Nayara VIANA 2. Thiago SABINO 3. Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF

Transcrição

1 Cobertura Fotojornalistíca Projeto Rondon 1 Nayara VIANA 2 Thiago SABINO 3 Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF RESUMO Este trabalho procura informar da ação voluntária durante a Operação Canudos do Projeto Rondon, por meio de 12 (doze) fotos produzidas pela equipe de Cobertura Jornalística do Programa de Extensão da Universidade Católica de Brasília, no início de As fotos além de informar das ações na Operação procuram aproximar o leitor da realidade vivida tanto dos estudantes como de quem os receberam em suas comunidades. O trabalho também trata da experiência fotojornalística que age no equilíbrio da técnica e da variada linguagem fotográfica no campo factual e da sensibilidade humana. PALAVRAS-CHAVE: Foto; Projeto Rondon; fotojornalismo. INTRODUÇÃO A Universidade Católica de Brasília convocou alunos interessados a participar de um processo de preparação em 2012 para a composição de uma equipe para participar no início de 2013, da Cobertura Jornalística da Operação Canudos do Projeto Rondon nos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí. De acordo com o Ministério da Defesa: O Projeto Rondon tem por finalidade levar as Instituições de Ensino Superior e seus estudantes àquelas regiões do Brasil menos favorecidas, dando-lhes a oportunidade de conhecer essas realidades, socializar seus saberes e, na interação com as comunidades, elaborar propostas e criar soluções participativas, de modo a atenuar as deficiências estruturais locais, contribuir para o bem-estar dessas populações, e, simultaneamente, 1 Trabalho submetido ao XX Prêmio Expocom 2013, na Categoria Jornalismo, modalidade Fotografia Jornalística. 2 Aluno líder do grupo e estudante do 6º. Semestre do Curso Comunicação Social, nayaraviananv@gmail.com. 3 Orientadora do Trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília, thiago.sabino@gmail.com. 1

2 consolidar a formação dos universitários como cidadãos. (Concepção Política do Projeto Rondon 4 ). Após avaliação curricular, entrevistas, capacitação e seleção de estudantes, uma equipe de 08 (oito) alunos foi constituída para realizar a cobertura jornalística. Os alunos se dividiram em áreas especificas entre rádio, TV, texto e foto. O trabalho aqui apresentado se direciona para a experiência fotojornalística do grupo durante a Operação Canudos, na intenção de registrar as principais finalidades e propostas do projeto Rondon: conhecimento de novas realidades, socialização do saber, interação com a comunidade, contribuição para o bem-estar da população. O fotojornalismo é uma atividade que usa a fotografia como veiculo de informação. Sua principal finalidade é informar, porém alcança também o poder de analise e de opinião, em vista de que a fotografia mostra, revela, expõe, denuncia. (SOUSA, 2004, p. 13). Como desmembramento do fotojornalismo se encontra a fotografia documental. O fotodocumentalista procura fotografar a forma como o acontecimento afeta as pessoas, enquanto que o fotojornalista mais se atenta à descrição e narração fotográfica do acontecimento em causa. (SOUSA, 2004, p. 12). No entanto, ambas as formas consideras caminham juntas intrinsicamente, possuem conteúdo a informar e carregam sua função histórica. Não porque são iconográficas (ROSSONI, 2004, p 107), mas pelo que revelam sobre a condição social de um grupo em uma determinada época. Em todo o caso, fazer fotojornalismo é fazer fotodocumentalismo, e no essencial, o mesmo que contar uma história em imagens. OBEJETIVO A fotografia é uma das melhores ferramentas [...] para verificar a verossimilhança entre os discursos e a realidade. (DUBOIS, 1990, p. 27). O fotojornalismo se utiliza dela como ferramenta para trabalhar, porém, para se produzir tal verificação entre discurso e realidade, se exige sempre algum estudo da situação e dos sujeitos envolvidos na cena. Nesse sentido, o trabalho direcionou-se para exibir situações vividas durante a Operação 4 Disponível em < Acesso em 18 abril

3 Canudos, tanto no sentido de mostrar a lado de reação dos estudantes evolvidos e suas propostas, quanto da comunidade que participava. JUSTIFICATIVA Foram visitados 15 (quinze) municípios nos 17 (dezessete) dias de Operação. O cenário das ações do Projeto Rondon, eram variados conforme o momento em que se visitava o município no dia, assim como região e perfil da população. Cada local possuía seu cronograma que, porém, em sua maioria era alterado e adaptado a cada momento. Havia também momentos de descanso e planejamento dos universitários - chamados rondonistas. Desta forma, as fotografias dialogaram com diversos instantes, mostrando que as ações vão além do momento em que ocorriam palestras, oficinas e os cursos. A socialização dos rondonistas entre si e com a população local também é parte do Projeto. Portanto, a cobertura fazia-se em tempo real, observando o ambiente e interagindo com todos. Logo, condizendo com o papel do fotojornalista de raramente saber o que lhe espera e em que condições irá trabalhar. E para dialogar com o cenário, o trabalho fotojornalístico exige certas habilidades que vão além da técnica necessária para o manuseio dos equipamentos. Sousa (2002, p.9) descreve algumas dessas habilidades: Sensibilidade, capacidade de avaliar as situações e de pensar na melhor forma de fotografar, tinto, rapidez de reflexos e curiosidade são traços pessoais que qualquer fotojornalista deve possuir, independentemente do tipo de fotografia pelo qual enverede.. As fotos selecionadas da experiência Fotojornalística na Operação Canudos exploram esse equilíbrio técnico e essa sensibilidade humana, carregando não tão somente a informação, mas também sutilmente em sua construção da informação a presença de percepção do fotojornalista. As fotografias jornalísticas são como artefatos de génese pessoal, social, cultural, ideológica e tecnológica. (Schudson, 1995, 31). MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS 3

