) variando entre 1,79 e 2,53 ano -1, no período de 1993 a 1998, para o coeficiente de mortalidade por pesca (F) entre 0,68 e 1,67 ano -1, com uma taxa de explotação (E) entre 0,38 a 0,66 ano -1. Tais valores são muito superiores aos obtidos para a frota de arrasto-duplo-médio, cuja taxa de explotação foi estimada em 0,01 ano -1, provavelmente devido ao direcionamento da frota de parelhas à este recurso. Apesar de estratégias de captura distintas, os resultados apresentados são similares aos obtidos para a frota de parelhas, por CASTRO et al. (2002) e por CASTRO et al. (2005), exceto pelos coeficientes de mortalidade. Isto demonstra a existência de estratégias diferenciadas entre as frotas, e que ambas atuam sobre a mesma fração populacional. SPARRE e VENEMA (1998) discorrem que o recrutamento é também dependente do tamanho, da mesma maneira que a curva de seletividade do arrasto. Então, a probabilidade de um peixe de certo tamanho ser capturado é o produto da probabilidade do recrutamento e da seletividade. Além disso, estimativas baseadas na freqüência de comprimento desembarcada não levam em consideração as classes de comprimento rejeitadas, o que leva à real curva de seletividade e de probabilidade de retenção tenderem a ser menores que as estimadas. Tendo que se considerar que a espécie ocorre também na pesca de arrasto-duplo-pequeno, e em ambas as pescarias de arrasto-duplo o rejeitado é composto por indivíduos entre 30 e 200 mm, com moda em 120 mm (GRAÇA-LOPES et al., 2002) Portanto, apesar dos baixos valores, é necessário precaução no uso desses coeficientes de mortalidade, pois tendem a estar subestimados, por terem sido calculados utilizando-se apenas a fração desembarcada da captura total. Assim, apesar da frota de arrasto-duplo-médio ter pouca participação no total desembarcado dessa categoria de pescado, o fato da mesma se encontrar em vias de sobreexplotação (CASTRO et al., 2005) leva à necessidade de um acompanhamento cuidadoso da atividade dessa frota sobre o recurso goete.

56 51 Bibliografia CASTRO, P. M. G Estrutura e dinâmica da frota de parelhas do Estado de São Paulo e aspectos biológicos dos principais recursos pesqueiros demersais costeiros da região Sudeste-Sul do Brasil (23º - 29º S). São Paulo. 122p. (Tese de Doutoramento. Instituto Oceanográfico, USP) CASTRO, P. M. G.; CERGOLE, M. C.; CARNEIRO, M. H.; MUCINHATO, C. M. D.; SERVO, G. J. M Crescimento, mortalidade e taxa de explotação do goete, Cynoscion jamaicensis (Perciformes: Scianidae), na região Sudeste/Sul do Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(2): CASTRO, P. M. G.; BERENARDES, R. A.; CARNEIRO, M. H.; SEREVO, G. J. M Cynoscion jamaicensis (VAILLANT e BOCOURT, 1883). In: CERGOLE, M. C.; ÁVILA-DA-SILVA, A. O.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica populacional das espécies em explotação. São Paulo: Instituto Oceanográfico. p FIGUEIREDO, J. L Estudo das distribuições eendêemicas de peixes da Província Zoogeográfica Marinha Argentina. 121 p. (Tese de Doutoramento. Instituto de Biociências, USP). GRAÇA-LOPES, R.; TOMÁS, A. R. G.; TUTUI, S. L. S.; SEVERINO-RODRIGUES, E.; PUZZI, A Fauna acompanhante da pesca camaroeira no litoral do estado de São Paulo, Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(2): TOMÁS, A. R.G.; GASALLA, M. de los A.; CARNEIRO, M. H Dinâmica da frota de arrasto de portas do Estado de São Paulo. In: CERGOLE, M. C.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica das frotas pesqueiras. São Paulo: Evoluir. p SPARRE, P.; VENEMA, S. C Introduction to tropical fish stock assessment. FAO Fish. Tech. Pap. 306/1 Rev. 2. Rome: FAO. 407p.

57 52 SOKAL, R.; ROHLF, F. J Biometry: The Principles and Practice of Statistics in Biological Research. New York: W.H. Freeman and Co. 859p. VALENTINI H.; CASTRO, P. M. G.; SERVO, G. J.M.; CASTRO, L. A. B Evolução da pesca das principais espécies demersais as costa sudeste do Brasil, pela frota de arrasteiros de parelha baseada em São Paulo, de 1968 a Atlântica, Rio Grande 13(1): VAZZOLER, G Distribuição da fauna de peixes demersais e ecologia dos Scianidae da Plataforma Continental Brasileira, entre as latitudes de 29º21 S (Torres) e 33º 41 S (Chuí). Bolm. Inst. Oceanogr., São Paulo 24: VAZZOLER, A.E.A de M Biologia da reprodução de peixes Teleósteos: teoria e prática. Maringá, PR: Ed. Universidade Estadual do Paraná. 169p. VAZZOLER, A.E.A de M.; BRAGA, F. M. S Contribuição para o conhecimento da biologia de Cynoscion jamaicensis (VAILLANT e BOCOURT, 1883), na área entre Cabo de São Tomé (22º04 S) e Torres (29º21 S), Brasil. Bolm. Inst. Oceanogr., São Paulo 32(2):

58 53 Tabelas Tabela 1: Parâmetros gerais das amostras de comprimentos totais de C. jamaicensis medidos nos desembarques dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/2003. Lt (mm) - Desembarque Santos / Guarujá Ubatuba Número de indivíduos Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo Tabela 2: Valores dos coeficientes de mortalidade total (Z), por pesca (F) e taxa de sobrevivência (S) de C. jamaicensis, estimados para as frotas dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003. Z - mortalidade total (ano -1 ) F - mortalidade por pesca (ano -1 ) Santos/Guarujá 0,60 0,06 0,55 Ubatuba 0,64 0,10 0,53 Total 0,61 0,07 0,54 S - taxa de sobrevivência (ano -1 )

59 54 Figuras 2 18% 16% 14% 12% 1 8% 6% 4% 2% 2 A n = % 16% 14% 12% 1 8% 6% 4% 2% B n = % 16% 14% 12% 1 8% 6% 4% 2% C n = Figura 1: Distribuições das freqüências relativas, em porcentagem, das capturas de C. jamaicensis, por classes de comprimento total (mm) e número de indivíduos amostrados, por local de desembarque, onde: A Santos/Guarujá, B Ubatuba, C Total.

60 55 junho junho % 25% n= % 15% 5% 5% julho julho % n=340 25% % 15% 5% 5% agosto agosto % n=384 25% n= % 15% 5% 5% setembro setembro % n=244 25% n= % 15% 5% 5% outubro outubro % n=53 25% n= % 15% 5% 5% novembro novembro % n=176 25% n= % 15% 5% 5% dezembro dezembro % n=7 25% n= % 15% 5% 5% janeiro janeiro % n=10 25% % 15% 5% 5% fevereiro fevereiro % n=66 25% n= % 15% 5% 5% Figura 2: Variação mensal da distribuição de freqüência relativa do comprimento total (mm) de C. jamaicensis e número de indivíduos amostrados, para o total dos desembarques do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

61 A B 5 5 jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/ fêm e as machos fêm e as machos Figura 3. Variação da proporção entre gêneros em C. jamaicensis, por mês (A) e por classe de comprimento total (mm) (B) do total das amostragens realizadas Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/ A 10 B C Figura 4. Curva ajustada da freqüência relativa de adultos em função do comprimento total (mm) de C. jamaicensis e respectivos valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ), onde: A Fêmeas; B Machos e C Ambos os gêneros, do total das amostras, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003.

62 57 Wt (g) fêmeas ,24 W 800 t 3,3 10 Lt Lt (mm) Wt (g) machos ,93 W 800 t 1,87 10 Lt Lt (mm) Wt (g) ambos os gêneros Lt (mm) Figura 5. Variação do peso total (g) em função do comprimento total (mm), por gênero e total, com as estimativas dos parâmetros da relação comprimento/peso para C. jamaicensis.

63 58 A 2 16% 12% 8% 4% C E jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 B 2 16% 12% 8% 4% D F jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado imaturo em maturação maduro esgotado Figura 6: Freqüência mensal de C. jamaicensis com gônadas nos distintos estádios de maturidade para todo o período de estudo (A fêmeas; B machos); Freqüência mensal de indivíduos com gônadas em cada estádio de maturidade (C fêmeas; D machos); Freqüência dos distintos estádios de maturidade em cada mês E fêmeas; F machos).

64 59 0,09 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 A 0,018 0,016 0,014 0,012 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,000 B 0,09 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 C 0,018 0,016 0,014 0,012 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,000 D Figura 7. Variação mensal da relação gonadossomática (RGS) de C. jamaicensis, para todo o período de estudo, onde: A: RGS1 (peso total) fêmeas; B: RGS1 (peso total) machos; C: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) machos. 0,0045 0,022 0,0040 0,020 0,0035 0,018 0,0030 0,016 0,0025 0,014 0,0020 A 0,012 B 0,0045 0,022 0,0040 0,020 0,0035 0,018 0,0030 0,016 0,0025 0,014 0,0020 C 0,012 D Figura 8. Variação mensal do fator de condição alométrico (K) de C. jamaicensis, para todo o período de estudo, onde: A: K1 (peso total) fêmeas; B: K1 (peso total) machos; C: K2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: K2 (peso total sem peso das gônadas) machos.

65 60 % retenção % retenção Santos/Guarujá comprimento (mm) Ubatuba comprimento (mm) % retenção % retenção Santos/Guarujá idade (ano) Ubatuba 3,99 4, idade (ano) 3,78 4,06 % retenção Total comprimento (mm) % retenção Total idade (ano) 3,98 4,27 Figura 9: Variação da porcentagem de retenção para C. jamaicensis, observada (pontos) e estimada (linha) em função do comprimento total (mm) e da idade (anos), para os municípios de Cananéia, Guarujá/Santos, Ubatuba e o total das amostragens, do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

66 61 CAPTURAS DE MENTICIRRHUS AMERICANUS (LINNAEUS, 1758) PELA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO-ROSA Resumo Menticirrhus americanus foi a quinta categoria de pescado mais importante em biomassa desembarcada pela pesca de arrasto-duplo no estado de São Paulo, no período de 1998 a A espécie é capturada pelas frotas pequena e média, dirigidas, respectivamente, à captura do camarão-sete-barbas e do camarão-rosa. As frotas de arrasto-duplo-médio estudadas, sediadas em Ubatuba, Santos/Guarujá e Cananéia capturam M. americanus com distribuições de freqüências de comprimento total muito semelhantes, indicando que atuam sobre a mesma fração populacional. O comprimento médio desembarcado variou entre 200 e 300 mm (Lt), com os menores valores no terceiro trimestre, indicando que o recrutamento à pesca ocorre no segundo trimestre, face ao processo de triagem a bordo, com o descarte dos menores indivíduos, sem valor comercial. A proporção entre gêneros total foi 1:2,33, que se altera ao longo das classes de comprimento. O comprimento médio de primeira maturação gonadal das fêmeas foi estimado em 197 mm, com o principal período de desova durante a primavera e o verão. Os parâmetros estimados para o modelo de crescimento de von Bertalanffy foram: L = 469 mm, k = 0,18 ano -1 e t o = - 0,924, enquanto que as estimativas de mortalidade foram: Z = 0,98 ano -1 e F = 0,20 ano -1, para o total das frotas. O comprimento total correspondente a 5 de retenção foi estimado em 224 mm, superior ao comprimento médio de primeira maturação, indicando que o nível de explotação deste recurso é adequado. Abstract Menticirrhus americanus was the fifth most important species in biomass landed by double rigged trawlers for shrimp between 1998 and 2004 in the State of São Paulo.

67 62 This species is caught by trawlers for pink shrimp, which are bigger, and also by those for seabob shrimp. The studied pink shrimp trawlers based in the fishing ports of Ubatuba, Santos/Guarujá and Cananéia catch M. americanus with very similar length frequencies distributions, indicating they exploit the same population stratum. Average length ranged from 200 to 300 mm (Lt) and the smallest individuals were landed in the third quarter of the year, pointing that recruitment might occur in the second quarter. Total sex ratio was 1:2.33 with significant variation through length classes. Size at first maturity of females was estimated at 197 mm and the main spawning period lasts from spring to summer. The estimated parameters of von Bertalanffy growth model were: L = 469 mm, k = 0.18 year -1 and t 0 = Total mortality rate for the whole fleet was 0.98 year -1 and fishing mortality rate was 0.20 year -1. Total length of 50 % retention was estimated as 224 mm for the whole fleet, which indicates M. americanus is being properly exploited. Introdução Menticirrhus americanus é uma espécie demersal com ampla distribuição, ocorrendo da Nova Inglaterra até a Argentina (MENEZES e FIGUEIREDO, 1980). De hábito costeiro, é encontrada sobre fundos de areia e lama, com os juvenis ocupando as regiões estuarinas e próximo à zona de arrebentação, até a profundidade de 20 m, enquanto os adultos ocupam a área adjacente até 50 m de profundidade (ALVITRES-CASTILLO, 1986; ARMSTRONG e MULLER, 1996). Espécie mais eurialina do gênero, suporta salinidades de 0,2 o / oo a 41 o / oo e temperaturas de 8,0 ºC a 33 ºC (ARMSTRONG e MULLER, op cit.). Na pesca de arrasto-duplo, M. americanus é capturada pelas frotas pequena e média, dirigidas, respectivamente, ao camarão-sete-barbas e ao camarãorosa. GRAÇA-LOPES et al. (2002) observaram a ocorrência da espécie na fração rejeitada do pescado, com comprimentos entre 50 e 260 mm, enquanto que a fração desembarcada foi composta por indivíduos de 160 a 440 mm, constituindo a categoria betara, formada pelos indivíduos maiores, enquanto que os menores fazendo parte da categoria mistura.

