1 ENCONTRO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS 21 a 23 de setembro de 2016
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1 Aplicação de extrato de algas Ascophyllum nodosum e a influência da associação com fungos micorrízicos na tolerância de plantas de amendoim (Arachis hypogaea L.) submetidas à deficiência hídrica Seaweed extract application and association with mycorrhizal fungi in peanut plants (Arachis hypogaea L.) submitted to water deficit. RENATA BRUNA S. COSCOLIN¹; FERNANDO BROETTO²; EDILSON RAMOS GOMES 1 : VITOR MARCELO MAGALHÃES SOUZA¹; JOÃO RICARDO FAVAN 1. 1 Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas. Rua José Barbosa de Barros, nº 1780, CEP: , Botucatu-SP, Brasil. 2 Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Departamento de Química e Bioquímica. Distrito de Rubião Junior S/Nº CEP: , Botucatu-SP, Brasil. renata.coscolin@gmail.com. INTRODUÇÃO A cultura do amendoim (Arachis hypogae L.) tem despertado grande interesse econômico pois suas sementes além de constituir uma importante fonte de proteína vegetal e de óleo comestível (BARBOSA et al., 2014) atende a diversos mercados, seja para o consumo in natura, para a indústria oleoquímica e produção de biodiesel (CORREIA et al., 2009) ou para integração lavoura pecuária. Dessa maneira, a exploração comercial da cultura é uma importante alternativa para a agricultura irrigada, pois em regiões onde os níveis pluviais são irregulares pode-se obter uma colheita economicamente rentável (SILVA e RAO, 2006). O período de estiagem durante os anos de 2013/14 causou dificuldades para os produtores de amendoim, pois a limitação ou fornecimento irregular da água às plantas acarretaram queda na produtividade e na qualidade dos grãos. Nesse sentido, o uso de bioestimulantes naturais como o extrato solúvel de algas marinhas (ESA) e a associação simbiótica com fungos micorrízicos está cada vez mais se difundindo na agricultura, pois podem estimular o crescimento e o desenvolvimento do vegetal, além de induzir tolerância a diversos estresses bióticos e abióticos. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento das plantas de amendoim submetidos à diferentes níveis de deficiência hídrica (DH) e a relação do impacto da DH com a inoculação dos FMAs e aplicação do ESA sobre parâmetros de crescimento e produção. 54
2 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Química e Bioquímica do IB - UNESP, Campus de Botucatu-SP, em estufa agrícola. Utilizou-se plantas de amendoim do cultivar IAC- Tatu que foram submetidas a dois níveis hídricos: capacidade de campo, CC- 100% necessidade hídrica da cultura e deficiência severa DH SEV - 45% necessidade hídrica da cultura com e sem inoculação com micorriza (+FMAs/ - FMAs) e com e sem aplicação de extrato de algas (Ascophyllum nodosum) (+ESA/ - ESA). A adição do ESA deu-se através do produto comercial Acadian conforme recomendação do fabricante e as aplicações iniciaram aos 30 dias após o plantio (DAE) correspondente ao estádio pré florescimento das plantas e as subsequentes foram realizadas semanalmente até o início da senescência das plantas (90 DAE). Para os tratamentos que tiveram a presença dos FMAS foram inoculados uma mescla de 2 isolados, IAC 5 (Glomus intraradicis) e IAC 44 (Glomus etunicatum), fornecidas pelo IAC Instituto Agronômico de Campinas, onde o procedimento de inoculação dos FMAs foi em solo não estéril aplicando-se 100g do inócuo por vaso e no mesmo instante da semeadura junto a cova. Avaliou-se parâmetros biométricos através da massa seca total das plantas, as relações hídricas através do CRA (conteúdo relativo de água) e potencial hídrico foliar além dos índices de produção pelo número de vagens por planta e número de grãos por vagem em função dos tratamentos. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso em esquema fatorial 2x2x2 e as variáveis foram avaliadas pela ANOVA, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% e 1% de significância, utilizando o programa estatístico ASSISTAT 7.6. RESULTADOS E DISCUSSÃO A biomassa seca total (Tabela 1) apontaram nas plantas hidratadas (CC) inoculadas com FMAs e quando aplicado o ESA, os melhores resultados. A presença desses fatores mostrou-se positivo, pois levaram as plantas à promoção de crescimento em condições de (CC) e a preservarem o funcionamento do metabolismo vegetal quando diminui-se o teor de água no solo (DH SEV). As associações dos FMAs promoveram melhorias no crescimento e desenvolvimento das plantas sob condições de baixa umidade, possivelmente por aumentarem as respostas das plantas a DH, podendo induzir compostos relacionados à tolerância das plantas ao estresse hídrico. Tais compostos, como a prolina e betaínas, também podem ser encontrados na composição do ESA (MACKINNON et al., 2009), assim como substâncias 55
