Aplicação da Degradação Eletroquímica de Efluentes Composto por Misturas de Fenol - Formaldeído
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- Luiz Guilherme Brandt Mangueira
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1 Aplicação da Degradação Eletroquímica de Efluentes Composto por Misturas de Fenol - Formaldeído A. L. T. Fornazari a, G. R. P. Malpass b, D. W. Miwa c, A. J. Motheo d a. Universidade de São Paulo, São Carlos, ana.fornazari@yahoo.com b. Universidade Federal do ABC, Santo André, geoffroy.malpass@ufabc.edu.br c. Universidade de São Paulo, São Carlos, miwa@iqsc.usp.br d. Universidade de São Paulo, São Carlos, artur@iqsc.usp.br Resumo A técnica de degradação eletroquímica tem obtido grande eficiência para o tratamento de efluentes líquidos, além de ser considerado um método limpo. A indústria de resinas tem como efluente característico uma mistura de fenol e formaldeído. Devido a sua toxicidade, existem restrições em relação à concentração de fenol que pode ser descartada em recursos hídricos. Neste trabalho apresenta-se o estudo da oxidação eletroquímica de soluções contendo misturas de fenol e formaldeído sobre um ânodo dimensionalmente estável (ADE), de composição nominal Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2. Foi investigado durante a eletrólise galvanostática o efeito das diferentes concentrações dos componentes, phs, densidades de corrente e eletrólitos suporte (Na 2 SO 4, NaNO 3 e NaCl). E seus produtos de degradação foram identificados e quantificados pelos métodos de cromatografia líquida de alta eficiência e carbono orgânico total. Palavras-Chave: ânodo dimensionalmente estável, fenol, formaldeído. 1 Introdução 1.1. Poluição ambiental e a oxidação eletroquímica A poluição ambiental pode ser definida como um acúmulo de uma determinada substância fora dos padrões naturais. Uma das maiores preocupações para entidades protetoras do meio ambiente é o destino de efluentes oriundos de processos industriais. A poluição dos recursos hídricos é causa grande preocupação, pois muitos centros populacionais são abastecidos por cursos ou corpos de águas que recebem quantidades consideráveis de efluentes industriais, tratados ou não. Neste sentido, o desenvolvimento de métodos de tratamento para efluentes industriais se faz necessário (Savall, 1995).
2 2 Os efluentes industriais contendo poluentes orgânicos como os solventes clorados e aromáticos, resíduos de pesticidas e fenóis são os mais preocupantes. Esses efluentes devem ser tratados para permitir que a água utilizada no processo de produção possa ser incorporada novamente à fonte de onde foi retirada. A exposição ao formaldeído pode causar em irritação de pele e, em alguns casos, dermatite alérgica de contato. Alguns estudos citados na literatura informam que o formaldeído provoca câncer em roedores, mas em seres humanos isto não é conclusivo. Dessa forma formaldeído é uma substância suspeita de causar câncer, portanto os devidos cuidados devem ser tomados no seu manuseio (Weinheim, 1972). O fenol possui um alto grau de insalubridade, não é classificado como carcinogênico para o homem. O fenol é prontamente absorvido pelas vias cutâneas, digestivas respiratórias, esta última na forma de vapores. Os vapores de fenol são irritantes das vias respiratórias e corrosivos para os tecidos. As resinas fenólicas são produtos da policondensação de fenóis e aldeídos (principalmente o formaldeído). Estas resinas são utilizadas em vários produtos como; resinas para a madeira, fabricação de molduras, autopeças, tintas, adesivos, entre outros (Weinheim, 1972). As resinas fenólicas em si não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente. Por outro lado, o efluente característico deste tipo de indústria tem como principais componentes o fenol e o formaldeído, ambas em baixa concentração. Devido a sua toxicidade, existem restrições em relação à concentração de fenol que pode ser descartada em recursos