68 63 Apesar da importância dessa espécie para a pesca de arrasto, já que foi a quinta categoria de pescado mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio, no período de 1998 a 2004, com produção média de 72 t/ano (1 da produção total da espécie no estado de São Paulo), poucos estudos foram realizados sobre a espécie, como SACCARDO (1976), GIANNINI e PAIVA-FILHO (1992) e ALVITRES-CASTILLO (1996). O objetivo deste trabalho é atualizar as informações pertinentes às características biológico-pesqueiras de M. americanus, com enfoque na fração populacional explotada pela frota de arrasto-duplo-médio. Material e métodos As coletas de dados e de material biológico ocorreram no período de junho de 2001 à fevereiro de 2003, perfazendo dois anos, ao se considerar o período de defeso do camarão-rosa, de março a maio. As coletas foram compostas por visitas semanais ao cais de desembarque da Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, no Guarujá e a diversos pontos de desembarque da região de Cananéia. Na região de Ubatuba, as coletas foram quinzenais, concentradas no píer do Saco da Ribeira e no cais da fábrica de gelo do Alemão, únicos pontos de desembarque da frota estudada no município. O trabalho de coleta constituiu-se de entrevistas com os mestres das embarcações que desembarcavam no dia, medição do comprimento total, seleção e aquisição de pescado para análise em laboratório. A seleção desse material seguiu o critério de 1 a 4 exemplares por classe de 10 mm de comprimento total. Em laboratório, foram obtidas as seguintes informações: comprimento total (Lt), comprimento furcal (Lf), peso total (Wt) e peso das gônadas (Wg), além da identificação do gênero e determinação do estádio de maturidade gonadal, feitas macroscopicamente, segundo a escala modificada de VAZZOLER (1996). As proporções entre gêneros foram analisadas por mês e classe de comprimento total, comparando-se os resultados através do método log-likelihood

69 64 para a proporção 1:1 e a proporção marginal (SOKAL e ROHLF, 1981). Calcularam-se, ainda, os parâmetros descritivos das distribuições de comprimento para cada gênero separadamente. O comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) foi estimado através de regressão não-linear entre o comprimento furcal e a proporção entre adultos e juvenis, utilizando-se o modelo r L L 1 50 p { 1 e } (SANTOS, 1978). Os parâmetros das relações comprimento/peso, foram estimados através de regressão linear, com os dados linearizados através de transformação logarítmica. Para cada indivíduo, foram calculados o fator de condição alométrico (K 1 ), que utiliza o peso total e o fator de condição somático (K 2 ), que utiliza o peso total subtraído o peso das gônadas. Em ambos os casos, utilizou-se o valor do coeficiente angular b da relação comprimento/peso específico de cada gênero. Da mesma forma, calculou-se a relação gonadossomática para cada indivíduo, utilizando-se o peso total (RGS 1 ) e o peso total subtraído o peso das gônadas (RGS 2 ) (VAZZOLER, 1996). Os parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy (L e K) foram estimados através da rotina ELEFAN I (PAULY e DAVID, 1981), com o auxílio do programa FISAT FAO-ICLARM Stock Assessment Tools (GAYANILO et al., 1996; GAYANILO e PAULY, 1997). A idade teórica em que o indivíduo teria comprimento igual a zero (t 0 ) foi calculada através da equação proposta por PAULY (1979): log( t0 ) 0,3922 0,2752log L 1,038 log K. Os parâmetros do modelo de crescimento estimados foram comparados com os valores obtidos na literatura, utilizando-se o índice de performance de crescimento ( ) (MUNRO e PAULY, 1983; PAULY e MUNRO, 1984): ' log K 2log L. A taxa instantânea de mortalidade total (Z) foi calculada através do método da curva de captura (SPARRE e VENEMA, 1998), que utiliza a estrutura de comprimentos obtida nos desembarques transformada em estrutura etária. Os ( parâmetros da curva logística de seletividade ( S t 1 e T1 T2 t) [ ] 1 ), para o cálculo dos

70 65 comprimentos e idades de 50 % e 75 % de retenção, também foram estimados através desse método. Z A taxa de sobrevivência (S) foi calculada através da equação S e. O coeficiente de mortalidade natural foi estimado utilizando-se a relação empírica entre a idade de primeira maturação gonadal e o coeficiente de mortalidade total, proposto por 0, RICHTER e EFANOV (1976): M 1,521 t 0, 155. O coeficiente de mortalidade por pesca (F) foi calculado pela diferença entre a mortalidade total e a mortalidade natural ( F Z M ). Resultados Entre 1 de junho de 2001 e 28 de fevereiro de 2003 realizaram-se 111 coletas de dados, que resultaram no monitoramento de 211 descargas de 59 embarcações. Cada barco monitorado foi entrevistado, em média, 3,46 vezes, tendo sido realizadas, em média, 1,9 entrevistas por coleta. Nesse período, indivíduos foram medidos durante os desembarques e destes, 318 exemplares foram coletados para processamento em laboratório. A Tabela 1 apresenta os parâmetros gerais de comprimento total obtidos nas amostragens das três frotas estudadas. Observa-se que as medidas de tendência central são muito próximas, entre as frotas de Cananéia e Santos/Guarujá, com valores inferiores para a frota de Ubatuba. Com um comprimento máximo capturado de 410 mm, os desembarques se concentraram entre 180 e 330 mm (Figura 1). Apesar das frotas apresentarem amplitudes de freqüências de comprimentos totais semelhantes, a frota de Ubatuba capturou, proporcionalmente, mais indivíduos menores do que os capturados pelas frotas de Cananéia e Santos/Guarujá, concentrando suas capturas na faixa de comprimento entre 190 e 240 mm, obtendo medidas de tendência central inferiores. A frota de Cananéia, por outro lado, cujas medidas de tendência central das capturas são similares às obtidas pela frota de

71 66 Santos/Guarujá, concentrou suas capturas na faixa de comprimento entre 240 e 290 mm, levando à suposição de que essas frotas atuam sobre a mesma fração populacional, apesar de direcionarem seus esforços a parcelas distintas dessa fração. A espécie não apresentou nenhuma tendência sazonal de variação da distribuição de comprimento (Figura 2) com o comprimento médio desembarcado variando entre 200 e 300 mm ao longo de todo o período de estudo. Com exceção de junho de 2001, os menores valores de comprimento total desembarcados ocorreram no terceiro trimestre. Menticirrhus americanus apresentou uma proporção total entre gêneros significativamente diferente de 1:1, ocorrendo 2,33 fêmeas para cada macho (1:2,33); na análise de variação da proporção, por classe de comprimento (Figura 3), até a classe de 230 mm a proporção entre gêneros é de 1:1, a partir do qual se altera até 290 mm, comprimento que começa a ser rara a ocorrência de indivíduos machos. Diferentemente, não se observa nenhuma tendência de variação sazonal da proporção entre gêneros e, apesar da proporção total ser significativamente diferente de 1:1, na análise da variação mensal, na grande maioria dos meses ocorrem diferenças significativas em relação à proporção marginal de 1:2,33 sugerindo haver segregação por gênero assim como variação das áreas de pesca, pela frota de arrasto-duplo-médio. A espécie apresentou grande proporção de indivíduos adultos desembarcado, não sendo possível estimar o comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) para machos (somente a primeira classe de comprimento apresentou indivíduos jovens). O comprimento médio de primeira maturação gonadal das fêmeas foi estimado em 197 mm enquanto que o comprimento em que todos os indivíduos são adultos (L 100 ) foi de 240 mm, estimou-se, para machos, o comprimento em que todos os indivíduos são adultos em 200 mm enquanto que para os gêneros agrupados o comprimento médio de primeira maturação gonadal estimado foi de 192 mm e o comprimento em que todos os indivíduos são adultos foi de 240 mm. Do desembarque total, 0,5 % do total das capturas ficaram abaixo do comprimento médio de primeira maturação gonadal, enquanto que 51 % ficaram abaixo do comprimento em que todos os indivíduos são adultos (Figura 4).

72 67 Os ajustes das relações comprimento/peso realizados através de regressão não-linear, apresentando boa aderência à variação dos dados, tendo sido estimados para fêmeas: W 3,24 t 2,9E 6 L t (r 2 = 0,9674); machos: W 2,93 t 1,65E 5 L t (r 2 = 0,9541). A comparação dos parâmetros dos ajustes de machos e fêmeas resultou que eles não são significativamente diferentes com isso, a relação comprimento/peso, para ambos os gêneros agrupados: W = 0,9710) (Figura 5). 3,26 t 2,6E 6 L t (r 2 Menticirrhus americanus apresentou ocorrência de fêmeas com gônadas maduras principalmente entre setembro e fevereiro (Figura 6), levando a supor que a reprodução, como em outras espécies da família Scianidae, seja durante um longo período entre a primavera e verão, estando durante esse período os maiores valores de fêmeas com gônadas maduras e desovadas. A variação do fator de condição alométrico (Figura 7), tanto para fêmeas, quanto para machos, apresentou uma tendência cíclica dos valores médios dos fatores de condição decrescerem a partir de junho, até fevereiro, provavelmente ligado à reprodução na primavera-verão, sendo tal tendência melhor observada ao se analisar a variação do K 2. Em relação à variação temporal da relação gonadossomática, (Figura 8), esta apresenta uma variação da relação gonadossomática tendendo a um aumento ao longo do segundo semestre, decaindo entre dezembro e fevereiro. Com isso, a hipótese de uma reprodução durante a primavera e verão fica restrita a somente final de primavera e verão. A melhor combinação obtida pelo sistema ELEFAN I, em função do melhor ajuste e maior valor de Rn ( goodness of fit index ) (Figura 9) esta sumarizada na Tabela 2, assim como as estimativas de outros autores. Comparando os valores do índice de performance ( ) obtido neste estudo, verifica-se grande similaridade entre as estimativas, indicando que os conjuntos de parâmetros diferem muito pouco, validando os resultados aqui obtidos. A Tabela 3 apresenta os valores dos coeficientes de mortalidade total (Z) para as frotas dos três municípios separadamente e no total, obtidos através da curva de captura linearizada, além das estimativas do coeficiente de mortalidade por pesca (F)

73 68 e taxa de sobrevivência (S); considerando, para tanto, os valores dos parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy e do coeficiente de mortalidade natural (M), estimado através do método proposto por RICHTER e EFANOV (1976), cujo valor foi de M = 0,78 ano -1. Os valores dos coeficientes de mortalidade total variaram, entre as frotas dos três municípios, entre 0,97 ano -1, para a frota de Santos/Guarujá, e 1,46 ano -1 para a de Cananéia, sendo que considerando a frota como um todo, a mortalidade total estimada foi de 0,98 ano -1. Tal tendência também foi observada para o coeficiente de mortalidade por pesca, sendo o estimado para frota toda em 0,20 ano -1. O comprimento total correspondente a 5 de retenção, considerando a frota total, foi estimado em 224 mm, variando entre 205 mm para a frota de Ubatuba e 259 mm para a frota de Cananéia. Esses valores correspondem à idade de 5 de retenção, para o total da frota, de 3,61 anos (Figura 10), valores esses superiores ao comprimento médio de primeira maturação. Discussão Nos últimos anos, é observada uma progressiva redução da importância do recurso camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) nos desembarques da frota paulista de arrasto duplo dirigido à esse recurso e o aumento do desembarque de espécies componentes da fauna acompanhante, caracterizando uma pescaria multiespecífica. Essas embarcações, porém, param suas operações, para manutenção ou alteram suas estratégias de pesca durante o defeso do camarão-rosa. Nesse período, de março a maio, as coletas de betara ficam prejudicadas, pois elas passam a utilizar outro aparelho de pesca, como redes-de-emalhe, ou vão à captura de recursos demersais de maiores profundidades, como o lagostim (Metanephrops rubellus) e o camarão-cristalino (Parapenaeus americanus e Plesionika edwardsii) (VALENTINI et al., 1991; PEREZ et al., 2001; D INCAO, 2002; D IINCAO et al., 2003; PEREZ et al., 2003; TOMÁS et al., 2003) Na pesca do camarão-rosa a temporada de pesca se inicia em junho (pós-defeso de recrutamento), por isso no último mês do segundo semestre as

