Palavras-chave: bioprospecção, fitoterápicos, pecuária, plantas medicinais.

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1 Perspectivas da Fitoterapia Veterinária: Plantas Potenciais na Terapia dos Animais de Produção Prospects of Veterinary Herbal Medicine: Plants Potential in Animal Production Therapy MENDONÇA, Valéria Melo 1 ; SANTOS; Any Jaqueline dos 2 ; NASCIMENTO, Irinéia Rosa do 3 ; OLIVEIRA; OLIVEIRA, Maria Augusta Santos 4 ; ROCHA, Salatiel de Souza 5 ; CABRAL, Ezequiel Santos 6. 1,2,3,4,5,6 Instituto Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, vmm.se@hotmail.com Resumo: A fitoterapia é uma das terapias que mais cresce ultimamente, por ser uma alternativa importante no controle biológico e na redução dos impactos econômicos e ambientais. A ascensão da fitoterapia veterinária no setor pecuário está associada aos menores riscos à saúde humana e a segurança alimentar, à saúde do animal e a do meio ambiente, pois, estes produtos são biodegradáveis com baixa ou nenhuma toxicidade aos mamíferos. Visando identificar as principais plantas potenciais para elaboração de fitoterápicos, e suas indicações terapêuticas para os sistemas de produção animal foi realizada uma revisão bibliográfica utilizando-se a base de dados do Portal de periódicos CAPES. Verificou-se a existência de espécies potenciais para diversos fins, tais como, antiparasitário, cicatrizante, antimicrobiano, repelente, entre outros. Estes resultados ratificam que este ramo farmacêutico pode ser promissor, favorecendo a redução dos custos de produção, a conservação das espécies, a redução dos gases do efeito estufa e a segurança alimentar. Palavras-chave: bioprospecção, fitoterápicos, pecuária, plantas medicinais. Abstract: Herbal medicine is one of the fastest growing lately, to be an important alternative for biological control and reducing the economic and environmental impacts therapies. The rise of veterinary phytotherapy in livestock sector is associated with lower risks to human health and food safety, animal health and the environment as these products are biodegradable with low or no toxicity to mammals. To identify the major potential for development of herbal plants and their therapeutic indications for animal production systems a literature review was performed using the database of the portal periodic CAPES. Verified the existence of potential species for various purposes such as, antiparasitic, healing, antimicrobial, insect repellent, among others. These results confirm that the pharmaceutical industry may be promising to help reduce production costs, species conservation, reduction of greenhouse gases and food security. Keywords: bioprospecting, herbal medicines, livestock, medicinal plants. Introdução A fitoterapia está em ascensão, atualmente, o mercado mundial gira em aproximadamente 22 bilhões de dólares. Ainda existe preconceito com relação aos produtos fitoterápicos, mas mudanças nestes conceitos e a valorização da biodiversidade e sustentabilidade propiciaram sua ascensão no mercado (SILVA, 2009). Acredita-se que a fitoterapia não possui qualquer desvantagem, o problema 1

2 realmente é a falta de pesquisas desenvolvidas nesta área para comprovar a sua viabilidade, e isto acaba por dificultar o seu uso, e apesar de muitos conhecerem os fitoterápicos, poucos são os que já utilizam de forma integrada ao manejo de animais de produção (ALMEIDA et al., 2006). A fitoterapia evidencia-se devido aos valiosos ensinamentos das gerações passadas, e no futuro o tratamento de animais poderá substituir ou reduzir a utilização dos fármacos sintéticos, possibilitando a existência de um meio ambiente em equilíbrio (LIMA et al., 2012). O uso frequente dos quimioterápicos propicia o desenvolvimento de resistência aos produtos, além de promover danos aos animais parasitados e ao homem, que consome os produtos de origem animal (OLIVO et al., 2008). Em decorrência a utilização de agrotóxicos e quimioterápicos precisamos descobrir e desenvolver novos tipos de agentes de controle mais seletivos e menos agressivos ao homem e ambiente. As plantas são ricas em substâncias bioativas, e já estão sendo introduzidas nas propriedades agrícolas como forma alternativa no controle de pragas e parasitos, muitas delas são biodegradáveis apresentando baixa ou nenhuma toxicidade (CORRÊA e SALGADO, 2011). Esta prática permite a redução de custos e a inserção do pequeno produtor no mercado, e é uma ação agroecológica porque pode propiciar a preservação e conservação das espécies, o reflorestamento, a recuperação do solo, o equilíbrio dos ecossistemas, o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar. Diante a importância da fitoterapia e da escassez de pesquisas na área da medicina veterinária, torna-se necessário identificar as principais plantas potenciais para elaboração de fitoterápicos, e suas indicações terapêuticas para os sistemas de produção animal afim de analisar a sua importância e inserção no mercado. Metodologia Pesquisa realizada por meio de revisão bibliográfica, descritiva e qualitativa, que analisou artigos, tese e dissertações num período de até 10 anos antecedentes, o levantamento foi feito de julho a setembro de O intuito é analisar estudos inovadores enfocando pesquisas experimentais e de resgate sociocultural que credenciem e promovam a formulação de novos fitoterápicos veterinários. A partir do levantamento das publicações recentes sobre o uso da biodiversidade vegetal é possível identificar espécies potenciais, de uso e eficácia comprovada cientificamente para fundamentar os ensaios clínicos experimentais e os possíveis registros de patentes, neste trabalho a área farmacológica foi direcionada a sistemas e manejo agroecológico voltados a terapia de animais de produção (aves, suínos e ruminantes). O levantamento foi obtido através de trabalhos publicados na base do Portal de Periódicos da CAPES/MEC, utilizando como filtro as expressões fitoterapia, plantas medicinais veterinárias, fitoterápicos veterinários, fitoterapia na produção animal, tais palavras serviram de base para ampliar o espectro de publicações na área. Em seguida, selecionados por relevância ao objetivo da 2