hídricos (Rajeshwar, 1994). Pela literatura, as soluções de fenol são tradicionalmente tratadas por extração com solvente (por exemplo, o acetato de butila), seguido por tratamento biológico. Outros métodos são; a destilação adsorção e oxidação química com um agente como o peróxido de hidrogênio. Um dos métodos mais empregados no tratamento do formaldeído é pela degradação biológica onde o formaldeído faz a parte de um nutriente para uma espécie específica de bactéria. Outros métodos são; a reação entre H 2 O 2 e NaOH, e o aquecimento do efluente em uma faixa de temperatura de 100 a 300ºC sob uma pressão de 20 a 2500 psi (Murphy, 1989). Processos eletroquímicos vêm sido estudados cada vez mais para o tratamento de efluentes aquosos. Algumas das vantagens do tratamento eletroquímico são: sua facilidade de operação e automação, utilização do elétron como reagente, uso do catalisador na forma de revestimento de eletrodos metálicos e formação de espécies reativas na superfície do eletrodo, fornecendo uma alternativa promissora aos métodos tradicionais (De Angelis, 1998). Alguns trabalhos deste laboratório já foram publicados sobre o estudo de processos eletroquímico, alguns exemplos destes estudos são: o estudo sobre a descolorização de efluentes têxtil real (Malpass, 2008), a oxidação de algumas formas de aldeídos (Malpass 2006 b and Motheo, 2003), degradação do pesticida atrazina (Malpass et al., 2006 a; Malpass, 2007), entre outros Ânodos dimensionalmente estáveis A pesquisa sobre novos materiais eletroquímicos tem sido dirigida à procura de revestimentos relativamente finos e que apresentem: um alto poder catalítico, seletividade e tenha alta resistência mecânica. Entre os vários tipos de eletrodos, os ânodos dimensionalmente estáveis (ADE, patenteado pela Diamond Shamrock Technologies S.A. em Genebra Suiça com o nome de Dimensionally Stable Anodes, DSA ), têm apresentado resultados promissores, pois, são constituídos de um suporte metálico barato, freqüentemente titânio, sobre o qual é depositado, por decomposição térmica, misturas de óxidos (Trasatti, 2000). A forte adesão da mistura de óxidos ao suporte metálico é assegurada pela formação, de uma camada de TiO 2 a partir do Ti metálico, durante
3 3 a calcinação da mistura precursora (Beer, 1972). Os óxidos industriais mais comuns são formados por RuO 2 e TiO 2 (Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2 ) onde o rutênio é o agente catalítico e o titânio fornece a estabilidade mecânica. No Brasil a companhia De Nora Do Brasil Ltda. comercializa eletrodos de duas composições, tradicionalmente, usadas na indústria cloro-álcali e na produção de gases especiais, 70TiO 2 /30RuO 2 e 45IrO 2 /55Ta 2 O 5. Em estudo recente foi observado que fenol pode ser oxidado sobre estes dois materiais com custo aproximado de US$ 6.00 por L de efluente contendo 100 mg/dm 3 C 6 H 5 OH. Isto ainda é distante da economia possível usando sistemas tradicionais de biodegradação, mas indica que a tecnologia eletroquímica e materiais disponíveis comercialmente podem ser usados para tratamento de substâncias como fenol, ou seja, estes resultados indicam que ainda é necessário buscar meios para aumentar a eficiência do processo Mecanismos de eletrooxidação de compostos orgánicos O mecanismo aceito pela comunidade científica para a degradação de orgânico (Comninellis, 1991), ocorre com evolução simultânea de oxigênio sobre um ânodo de metal oxidado (MO x ). Nesta proposta, a água ou a hidroxila em meio básico é descarregada sobre o ânodo para produzir radicais hidroxilas adsorvidos de acordo com a equação 1. MO x + H 2 O MO x ( OH) + H + + e - (1) Onde MO x é o óxido em seu estado normal. Em seguida, o mecanismo depende da natureza do eletrodo. Os radicais hidroxilas adsorvidos podem interagir com vacâncias de oxigênio, presentes no ânodo oxidado, com possível transição do oxigênio do radical hidroxila adsorvido para a estrutura do óxido anódico, formando