74 69 embarcações tendem a atuar mais próximo à costa, realizando viagens mais curtas e tendo uma alta taxa de rejeição de fauna acompanhante. Tal estratégia de pesca continua no início do terceiro trimestre, porém com a produtividade do camarão já diminuindo, tendem a ocorrerem viagens mais longas e uma diminuição nas taxas de rejeição. A partir do quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano subseqüente, com as menores taxas de produtividade, a frota tende a atuar em profundidades maiores ou direcionando seu esforço à captura de peixes demersais, de tamanhos e valores maiores. Apesar da importância da espécie para as frotas de arrasto, existem poucas informações disponíveis a respeito de sua biologia pesqueira. Os resultados relativos à reprodução induzem à consideração de que a espécie possui hábitos agregados, coerentes com os hábitos de outras espécies da família Scianidae, com a frota de arrasto-duplo-médio atuando de forma heterogênea sobre esses grupos. Além disso, essa frota, que possui áreas de pesca de maiores profundidades, explota primordialmente a fração adulta do estoque, caso que deve ser inverso à frota de parelhas. Porém, sendo um importante componente da categoria mistura, tanto da frota de arrasto-de-parelha quanto da frota de arrasto-duplo, além dos indivíduos rejeitados por essa última frota, que variam entre 50 a 260 mm (CASTRO et al., 1998; GRAÇA- LOPES et al., 2002), e a grande ocorrência de indivíduos pequenos (entre 80 e 120 mm) observada em agosto de 2001, indica ocorrer o recrutamento à pesca no segundo trimestre, sendo que os menores valores que ocorrem no terceiro trimestre devam ser os maiores indivíduos recrutados e não rejeitados pela pescaria. A proporção entre gêneros observada apresentou valor muito superior ao encontrado por ALVITRES-CASTILLO (1986), de 1:1,5, similar ao apresentado por ARMSTRONG e MULLER (1996), para o hemisfério norte, cujos valores variam entre 1:1,2 a 1:1,5. Porém, os resultados indicam a possibilidade de haver segregação por gênero, o que explicaria também a diferença encontrada, em relação aos resultados obtidos por ALVITRES-CASTILLO (1986), pois esse autor concentrou seu esforço amostral em profundidades de 10 a 25 m, complementando as informações com amostragens no desembarque da frota de parelha, que tradicionalmente atua em profundidades menores às de atuação da frota de arrasto-duplo-médio (CASTRO et al., 2003; TOMÁS et al., 2003).

75 70 ALVITRES-CASTILLO (1986) estimou o comprimento médio de primeira maturação, paras as fêmeas, em 185 mm, enquanto que SMITH e WENNER (1985) estimaram em 192 mm, já para o comprimento em que todas as fêmeas são adultas, os autores obtiveram os valores de 245 mm e 220 mm, respectivamente, valores ligeiramente inferiores aos aqui obtidos, fato interessante e não previsto, por se tratar de um recurso explotado por diversas frotas. Sendo uma espécie de desova parcelada e longo período reprodutivo (ARMSTRONG e MULLER, 1996; ALVITRES-CASTILLO, 1986), para o hemisfério norte, SIKODA e SIKODA (1982) registraram que o período de desova da espécie ocorre do final da primavera até o meio do outono; SMITH e WENNER (1985) apresentaram o pico de desova em junho (verão); enquanto que HARDING e CHITTENDEN (1987) discorreram a cerca de dois picos de desova, um entre janeiro e abril e outro entre agosto e novembro, enquanto que para o litoral do estado de São Paulo, ALVITRES-CASTILLO (op. cit.) registrou dois picos de desova, o principal entre julho e outubro e um secundário entre janeiro e maio, enquanto que os resultados aqui obtidos sugerem um período reprodutivo menos amplo, entre o final da primavera e verão, similar ao observado por SIKODA e SIKODA (op. cit.). O estudo de crescimento, baseado em informações mensais de comprimento, permitiu estimar os parâmetros do modelo de crescimento de Von Bertalanffy, enquanto que informações biológicas disponíveis (ARMSTRONG e MULLER, 1996; SMITH e WENNER, 1985; ALVITRES-CASTILLO, 1986; GIANNINI e PAIVA-FILHO, 1992) auxiliaram na avaliação dos resultados encontrados. Nas estimativas dos parâmetros da curva de crescimento, as diferenças encontradas entre as estimativas da população da área de estudo (maior comprimento assintótico e menor valor do parâmetro de curvatura) devem ser devido às diferenças nas estratégias de amostragem maiores profundidades de atuação da frota de arrastoduplo-médio e amplitude das áreas de pesca, em se comparando com as estratégias de coleta de ALVITRES-CASTILLO (op. cit.) e GIANNINI e PAIVA-FILHO (1992). Apesar disso, as coortes surgem no inverno, condizente não só com a época de desova

76 71 observada para a espécie, como ao observado por GIANNINI e PAIVA-FILHO (op. cit.). Quanto às estimativas dos coeficientes de mortalidade, GIANNINI e PAIVA-FILHO (op. cit.) estimaram o valor de 1,17 ano -1 para o coeficiente de mortalidade total e 0,67 ano -1 para a mortalidade natural, porém, como já discorrido, os autores realizaram as coletas em uma área restrita, de baixa profundidade, ocupada preferencialmente por juvenis e sob a ação da frota de arrasto artesanal, justificando assim uma menor mortalidade natural e por conseqüência uma maior mortalidade por pesca. SPARRE e VENEMA (1998) discorrem que o recrutamento é também dependente do tamanho, da mesma maneira que a curva de seletividade do arrasto. Então, a probabilidade de um peixe de certo tamanho ser capturado é o produto da probabilidade do recrutamento e da seletividade. Além disso, estimativas baseadas na freqüência de comprimento desembarcada não levam em consideração as classes de comprimento rejeitadas, o que leva à real curva de seletividade e de probabilidade de retenção tenderem a ser menores que as estimadas. Tendo que se considerar que a espécie ocorre também na pesca de arrasto-duplo-pequeno, e em ambas as pescarias de arrasto-duplo o rejeitado é composto por indivíduos entre 50 e 260 mm, com moda em 100 mm (GRAÇA-LOPES et al., 2002). Portanto, apesar de valores de coeficientes de mortalidade baixos, é necessário precaução com o uso desses valores, por terem sido estimados somente através da fração desembarcada da captura total, tendem então, a estarem subestimados. Por fim, apesar da estimativa do comprimento médio de primeira maturação ser superior ao estimado por ALVITRES-CASTILLO (op. cit.), somado aos baixos valores de coeficiente de mortalidade, que levam à suposição de que o recurso se encontra subexplotado, faz-se necessário o entendimento sobre a fração populacional explotada pela frota de parelha, com vistas ao diagnóstico mais preciso desse estoque.

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80 75 Tabelas Tabela 1: Parâmetros gerais das amostras de comprimentos totais de M. americanus medidos nos desembarques dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/2003. Lt (mm) - Desembarque Cananéia Santos / Guarujá Ubatuba Número de indivíduos Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo Tabela 2: Valores estimados para os parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy, para M. americanus, estimados a partir do total amostrado no período de junho/2001 a fevereiro/2003 e obtidos em literatura. SMITH e WENNWE (1985) Presente estudo machos fêmeas ALVITRES- CASTILLO (1995) GIANNINI e PAIVA-FILHO (1992) local RJ, SP, Carolina do Norte a Florida PR, SC (EUA) SP L 46,9 29,2 47,7 43,74 41,8 K 0,18 0,6369 0,2742 0,2997 0,29 t 0-0,924-0,0045-0,2873-0,1177-0,52 Baía de Santos longevidade 11,5 4,7 9,9 9,6 8,5 Tabela 3: Valores estimados para os coeficientes de mortalidade total (Z), por pesca (F) e taxa de sobrevivência (S) de M. americanus, para as frotas dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003. Z - mortalidade total (ano -1 ) F - mortalidade por pesca (ano -1 ) S - taxa de sobrevivência (ano -1 ) Cananéia 1,46 0,67 0,23 Santos/Guarujá 0,97 0,19 0,38 Ubatuba 1,25 0,47 0,29 Total 0,98 0,20 0,38

81 76 Figuras 18% 16% A n = % 16% B n = % 14% 12% 12% 1 1 8% 8% 6% 6% 4% 4% 2% 2% % 16% C n = % 16% D n = % 14% 12% 12% 1 1 8% 8% 6% 6% 4% 4% 2% 2% Figura 1: Distribuições das freqüências relativas, em porcentagem, das capturas de M. americanus por classes de comprimento total (mm) e número de indivíduos amostrados, por local de desembarque, onde: A Cananéia, B Santos/Guarujá, C Ubatuba, D Total.

82 77 junho % n= % 5% julho % n= % 5% % junho % n= % 5% julho % 2 15% 5% agosto % n= % 5% agosto % n= % 5% setembro % n= % 5% setembro % n= % 5% outubro % n= % 5% outubro % n= % 5% novembro % n= % 5% dezembro % n= % 5% janeiro % n= % 5% novembro % n= % 5% dezembro % n= % 5% janeiro % 2 15% 5% fevereiro % n= % 5% fevereiro % n= % 5% Figura 2: Variação mensal da distribuição de freqüência relativa do comprimento total (mm) de M. americanus e número de indivíduos amostrados, para o total dos desembarques do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

83 A B 5 5 jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/ fêmeas machos fêmeas machos Figura 3. Variação da proporção entre gêneros, de M. americanus por mês (A) e por classe de comprimento total (mm) (B), do total das amostragens realizadas Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/ A 10 B Figura 4. Curva ajustada da freqüência relativa de adultos de M. americanus em função do comprimento total (mm) e respectivos valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ), onde: A Fêmeas e B Ambos os gêneros, do total das amostras, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003.

84 79 Wt (g) fêmeas W t L 6 3,24 2,9 10 t Lt (mm) Wt (g) machos W t L 5 2,93 1,65 10 t Lt (mm) Wt (g) ambos os gêneros W t L 6 3,26 2,6 10 t Lt (mm) Figura 5. Variação do peso total (g) em função do comprimento total (mm) de M. americanus, por gênero e total, com as estimativas dos parâmetros da relação comprimento/peso.

85 80 A 16% 12% 8% 4% C E jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 B 16% 12% 8% 4% D F jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro esgotado jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado imaturo em maturação maduro esgotado Figura 6: Freqüência mensal de M. americanus com gônadas nos distintos estádios de maturidade para todo o período de estudo (A fêmeas; B machos); Freqüência mensal de indivíduos com gônadas em cada estádio de maturidade (C fêmeas; D machos); Freqüência dos distintos estádios de maturidade em cada mês E fêmeas; F machos).

86 81 0,0045 0,0040 0,0035 0,0030 0,0025 0,0020 A 0,022 0,021 0,020 0,019 0,018 0,017 0,016 0,015 0,014 0,013 0,012 B 0,0045 0,0040 0,0035 0,0030 0,0025 0,0020 C 0,022 0,021 0,020 0,019 0,018 0,017 0,016 0,015 0,014 0,013 0,012 D Figura 7. Variação mensal do fator de condição alométrico (K) de M. americanus, para todo o período de estudo, onde: A: K1 (peso total) fêmeas; B: K1 (peso total) machos; C: K2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: K2 (peso total sem peso das gônadas) machos. 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 A 0,030 0,025 0,020 0,015 0,010 0,005 0,000 B 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 C 0,030 0,025 0,020 0,015 0,010 0,005 0,000 D Figura 8. Variação mensal da relação gonadossomática (RGS) de M. americanus, para todo o período de estudo, onde: A: RGS1 (peso total) fêmeas; B: RGS1 (peso total) machos; C: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) machos.

