INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - CONCURSO DE ADMISSÃO - ANO LETIVO DE 2016/2017 2ª FASE
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- Pedro Lucas Gusmão de Caminha
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1 Candidato Nº INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - CONCURSO DE ADMISSÃO - ANO LETIVO DE 2016/2017 2ª FASE Nome 8.º ANO PROVA DE PORTUGUÊS (Duração da prova: 50 minutos) Classificação: ( ) pontos O Professor Corretor O Presidente do Júri Nº CONVENCIONAL Nº CONVENCIONAL Lê, com atenção, o texto seguinte, que é o início de um conto literário. A estrela Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez a viesse a dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia- -lhe ficar bem, no cabelo. De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama como todos os dias, a mãe levou a luz, mas ele não dormiu. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que pai e mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para a rua. A janela era baixa. Mas mesmo que não fosse. Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras quando era o tempo dos ninhos, para ver os ovos ou aqueles bichos pelados, bem feios, com o bico enorme, muito aberto. E se não era o tempo dos ninhos, andava à solta pela serra, saltava os barrancos, jogava mesmo, quando preciso, à porrada como um homem. Assim que se viu na rua, desatou a correr pela aldeia fora até à torre, porque o medo vinha a correr também atrás dele. Mas como ia descalço, ele corria mais. A igreja ficava no cimo da aldeia e a aldeia ficava no cimo de um monte. De modo que era tudo a subir. Mas conseguiu e agora estava ali. Olhou a estrela para ganhar coragem, ela brilhava, muito quieta, como se estivesse à sua espera. E de repente lembrou-se: se a porta estivesse fechada? Levantou-se logo, foi ver. A torre era muito alta e tinha uma porta para a rua. Pedro empurrou-a um pouco e viu que estava aberta. Ficou muito admirado, mas depois nem por isso. Ninguém ia roubar os sinos que mesmo eram muito pesados. E quanto às estrelas, se calhar ninguém se lembrava de que era fácil empalmá-las. E tão contente ficou de a porta estar aberta, que só depois se lembrou de a ter ouvido ranger. E então assustou-se. Voltou a experimentar e rangeu outra vez. Rangia pouco, mas o silêncio era muito e parecia por isso que também a porta rangia muito. E teve medo. Reparou mesmo que 1
2 estava a suar e não devia ser da corrida, porque este suor era frio. A porta ficara já deslocada e agora era só encolher-se um pouco e passar. Mas sem tocar na porta, para não ranger. Meteu- -se de lado e entrou. Havia um grande escuro lá dentro. Já calculava isso, mas as coisas são muito diferentes de quando só se calculam. E cheirava lá a ratos, a cera, às coisas velhas que apodrecem na sombra. Como estava escuro, pôs-se a andar às apalpadelas. Mas as pedras frias assustaram-no. Lembravam-lhe mortos ou coisas assim. Já com os pés não se assustava tanto, porque o frio que entrava por aí era só frio da falta de botas. Até que pisou o primeiro degrau e começou a subir. Cheirava mal que se fartava. Mas, à medida que ia subindo, vinha lá de cima um fresco que aclarava o cheiro. À última volta da escada em caracol, olhou ao alto o céu negro, muito liso. Via algumas estrelas, mas eram tudo estrelas velhas e fora de mão. Até que chegou ao campanário e respirou fundo. Aproveitou mesmo para puxar as calças que estavam a cair. Eram dois sinos e uma sineta. E de um dos lados havia só um buraco vazio sem sino nenhum. Agora tinha de subir por uma escadinha estreita que começava ao lado; e depois ainda por uma outra de ferro, ao ar livre, e com o adro lá em baixo. Mas quando chegou à de ferro, não olhou. Deu foi uma olhadela à estrela, que já se via muito bem. Todavia, quando a escada acabou, reparou que lhe não chegava ainda com a mão. Tinha pois de subir o resto de gatas, dobrando e desdobrando as pernas como uma rã. Mesmo no cimo da torre havia uma bola de pedra e enterrado na bola havia um ferro e ao cimo do ferro estava um galo com os quatro pontos cardiais. Pedro segurou-se ao varão e viu que tinha ainda de subir até se pôr mesmo em cima do galo. Subiu devagar, que aquilo tremia muito, e empoleirou-se por fim nos ferros cruzados dos quatro ventos. Vergílio Ferreira, Contos, Bertrand Ed., 1998 A prova é constituída por três grupos. Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. Um dia, à meia-noite, ele viu-a. (l. 1)1. GRUPO I Cotação 1.1. Indica a que ou a quem se referem os pronomes sublinhados. 2. No primeiro parágrafo, o Pedro deseja a estrela, sem saber exatamente o que fazer com ela. Identifica o advérbio que é repetidamente usado e relaciona-o com o estado de espírito da personagem. 2