um óxido superior (MO x+1 ). Os eletrodos que possuem estados de oxidação superiores são chamados de ativos devido a sua interação do radical OH com a superfície do eletrodo. Os ADEs de RuO 2 e IrO 2 são dois exemplos de eletrodos ativos. MO x ( OH) MO (x+1) + H + + e - (2) Na ausência de quaisquer orgânicos oxidáveis, os oxigênios ativos adsorvidos quimicamente, ou fisicamente produzem a geração de gás oxigênio (equações 3 e 4). MO x ( OH) ½ O 2 + H + + MO x + e - (3) MO (x+1) MO x + ½ O 2 (4) Na presença de orgânicos oxidáveis, acredita-se que os radicais hidroxilas poderiam causar uma combustão completa de orgânicos (equação 5) e os oxigênios adsorvidos quimicamente podem participam na formação de produtos de oxidação seletivos (equação 6). Combustão completa: R + MO x ( OH) z CO 2 + z H + + MO x + e - (5) Oxidação seletiva:
4 4 R + MO (x+1) RO + MO x (6) Os objetivos deste trabalho estão em investigar a eficiência do processo de oxidação eletroquímica na diminuição da toxicidade de soluções contendo misturas de fenol e formaldeído, frequentemente encontrados em águas residuais e/ou efluentes residuais. Pretende-se obter a otimização da metodologia de identificação e quantificação dos produtos formados e verificar a eficiência do ânodo dimensionalmente estável com composição nominal Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2 em diferentes correntes anódicas, diferentes phs e eletrólitos suporte. 2 Metodologia experimental 2.1. Cela eletroquímica e equipamentos A Fig. 1 mostra uma representação do arranjo experimental utilizado nos estudos de degradação eletroquímica das soluções contendo as misturas de fenol formaldeído. A cela de compartimento único é de vidro e a tampa constituída de Teflon, com cinco orifícios. O eletrodo de trabalho é um ADE de composição nominal Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2 e área geométrica de 1,8 cm 2. O ADE foi doado pela De Nora do Brasil Ltda. Os dois contra eletrodos são de titânio com área geométrica de 4,0 cm 2. O eletrodo de referência utilizado foi o eletrodo reversível de hidrogênio (ERS). Todas as medidas eletroquímicas (voltametria cíclica e eletrólises galvanostáticas) foram realizadas em um potenciostato/galvanostato SPGSTAT30 acoplado a um Booster (amplificador), ambos AUTOLAB da Eco Chemie. A solução contendo o poluente orgânico foi mantida sob agitação constante Análises A técnica de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) foi utilizada para acompanhar o consumo do material de partida, identificar e monitorar os intermediários e subprodutos formados. As análises por CLAE foram realizadas em um equipamento da Shimadzu contendo um sistema controlador SCL-10A VP, bomba LC-10AT VP, forno CTO-10AS VP e dois detectores acoplados em série, detector UV SPD-10A VP e detector por índice de refração RID-10A. A concentração de fenol foi monitorada utilizando uma coluna de fase reversa (LC-18 Kromasil ), um detector de UV com λ = 254 e 270 nm e o eluente foi metanol/água (40:60, v/v). Para o monitoramento do formaldeído foi utilizado uma coluna HPX-87H (Bio- Rad ), detector de UV em 210 nm e detector por índice de refração e o eluente foi uma solução 0,003 mol dm -3 de H 2 SO 4. Análises de Carbono Orgânico Total (COT) foram realizadas antes e depois de cada eletrólise com o intuito de avaliar a remoção total dos compostos orgânicos presentes. As análises por COT foram realizadas em um equipamento TOC - V CPN da Shimadzu. 2.3 Reagentes Todos os sais utilizados neste estudo (Na 2 SO 4, NaNO 3 e NaCl) e os compostos orgânicos (fenol, formaldeído, metanol) são provenientes da Mallinckrodt e foram