87 Figura 9: Curvas de crescimento das coortes observadas de M. americanus, calculadas com o auxílio do método ELEFAN I através do programa FISAT, do total das amostras, para o período de junho/2001 a fevereiro/

88 83 idade (anos) idade (anos) idade (anos) Cananéia comprimento total (mm) Santos/Guarujá comprimento total (mm) Ubatuba comprimento total (mm) idade (anos) idade (anos) idade (anos) Cananéia 4,47 4, idade (anos) Santos/Guarujá idade (anos) Ubatuba 3,75 4,04 3,33 3, idade (anos) idade (anos) Total comprimento total (mm) idade (anos) Total 3,61 3, idade (anos) Figura 10: Variação da porcentagem de retenção para M. americanus, observada (pontos) e estimada (linha) em função da idade e do comprimento total (mm), para os municípios de Cananéia, Guarujá/Santos, Ubatuba e o total das amostragens, do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

89 84 CAPTURAS DE MICROPOGONIAS FURNIERI (DESMAREST, 1823) PELA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO-ROSA Resumo Micropogonias furnieri foi a principal espécie em biomassa desembarcada pela frota industrial no estado de São Paulo, no período de 1998 a 2004, capturada principalmente pela frota de arrasto-de-parelha. É a quarta espécie de peixe mais importante na pesca de arrasto-duplo, capturada pelas frotas média e pequena, dirigidas ao camarão-rosa e ao camarão-sete-barbas, respectivamente. As frotas de arrasto-duplo-médio sediadas em Cananéia, Santos/Guarujá e Ubatuba atuam sobre a mesma fração populacional de M. furnieri, apesar de seus esforços terem direcionamentos distintos. O recrutamento para essa modalidade de pesca ocorre entre o verão e outono, coincidente com o da frota de arrasto-de-parelha. A proporção entre gêneros é de 1:1, apesar de que só houveram registros de fêmeas a partir de 540 mm (Lt), e o comprimento médio de primeira maturação foi estimado em 292 mm (Lt) para fêmeas e 243 mm para machos. A desova ocorre principalmente entre o final da primavera e início do verão. O coeficiente de mortalidade total foi estimado em 0,49 ano -1 e o coeficiente de mortalidade por pesca, em 0,37 ano -1. O comprimento total de 50 % de retenção para o total da frota foi estimado em 227 mm, correspondente à idade de 3,36 anos. Abstract Micropogonias furnieri is the most important species in biomass landed by the industrial fleet in the State of São Paulo. The largest catch comes from pair trawlers and it is the fourth most landed species by double rigged trawlers for pink shrimp, which are bigger, and also by those for seabob shrimp. The studied double rigged trawlers for pink shrimp based in the fishing ports of Ubatuba, Santos/Guarujá and Cananéia exploit the same population stratum of M. furnieri, although their efforts are aimed differently.

90 85 Recruitment to this fishery occurs from summer to autumn, concurrent with recruitment to pair trawlers. Total sex ratio is 1:1 and size at first maturity was estimated as 292 mm (Lt) for females and 243 mm for males. Spawn mostly occurs from late spring to early summer. Total mortality rate was estimated as 0.49 year -1 and the fishing mortality rate, as 0.37 year -1. The 50 % retention length was calculated as 227 mm (Lt) for the whole fleet, which corresponds to the age of 3.36 years old. Introdução Micropogonias furnieri é uma espécie demersal, que se distribui do Golfo do México ao Golfo de San Matias, Argentina. Ocorre em toda a costa brasileira, sendo mais abundante nas regiões Sudeste e Sul (ISAAC, 1988). De hábitos costeiros, é encontrada até a profundidade de 100 m. Ocorre em ambientes com ampla variação de salinidade e temperatura, sobre fundos de areia e lama. De comportamento gregário, os jovens se utilizam das áreas estuarinas para alimentação e crescimento, enquanto os adultos ocupam a zona costeira adjacente para reprodução (VAZZOLER, 1975; VAZZOLER, 1991; VAZZOLER et al., 1999). Compõe-se de duas populações distintas: entre 23ºS e 29ºS (estoque sudeste) e entre 29ºS e 33ºS (estoque sul) (VAZZOLER, 1971; ISAAC, 1988; VAZZOLER, 1991). Principal espécie em biomassa desembarcada pela frota industrial, a maior produção de M. furnieri se dá pelas capturas da frota de arrasto-de-parelha. A partir de 1986, houve um incremento nos desembarques desta espécie, principalmente devido a mudanças ocorridas na composição das frotas, na dinâmica das pescarias e na captura por pescarias tradicionalmente não dirigidas aos peixes demersais, como os arrastos-duplos e cercos de traineiras (CASTRO et al., 2003; GASALLA et al., 2003; TOMÁS et al., 2003). Na pesca de arrasto-duplo, M. furnieri é capturada pelas frotas pequena e média, dirigidas, respectivamente, ao camarão-sete-barbas e ao camarãorosa. Nessas modalidades, constitui duas categorias: corvina, formada pelos

91 86 indivíduos maiores, e cascote, pelos indivíduos menores, além de fazer parte da categoria mistura (GRAÇA-LOPES et al., 2002). M. furnieri foi a quarta espécie de peixe mais importante em biomassa desembarcada pela frota de arrasto-duplo-médio no período de 1998 a 2004, com uma produção anual média de 80 t/ano, que representaram 2% da produção total da espécie no estado de São Paulo. O objetivo deste trabalho é apresentar as características biológico-pesqueiras da fração populacional de M. furnieri explotada por essa frota. Material e métodos As coletas de dados e de material biológico ocorreram no período de junho de 2001 à fevereiro de 2003, perfazendo dois anos, ao se considerar o período de defeso do camarão-rosa, de março a maio. As coletas foram compostas por visitas semanais ao cais de desembarque da Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, no Guarujá e a diversos pontos de desembarque da região de Cananéia. Na região de Ubatuba, as coletas foram quinzenais, concentradas no píer do Saco da Ribeira e no cais da fábrica de gelo do Alemão, únicos pontos de desembarque da frota estudada no município. O trabalho de coleta constituiu-se de entrevistas com os mestres das embarcações que desembarcavam no dia, medição do comprimento total, seleção e aquisição de pescado para análise em laboratório. A seleção desse material seguiu o critério de 1 a 4 exemplares por classe de 10 mm de comprimento total. Em laboratório, foram obtidas as seguintes informações: comprimento total (Lt), comprimento furcal (Lf), peso total (Wt) e peso das gônadas (Wg), além da identificação do gênero e determinação do estádio de maturidade gonadal, feitas macroscopicamente, segundo a escala modificada de VAZZOLER (1996). As proporções entre gêneros foram analisadas por mês e classe de comprimento total, comparando-se os resultados através do método log-likelihood para a proporção 1:1 e a proporção marginal (SOKAL e ROHLF, 1981). Calcularam-se,

92 87 ainda, os parâmetros descritivos das distribuições de comprimento para cada gênero separadamente. O comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) foi estimado através de regressão não-linear entre o comprimento furcal e a proporção entre adultos e juvenis, utilizando-se o modelo r L L 1 50 p { 1 e } (SANTOS, 1978). Os parâmetros das relações comprimento/peso, total e por gênero, foram estimados através de regressão não-linear. Para cada indivíduo, foram calculados o fator de condição alométrico (K 1 ), que utiliza o peso total e o fator de condição somático (K 2 ), que utiliza o peso total subtraído o peso das gônadas. Em ambos os casos, utilizou-se o valor do coeficiente angular b da relação comprimento/peso específico de cada gênero. Da mesma forma, calculou-se a relação gonadossomática para cada indivíduo, utilizando-se o peso total (RGS 1 ) e o peso total subtraído o peso das gônadas (RGS 2 ) (VAZZOLER, 1996). A taxa instantânea de mortalidade total (Z) foi calculada através do método da curva de captura linearizada (SPARRE e VENEMA, 1998), que utiliza a estrutura de comprimentos obtida nos desembarques transformada em estrutura etária, para tanto, utilizaram-se os parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy estimados por CASTRO (2000). Os parâmetros da curva logística de seletividade ( T1 T2 t) 1 ( S t [ 1 e ] ), para o cálculo dos comprimentos e idades de 50 % e 75 % de retenção, também foram estimados através desse método. Z A taxa de sobrevivência (S) foi calculada através da equação S e. O coeficiente de mortalidade por pesca (F), dado pela diferença entre a mortalidade total e a mortalidade natural ( F Z M ), foi estimado utilizando-se o valor de M obtido por CASTRO (2000). Optou-se por utilizar o coeficiente de mortalidade natural da literatura, por se considerar que a frota de arrasto-duplo captura uma fração da população, levando à estimativas não confiáveis da mortalidade natural.

93 88 Resultados Entre 1 de junho de 2001 e 28 de fevereiro de 2003 realizaram-se 111 coletas de dados, que resultaram no monitoramento de 211 descargas de 59 embarcações. Cada barco monitorado foi entrevistado, em média, 3,46 vezes, tendo sido realizadas, em média, 1,9 entrevistas por coleta. Nesse período, indivíduos foram medidos durante os desembarques e destes, 426 exemplares foram coletados para processamento em laboratório. A Tabela 1 apresenta os parâmetros gerais de comprimento total obtidos nas amostragens das três frotas estudadas. Observa-se que as medidas de tendência central são muito próximas entre as frotas de Cananéia e Santos/Guarujá, com valores inferiores para frota de Ubatuba. Com um comprimento máximo capturado de 800 mm, os desembarques se concentraram entre 180 e 660 mm (Figura 1). Tanto a frota sediada nos municípios de Santos/Guarujá quanto a de Ubatuba apresentaram amplitude de freqüência de comprimento total semelhantes, apesar de que a frota de Ubatuba capturou, proporcionalmente, mais indivíduos menores do que os capturados pela frota de Santos/Guarujá, obtendo medidas de tendência central inferiores. A frota de Cananéia, por outro lado, apresentou uma menor amplitude de freqüência de comprimento total capturado, com medida de tendência central similares às observadas para a frota de Santos/Guarujá, levando à suposição de que essas frotas atuam sobre a mesma fração populacional, apesar de direcionarem seus esforços à parcelas distintas dessa fração. A espécie não apresentou nenhuma tendência sazonal de variação da distribuição de comprimento (Figura 2) com o comprimento médio desembarcado variando entre 293,7 e 425,6 mm ao longo de todo o período de estudo. Micropogonias furnieri apresentou uma proporção entre gêneros de 1:1 (Figura 3), sendo que tal proporção não variou significativamente tanto ao longo do período estudado, quanto em comprimento, com exceção dos indivíduos maiores de 510 mm, os quais foram todos fêmeas.

94 89 A espécie apresentou comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ) de 292 mm de comprimento total para fêmeas, 243 mm de comprimento total para machos e 269 mm para gêneros agrupados, com a Figura 4 apresentando o ajuste da equação que explica a proporção entre jovens e adultos. Em relação ao comprimento em que todos os indivíduos são adultos (L 100 ), para fêmeas foi de 420 mm, machos 330 mm e ambos os gêneros agrupados 420 mm. Com os valores obtidos, 37% do desembarcado ficou abaixo do comprimento médio de primeira maturação gonadal de ambos os gêneros agrupados enquanto que 86% ficou abaixo do comprimento em que todos os indivíduos são adultos. Os ajustes das relações comprimento/peso realizados através de regressão não-linear, apresentando boa aderência à variação dos dados, tendo sido estimados para fêmeas: W 3,24 t 2,4E 6 L t (r 2 = 0,9919); machos: W 2,93 t 1,61E 5 L t (r 2 = 0,9832). A comparação dos parâmetros dos ajustes de machos e fêmeas resultou que eles não são significativamente diferentes com isso, a relação comprimento/peso, para ambos os gêneros agrupados: = 0,9882) (Figura 5). W 3,26 t 2,1E 6 L t (r 2 As maiores freqüências de gônadas maduras e desovadas ocorreram entre novembro e fevereiro (Figura 6), enquanto que os maiores valores da relação gonadossomática foram observados no início do segundo semestre enquanto que os valores mais baixos no final do segundo e início do primeiro semestre (Figura 7), supondo que a principal época de desova ocorra entre o final da primavera e início do verão. Por outro lado, o fator de condição alométrico (K1) apresentou valores máximos no início da primavera e início do outono (Figura 8), indicando uma maior atividade reprodutiva com picos de desova em agosto e novembro. A Tabela 2 apresenta os valores dos coeficientes de mortalidade total (Z) para as frotas dos três municípios separadamente e no total, obtidos através da curva de captura linearizada, além das estimativas do coeficiente de mortalidade por pesca (F) e taxa de sobrevivência (S); considerando, para tanto, os valores dos parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy de L = 780 mm e K = 0,27 ano -1 e do

95 90 coeficiente de mortalidade natural (M) de 0,22 ano -1 (CASTRO, 2000). Os valores dos coeficientes de mortalidade total variaram, entre as frotas dos três municípios, entre 1,10 ano -1, para a frota de Santos/Guarujá, e 1,57 ano -1 para a de Cananéia, sendo que considerando a frota como um todo, a mortalidade total estimada foi de 1,13 ano -1. Tal tendência também foi observada para o coeficiente de mortalidade por pesca, sendo o estimado para frota toda em 0,59 ano -1. O comprimento total correspondente à 50 % de retenção, considerando a frota total, foi estimado em 218 mm, variando entre 198 mm para a frota de Ubatuba e 300 mm para a frota de Cananéia. Esses valores correspondem à idade de 50 % de retenção, para o total da frota, de 1,21 anos (Figura 9). Discussão Nos últimos anos, é observada uma progressiva redução da importância do recurso camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) nos desembarques da frota paulista de arrasto duplo dirigido à esse recurso e o aumento do desembarque de espécies componentes da fauna acompanhante, caracterizando uma pescaria multiespecífica. Essas embarcações, porém, param suas operações, para manutenção ou alteram suas estratégias de pesca durante o defeso do camarão-rosa. Nesse período, de março a maio, as coletas de corvina ficam prejudicadas, pois elas passam a utilizar outro aparelho de pesca, como redes-de-emalhe, ou vão à captura de recursos demersais de maiores profundidades, como o lagostim (Metanephrops rubellus) e o camarão-cristalino (Parapenaeus americanus e Plesionika edwardsii) (VALENTINI et al., 1991; PEREZ et al., 2001; D INCAO, 2002; D IINCAO et al., 2003; PEREZ et al., 2003; TOMÁS et al., 2003) Na pesca do camarão-rosa a temporada de pesca se inicia em junho (pós-defeso de recrutamento), por isso no último mês do segundo semestre as embarcações tendem a atuar mais próximo à costa, realizando viagens mais curtas e tendo uma alta taxa de rejeição de fauna acompanhante. Tal estratégia de pesca continua no início do terceiro trimestre, porém com a produtividade do camarão já diminuindo,