3 pesquisa, resenhados e indexados nos seguintes parâmetros espécie, nome popular, parte utilizada e indicação terapêutica. Resultados e discussões Registrou-se as seguintes espécies utilizadas como fitoterápicos na terapia de animais de produção, Alho, Babosa, Cajueiro, Pereiro, Nim, Mastruz, Limão, Jerimum, Citronela, Hortelã, Melão de São Caetano, Aroeira, Batata de purga, Boldo, Goiabeira, Gengibre e Juazeiro (Tabela 1). Destaca-se o uso destas no tratamento de ruminantes (caprinos, ovinos e bovinos), aves e suínos. Quanto a parte da planta mais utilizada destaca-se a folha, corroborando com Alves et al. (2008), mas o caule e as sementes também são muito utilizados. As indicações terapêuticas mais relatadas foram antiparasitárias (ectoparasitas e endoparasitas), cicatrizante, antimicrobianas, repelente, antitérmica, anti-inflamatória, antidiarreica, anti-emética, antiespasmódica, constipações e retenção de placenta. O efeito vermífugo é o que mais aparece entre as espécies estudadas, as plantas de uso antiparasitário anti-helmíntico foram alho, babosa, jerimum, melão de São Caetano e batata de purga. Filho (2014) relata que os produtores rurais utilizavam as folhas do melão de São Caetano, batata de purga (O. hamiltoni) e as sementes de jerimum (C. pepo) no tratamento de helmintoses gastrintestinais de caprinos e ovinos. Já Marinho et al. (2007), em um levantamento etnoveterinário registra a utilização da babosa, jerimum e da batata de purga como anti-helmínticos. Quanto aos ectoparasitas, os biocarrapaticidas estão em destaque, em geral referem-se ao combate do Boophilus microplus. Nesta prospecção, os fitoterápicos carrapaticidas mais encontrados foram Citronela, Babosa e Pereiro. Pesquisas realizadas por Olivo et al. (2008) em bovinos leiteiros (Holandesa), infestados de carrapatos, as folhas de citronela e o óleo demonstraram elevada ação carrapaticida, tanto em larvas quanto em fêmeas adultas. E ainda, conforme Marinho et al. (2007), as folhas e a polpa da babosa são utilizadas como carrapaticida e anti-pulga e o pereiro também como ectoparasito (Almeida et al.,2006; Marinho et al., 2007). Entre as plantas indicadas para o controle de insetos, repelente animal e de ambiente, estão a Citronela, o Nim, e o Alho. O óleo extraído das folhas, frescas ou parcialmente dessecadas da citronela, é usado como repelente de mosquitos e moscas (OLIVO et al., 2008). Aqueles à base de Nim são utilizados no manejo agroecológico para controlar moscas (fase de pupa), evitando ou reduzindo o uso de produtos químicos no ambiente e no animal, o bulbo do alho também é usado contra picada de insetos (MARINHO et al., 2007). O Cajueiro, foi indicado como antiinflamatório por Marinho (2007) e nos distúrbios da cicatrização por Almeida (2006). E contra as infecções, antimicrobianos de modo geral, as pesquisas recomendam o uso de alho, babosa e hortelã, principalmente, em infecções respiratórias e gastrointestinais. No entanto, a babosa, segundo Lima e colaboradores (2012) pode ser prescrita como anti-inflamatório e imunoestimulante em caso de ferimentos 3

