QUALIFICAÇÃO DA SUPERFÍCIE ACABADA EM CINCO ESPÉCIES NATIVAS

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1 XV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 09-11/Mar, 2016, Curitiba, PR, Brasil QUALIFICAÇÃO DA SUPERFÍCIE ACABADA EM CINCO ESPÉCIES NATIVAS 1a Taiane Oliveira Guedes (guedestaiane@gmail.com), 1b Anna Carolina Almeida Andrade (carol_bertges@hotmail.com), 1b Mônica Bezerra de Oliveira (m.bezerradeoliveira@gmail.com), Fernanda Maria Guedes Ramalho 1a (fernanandaguedesrm@hotmail.com), José Reinaldo Moreira Silva 1c (jreinaldoms@gmail.com) 1 Universidade Federal de Lavras Departamento de Ciências Florestais, campus Universitário C.P 3037, CEP , Lavras-MG a Mestranda em Ciência em Tecnologia da Madeira b Doutoranda em Ciência e Tecnologia da Madeira c Professor Departamento de Ciências Florestais RESUMO: O acabamento de superfície é uma importante forma de melhorar a qualidade de da madeira, garantindo maior durabilidade e também melhor estética. O efeito final e sua qualidade se devem ao produto utilizado, forma de aplicação e também da matéria prima utilizada. As espécies nativas possuem estética de interesse para o setor de movelaria e estrutura, sendo bastante procuradas. Este trabalho teve como objetivo qualificar a superfície de cinco espécies nativas. Foram utilizadas madeiras de Cambará (Erisma uncinatum), Óleo Balsamo (Myroxylon balsamum), Cedro rosa (Cedrela spp.), Uxi (Endopleura uchi) e Guajará Cinza (Micropholis venulosa). Os corpos de prova foram aplainados e lixados. Para ensaio de dureza foi utilizada uma caneta TQC Hardness Pen para avaliar a resistência ao risco. No ensaio de brilho usou-se o aparelho Novo-Gloss Trio. A determinação da espessura seca foi determinada com o Ultrassom Positector. Os resultados dos testes mostraram que a madeira de Cedro rosa apresentou o menor desempenho geral nos testes e a madeira de Cambará o melhor. Palavras Chave: Verniz. qualidade, aderência, brilho SURFACE OF QUALIFICATION FINISHED IN FIVE NATIVE SPECIES ABSTRACT: The surface finish is an important way to improve the quality of the wood, ensuring durability and also better aesthetics. The overall effect and quality of the product should be used, as well as form of application of the raw material used. The native species have aesthetic interest to the furniture industry sector and structure, being in high demand. This study aimed to characterize the surface of five native species. Cambara wood were used (Erisma uncinatum), Balsamo oil (Myroxylon balsamum), Cedro rosa (Cedrela spp.), Uxi (Endopleura uchi) and Guajará Gray (Micropholis venulosa). The specimens were flattened and sanded. Hardness test Hardness was used one QFT Pen to evaluate the scratch resistance. In the glow of test used to the Novo-Gloss Trio machine. The determination of film thickness was determined with Ultrasound Positector. Test results showed that wood Cedar Rose had the lowest overall performance in the tests and the wooden Cambará the best. Keywords: Varnish. quality, adhesion, brightness