96 91 tendem a ocorrerem viagens mais longas e uma diminuição nas taxas de rejeição. A partir do quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano subseqüente, com as menores taxas de produtividade, a frota tende a atuar em profundidades maiores ou direcionando seu esforço à captura de peixes demersais, de tamanhos e valores maiores. VAZZOLER (1971) obteve valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal, para as fêmeas de 27,5 cm e machos de 25,0 cm; enquanto que o comprimento em que todos os indivíduos são adultos obtido pela autora foi de 47,5 cm para fêmeas e 42,5 cm para machos. Como esperado os comprimentos de primeira maturação diminuíram ao longo do período entre os dois trabalhos, com exceção do comprimento médio de primeira maturação gonadal das fêmeas, o que pode ser explicado pelas diferenças metodológicas, pois em seu trabalho a autora obteve um comprimento máximo para a população de 65 cm. Micropogonias furnieri é uma espécie que sabidamente possui desova parcelada ao longo de todo o ano, com picos entre abril e junho, agosto e setembro, novembro e fevereiro (ISAAC, 1988; VAZZOLER, 1991), o que condiz com os resultados obtidos, com exceção do período de desova entre abril a junho que não foi identificado, devido à parada das atividades da frota de arrasto-duplo-médio em decorrência do defeso do camarão-rosa (março a maio). Porém, sendo um importante componente da categoria mistura, tanto da frota de arrasto-de-parelha, quanto da frota de arrasto-duplo, além dos indivíduos rejeitados por essa última frota, que variam entre 30 a 210 mm (CASTRO et al., 1998; GRAÇA-LOPES et al., 2002), supõe-se que o recrutamento à pesca de arrasto-duplo ocorra no mesmo período de recrutamento para a frota de arrasto-de-parelha, entre o verão e outono (CASTRO, 2000). CASTRO (op. cit.) estimou, para esse recurso, um coeficiente de mortalidade por pesca variando entre 0,45 e 0,84 ano -1, com uma taxa de explotação (E) de 0,46 a 0,61 ano -1, valores muito próximos aos aqui obtidos, demonstrando tanto um direcionamento da frota de arrasto-duplo à captura desse recurso, quanto uma similaridade de explotação com a frota de arrasto-de-parelhas.

97 92 De um modo geral, apesar de estratégias de captura distintas, os resultados apresentados são similares aos obtidos para a frota de parelhas, (CASTRO, 2000), demonstrando a importância desse recurso para ambas as frotas e a atuação das mesmas sobre a mesma fração populacional. SPARRE e VENEMA (1998) discorrem que o recrutamento é também dependente do tamanho, da mesma maneira que a curva de seletividade do arrasto. Então, a probabilidade de um peixe de certo tamanho ser capturado é o produto da probabilidade do recrutamento e da seletividade. Além disso, estimativas baseadas na freqüência de comprimento desembarcada não levam em consideração as classes de comprimento rejeitadas, o que leva à real curva de seletividade e de probabilidade de retenção tenderem a ser menores que as estimadas. Tendo que se considerar que a espécie ocorre também na pesca de arrasto-duplo-pequeno, e em ambas as pescarias de arrasto-duplo o rejeitado é composto por indivíduos entre 30 e 200 mm, com moda em 120 mm (GRAÇA-LOPES et al., 2002) Portanto, apesar de valores de coeficientes de mortalidade baixos, é necessário precaução com o uso desses valores, por terem sido estimados somente através da fração desembarcada da captura total, tendem então, a estarem subestimados. Por isso, apesar da frota de arrasto-duplo-médio ter pouca participação no total desembarcado dessa categoria de pescado e do fato do aumento de rendimentos observado nos últimos anos, o descarte de uma grande parcela de jovens e a importância da espécie na categoria mistura, as futuras avaliações de estoque devem levar em consideração essa parcela das capturas a fim de se obter um diagnóstico mais preciso desse estoque. Bibliografia CARNEIRO, M. H.; CASTRO, P. M. G.; TUTUI, S. L. S.; BASTOS, G. C. C Micropogonias furnieri (DESMAREST, 1823). In: CERGOLE, M. C.; ÁVILA- DA-SILVA, A. O.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais

98 93 pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica populacional das espécies em explotação. São Paulo: Instituto Oceanográfico. p CASTRO, P. M. G.; CARNEIRO, M. H.; SERVO, G. J. de M.; COELHO, J. A. P.; MUCINHATO, C. M. D.; LIMA, C. E. D Avaliação da importância da categoria mistura nos desembarques de arrasteiros de parelhas de São Paulo, no período de 1990 a In Reunião Anual do Instituto de Pesca, 7., São Paulo, 14-17/out/1998. Anais... São Paulo. P.68. CASTRO, P. M. G Estrutura e dinâmica da frota de parelhas do Estado de São Paulo e aspectos biológicos dos principais recursos pesqueiros demersais costeiros da região Sudeste-Sul do Brasil (23º - 29º S). São Paulo. 122p. (Tese de Doutoramento. Instituto Oceanográfico, USP) CASTRO, P. M. G.; CARNEIRO, M. H.; SERVO, G. J. de M.; MUCINHATO, C. M. D.; SOUZA, M. R Dinâmica da pesca de arrasto de parelha do estado de São Paulo. In: CERGOLE, M. C.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica das frotas pesqueiras. São Paulo: Evoluir. p GASALLA, M. de los A.; SERVO, G. J. de M.; TOMÁS, A. R. G Dinâmica da frota de traineiras da região de Santos, SP. In: CERGOLE, M. C.; ROSSI- WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica das frotas pesqueiras. São Paulo: Evoluir. p GRAÇA-LOPES, R.; TOMÁS, A. R. G.; TUTUI, S. L. S.; SEVERINO-RODRIGUES, E.; PUZZI, A Fauna acompanhante da pesca camaroeira no litoral do estado de São Paulo, Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(2): ISAAC, V. J Synopsis of biological data on the whitemouth croacker Micropogonias furnieri (DESMAREST, 1823). FAO Fish. Syn., Rome, (150):1-135.

99 94 TOMÁS, A. R.G.; GASALLA, M. de los A.; CARNEIRO, M. H Dinâmica da frota de arrasto de portas do Estado de São Paulo. In: CERGOLE, M. C.; ROSSI- WONGTSCHOWSKI, C. L. B. Análise das principais pescarias comerciais da região Sudeste-Sul do Brasil: Dinâmica das frotas pesqueiras. São Paulo: Evoluir. p SPARRE, P.; VENEMA, S. C Introduction to tropical fish stock assessment. FAO Fish. Tech. Pap. 306/1 Rev. 2. Rome: FAO. 407p. SOKAL, R.; ROHLF, F. J Biometry: The Principles and Practice of Statistics in Biological Research. New York: W.H. Freeman and Co. 859p. VAZZOLER A. E. A. de M 1971 Diversificação fisiológica e morfológica de Micropogonias furnieir (DESMAREST, 1823) ao sul de Cabo Frio, Brasil. Bolm. Inst. Oceanogr., São Paulo 20(2): 1-70 VAZZOLER, G Distribuição da fauna de peixes demersais e ecologia dos Scianidae da Plataforma Continental Brasileira, entre as latitudes de 29º21 S (Torres) e 33º 41 S (Chuí). Bolm. Inst. Oceanogr., São Paulo 24: VAZZOLER, A.E.A de M Biologia da reprodução de peixes Teleósteos: teoria e prática. Maringá, PR: Ed. Universidade Estadual do Paraná. 169p. VAZZOLER A. E. A. de M 1991 Síntese de conhecimento sobre a biologia da corvina, Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823), da costa do Brasil. Atlântica, Rio Grande 13: VAZZOLER A. E. A. de M.; SOARES, L. S. H.; CUNNINGHAM, P. T. M Ictiofauna da costa brasileira. In LOWE-McCONNEL, R. H. Estudos de comunidade de peixes tropicais. São Paulo: EDUSP. p

100 95 Tabelas Tabela 1: Parâmetros gerais das amostras de comprimentos totais de M. furnieri medidos nos desembarques dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/2003. Lt (mm) - Desembarque Cananéia Santos / Guarujá Ubatuba Número de indivíduos Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo Tabela 2: Valores estimados para os coeficientes de mortalidade total (Z), por pesca (F) e taxa de sobrevivência (S) de M. furnieri, para as frotas dos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003. Z - mortalidade total (ano -1 ) F - mortalidade por pesca (ano -1 ) S - taxa de sobrevivência (ano -1 ) Cananéia 1,57 1,03 0,21 Santos/Guarujá 1,10 0,56 0,33 Ubatuba 1,42 0,88 0,24 Total 1,13 0,59 0,32

101 96 Figuras 18% 16% A n = % 16% B n = % 14% 12% 12% 1 1 8% 8% 6% 6% 4% 4% 2% 2% % 16% C n = % 16% D n = % 14% 12% 12% 1 1 8% 8% 6% 6% 4% 4% 2% 2% Figura 1: Distribuições das freqüências relativas, em porcentagem, das capturas de M. furnieri, por classes de comprimento total (mm) e número de indivíduos amostrados, por local de desembarque, onde: A Cananéia, B Santos/Guarujá, C Ubatuba, D Total.

102 % 5% 2 15% 5% janeiro n= % 5% junho % 5% julho fevereiro n= % 5% agosto n= % 5% setembro n= % 5% outubro n= % 5% novembro n= % 5% dezembro n=513 n= n= % 5% junho n= % 5% julho % 5% agosto n= % 5% setembro n= n= % 5% outubro n= % 5% novembro % 5% 2 15% 5% janeiro % 5% dezembro fevereiro n=160 n= Figura 2: Variação mensal da distribuição de freqüência relativa do comprimento total (mm) de M. furnieri e número de indivíduos amostrados, para o total dos desembarques do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

103 98 10 A 10 B 5 5 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/ fêmeas machos fêmeas machos Figura 3. Variação da proporção entre gêneros de M. furnieri, por mês (A) e por classe de comprimento total (mm) (B), do total das amostragens realizadas Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba, no período de junho/2001 a fevereiro/ A 10 B C Figura 4. Curva ajustada da freqüência relativa de adultos de M. furnieri em função do comprimento total (mm) e respectivos valores de comprimento médio de primeira maturação gonadal (L 50 ), onde: A Fêmeas; B Machos e C Ambos os gêneros, do total das amostras, para o período de junho/2001 a fevereiro/2003.

104 99 Wt (g) 5000 fêmeas ,24 W t 2,4 10 Lt Lt (mm) Wt (g) machos ,93 W t 1,61 10 Lt Lt (mm) Wt (g) ambos os gêneros W t L 6 3,26 2,1 10 t Lt (mm) Figura 5. Variação do peso total (g) em função do comprimento furcal (mm) para M. furnieri, por gênero e total, com as estimativas dos parâmetros da relação comprimento/peso.

105 100 A 14% 12% 1 8% 6% 4% 2% ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 B 14% 12% 1 8% 6% 4% 2% ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado imaturo em maturação maduro esgotado C 5 D E ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 F ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro esgotado ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 imaturo em maturação maduro desovado imaturo em maturação maduro esgotado Figura 6: Freqüência mensal de M. furnieri com gônadas nos distintos estádios de maturidade para todo o período de estudo (A fêmeas; B machos); Freqüência mensal de indivíduos com gônadas em cada estádio de maturidade (C fêmeas; D machos); Freqüência dos distintos estádios de maturidade em cada mês E fêmeas; F machos).