5 5 (a) (b) Fig. 1. (a) Representação esquemática e (b) foto do arranjo experimental utilizado nos estudos degradação eletroquímica das soluções de fenol - formaldeído. usados sem purificação prévia. As concentrações dos diferentes sais foram ajustadas de acordo com que a força iônica se mantivesse constante em todos os experimentos. 3 Resultados e discussões 3.1. Voltametria cíclica Para ambas as soluções orgânicas, os voltamogramas cíclicos exibem picos pouco definidos, atribuídos às transições redox no estado sólido dos pares Ru(II) / Ru(III) e Ru(III) / Ru(IV). A largura desses picos deve-se a grande heterogeneidade nos sítios superficiais (Trasatti, 2000), como pode ser observada na Fig Eletrólises galvanostáticas As primeiras eletrólises galvanostática das misturas de fenol formaldeído foram realizadas com as seguintes concentrações: 4,25x10-4 mol dm -3 de fenol e 6, mol dm- 3 de formaldeído. Foram empregadas quatro densidades de correntes (10, 20, 40 e 50 ma cm- 2 ), com tempo de eletrólise de 2 horas e utilizando 0,1 mol dm -3 Na 2 SO 4 como eletrólito suporte. A literatura mostra um mecanismo o qual o fenol é oxidado a um radical podendo ser, posteriormente, oxidados a quinonas, ou podendo reagir para formar um dímero. Essas unidades de fenóis acopladas possuem um potencial de oxidação menor do que a do fenol isolado, assim, os produtos diméricos são prontamente oxidados a novos radicais. Os radicais fenólicos também podem se oxidar a compostos orgânicos aromáticos, como a benzoquinona e a hidroquinona (Gattrell, 1993). Na oxidação eletroquímica do formaldeído pode-se observar que formação de CO 2 não necessita passar pelo produto principal de degradação (ácido fórmico). Isto se deve as características ativas / não ativas do eletrodo. Quando há a formação direta de CO 2, significa que o mecanismo foi não ativo, enquanto os produtos de
6 6 0,06 (a) fenol 0,04 (b) Formaldeído 0,05 0,03 i / ma 0,04 0,03 0,02 i / ma 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00-0,01-0,01 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 E / V vs. ERH E / V vs. ERH Fig. 2 Resposta voltamétrica do ADE (Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2 ) com 0,1 mol dm -3 Na 2 SO 4. Efeito da variação da concentração de: (a) (--) ausência de orgânicos e ( ) na presença de 3x10-2 mol dm -3 de fenol, e (b) (--) ausência de orgânicos e ( ) na presença de 6,7x10-2 mol dm -3 de formaldeído (v = 50 mv s-1, T = 25 ± 3ºC). degradação seriam formados por um mecanismo ativo (Motheo, 2000) Efeitos das densidades de corrente Nesta parte da pesquisa foi estudado a degradação de soluções mistas de fenol e formaldeído. Para todas as densidades de corrente aplicadas à remoção tanto de formaldeído quanto de fenol obedece a cinética de pseudo 1ª ordem. Observa-se na Fig. 3 que ao aumentar a densidade de corrente de 10 para 40 ma cm -2 a concentração de fenol inicial de 4,25x10-4 mol dm -3 vai para 1,07x10-4 e 9,85x10-6 mol dm -3, respectivamente. E para o formaldeído, com concentração inicial de 6,70x10-2 mol dm -3 decai, aplicando uma densidade de corrente de 10 ma cm -2, para 3,35x10-2 mol dm-3, e com 40 ma cm -2, para 3,00x10-3. As correntes maiores que 40 ma cm -2 ocorre uma maior reação de despreendimento de oxigênio (RDO), não tendo uma aumento considerável do consumo das substâncias orgânicas, além do custo ser menor na corrente de 40 ma cm -2 e ter uma boa eficiência no processo de oxidação eletroquímica (Malpass et al., 2006b). A Tabela 1 mostra valores das analises feita por COT, potencial, constantes cinéticas e energia por ordem (E EO ). Um importante fator no tratamento eletroquímico na remoção de substâncias orgânicas é a energia necessária para remover a substância orgânica. O parâmetro mais utilizado para determinar a eficiência da remoção de fenol e formaldeído das soluções estudadas é a E EO. A E EO pode ser determinada segundo a equação 7. Consumo de energia = 38,4 Vk Pel '1 (7) Onde P el é a força elétrica (kw), V é o volume da cela eletroquímica (m 3 ) e k 1 é a constante da reação de pseudo 1ª ordem (Malpass et al., 2006a). A linearidade dos dados comprova que a oxidação eletroquímica da solução fenol formaldeído segue uma cinética de pseudo 1ª ordem, como pode se observar na Fig. 4.
