PARECER DE AUDITORIA. Prof. Eric Duarte Campos
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- Maria do Mar Fraga de Andrade
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1 PARECER DE AUDITORIA Prof. Eric Duarte Campos
2 Objetivos da aula: O objetivo desta aula é esclarecer sobre o que é o parecer de auditoria e a sua importância como documento final dos trabalhos de auditoria. Além disso, compreender quais são os tipos de pareceres de auditoria existentes e quando se aplicam.
3 O que é o parecer de auditoria? É a opinião manifestada ou declarada pelo auditor em decorrência de seus exames sobre as demonstrações contábeis. Através dele, o auditor informa aos administradores, sócios, investidores e demais interessados nas informações contábeis, de forma clara e objetiva, se concorda ou não com os fatos divulgados, apresentando as respectivas razões.
4 O parecer de auditoria deve expressar de maneira clara e objetiva se as demonstrações contábeis auditadas, em todos os aspectos relevantes, na opinião do auditor, representam adequadamente ou não, consoante as peças orçamentária, patrimonial e financeira; o resultado das operações; as mutações do patrimônio líquido; as variações patrimoniais e as origens e aplicações de recursos.
5 De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, as demonstrações financeiras devem ser apresentadas com os valores do ano imediatamente anterior. Neste caso, o auditor deve emitir seu parecer abrangendo os dois exercícios sociais.
6 Na hipótese dele não ter examinado as demonstrações financeiras do ano anterior (auditadas por outros auditores ou não auditadas), esse fato deverá ser revelado em seu parecer sobre as demonstrações financeiras atuais.
7 O parecer-padrão O parecer representa o produto final do trabalho do auditor. O parecer-padrão ou limpo compreende os seguintes parágrafos:
8 9 Parágrafo referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das responsabilidadesda administração e dos auditores; 9 Parágrafo referente à extensão dos trabalhos; 9 Parágrafo referente à opinião sobre as demonstrações contábeis.
9 O termo parecer énormalmente utilizado no Brasil e recomendado pelo IBRACON. Devem ser evitadas expressões tais como: certificado, atestado, etc.
10 O parecer deve ser dirigido à diretoria, ao conselho de administração ou aos acionistas. Deve-se evitar seu envio a pessoas da companhia.
11 No parecer deve constar a mesma data do término do serviço de auditoriae este deve ser assinado pelo contador responsável. No caso de companhias abertas (S/A), o contador deverá estar registrado na CVM(Comissão de Valores Mobiliários).
12 Cabe ressaltar que, em pareceres de auditoria normalmente encontra-se a palavra adequadamente e nunca a palavra exatamente, haja vista que, a característica dos trabalhos de auditoria é a seleção por amostragem, e não há a verificação de 100% das informações da companhia.
13 Por isso, ao emitir o parecer, o auditor não estará expressando sua opinião sobre as demonstrações financeiras, mas estará avaliando a adequação das demonstrações em relação ao critério estabelecido para sua elaboração, ou seja, as práticas contábeis adotadas no Brasil que compreendem as normas emanadas de:
14 Legislação societária (Lei das S.A. s Lei 6.404/76 e /07), aplicável às demais sociedades; Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, aplicáveis a todas as empresas; CVM (Comissão de Valores Mobiliários) -aplicáveis às companhias abertas;
15 BACEN (Banco Central do Brasil) - aplicáveis às instituições financeiras; Órgãos reguladores, como ANEEL, ANATEL - aplicáveis às companhias sujeitas à fiscalização destas entidades.
16 Para facilitar a análise de interpretação do parecer, sua redação é padronizada e regulamentada pelas Normas Brasileiras de Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, as NBC T 11, NBC T 11 IT 05, e resolução CFC 953/03.
17 Estrutura dos Pareceres de Auditoria Destinatário e data de emissão O parecer é destinado a quem contratou os serviços de auditoria. No caso de companhias abertas, o parecer é destinado aos sócios. Como será publicado juntamente com as demonstrações contábeis, será de livre acesso a toda sociedade.
18 O primeiro parágrafo O primeiro parágrafo do parecer deve identificar as demonstrações financeiras que foram auditadas e a responsabilidade assumida pelo auditor. O texto padronizado pela NBC T 11 (Normas Brasileiras de Contabilidade), alterado pela resolução CFC 953/03, deve ser redigido da seguinte forma:
19 TEXTO PADRONIZADO Examinamos os balanços patrimoniais da empresa ABC, levantados em 31 de dezembro de 201A e de 201B, e as respectivas demonstrações de resultado, das mutações do patrimônio líquido e das demonstrações de fluxo de caixa (DFC, que substituiu a DOAR demonstração de origem e aplicação de recursos grifo nosso), correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborada sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações financeiras.
20 Caso o trabalho de auditoria tenha abrangido apenas um exercício social, deverá ser mencionado que demonstrações de outras datas apresentadas, juntamente com as demonstrações auditadas, foram ou não auditadas por outros auditores.
21 Parágrafo de extensão dos trabalhos Neste parágrafo, o auditor deve mencionar que o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoriae que apesar de ter sido realizado em base de testes, foi efetuado na extensão necessária e suficiente para a conclusão e emissão da opinião. O texto padronizado pela NBC T 11 deve ser redigido no seguinte padrão:
22 TEXTO PADRONIZADO Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgadas; c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
23 Caso tenha havido qualquer limitação no trabalho que possa comprometer a opinião a ser emitida, o auditor deve acrescentar no início do parágrafo a expressão: Exceto pelo mencionado no parágrafo 3º., nossos exames...