4 Durante toda a cobertura fotojornalística utilizou-se uma câmera Canon EOS Rebel T3i com duas diferentes lentes: uma mm e uma grande angular 14mm. Quando em ambientes com pouca luz ou noturnos, fazia-se uso do flash. Porém, em maior parte as fotos eram realizadas com luz natural, mesmo quando em ambientes fechados, evitando-se utilizar o flash, para manter um contato sempre discreto e interferir minimamente nas ações. Pois além da câmera já ser um objeto não muito familiar ou ser chamativo nas regiões visitadas, não somente podiam despertar curiosidade, mas corria o risco também de intimidar ou tirar a atenção e foco do que realmente estavam ali fazendo. Quando permitido um momento de interação maior com todos e feito da presença do fotógrafo uma peça parte de todo o cenário, já não se tem mais a preocupação de intimidar e se faz uso do equipamento sem maiores preocupações bem como se subir em cadeiras, escadas, deitar-se no chão ou interagir diretamente com as pessoas correndo, conversando ou brincando. A lente mm era ideal em sua adaptação básica de qualquer momento: detalhes, retrato, situações dinâmicas. A grande angular 14mm era mais utilizada ao se fotografar grupos ou ambientes fechados inteiros. Em todo o momento a câmera foi utilizada no modo manual, manipulando em cada situação de interesse seu ISO, velocidade e abertura. Prevendo a possibilidade de grandes impressões, as fotos foram tiradas em JPG+RAW, porém o ISO e demais preocupações técnicas na realização das fotos foram secundárias à sua intenção de informação, mas sem a deixar de lado e mantendo a preocupação de não se perder o domínio de registro. A composição das fotos exige aspiração para tal função bem como técnica fotográfica, necessária para rápido se adaptar aos momentos sem se utilizar muito tempo para raciocinar as configurações e perder a essência das expressões. Mas a técnica quando se procura fazer fotojornalismo não se considera a mais importante, mas o faro do fotojornalista no registro. A concentração de se olhar a cena e viver a cena como fotógrafo é não tão somente resultado de exercícios, mas também de paixão pelo que se faz. Uma fotografia é para mim o reconhecimento simultâneo, numa fração de segundos, por um lado, da significação de um fato, e por outro, de uma organização rigorosa das formas percebidas visualmente que exprimem este fato. É vivendo que nós nos descobrimos; ao mesmo tempo que descobrimos o mundo exterior, ele nos forma, mas nós também podemos 4

5 agir sobre ele. Deve-se estabelecer um equilíbrio entre esses dois mundos, o interior e o exterior, que num diálogo constante formam apenas um, e é este mundo que precisamos comunicar. (BRESSON, 2004, p.29) As 12 (doze) fotografias procuram resumir essa interação do mundo exterior e o que foi percebido visualmente, com diferentes ações realizadas, desde com crianças, adultos e idosos, com rondonistas aplicando seus conhecimentos de diferentes áreas, como medicina, agricultura, educação física, pedagogia ou mesmo assimilando conhecimento social e cultural das comunidades. Era o conhecimento acadêmico dos rondonistas sendo aplicado, bem como conhecimento cultural e regional assimilado e histórias que geraram lições de vida. CONSIDERAÇÕES Não somente os rondonistas durante a Operação tiveram a oportunidade de se envolver e aprender com as realidades de cada comunidade. Por mais breve os momentos permitidos de se participar, muito se aprendeu sobre respeito e escolha de estilo de vida fotografando nos municípios. Foram regiões que sofrem com muitos problemas sociais e também com a seca. A espera da chuva já se fazia 18 (dezoito) meses em alguns locais. Mas a proposta das fotos não é informar do sofrimento, ou impactar por meio dos problemas, mas explorar o trabalho que os universitários realizaram e o quão feliz as pessoas são em suas formas de vida e foram receptivas com os voluntários. A intenção é mostrar que não é somente em suas condições extremas ou cenários de profunda comoção. Que existe beleza fotográfica também existe riqueza nas pessoas, ali no convívio social e conhecimento acadêmico entre universitários de várias regiões do país convivendo entre si aplicado em comunidades pouco favorecidas ou desenvolvidas. As fotos em sua maioria foram tiradas pela aluna Nayara Viana, porém, outros alunos também fotografaram e entre as 12 (doze) fotos escolhidas existe uma de autoria da aluna Fabiana Sousa (rondonista junto ao senhor com uma sanfona). Somente se manipulou brilho e contraste nas fotos e o enquadramento precisou ser alterado com base nas exigências da EXPOCOM em relação aos formatos. A proporção original das fotos é correspondente a 10 x 15 enquanto que a exigida pela EXPOCOM é de 800 x 600 (15 x 20). 5

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARTIER BRESSON, Henri. O imaginário segundo a natureza. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ática, SCHUDSON, Michael (1995) The Power of News. Cambridge: Harvard University Press SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica da fotografia ocidental. Santa Catarina: Letras Contemporâneas, SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Porto