7 7 (a) (b) [fenol] / mol dm -3 4,0x10-4 3,0x10-4 2,0x10-4 1,0x10-4 0,0 [formaldeído] / mol dm -3 0,075 0,050 0,025 0, tempo de eletrólise / s tempo de eletrólise / s Fig. 3. Variação da concentração de (a) fenol e (b) formaldeído na solução 4,25x10-4 mol dm -3 de fenol com 6, mol dm- 3 de formaldeído em função do tempo de eletrólise para diferentes densidades de correntes anódicas: ( ) 10, ( ) 20, ( ) 40 e ( ) 50 ma cm -2 (Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2, A = 1,8 cm -2, [fenol] i = 4,25x10-4 mol dm -3, [formaldeído] i = 6,7x10-2 mol dm -3. Para condições analíticas vide metodologia experimental. Tabela 1: Dados obtidos durante as eletrólises galvanostáticas da solução de 4,25x10-4 mol dm -3 fenol com 6,70x10-2 mol dm -3 formaldeído (FA) em diferentes densidades de correntes anódicas. j (ma cm 2 ) E cel (V) k fenol (10-4 s -1 ) k FA (s -1 ) E EO fenol (kw h m -3 ordem -1 ) E EO FA (kw h m -3 ordem -1 ) COT removido (%) 10 4,62 1,67 8,90x ,40 56, ,01 3,13 8,56x ,53 123, ,85 5,50 1,84x ,8 154,20 60 O aumento das constantes cinéticas com o aumento da densidade de corrente significa que é possível promover uma maior velocidade de degradação da solução de fenol - formaldeído mesmo sendo a RDO uma reação paralela. Ocorre também o aumento da quantidade de COT removido com o aumento da densidade de corrente, mesmo com correntes mais altas não é possível a mineralização total das substâncias orgânicas devido à formação de subprodutos de difícil degradação (Pelegrino, 2002) Efeito do ph A solução utilizada possui o ph próximo de 5, então nesta etapa do trabalho foi estudada a influência do ph na degradação eletroquímica das substâncias orgânicas. As eletrólises foram realizadas em ph 3, 7, 9 e 12 com a melhor densidade de corrente, 40 ma cm -2. Em phs mais baixos, verificou se um maior valor de remoção de COT, apesar de ter um consumo energético maior do que os ph mais altos, como pode-se observar na Fig.5 e com a Tabela Efeito dos eletrólitos suporte Variou se também o eletrólito suporte para observar a sua influência durante a eletrólise. Foram utilizados NaCl e NaNO 3, mantendo a mesma força iônica.
8 8 ln([fenol]/[fenol] 0 ) (a) ln ([formaldeído] f / [formaldeído] 0 ) (b) tempo de eletrólise / s tempo de eletrólise / s Fig. 4 Determinação da constante de velocidade de degradação da solução 4,25x10-4 mol dm -3 fenol com 6,7x10-2 mol dm- 3 formaldeído em diferentes densidades de correntes, (a) em relação ao fenol e (b) formaldeído : ( ) 10, ( ) 20 e ( ) 40 ma cm -2 (Ti/Ru 0,3 Ti 0,7 O 2, A = 1,8 cm 2. Tabela 2: Dados obtidos durante as eletrólises galvanostáticas da solução de 4,25x10-4 mol dm -3 fenol com 6,70x10-2 mol dm -3 formaldeído (FA) em diferentes phs. ph E cel (V) k fenol (10-4 s -1 ) k FA (s -1 ) E EO fenol (kw h m - 3 ordem -1 ) E EO FA (kw h m -3 ordem -1 ) 3 11,15 4,85 9,30x ,9 63, ,37 2,72 8,27x ,3 133, ,40 3,78 2,63x ,6 159, ,75 3,26 9,30x ,9 50,89 70 COT Removido / g dm % COT Removido ph Fig. 5 Variação da remoção de COT das substâncias orgânicas em função dos diferentes phs das soluções contendo 4,25x10-4 mol dm -3 de fenol com 6,7x10-2 mol dm- 3 de formaldeído. Com a presença de NaCl na solução ocorre a formação de hipoclorito, o que contribuiu para uma melhor eficiência na degradação das substâncias orgânicas (Comninellis, 1995). As principais reações que ocorrem em meio alcalino, na presença de NaCl são a oxidação direta do fenol (Ph) e/ou a oxidação do produto de degradação (O x ) (equação 8). Ph -z e O x -z e produto final (8) Em seguida ocorre a formação do hipoclorito (equação 9).