106 101 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 A 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 0,04 0,03 0,02 0,01 0 B 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 C Figura 7. Variação mensal da relação gonadossomática (RGS) de M. furnieri, para todo o período de estudo, onde: A: RGS1 (peso total) fêmeas; B: RGS1 (peso total) machos; C: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: RGS2 (peso total sem peso das gônadas) machos. D 0,0035 0,0030 0,0025 0,0020 0,0015 A 0,0035 0,0030 0,0025 0,0020 0,0015 0,024 0,022 0,020 0,018 0,016 0,014 0,012 B 0,024 0,022 0,020 0,018 0,016 0,014 0,012 C Figura 8. Variação mensal da média do fator de condição alométrico (K) de M. furnieri, para todo o período de estudo, onde: A: K1 (peso total) fêmeas; B: K1 (peso total) machos; C: K2 (peso total sem peso das gônadas) fêmeas; D: K2 (peso total sem peso das gônadas) machos. D

107 102 % retenção % retenção % retenção Cananéia comprimento (mm) Santos/Guarujá comprimento (mm) Ubatuba comprimento (mm) % retenção % retenção % retenção Cananéia 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 idade (anos) Santos/Guarujá 1,80 2,02 1,36 1,25 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 idade (anos) Ubatuba 1 1,17 1,09 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 idade (anos) % retenção Total comprimento (mm) % retenção Total 1,30 1,21 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 idade (anos) Figura 9: Variação da porcentagem de retenção para M. furnieri, observada (pontos) e estimada (linha) em função do comprimento total (mm) e da idade (anos), para os municípios de Cananéia, Guarujá/Santos, Ubatuba e o total das amostragens, do período de junho/2001 a fevereiro/2003.

108 103 DINÂMICA DA FROTA ARRASTEIRA PAULISTA DIRIGIDA AO CAMARÃO-ROSA Resumo O principal objetivo da análise da dinâmica de uma frota é avaliar as razões que motivam a composição das capturas, considerando a dispersão das unidades da frota nas áreas de pesca e suas variações espaço-temporais. Apesar das características físicas influenciarem o poder de pesca de uma embarcação, elas não apresentam correlação significativa com a composição das capturas da frota de arrasto-duplo-médio paulista. Por outro lado, diferenças entre as composições das capturas determinaram seis subfrotas, demonstrando que ocorrem diferentes estratégias de pesca nessa frota. Constataram-se três sub-frotas sediadas nos municípios de Guarujá e Santos e duas no município de Cananéia, enquanto as embarcações sediadas em Ubatuba apresentaram um único padrão de estratégia de pesca. Por fim, demonstrou-se que a produção do camarão-rosa é dependente do ano e do mês de operação, da sub-frota e da produção de fauna acompanhante e de camarão-branco, não havendo correlação significativa com o esforço de pesca exercido por essa frota. Isto demonstra que o esforço tem sido direcionado a outros recursos a fim de manter a viabilidade econômica das operações. Abstract The main objective of fleet dynamics analysis is evaluating the reasons which rule catch composition, considering the fleet units dispersion across the fishing area and its timespace variations. Although the boats physical characteristics influence their fishing power, no significant correlation was verified with catch composition of pink shrimp trawlers in São Paulo State. By the other side, six sub-fleets were distinguished by means of their different catch compositions, evidencing the difference among fishing strategies within this fleet. Three sub-fleets were detected based at the fishing ports of

109 104 Santos/Guarujá; two others were found at the fishing port of Cananéia; The boats based in the city of Ubatuba showed only one fishing strategy pattern. Finally, the analysis results demonstrated that pink shrimp production depends on the following variables: year, month, sub-fleet, white shrimp production and bycatch production. Pink shrimp production showed no significant correlation with the fleet s fishing effort, which demonstrates that fishing effort has been headed to other resources in order to keep the economic viability of the activity. Introdução O arrasto de fundo é o método de captura responsável pela maior parcela da produção anual de recursos pesqueiros demersais nas regiões sudeste e sul do Brasil (PEREZ et al., 2003). Estimativas recentes têm indicado, no entanto, que essa pescaria encontra-se em situação crítica, já que os estoques de peixes demersais e camarões que a sustentava encontram-se plenamente explotados ou sobre-explotados (HAIMOVICI, 1998; VALENTINI et al., 1991a; 1991b). Superdimensionadas, as frotas de arrasteiros têm buscado sua sustentação através do aproveitamento de espécies acompanhantes, da diversificação de alvos e da expansão de áreas de atuação. Esse processo tem levado ao incremento de desembarques de espécies pouco conhecidas e produzido um impacto adicional ainda pouco dimensionado na plataforma do sudeste sul (PEREZ op. cit.). O início da pesca artesanal de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil é indefinido, os primeiros dados de produção disponíveis datam de 1945 para o estado do Rio Grande do Sul. Este tipo de pescaria ocorre basicamente sobre os criadouros das espécies em regiões costeiras estuarinas, com artes de pesca variando de região para região (VALENTINI et al., 1991a). A pesca industrial iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial, com a mecanização da frota pesqueira de São Paulo e do Rio de Janeiro, sendo a arte mais utilizada a do arrasto-duplo de portas com tangones. Em sua evolução destacam-se a substituição das redes de algodão por redes de fibra sintética em 1965, a introdução das

110 105 redes duplas nas frotas do Rio de Janeiro e São Paulo e o início da pesca industrial em Santa Catarina em 1968; a explotação dos bancos de camarões do Espírito Santo e sul da Bahia a partir de 1970 e a experimentação do sistema de redes gêmeas em Santa Catarina em Essa frota atua basicamente sobre o estoque adulto em oceano aberto, principalmente na Região Norte e Regiões Sudeste e Sul (até o estado de Santa Catarina) sendo dirigida preferencialmente à captura do camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis) e camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri); entretanto, outras espécies de camarão compõem a captura, ocorrendo em quantidades variáveis e por vezes sendo a razão de esforços dirigidos: camarão-branco (Litopenaeus schmitti); camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris) e camarão-santana (Pleoticus muelleri) (ISAAC et al., 1992; VALENTINI et al., 1991a). Atualmente essa frota arrasteira vem se mantendo estável, contando com cerca de 400 barcos permissionados para a pesca em toda a região Sudeste e Sul, regulamentados pela portaria Ibama n /89. Essas embarcações possuem, em sua maioria, casco de madeira com características médias de 18,5 m de comprimento total, tonelagem de arqueação bruta de 55 t e potência de 246 HP. A frota paulista é a mais numerosa (59, do total de barcos), seguida pelas frotas de Santa Catarina (20,0 %), Rio de Janeiro (18,0 %), Espírito Santo (3,) e Rio Grande do Sul (0,4%) (IBAMA, 1997). A pesca de arrasto de portas do estado de São Paulo dirige a maior parte do esforço na captura de camarões peneídeos, embora nos últimos anos uma parte da frota tenha se adaptado tecnologicamente para a captura de peixes além da isóbata de 100 m (TOMÁS et al., 2003). A análise da dinâmica de uma frota objetiva avaliar as razões que motivam a composição das capturas, considerando a dispersão das unidades da frota nas áreas de pesca e suas variações espaço-temporais (TOMAS e CORDEIRO, 2003), sendo esse o objetivo deste trabalho.

111 106 Material e métodos As informações de produção pesqueira foram provenientes do Sistema de Controle Estatístico da Produção Pesqueira Marinha do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo, onde estão armazenadas em banco de dados específico (ProPesq ). Tais informações foram coletadas através de um processo sistemático de entrevistas realizadas por técnicos, junto aos mestres de pesca, no momento do desembarque, em visitas diárias aos pontos de desembarque da frota, nos municípios de Cananéia, Guarujá, Santos e Ubatuba. Obtiveram-se informações de todos os desembarques ocorridos no período de janeiro/1998 a dezembro/2003. As informações sobre as características físicas da frota foram obtidas do Cadastro de Embarcações fornecido pelo Registro Geral de Pesca (RGP), através do Escritório Regional de Santos, além do cadastro de embarcações do Escritório Estadual da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Ambos os conjuntos de informações foram complementados com uma campanha de coleta, entre junho/2001 e fevereiro/2003, composto por visitas semanais aos principais pontos de desembarque dos municípios analisados, quando, através de entrevistas, foram obtidas informações sobre o comprimento das embarcações, tonelagem de arqueação bruta, potência do motor, ano de construção e tipo de casco. Para as análises, selecionaram-se todas as embarcações de arrastoduplo-médio com portas (double otter trawl), nas quais se distinguiram quatro conjuntos: (a) embarcações com ocorrência de camarão-rosa em todos os desembarques; (b) embarcações que apresentaram camarão-rosa em seus desembarques em determinados períodos do ano; (c) embarcações que apresentaram camarão-rosa na composição de seus desembarques em determinados anos; (d) embarcações que eventualmente apresentam camarão-rosa na composição dos desembarques. Foram selecionados todos os desembarques das embarcações do primeiro grupo e todos os desembarques dos períodos de ocorrência de camarão-rosa das embarcações do segundo e terceiro grupos, excluindo-se o quarto grupo por se considerar que são embarcações cuja espécie alvo não é o camarão-rosa.

112 107 A correlação entre as características físicas das embarcações e suas respectivas produções foi avaliada através do teste de correlação matricial de Mantel (SOKAL e ROHLF, 1995). Para tanto, utilizaram-se como características físicas: ano de construção; tipo de casco (madeira ou aço); comprimento total (m); tonelagem de arqueação bruta (TAB) e potência do motor (HP). Como característica de produção, considerou-se a CPUE total das espécies que ocorreram em, no mínimo, 1 dos desembarques. Para o cálculo das matrizes de similaridade, utilizou-se a Distância Euclidiana. E, face à possibilidade de frotas sediadas em diferentes portos atuarem em locais de pesca distintos ou operarem com estratégias de captura distintas, investigou-se a correlação entre características físicas de cada frota e suas respectivas produções separadamente. Com o intuito de observar grupos de embarcações com mesmas características de produção, realizou-se a análise de agrupamento considerando as informações de produção por embarcação, nesse caso, utilizando-se as mesmas informações selecionadas para o teste de Mantel. Também se utilizou a Distância Euclidiana para o cálculo das matrizes de similaridade e, como método de agrupamento, o Método de Ward. Para todas as análises de comparação entre medidas de tendência central, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e na observância de diferenças significativas, empregou-se o método de comparações múltiplas de medianas a posteriori de Dunn (SOKAL e ROHLF, 1995). Além do camarão-rosa, também se analisou o comportamento mensal das capturas, do esforço de pesca (em dias de pesca) e capturas por unidade de esforço de pesca (CPUE), do camarão-branco (Litopenaeus schmitii) e do camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). Por fim, empregou-se uma análise de covariância (ANCOVA), utilizando-se os fatores mês, ano, sub-frota, produção de camarão-sete-barbas, produção de camarão-branco e produção de fauna acompanhante, além da produção do camarãorosa (variável dependente) e do esforço de pesca (co-variável).

113 108 Resultados No período de janeiro de 1988 a dezembro de 2003, foram identificadas 202 embarcações de arrasto-duplo-médio que se caracterizaram por ter como alvo o camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis). Das embarcações identificadas neste trabalho, somente foi possível obter informações referentes às características físicas de 141 embarcações. Destas, 112 desembarcaram prioritariamente nos municípios de Guarujá e Santos, 23 no município de Ubatuba e 6 no município de Cananéia (Tabela 1). Observou-se que as medidas de tendência central foram muito próximas entre as frotas de Cananéia e Ubatuba, com valores superiores para a frota de Guarujá/Santos. A frota de Guarujá/Santos se apresentou como a mais antiga e a que registrou as maiores embarcações, enquanto que as embarcações sediadas em Cananéia e Ubatuba concentraram-se nas classes de comprimento inferiores a 16 metros (Figura 1). Na correlação entre as características físicas das embarcações e suas respectivas produções não se constatou, em nenhum desses casos, correlação significativa entre as matrizes de similaridade (Cananéia, p = 0,599; Guarujá/Santos, p = 0,210; Ubatuba, p = 0,953). A Figura 2 apresenta os grupos formados pela análise de agrupamento, considerando a CPUE das espécies que ocorreram, no mínimo, em 1 dos desembarques das frotas sediadas em Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba. Observaram-se dois grupos de embarcações no município de Cananéia: sub-frota Cananéia 1, com 4 embarcações e sub-frota Cananéia 2, com 9 embarcações. Na frota Guarujá/Santos, foi observadas três sub-frotas: Santos 1, Santos 2 e Santos 3, respectivamente com 11, 49 e 88 embarcações. No município de Ubatuba, não se observaram diferenças que justificassem a subdivisão da frota. Quanto às características físicas das embarcações desses subgrupos, observou-se que, de modo geral, a frota de arrasto-duplo-médio de portas é relativamente antiga, com a mediana do ano de construção do total da frota em 1977

114 109 (Tabela 1). Apesar disso, há registros de embarcações novas. A frota de Ubatuba é um exemplo dessa heterogeneidade, com a maior amplitude observada do ano de construção, contendo a embarcação mais antiga (1963) e a mais nova (2003), porém, com mediana em 1977 (Tabela 2). As sub-frotas Santos 2 e Santos 3 apresentaram embarcações tão antigas quanto a de Ubatuba e as embarcações mais novas construídas nos anos de 1977 e 1976, respectivamente. Entretanto, com a menor amplitude de variação, apresentaramse como as sub-frotas mais antigas, com medianas em 1974 e O mesmo se observou para a sub-frota Cananéia 2, com mediana do ano de construção em 1973, porém com menor amplitude de idade, entre 1970 e 1984 (Tabela 2). As sub-frotas Cananéia 1 e Santos 1 têm as embarcações mais novas, com medianas do ano de construção em A sub-frota Santos 1, porém, apresentou amplitude entre 1970 e 1988, maior que Cananéia 1, a sub-frota mais homogênea nesse quesito, com embarcações construídas entre 1980 e 1986 (Tabela 2). Apesar das diferenças observadas entre os anos de construção, apenas as sub-frota Santos 1 e Santos 3 se diferenciaram significativamente (Tabela 3), demonstrando que, além de maior, a frota sediada nos municípios de Guarujá e Santos também é a mais heterogênea quanto à idade. As sub-frotas Cananéia 2 e Santos 1, 2 e 3 apresentaram as medianas do comprimento total entre 20 e 21 metros; Santos 3 possuiu a maior destas embarcações (26,86 m), enquanto que Cananéia 2 teve a menor (9,7 m); Santos 1 possuiu a menor amplitude de comprimento observada, com embarcações entre 19 e 22 m. Por outro lado, Cananéia 1 e Ubatuba apresentaram medianas similares, 14 m e 13,2 m, respectivamente, porém, com diferentes amplitudes de distribuição, de 14 a 15,4 m para Cananéia 1 e de 9,9 a 21,5 m para Ubatuba (Tabela 2). Essa frota é mais homogênea quanto ao tamanho, diferentemente da idade das embarcações. Apesar disso, constataram-se diferenças significativas entre as frotas de Santos e Ubatuba (Tabela 3).