4 tópicos. A hortelã, possui propriedades antiespasmódicas e antibacteriana (LIMA, et al., 2012). Sousa (2008) e Lima et al. (2012), registram a importância do tratamento fitoterápico e comprova efeitos satisfatórios e sem efeito colateral. As plantas utilizadas, em geral, são de origem diversas (plantio, extrativismo, comércio clandestino, entre outros), por isso, aumenta o risco de confundir essas plantas com outras de características semelhantes, como o mesmo tipo de folha, flores, fruto, caules ou raízes, implicando em riscos à saúde ou resultados ineficazes. A formulação dos fitoterápicos é um processo de industrialização das espécies vegetais potenciais, credenciando o uso, evitando contaminações e padronizando a dose e o uso correto para obter efeitos positivos e seguros. O desenvolvimento de fitoterápicos parece ser possível, acessível e promissor para pecuária, visto que já existem empresas veterinárias na área, tais como a Fitovet, Fitoguard, botica animal e Duprat. Tabela 1. Plantas usadas na fitoterapia veterinária de animais de produção (aves, suínos e ruminantes), prospectadas no período de julho a setembro de Nome científico Nome Parte usada Indicação terapêutica popular Allium sativum l. Alho Bulbo Febre, gripe, mastite, repelente, picada de cobra, vermífugo. Aloe vera l. Babosa Seiva das folhas Febre, cicatrizante, sarnicida, vermífugo, carrapaticida, antipulga, retenção de placenta Anacardium occidentale Cajueiro Casca e folhas Inflamação, cicatrização Aspidosperma pirifolium Pereiro Casca Ectoparasitas Azarirachta indica Nim Folhas e sementes Repelente Chenopodium ambrosioides Mastruz Folhas e caule Cicatrizante, endoparasitos infecções, inflamações. Citrus limon Limão Sumo do fruto Inflamações respiratórias Curcubita pepo Jerimum Sementes Vermífugo Cymbopogon nardus l. Citronela Óléo extraído de Repelente de mosquito Rendle) suas folhas Mentha piperita Hortelã Folhas e Gripe, febre, constipação Sumidades florais Momordica charantia Melão de São Sementes Vermífugo Caetano Myracroduon urundeuva Aroeira Folhas Cicatrizante, gastrite Operculina hamiltoni, Batata de purga Tubérculo Vermífugo e sarnicida Operculina macrocarpa, Operculina alata Peumus boldus Boldo Folhas Antiemético, diarreias Psidium guayava Goiabeira Brotos e folhas Diarréias Zingiber officinale Gengibre Raiz Antisséptico, antiespasmódico Zizyphus joazeiro Juazeiro Folhas, entrecasca. Sarnicida, cicatrizante 4

5 Conclusões Há perspectivas de ascensão mercadológica dos fitoterápicos na produção animal, visto que existem algumas plantas potenciais, de uso e eficácia, para elaboração de fitoterápicos. As indicações terapêuticas são as antiparasitárias (ectoparasitas e endoparasitas), a cicatrizante, a antimicrobiana, repelente, antitérmica, antiinflamatória, antidiarreica, anti-emética, antiespasmódica, constipações e retenção de placenta. Referências bibliográficas ALMEIDA, K. de S.; FREITAS, F. L. de C.; PEREIRA, T. F. C. Etnoveterinária: a fitoterapia na visão do futuro Profissional veterinário. Rev. Verde de Desenvolvimento Sustentável, v. 1, p , ALVES, E. O. et al. Levantamento etnobotânico e caracterização de plantas medicinais em fragmentos florestais de Dourados-MS. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 2, p , mar./abr CORRÊA, J.C.R.; SALGADO, H.R.N. Atividade inseticida das plantas e aplicações: revisão. Rev. Bras. de Plantas Medicinais, Botucatu, v.13, p , FILHO, J. S. de M.. O etnoconhecimento das plantas medicinais no município de Catolé do Rocha Paraíba p. Dissertação (Mestrado). Univ. Fed. de Campina Grande. Pombal. Paraíba. LIMA, R. P. et al. Emprego de plantas medicinais em animais de companhia e de produção da zona rural do município de Juru-PB. BioFar Rev. de Biologia e Farmácia, V.08, p.85-92, MARINHO, M.L. et al. A utilização de plantas medicinais em medicina veterinária: um resgate do saber popular. Rev. Bras. de Plantas Medicinais, Botucatu, v.9, p.64-69, OLIVO, C. J. et al. Óleo de citronela no controle do carrapato de bovinos. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, p , SILVA, N. T.R. Proposta de um modelo para geração e análise de oportunidades de mercado e tecnologia para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos veterinários p. Dissertação (mestrado) Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Univ. de São Paulo. Ribeirão Preto. SOUSA, F. C. F. et al. Plantas medicinais e seus constituintes bioativos: Uma revisão da bioatividade e potenciais benefícios nos distúrbios da ansiedade em modelos animais. Rev. Bras. de Farmacognosia, v.18(4), p ,