3 promotoras de crescimento, aminoácidos e vitaminas (KHAN et al., 2009; SHARMA et al. 2010). Tabela 1. Valores médios de massa seca total de plantas de amendoim cv. Tatu sob efeito da aplicação do ESA e inoculação dos FMAs. TRATAMENTOS Massa Seca total planta (g) CRA (%) +ESA - ESA +ESA - ESA CC +FMAs aa ab 85.7 aa 77.6 ab CC -FMAs ba bb 58.6 ba 46.0 bb DH SEV +FMAs cb cb 51.9 ca 40.8 cb DH SEV -FMAs ca cb 38.9 da 33.3 db scula na coluna e maiúsculas na linha) não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Média s seguid as de letras iguais (minú Almeida et al. (2014) em seu trabalho com porta enxerto de aceroleira, identificou efeito sinérgico entre ESA e FMAs mais evidentes para altura e massa seca da parte aérea. Ao final do período experimental, o ψ foliar não apresentou interação significativa entre os três fatores. Porém, a partir do estabelecimento da DH nas plantas, esse indicador sugeriu melhor manutenção do status hídrico das mesmas quando o ESA fora aplicado e nas plantas micorrizadas. Entretanto, nota-se que as plantas micorrizadas diferem estatisticamente quando aplicado o ESA enquanto as sem FMAs não diferem. Esse resultado pode ser explicado pelo efeito dissipador dos FMAs, que exige açúcares solúveis das folhas (PORCEL e RUIZ-LOZANO, 2004) que potencialmente poderiam ser utilizados para o ajustamento osmótico durante a DH. Assim, plantas micorrizadas sujeitas a DH também apresentaram maior CRA (Tabela 1), pois essa associação modifica as características fisiológicas, principalmente pelo aumento no acúmulo de compostos osmoprotetores, o que faz a espécie tolerar e se desenvolver em condições de limitação de recursos hídricos. Neste trabalho, verificou-se que a inoculação com os FMAs e a aplicação do ESA diferiram significativamente tanto nas plantas hidratadas quando nas submetidas a DH para o parâmetro número de vagens por planta (Tabela 2). 56
4 Tabela 2. Valores médios do potencial hídrico foliar e número de vagens por planta em amendoim cv. Tatu nas interações entre lâmina e FMAs (I), lâminas e ESA (II) e FMAs e ESA (III). I II III TRATAMENTOS Potencial hídrico Kpa Nºvagens.planta -1 +FMAs -FMAs +FMAs - FMAs CC ba ba 10 aa 7 ab DH SEV ab aa 4 ba 3 bb + ESA -ESA + ESA -ESA CC ba ba 11 aa 5 ab DH SEV ab -7.5 aa 4 ba 3 bb + ESA -ESA + ESA -ESA +FMAs bb aa 9 aa 4 ab - FMAs aa aa 6 ba 3 bb Médias seguidas de letras iguais (minúscula na coluna e maiúsculas na linha) não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Já para o número de grãos por vagem, em todos os níveis hídricos independentemente da presença dos FMAs e ESA não houve diferença significativa. Desta forma, a aplicação do ESA pode significar uma influência positiva do biofertilizante, neste ensaio, pois o produto evidenciou os benefícios promovidos pela inoculação dos FMAs e favoreceu os parâmetros avaliados quando aplicado isoladamente. CONCLUSÃO O uso do extrato de alga Ascophyllum nodosum associado à inoculação de fungos micorrízicos para o amendoim, nesse ensaio, proporcionou um incremento da massa seca total e número de vagens por planta demonstrando sinergismo entre os FMAs e o ESA, que contribuiu para que mesmo sob DH as plantas conseguissem desencadear mecanismos e estratégias para limitar a perda de água. REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. P. N. DE et al. Fungo micorrízico arbuscular e extrato de algas no crescimento inicial de porta-enxerto de aceroleira. Revista de Ciências Agrarias - Amazon Journal of Agricultural and Environmental Sciences, v. 57, n. 1, p , BARBOSA, R. M.; HOMEM, B. F. M.; TARSITANO, M. A. A. Custo de produção e lucratividade da cultura do amendoim no município de Jaboticabal, São Paulo. Revista Ceres, v. 61, n. 4, p , ago CORREIA, K. G. et al. Crescimento, produção e características de fluorescência da clorofila a em amendoim sob condições de salinidade. Revista Ciência Agronômica, v. 40, n. 4, p , SILVA, L. C.; RAO, T. V. Avaliação de métodos para estimativa de coeficientes da cultura de amendoim. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 10, n. 01, p ,
5 PORCEL R, RUIZ-LOZANO JM. Arbuscular mycorrhizal influence on leaf water potential, solute accumulation and oxidative stress in soybean plants subjected to drought stress. Journal of Experimental Botany, v.55, p , KHAN I, AHMAD A, IQBA M. Modulation of antioxidant defence system for arsenic detoxification in Indian mustard. Ecotoxicol Environ Saf. v.72, p , KUMAR A, SHARMA S, MISHRA S. Influence of arbuscular mycorrhizal (AM) fungi and salinity on seedling growth, solute accumulation, and mycorrhizal dependency of Jatropha curcas L. J Plant Growth Regul, v.29, p MACKINNON, S. L. et al. Improved methods of analysis for betaines in Ascophyllum nodosum and its commercial seaweed extracts. Journal of Applied Phycology, v. 22, n. 4, p ,
Profa. Dra. Ana Carolina Firmino Coordenadora do Evento. Prof. Dr. Fábio Erminio Mingatto Presidente da Comissão Permanente de Extensão Universitária
Registrado sob nº 2735/2016 Certificamos que Renata Bruna S. Coscolin apresentou o trabalho intitulado Aplicação de extrato de algas Ascophyllum nodosum e a influência da associação com fungos micorrízicos
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