115 110 Em relação à tonelagem de arqueação bruta e potência do motor, repetiram-se as mesmas tendências observadas para o comprimento total: Cananéia 2 e as frotas de Santos apresentaram valores de medidas de tendência central similares; o mesmo ocorreu entre Cananéia 1 e Ubatuba, enquanto que essa última se mostrou significativamente diferente das frotas de Santos (Tabela 2 e Tabela 3). Com relação ao tipo de casco, nas sub-frotas de Cananéia e de Ubatuba predominaram as embarcações com casco de madeira. As embarcações sediadas nos municípios de Guarujá e Santos, Santos 2 e Santos 3 apresentaram proporções similares entre embarcações com casco de aço e de madeira. Diferentemente, a sub-frota Santos 1 constitui-se, majoritariamente, por embarcações com casco de aço ( Tabela 4). No período estudado, as sub-frotas analisadas concentraram seus esforços em uma área de pesca entre as longitudes de 23 S (Cabo Frio RJ) e 29 S (Cabo de Santa Marta Grande SC). A Figura 3 apresenta a área de pesca e distribuição do esforço (dias de pesca) por sub-frotas. Observou-se que as sub-frotas sediadas em Guarujá/Santos ocuparam toda a área de atuação, concentrando seus esforços nas proximidades de Santos, Cananéia e Paranaguá. As sub-frotas sediadas em Cananéia concentraram seus esforços de pesca ao sul de Santos, preferencialmente entre Cananéia e Paranaguá. A sub-frota Cananéia 2, porém, concentrou grande parte de seu esforço de pesca próximo a Itajaí. A frota de Ubatuba operou preferencialmente entre Sepetiba e Santos, com as maiores concentrações de esforço no sul do estado do Rio de Janeiro (entre as baias de Sepetiba e Ilha Grande) e entre Ubatuba e Ilhabela. Atuando a partir da isóbata de 7 m, a frota camaroeira apresentou profundidade mediana de operação de 50 m, com registros de até 450 m. A maior profundidade mediana foi da sub-frota Santos 1 (410 m; Tabela 5). Cananéia 1 apresentou a atuação mais costeira, até a isóbata de 60 m, com mediana de operação em 28,5 m, enquanto que as profundidades medianas nas demais sub-frotas foram a partir da isóbata de 35 m (Figura 3). As profundidades de operação das sub-frotas diferiram significativamente (p < 0,001). O teste a posteriori demonstrou que as sub-frotas de Cananéia e Ubatuba não diferiram significativamente quanto à profundidade de atuação,

116 111 ocorrendo o mesmo entre as sub-frotas Cananéia 1, Santos 2 e Santos 3, enquanto que a sub-frota Santos 1 se diferenciaram estatisticamente das demais. Por outro lado, as subfrotas de Cananéia e Ubatuba tiveram profundidade máxima inferior às observadas nas de Guarujá e Santos, provavelmente devido ao seu foco de captura e às suas limitações físicas e técnicas enquanto que as profundidades mínimas das sub-frotas de Cananéia foram similares às de Guarujá e Santos. A Figura 4 apresenta a variação mensal do esforço de pesca (em dias de pesca), as produções de camarão-branco, camarão-rosa e camarão-sete-barbas e suas respectivas capturas por unidade de esforço (CPUE), considerando o total da frota analisada. Observou-se que o esforço de pesca variou sazonalmente: entre os meses de maio e junho, ocorreu rápido aumento do esforço de pesca, com o máximo anual ocorrendo entre junho e julho. Após esse período, ocorreu uma diminuição progressiva do esforço de pesca até os meses de março e abril, quando se observaramm os menores esforços anuais. Além disso, nota-se que os anos de 2000 a 2002 apresentaram o menor esforço de pesca em comparação com os anos de 1998, 1999 e Em se comparando a produção de camarões e suas respectivas CPUEs (Figura 4), observou-se a mesma tendência para o camarão-rosa, ou seja, pico de produção e CPUE entre maio e junho, com posterior decréscimo. Na comparação anual, a produção do camarão-rosa apresentou a mesma tendência observada na distribuição do esforço: os anos de 2000 a 2002 apresentaram o menor volume desembarcado, em comparação com os anos de 1998, 1999 e Por outro lado, a CPUE desses anos não apresentou diferenças tão marcantes, com um ligeiro declínio ao longo dos anos. Em relação ao camarão-branco, a produção se restringiu ao período de safra desse recurso, nos meses de maio a julho. Ao longo dos anos se observou uma grande produção no ano de 1998 e, conseqüentemente, maior captura por unidade de esforço. Nos anos seguintes a produção foi relativamente constante, assim como a CPUE, porém inferiores ao primeiro ano dessa série de dados (Figura 4). As capturas de camarão-sete-barbas ocorreram ao longo de todo o ano, no entanto, concentraram-se principalmente entre os meses de janeiro e março,

117 112 além de maio e julho, tendência similar à observada por GRAÇA-LOPES et al. (2002), declinando ao longo dos anos, tanto em produção quanto em CPUE (Figura 4). As sub-frotas Cananéia 1 e Cananéia 2 se apresentaram como grupos de embarcações oportunistas. Enquanto Cananéia 1 concentrou o esforço no segundo semestre dos anos analisados, sem diferenças marcantes entre anos (Figura 5), a subfrota Cananéia 2 só apresentou esforço após o término do defeso do camarão-rosa, com uma gradativa diminuição do esforço de pesca ao longo dos anos até 2003, quando não mais se registraram operações dessa sub-frota (Figura 6). Entre os camarões, o recurso mais importante para Cananéia 1 foi o camarão-sete-barbas, com uma pequena captura de camarão-rosa ao longo do ano e de camarão-branco no período de safra (Figura 5). Por outro lado, a sub-frota Cananéia 2 foi direcionada à captura do camarão-rosa, com captura de camarão-branco em momentos de maior disponibilidade desse recurso e sem registros de captura de camarão-sete-barbas (Figura 6). As três sub-frotas de Santos mostraram ter no camarão-rosa sua espécie-alvo. A distribuição do esforço ao longo do ano apresentou tendência de aumento após o defeso do camarão-rosa, com progressiva diminuição até março do ano seguinte. As sub-frotas Santos 1, 2 e 3 tiveram redução do esforço de pesca ao longo dos anos, com uma ligeira recuperação em 2003 (Figura 7; Figura 8; Figura 9). A subfrota Santos 2 apresentou a menor diminuição de esforço ao longo do período estudado e o maior aumento de dias de pesca em 2003, em comparação com os demais anos. A sub-frota Santos 3 sofreu a maior redução do esforço ao longo dos anos, mas também aumentou o número de dias de pesca em Assim como ocorreu na variação do esforço, as sub-frotas Santos 1, 2 e 3 apresentaram uma diminuição progressiva da produção e da CPUE ao longo dos anos, com recuperação evidente da produção no ano de 2003, menos nítida na CPUE. A captura do camarão-branco pela sub-frota Santos 1 ocorreu principalmente ao longo do segundo semestre, enquanto que os registros de desembarque de camarão-sete-barbas por essa sub-frota foram esporádicos ao longo do período analisado (Figura 7). A evidente recuperação da CPUE do camarão-rosa pelas sub-frotas Santos 1 e 3 entre 2002 e 2003, foi menos nítida na sub-frota Santos 2. A captura de camarão-branco por

118 113 essa sub-frota só ocorreu em 3 meses, sem registro de captura de camarão-sete-barbas (Figura 8). Na sub-frota Santos 3, a CPUE do camarão-rosa se manteve constante. Nessa sub-frota, as capturas das demais categorias de camarões também foram esporádicas (Figura 9). A frota de Ubatuba direcionou seu esforço à captura de camarões, com grande captura de camarão-branco e sete-barbas no período de maio a julho. Em alguns anos, a produção e CPUE desses recursos foram superiores às do camarão-rosa. Porém, ao longo do ano, o camarão-rosa voltou a ser a espécie alvo dessa frota. Com isso, a tendência de redução do esforço após o mês de julho, que também ocorreu nas demais frotas, foi menos evidente. Em alguns anos, o maior esforço ocorreu nos meses do quarto trimestre (Figura 10). Para a análise de co-variância, considerou-se como variável dependente a produção de camarão-rosa e como variáveis independentes, o ano, mês, sub-frota e produção de camarão-branco, camarão-sete-barbas e de fauna acompanhante; e como co-variável o esforço de pesca. O coeficiente de determinação (R 2 ) resultante da análise foi estimado em 0,955 (p < 0,05); com a produção de camarão-rosa significativamente dependente das variáveis ano (p = 0,001), mês (p = 0,005), sub-frota (p = 0,009), produção de camarão-branco (p = 0,012) e produção da fauna acompanhante (p < 0,001). Por outro lado, não houve relação significativa de dependência com a produção de camarão-sete-barbas (p = 0,729), enquanto que as variações de produção do camarão-rosa independem das variações do esforço de pesca (p = 0,760). Discussão As características operacionais de uma frota não podem ser interpretadas de maneira direta com a sua forma de atuação, pois fatores externos à análise e de mensuração complexa influenciam nas capturas, como experiência da tripulação, tendência de mercado ou cultura regional, que também são responsáveis pela elevada variância dos conjuntos de dados pesqueiros (TOMÁS et al., 2003).

119 114 Nesse contexto, a ausência de correlação significativa entre as características físicas das embarcações e suas respectivas produções indica que as capturas não são função das possíveis limitações impostas pelas características físicas das embarcações, mas de outras variáveis que influenciam as estratégias de pesca, sendo que essas devam estar relacionadas a um processo de adaptação a um ecossistema progressivamente impactado e com recursos cada vez menos produtivos (PEREZ et a., 2003), demonstrando que a dinâmica das pescarias é um sistema análogo ao sistema presa-predador (HILBORN e WALTERS, 1992), podendo-se, assim, classificar o comportamento do predador (frota pesqueira) como especialista ou generalista. Porém, diferindo com respeito às classes de comprimento do que é predado capturado, a predação geralmente atua em classes de comprimento menores e a pesca atua sobre as classes maiores (NIKOLSKY, 1969). No presente estudo foram identificadas 202 embarcações que se caracterizaram por ter como alvo o camarão-rosa, quantidade superior à observada por D INCAO et al. (2002), de 100 a 150 embarcações para a região Sudeste-Sul entre os anos de 1998 e Apesar disso, muito inferior ao máximo histórico observado para essa pescaria, em torno de 400 embarcações nos anos de 1972 a Demonstrando ser uma frota generalista, com uma dinâmica baseada na busca de maior rentabilidade, independentemente do tipo de pescaria ou espécie-alvo. CASTRO e TUTUI (2007) observaram um grande impulso na construção de embarcações para a frota de parelhas do estado de São Paulo, a partir da segunda metade da década de 1960, que atingiu o maior número de embarcações construídas entre 1970 e 1975, similar aos resultados aqui observados. Além disso, os resultados obtidos pelos autores citados são condizentes com os aqui apresentados, tonelagem de arqueação bruta e potência do motor apresentando variação homogênea em função do comprimento das embarcações. Observaram também que, na frota de parelhas, embarcações de até 21 m são predominantemente de casco de madeira, enquanto que a partir desse comprimento há um equilíbrio entre as embarcações com cascos distintos, podendo-se considerar similares aos resultados aqui apresentados. Os municípios de Cananéia e