2 1. INTRODUÇÃO As superfícies de madeira usinada devem passar por acabamento para melhorar sua estética e também para aumentar a durabilidade do produto final madeireiro. O produto que se utiliza, bem como a forma de aplicação são fatores que definem a qualidade do revestimento. No mercado encontramos hoje diversos produtos para acabamentos adequados para a madeira e que devem ser escolhidos de acordo com a finalidade de uso da peça e o ambiente que será exposta. O preparo da superfície e do material utilizado são importantes para que o resultado seja satisfatório. O verniz é um produto de acabamento de poro fechado da madeira que cria uma película de proteção espessa. Além do produto, o resultado final também depende da qualidade da superfície usinada, que deve apresentar baixa rugosidade, poucos defeitos e estar limpa. O filme de acabamento (seladores, tintas e verniz) ressalta defeitos e por isso é necessário que seja feita uma adequada preparação da superfície antes da aplicação (WATAI, 1995). Dentre as técnicas de preparo de superfícies o lixamento é a prática mais importante para preparar a superfície (WATAI, 1995). As espécies nativas, ainda são as mais procuradas para a indústria de estrutura e moveis de madeira, seja por suas caracteristicas físicas e mecânicas ou pela grande diversidade estética. As caraterísticas físicas, anatômicas, químicas e organolépticas de cada madeira tornam cada espécie tão distinta, permitindo as várias possibilidades de uso. A madeira de cedro rosa deste trabalho apresenta durabilidade moderada ao ataque de organismos xilófagos (fungos e insetos) e fácil trabalhabilidade (aplainar, serrar, lixar, furar, pregar) e fácil secagem (IPT, 1983) densidade básica de 440 kg/m 3 (JANKOWSKY, 1990). O Cambará apresenta baixa durabilidade ao ataque de insetos organismos xilófagos, o cambará é de fácil trabalhabilidade mas apresenta superfície ruim de acabamento (IBAMA, 1997) a densidade básica é de 480 kg/m 3 (JANKOWSKY, 1990). O Óleo Balsamo tem alta resistência a fungos (IPT, 1989) e alta resistência a insetos xilófagos essa característica acentuada se deve a presença de óleo-resina em sua estrutura. É uma madeira difícil de ser trabalhada por ser bastante dura. A densidade básica é de 780 kg/m 3 (JANKOWSKY, 1990). O Uxi tem trabalhabilidade regular nas operações de lixamento, aplainamento e torneamento. Sua secagem em estufa é muito rápida. Apresenta densidade básica de 780 kg/m 3. O Guajará Cinza é uma madeira fácil de ser trabalhada e tem bom acabamento (IBAMA, 1997). Apresenta densidade básica de 670 kg/m 3. Essas espécies já são bastante utilizadas no setor de madeira serrada, tanto pelo potencial físico e mecânico como pela estética. O objetivo deste trabalho foi verificar a qualidade de acabamento da superfície envernizada de diferentes espécies nativas. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Preparo do material Foram utilizados cinco espécies de madeira nativa: Cambará (Erisma uncinatum), Óleo Balsamo (Myroxylon balsamum), Cedro rosa (Cedrela spp.), Uxi (Endopleura uchi) e Guajará Cinza (Micropholis venulosa). Para cada espécie foi produzido um corpo de prova de 30 x 15 x 8 cm (C x L x E). Os corpos de prova foram lixados paralelamente a grã com lixas de granulometria , ou seja, começando pela mais grossa, de forma continua e homogênea ao longo do corpo de prova. Os corpos de prova foram limpos para retirada de todos os resíduos. Com o uso de um pincel foi passada a primeira camada de verniz Fig.1 em todos os corpos de prova. Após 24h foi dada a segunda camada Fig 2.

3 Figura 1. Primeira camada de verniz Figura 2. Segunda camada de verniz Após aplicação das camadas de verniz esperou-se a secagem total da superfície foram realizados os ensaios de qualificação da película acabada e seca. 2.2 Teste de aderência Este ensaio foi feito de acordo com a norma ABNTNBR 11003/ 1990, por meio do método de corte em formato de X, sendo avaliado se houve descamação do verniz na intersecção e ao longo do comprimento do X. Com um estilete e um gabarito foi traçado o formato de um X com três repetições em cada corpo de prova.

4 Para fazer o destaque da superfície foi utilizada uma fita de polipropileno da Adere Produtos Auto-Adesivos de 25 mm de largura e adesividade de 32 g/mm. As avaliações são feitas com base na tabela de classificação normatizada Tab 1. Tabela 1. Códigos utilizados para a classificação dos cortes e respectivos significados Código X 0 X 1 X 2 X 3 X 4 Código Y 0 Y 1 Y 2 Y 3 Y 4 Destacamento ao longo das incisões Nenhum destacamento até 1 mm ao longo das incisões Destacamento até 1 mm ao longo das incisões Destacamento até 2 mm ao longo das incisões Destacamento até 3 mm ao longo das incisões Destacamento acima de 3 mm ao longo das incisões Destacamento na intersecção Nenhum destacamento na intersecção Destacamento até 2 mm em um ou em ambos os lados na intersecção Destacamento até 4 mm em um ou em ambos os lados na intersecção Destacamento até 6 mm em um ou em ambos os lados na intersecção Destacamento acima de 6 mm em um ou em ambos os lados na intersecção 2.3 Teste de dureza Neste teste é avaliado a resistência de materiais ao risco. Foi utilizada a caneta TQC Hardness Pen para a coleta de dados. A caneta foi pressionada de forma perpendicular à superfície das amostras envernizadas e arrastada a uma pressão constante. Foram testadas diferentes pressões conforme as trocas de molas que acompanham a caneta até que houvesse arranchamento da película de verniz Fig 3. Figura 3. caneta TQC Hardness Pen (Andrade et al. 2012) 2.4 Teste de espessura da camada seca O teste de espessura da camada seca foi feito por meio do Ultrassom Positector, espalhou-se gel sobre três pontos do corpo de prova e posicionou-se o sensor sobre o gel para obter a leitura. Para cada amostra foram feitas três leituras e calculado a média Fig 4.