3 3. Faz um breve retrato de Pedro, a partir das suas atitudes e das informações que o narrador fornece. 4. Ao longo do texto, surgem algumas descrições de sentimentos e lugares/espaços que vão alternando com a narração das ações de Pedro. Relê as linhas 19 a 35. ( A torre era até fora de mão Indica os diferentes sentimentos de Pedro ao longo deste excerto Pedro vai conhecendo o local onde se encontra através de alguns dos seus cinco sentidos. Transcreve exemplos do texto que indicam o tipo de sensações que Pedro experimenta. 5. Este texto é o início de um conto intitulado A estrela. Imagina que te pediam que o encaixasses numa das seguintes antologias: A. Contos fantásticos B. Contos realistas C. Contos policiais 5.1. Indica qual seria a tua opção e justifica-a. 3
4 GRUPO II Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. Indica o processo de formação destas palavras retiradas do texto : a. meia-noite b. descalço: c. escadinha: 2. Reescreve as frases, substituindo os constituintes sublinhados pelas formas adequadas dos pronomes pessoais. a. Um dia, à meia-noite, ele viu a estrela. b. Os ruídos assustaram o garoto. c. Quem teria roubado a estrela? d. Ele não revelou o roubo à mãe. 3. Faz as alterações necessárias às seguintes frases para obter frases complexas. a. O rapaz queria a estrela. Ele gostou do seu brilho. (conjunção subordinativa causal) b. O rapaz quer a estrela. Ele não sabe bem para quê. (conjunção coordenativa adversativa) 4
5 4. Atenta na seguinte frase: «Ficou muito admirado, mas depois nem por isso.. Reescreve a frase, colocando o verbo no: a) pretérito imperfeito do indicativo: b) Futuro do indicativo : c) Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: GRUPO III O texto termina com a seguinte frase: Subiu devagar, que aquilo tremia muito, e empoleirou-se por fim nos ferros cruzados dos quatro ventos. Escreve a continuação da história, num texto correto e bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 220 palavras. 5
6 FIM 6
7 COTAÇÃO DO TESTE PORTUGUÊS Prova de Admissão ao 8.º ano (2.ª fase) 2016/2017 GRUPO I GRUPO II GRUPO III pontos pontos pontos pontos pontos pontos 50 pontos pontos pontos pontos pontos 20 pontos TOTAL: 100 pontos Tema, tipologia e extensão do texto Coerência e pertinência da informação Estrutura e coesão Morfologia e sintaxe Ortografia Repertório vocabular 30 pontos CENÁRIOS DE RESPOSTA DO TESTE ITENS DE RESPOSTA Grupo I Leitura e Escrita 1. Ele refere-se ao protagonista, Pedro a à estrela. 2. O advérbio repetido é talvez e relaciona-se com a curiosidade e incerteza de Pedro. 3. Pedro é uma criança de 7 anos, curiosa e corajosa. Gosta de brincar ao ar livre Pedro sentiu admiração, medo e entusiasmo As sensações são a audição: ter ouvido ranger ; a visão: Reparou e havia um grande escuro ; o tato: sem tocar ; o olfato: cheirava mal Contos fantásticos porque Pedro consegue apanhar uma estrela facto que só pode ser fantasia. COTAÇÕES. 3+2=5. 3+2=5. 6+4= = = = 10 GRUPO II ITENS DE RESPOSTA Grupo I I Gramática COTAÇÕES 1. a)meia-noite: composta por palavras ou morfossintática b) descalço: derivada por prefixação =6. 7
8 c)escadinha: derivada por sufixação 2. a) Um dia, à meia-noite, ele viu-a. b) Os ruídos assustaram-no. c) Quem a teria roubado? d) Ele não lho revelou. 3. a) O rapaz queria a estrela porque. b) O rapaz quer a estrela mas 4.a)Ficava. b)ficará c)tinha ficado =4. 2+2= =6.. Cotação 5% Tema e tipologia GRUPO III 5% Coerência e pertinência do conteúdo 5% Estrutura e coesão 5% Morfologia e Sintaxe 5% Repertório vocabular 5% Total: 30% Itens a avaliar Ortografia (também erros de acentuação e de translineação, bem como o uso indevido de letra minúscula ou de letra maiúscula inicial) Extensão requerida: 140 a 220 palavras. Afasta-se pouco da extensão requerida, produzindo um texto de 116 a 139 ou de 201 a 200 palavras desvalorização de 1 ponto. Afasta-se muito da extensão requerida, produzindo um texto com menos de 116 (mas mais de 46) ou com mais de 225 palavras desvalorização de 2 pontos. Texto com menos de 46 palavras desvalorização total. FATORES DE DESVALORIZAÇÃO NOS TESTES A - FORMA: - Erro ortográfico 0,5% - Erro de sintaxe 1% - Erro de pontuação 0,5% - Erro de acentuação 0,2% - Transcrição sem aspas 0,5% - Resposta formalmente incompleta 0,5% A penalização não deverá ultrapassar 40% do valor total da pergunta. B - CONTEÚDO: O vazio de conteúdo ou fuga aos temas propostos implica a desvalorização total da resposta. Nota: De acordo com os Critérios Gerais de Classificação estabelecidos em Grupo disciplinar de Português. 8
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