120 115 Ubatuba, com embarcações menores, apresentam maior proporção de cascos de madeira, enquanto que na frota sediada em Guarujá e Santos, com comprimentos maiores, prevalecem embarcações de casco de aço. A similaridade dessas frotas de arrasto é resultado da prioridade dada pelo Governo Federal ao setor pesqueiro a partir da década de 1960, que se refletiu em providências como; (a) criação da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), em 1962; (b) reconhecimento da pesca como indústria de base, possibilitando apoio financeiro pelas linhas oficiais de crédito. A partir de então, os Planos Nacionais de Desenvolvimento da Pesca (PNDPs) e os incentivos fiscais foram os principais responsáveis pelos resultados apresentados pela pesca marítima no período (DIAS-NETO, 2002). Explicam-se, assim, não só os motivos da similaridade entre as frotas de arrasto mas também o porquê da idade avançada dos arrasteiros paulistas. Portanto, a não observância de uma tendência clara que diferencie as sub-frotas em função de suas características físicas reforça o resultado que demonstra que as estratégias de pesca, que resultam na produção das embarcações, são pouco dependentes das características físicas dos barcos, fato marcado pela observação de embarcações pequenas (a menor, com 9,7 m), com tamanhos típicos da frota do camarão-sete-barbas. Apesar de se constatar que as embarcações maiores, como as de Guarujá e Santos, não têm suas capturas de camarão-rosa afetadas, espécie que ocorre até a isóbata de 100 m, essas têm condições de executarem operações de pesca dirigidas a outros recursos, em profundidades maiores. PEREZ et al. (2001) e D INCAO et al. (2002) discorrem que a depleção dos estoques de camarão levou a frota de arrasto-duplo-médio de portas a buscar a sustentabilidade econômica de sua atividade na captura de peixes, na diminuição da quantidade de rejeito e na valorização da categoria mistura. Isso demonstra que a frota camaroeira industrial não mais se sustenta apenas com a captura do camarão-rosa, mas também, com o aproveitamento comercial de espécies da fauna acompanhante e/ou com o direcionamento de seu esforço a outros recursos disponíveis ao arrasto, não necessariamente componentes do bycatch do camarão-rosa. Assim, para

121 116 esses autores, o camarão-rosa não mais se caracteriza, explicitamente, como a espéciealvo das capturas, exceto pelo observado na frota de São Paulo. A excepcionalidade apresentada para a frota de São Paulo é marcante para a frota de Ubatuba que se apresenta como predador extremamente especializado. A frota tem dinâmica de captura homogênea, cujo objetivo de produção se mantém sobre os camarões, principalmente o camarão-rosa e o camarão-branco em seu período de safra. No outro extremo, há as sub-frotas de Cananéia, que apesar de manterem sua atividade sobre recursos costeiros, são predadores generalistas, tendo o camarão-sete-barbas e peixes demersais como alvos principais. Em períodos de maior produtividade do camarão-rosa, porém, migram para a captura desse recurso. Há de se considerar, entretanto, que os arrastos dirigidos à captura de peixes e de camarões diferem no desenho do aparelho e no modo de operação. Enquanto os barcos de arrasto para peixes normalmente operam durante o dia, quando as capturas são maiores, o arrasto para captura de camarões peneídeos são usualmente à noite, quando eles são, geralmente, mais ativos (WASSEMBERG et al., 1997). Durante o ano de 1987, por exemplo, as embarcações paulistas operaram com 3 lances de 4 horas, no período noturno (VALENTINI et al., 1991). PEREZ et al. (2003) afirmam que a frota de Santa Catarina tanto opera no regime integral, quanto concentrando seu esforço no período diurno ou noturno. Nas sub-frotas sediadas em Santos/Guarujá, observam-se todas essas estratégias de operação apesar disso não ter sido quantificado. Essa frota também se mostra generalista, ao explotar outros recursos para complementar a rentabilidade da atividade. E, apesar de concentrarem seu esforço nas áreas tradicionais de pesca do camarão-rosa (D INCAO et al., 2002; VALENTINI et al., 1991), expandiram suas áreas de pesca para profundidades maiores, principalmente até a isóbata dos 200 m, voltando-se para a captura do camarão-rosa nos anos de maior abundância desse recurso (2003) e principalmente em períodos de maior disponibilidade, nesse caso após o término do defeso, resultado similar ao apresentado por D INCAO et al. (2002) que discorrem sobre a importância do defeso para essa

122 117 pescaria, com o primeiro mês de reinício das pescarias apresentando elevados índices de abundância, que vão decrescendo nos meses subseqüentes. Tal tendência também é aqui observada, com altos valores de esforço e produção logo após o término do defeso, progressiva diminuição ao longo do tempo e com a CPUE apresentando tendência similar, mas não igual. Além disso, considerando as quedas no esforço de pesca e na CPUE, que ocorreram no período de 2000 a 2002, são menos evidentes que a queda observada na produção do camarão-rosa nesse mesmo período, é possível assumir que essa variação se deveu à redução da proporção do esforço das embarcações dedicado à captura do camarão-rosa, que passou a ser empregado sobre outros recursos, sendo que o aumento da produção e do esforço observado em 2003 deveu-se possivelmente ao aumento da disponibilidade do recurso (camarão-rosa). Por fim, mais importante do que a observação de correlação entre a produção do camarão-rosa e o ano (em função de um maior ou menor recrutamento), mês (devido à variação sazonal da disponibilidade do recurso), sub-frotas, produção de camarão-branco e de fauna acompanhante (devido às distintas estratégias de pesca), está o fato de que a produção do camarão-rosa independe da produção de camarão-setebarbas e do esforço de pesca. No primeiro caso, demonstrando que a frota paulista de arrasto-duplomédio de portas, apesar de realizar operações de pesca em profundidades baixas, possui uma estratégia de pesca diferenciada, não objetivando a captura do camarão sete-barbas, mas sim atuando principalmente sobre recursos disponíveis a partir da profundidade de ocorrência do camarão-rosa. Enquanto que a não correlação entre a produção do camarão-rosa e o esforço de pesca leva à consideração de que em períodos de menor abundância de camarão rosa a frota direciona seus esforços à captura de outros recursos, explicado pela correlação significativa entre produção do câmara-rosa e a do camarãobranco e principalmente da fauna acompanhante.

123 118 Conclusão Tradicionalmente, a avaliação dos estoques de camarão-rosa é baseada em modelos de produção geral. Para isso, entretanto, é necessário obedecer a condição de que a abundância relativa guarde relação inversa com o esforço, isto é, que a abundância relativa diminua com o aumento do esforço (KING, 1995; SPARRE e VENEMA, 1989). A demonstração de que não há correlação entre a produção do camarão-rosa e o esforço de pesca e a confirmação da suposição de que as mudanças observadas nos regimes das pescarias, mesmo numa frota mais tradicionalista como a paulista, levam à confirmação da afirmação de D INCAO et al. (2002) de que não se podem aplicar os modelos descritivos utilizados até aqui e à necessidade de alterações na forma de ordenamento desse recurso. Bibliografia CASTRO, P. M. G.; TUTUI, S. L. S Frota de parelhas do estado de São Paulo Caracterização física e operacional, e suas variações temporais. Rev. Bras. Eng a. Pesca, São Luis, 2(2): D INCAO, F.; VALENTINI, H.; RODRIGUES, L. F Avaliação da pesca de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Atlântica, Rio Grande, 24(2): DIAS-NETO, J Gestão do uso dos recursos pesqueiros marinhos no Brasil Brasília. 164 p. (Tese de Doutoramento, Universidade de Brasília). GRAÇA-LOPES, R.; TOMÁS, A. R. G.; TUTUI, S. L. S.; SEVERINO-RODRIGUES, E.; PUZZI, 2002 A. Fauna acompanhante da pesca camaroeira no litoral do estado de São Paulo, Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(2): HAIMOVICI, M Present state and perspectives for the southern Brazil shelf demersal fisheries. Fisheries Management and Ecology,5:

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126 121 Tabelas Tabela 1: Parâmetros gerais das principais características físicas da frota de arrastoduplo-médio ano de construção, comprimento total (m), tonelagem de arqueação bruta (TAB) e potência do motor (HP) para as frotas sediadas nos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba. Guarujá / Total Ubatuba Cananéia Santos Número de Registros Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Mediana Ano , Comprimento 6 9,70 20,30 14,68 3,80 14,00 TAB 6 6,80 53,00 24,72 17,51 18,80 HP 6 25,00 267,00 151,80 86,00 150,00 Ano , Comprimento ,20 26,86 20,47 21,50 21,00 TAB ,60 143,80 71,99 23,27 67,19 HP ,00 425,00 283,60 62,89 290,00 Ano , Comprimento 23 9,90 21,50 13,87 2,83 13,20 TAB 23 9,40 92,00 22,13 19,97 14,70 HP 23 90,00 325,00 157,10 59,63 153,00 Ano , Comprimento 141 9,70 26,86 19,18 3,48 20,35 TAB 141 6,80 143,80 62,11 29,96 64,00 HP ,00 425,00 258,10 80,94 270,00 Tabela 2: Valores mínimos, máximos e mediana de: A - ano de construção, B - comprimento total (m), C - tonelagem de arqueação bruta (TAB) e D - potência do motor (HP); E - proporção entre embarcações de casco de madeira e de aço. Por subfrota. Ubatuba Santos 3 Santos 2 Santos 1 Cananéia 2 Cananéia 1 Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Mediana Ano , Comprimento 14 15,4 14,47 0, TAB ,27 5,9 18,8 HP ,7 9, Ano , Comprimento 9,7 20,3 16, ,3 TAB 6,8 97,36 52,39 45,28 53 HP ,7 159,1 267 Ano , Comprimento 19,48 22,00 21,18 0,71 21,00 TAB 53,00 88,00 67,64 9,66 65,00 HP 267,00 325,00 293,00 17,71 291,00 Ano , Comprimento 12,20 23,40 20,77 1,91 21,00 TAB 13,60 123,30 75,62 21,70 78,78 HP 85,00 425,00 280,70 66,14 290,00 Ano , Comprimento 12,20 26,86 20,03 2,50 20,00 TAB 16,52 143,80 68,95 26,31 65,00 HP 153,00 425,00 283,50 66,75 290,00 Ano , Comprimento 9,90 21,50 13,87 2,83 13,20 TAB 9,40 92,00 22,13 19,97 14,70 HP 90,00 325,00 157,10 59,63 153,00

127 122 Tabela 3: Resultados do teste de Dunn a posteriori de Kruskal-Wallis, entre sub-frotas, em função das características físicas das embarcações - ano de construção, comprimento total (m), tonelagem de arqueação bruta (TAB) e potência do motor (HP). Dados transformados. Cananéia 2 Santos 1 Santos 2 Santos 3 Ubatuba Cananéia 2 Santos 1 Santos 2 Santos 3 Ubatuba ano de construção - p=0,0227 comprimento total - p<0,0001 Cananéia Cananéia Santos 1 - p<0, p<0,001 Santos p<0,001 Santos 3 - p<0,001 tonelagem de arqueação bruta - p<0,0001 potência do motor - p<0,0001 Cananéia Cananéia Santos p<0, p<0,001 Santos 2 - p<0,001 - p<0,001 Santos 3 p<0,001 p<0,001 Tabela 4: Freqüência absoluta de embarcações, por tipo de casco, para as subfrotas analisadas. Aço Madeira Total Cananéia Cananéia Cananéia total Santos Santos Santos Santos total Ubatuba Total Tabela 5: Média, valores mínimos, máximos, desvio padrão e mediana das profundidades de operação, por sub-frota e total. Média Mínimo Máximo Desvio Padrão Mediana CANANÉIA 1 27,6 10,0 60,0 13,1 28,5 UBATUBA 39,4 7,0 180,0 16,1 35,8 CANANÉIA 2 51,1 19,0 130,0 22,7 45,0 SANTOS 3 57,0 12,0 450,0 37,2 40,5 SANTOS 2 63,2 12,0 380,0 37,9 45,0 SANTOS 1 72,4 12,5 410,0 52,6 47,0 TOTAL 57,3 7,0 450,0 38,3 50,0 Tabela 6: Média do esforço (dias de pesca) e número de desembarques, por ano. ano dias de número de pesca médio desembarques , , , , , ,25 180

128 123 Figuras 4 Cananéia Guarujá/Santos Ubatuba freqüência relativa classe de comprimento total (m) Figura 1: Variação da freqüência relativa de ocorrência por classe de comprimento, em metros da frota de arrasto-duplo-médio, para as frotas sediadas nos municípios de Cananéia, Guarujá/Santos e Ubatuba. Figura 2: Agrupamento das embarcações dos municípios de Cananéia, Guarujá / Santos e Ubatuba, em função da CPUE das principais capturas.

129 124 Cananéia 1 Cananéia 2 Santos 1 Santos 2 Santos 3 Ubatuba Figura 3: Área de pesca e distribuição do esforço (dias de pesca) por sub-frotas, para o período de 1998 a Pontos representam os locais de pesca e o gradiente de tons as estimativas de intensidade de esforço.

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