24 A limitação da extensão do exame pode ter vários motivos, dentre eles: O não acompanhamento da contagem física dos estoques por parte dos auditores; A não solicitação de confirmação de saldos(circularização); Demonstrações contábeis de controladas ou coligadas não auditadas, representativas de investimentos relevantes na entidade auditada; Registros contábeis inadequados;
25 Parágrafo de ressalva Após o parágrafo sobre a extensão dos trabalhos e antes do parágrafo de opinião, devem ser redigidostantos parágrafos quantas sejam as ressalvasque afetarão a opinião a ser emitida. A ressalva pode ser devido à extensão na execução dos trabalhos, ou por discordância das demonstrações contábeis em relação às práticas contábeis adotadas no Brasil.
26 Ressalva por limitação na extensão dos exames de auditoria A ressalva por limitação na extensão do exame de auditoria deve identificar o procedimento de auditoria que não foi realizado e o efeito da limitação sobre o exame efetuado e as demonstrações contábeis auditadas.
27 Exemplo:Ressalva por limitação devido à época de contratação do serviço de auditoria. Pelo fato de termos sido contratados pela empresa ABC após 31 de dezembro de 201B, não acompanhamos os inventários físicos dos estoques de 31 de dezembro de 201B e de 201A, nem foi possível firmar juízo sobre a existência dos estoques por meio de procedimentos alternativos de auditoria.
28 Todas as ressalvas emitidas deverão ser mencionadas no parágrafo de opinião, conforme apresentado no tópico a seguir:
29 Parágrafo de opinião No parágrafo de opinião, o auditor deve fazer referência às demonstrações contábeis auditadas e expressar sua opinião sobre a adequação ou não destas demonstrações para representar a situação patrimonial e financeira da empresa, de acordo com as práticas contábeis adotadasno Brasil.
30 O parágrafo de opinião também deverá ser emitido de acordo com as normas da NBC T 11. Veja exemplo a seguir:
31 Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam (ou não) adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa ABC em 31 de dezembro de 201A e de 201B, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido, e as origens e aplicações de recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.
32 Tiposde Pareceres de Auditoria Existem basicamente quatro tipos de pareceres de auditoria: Parecer sem ressalvas ou limpo; Parecer com ressalvas; Parecer adverso; Parecer com negativa de opinião ou negativa de parecer.
33 Parecer limpo ou sem ressalvas É emitido quando o auditor aplicou todos os procedimentos de auditoria na extensão que julgou necessário e não encontrou qualquer fato que pudesse influenciar na opinião a ser emitida. Este parecer deve ser emitido também de acordo com a NBC T 11. Veja exemplo a seguir:
34 Parecer limpo ou sem ressalvas Examinamos os balanços patrimoniais da empresa ABC, levantados em 31 de dezembro de 201A e de 201B, e as respectivas demonstrações de resultado, das mutações do patrimônio líquido e das demonstrações de fluxo de caixa (DFC, que substituiu a DOAR demonstração de origem e aplicação de recursos grifo nosso), correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborada sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações financeiras. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgadas; c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa ABC em 31 de dezembro de 200A e de 200B, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido, e as origens e aplicações de recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.
35 Parecer com ressalvas É apresentado quando o auditor conclui que as discordâncias ou restriçõesno escopo de um trabalho não são relevantes a ponto de determinar a emissão de um parecer adverso ou de uma negativa de opinião. É expresso quando o auditor avalia que não pode emitir parecer sem ressalvas, mas que o efeito da discordância ou da restrição de amplitude não é tão significativo que requeira um parecer adverso ou mesmo negativa de opinião.
36 No caso de emissão de um parecer com ressalvas, o parágrafo-padrão da opinião deve ser alterado de forma a deixar clara a natureza da ressalva e seu efeito sobre a situação patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do patrimônio líquido e as demonstrações de fluxo de caixa, se esse efeito puder ser razoavelmente determinado.
37 Outra maneira de esclarecer a natureza da ressalva seria fazer referência, no parágrafo de opinião, a uma nota explicativa ou a outro parágrafo do parecer, que descreva o motivo da ressalva. Normalmente, utilizam-se as expressões exceto e exceção na redação dos pareceres com ressalvas.
38 Parecer adverso É emitido quando o auditor realiza seus exames, mas discorda de forma significativa das demonstrações contábeis apresentadas. Ele deve emitir esse tipo de parecer quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas ou incompletas em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer com ressalva. Neste caso, emite opinião de que as demonstrações não representam, adequadamente, as posições patrimonial e financeira nas datas e períodos indicados. Ao emitir um parecer adverso, ele deve explicitar todas as razões e justificativas necessárias nos parágrafos intermediários, entre o escopo e a opinião. Esse fato ocorre quando o auditor constata que a transação é tão importante que não justifica a simples emissão de um parecer com ressalvas.
39 Parecer com negativa de opinião É aquele em que o auditor deixa de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis por não ter obtido evidência adequada para fundamentá-la, ou em face de uma restrição significativa. Porém, essa negativa não elimina a responsabilidade dele de informar qualquer fato significativo que possa influenciar a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis.
40 São exemplos de limitações impostas pela administração da entidade: Não acompanhamento da contagem física de estoques; Não solicitação de confirmação de saldos e/ou informações diretamente com devedores, credores ou outras fontes externas; Demonstrações contábeis de controladas ou coligadas não auditadas, representativas de investimentos relevantes na entidade auditada; Limitação à aplicação de procedimentos usuais de auditoria que refiram, direta ou indiretamente, a elementos importantes das demonstrações contábeis; Registros contábeis inadequados.
41 São necessárias algumas alterações no parecer com negativa de opinião, a saber:
42 A substituição da sentença Examinamos... por Fomos contratados para auditar as demonstrações contábeis... ; A eliminação da sentença do primeiro parágrafo: Nossa responsabilidade é a de expressar opinião sobre essas demonstrações contábeis ; A eliminação do parágrafo de extensão.
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