5 Figura 4. Ultrassom Positector, (Andrade et al. 2012) 2.5 Teste de brilho O brilho foi testado com o Novo Gloss Trio, que é um aparelho com leituras em diferentes ângulos (20o,60o,85o) indicadas para superfícies de alto, médio e baixo brilho, respectivamente. O Novo Gloss Trio mede o percentual refletido da luz incidente na superfície Fig 5. Figura 5. Novo Gloss Trio (Andrade et al. 2012) 2.6 Estátistica Usou-se um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e três repetições para os ensaios de dureza, brilho, aderência e espessura da camada seca. Após a análise de variância, foi realizado o teste de média Tukey, a 5% de significância. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6 3.1 Aderência As espécies Cambará e Óleo Balsamo apresentaram destacamento de até 1mm ao longo das incisões enquanto o Uxi, Guajará e Cedro rosa não tiveram nenhuma destacamento das incisões. Levando em consideração o destacamento na intersecção Cambará, Óleo Balsamo e Cedro Rosa não tiveram destacamento na intersecção e Uxi e Guajará Cinza tiveram destacamento de 2 mm Tab 2. De forma geral as espécies apresentaram boa aderência do verniz, em destaque ao Cedro que não apresentou destacamento algum, ou seja o verniz aderiu bem a sua superfície. Tabela 2. Médias de destacamento Madeiras Médias Cambará X 1 Y 0 Óleo balsamo X 1 Y 0 Cedro rosa X 0 Y 0 Uxi X 0 Y 2 Guajará cinza X 0 Y Dureza A tabela 3 apresenta os valores médios e a comparação múltipla das médias de dureza da película acabada dos diferentes tipos de vernizes. O Cambará e Cedro rosa tiveram a mesma dureza sendo as mais altas dentre as cinco. O Uxi apresentou menor dureza. Enquanto o Óleo Balsamo e o Guajará tiveram valores médios. Médias seguidas com a mesma letra são consideradas semelhantes estatisticamente. Tabela 3. Médias de durezas Espécies Cambará Óleo balsamo Cedro rosa Uxi Guajará cinza Médias de durezas (g) 1000 a 450 b 1000 a 350 c 550 d 3.3 Espessura da camada seca Na Tabela 3 estão os valores médios de espessura de camada seca do verniz para cada espécie. A espécie Óleo Balsamo apresentou maior espessura da camada seca enquanto o Cedro e Uxi tiveram os menores valores. Médias seguidas com a mesma letra são consideradas semelhantes estatisticamente. Tabela 3. Médias de Espessura da camada seca Espécies Cambará Óleo balsamo Cedro rosa Uxi Guajará cinza Espessura da camada seca (μm) 57 a 64 b 32 c 34 c 56 a

7 3.4 Brilho Para o parâmetro brilho houve diferença significativa entre as espécies exceto o Óleo Balsamo e Guajará cinza que apresentaram o mesmo valor de brilho estatísticamente. A espécie com maior valor de brilho foi o Uxi e o menor valor foi apresentado pelo Cedro Rosa. Médias seguidas com a mesma letra são consideradas semelhantes estatisticamente. Tabela 3. Médias de brilho Espécies Cambará Óleo balsamo Cedro rosa Uxi Guajará cinza Brilho 59,6 a 63,1 b 24,7 c 82,1 d 65,2 b 4. CONCLUSÕES As espécies nativas testadas apresentaram variações quanto a qualidade final de sua superfície. A madeira de Cedro rosa comparada com as outras teve a pior qualidade de superfície apresentando os menores valores de brilho, aderência e espessura da camada seca. O Cambará possui a melhor qualidade final de superficie considerando seu bom desempenho em todos os testes. O Óleo Balsamo valor superior quando comparado com as outras espécies para o teste de espessura da camada seca. O Cedro apresentou resultados baixos para maior parte dos testes, exceto dureza. A madeira de Uxi teve altos valores nos testes de brilho e aderência mas valores baixos quanto dureza e espessura da camada seca. O Guajará teve alto valor para aderência, valor baixo para dureza e médios para espessura de camada seca e brilho. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro ao trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, ABNT, NBR 7190 Projeto de estruturas de madeira, Rio de Janeiro, 1997, 107 p. JANKOWSKY, I. P. (COORD.) Madeiras Brasileiras. Caxias do Sul: Spectrum, vol p. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA Madeiras Tropicais Brasileiras. Brasília: IBAMA-LPF, 1997a. 152p. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT Manual de identificação das principais madeiras comerciais brasileiras. São Paulo: IPT, p. (publicação IPT No 1226).

8 SENAI. Acabador de móveis. Ubá: CFP/JAGS, p. WATAI, L. T. Tecnologia básica em acabamentos de madeiras. Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT, São Paulo, 1995, 103p. 7. NOTA DE RESPONSABILIDADE Os autores são os únicos responsáveis pelo que está contido neste trabalho.