9 9 Cl - + 2OH - OCl - + H 2 O + 2e - (9) A partir da formação do hipoclorito, pode ocorrer a formação de clorato (ClO 3 - ) ou a oxidação indireta do fenol e/ou do seu produto de degradação (Comninellis, 1995). Na oxidação eletroquímica do fenol com NaCl, os fenóis clorados não foram detectados. Isto ocorre porque a reação entre o fenol e o hipoclorito ocorre perto da superfície do ânodo, e os fenóis clorados são oxidados para ácidos alifáticos (Comninellis, 1995). E após 15 minutos de eletrólise não se pode identificar, por CLAE, o principal produto de degradação do formaldeído (ácido fórmico). Comparando os três eletrólitos suporte utilizados (NaNO 3, NaCl e Na 2 SO 4 ), observase uma maior remoção de COT na degradação com NaNO 3, porém um valor maior de carbono inorgânico Caracterização da superfície do ADE O ADE foi caracterizado pela Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e espectroscopia de Energia Dispersiva de Raio X (EDX). A Fig. 6 mostra micrografias representativas dos ADEs em três diferentes momentos da sua utilização, antes e depois do CD e depois de todas as eletrólises realizadas. As micrografias apresentam uma morfologia aparentemente compacta com microrachaduras discretas e inúmeros grãos, que caracterizam regiões de maior densidade de metais. Os resultados de EDX mostram uma boa concordância com esses três diferentes momentos, o que significa que a composição do ânodo não foi alterada. (a) (b) (c) Fig. 6. Micrografia dos ADEs com ampliação de 5000 vezes; (a) Antes de ser utilizado, (b) após o condicionamento drástico e (c) após as eletrólises. 4 Conclusões A degradação eletroquímica representa uma boa alternativa para o tratamento de efluentes contendo compostos orgânicos. Os resultados mostraram que a remoção eletroquímica das substâncias orgânicas ocorre melhor em 40 ma cm Referências Beer HB US Patent 3. Comninellis Ch., Nerine, A., Anodic oxidation of phenol in the presence of NaCl for wastewater treatment. Jounal of Applied Electrochemistry. 25, Comninellis Ch., Pulgarin, C., Anodic oxidation of phenol for waste water treatment. Jounal of Applied Electrochemistry. 21,
10 10 De Angelis D. F., Bidoia, C.R., Moraes, P.B., Domingos, R., Rocha-Filho, R.C., Eletrólise de resíduos poluidores. I - Efluente de uma indústria liofilizadora de condimentos. Quimica Nova. 21, Gattrell, M., Kirk, D.W., A study of the oxidation of phenol at platinum and preoxidized platinum surfaces. Journal of the Electrochemical Society. 140, Malpass, G.R.P., Miwa, D.W., Machado, S.A.S., Olivi P., Motheo A.J., 2006 a. Oxidation of the pesticide atrazine at DSA (R) electrodes. Journal of Hazardous Materials. 137, Malpass, G.R.P., Motheo, A.J., The galvanostatic oxidation of aldehydes to acids on Ti/Ru0.3Ti0.7O2 electrodes using a filter-press cell. Journal of the Brazilian Chemical Society. 14, Malpass, G.R.P., Neves, R.S., Motheo, A.J., 2006 b. A comparative study of commercial and laboratory-made Ti/Ru 0.3 Ti 0.7 O 2 DSA electrodes: In situ and ex situ surface characterisation and organic oxidation activity. Electrochimica Acta. 52, Malpass, G.R.P., Miwa, D.W., Machado, S.A.S., Motheo, A.J., Photo-assisted electrochemical oxidation of atrazine on a commercial Ti/Ru0.3Ti0.7O2 DSA electrode. Environmental Science and Technology. 41, Malpass, G.R.P., Miwa, D.W., Machado, S.A.S., Motheo, A.J., Decolourisation of real textile waste using electrochemical techniques: Effect of electrode composition. Journal of Hazardous Materials. 156, Motheo, A.J., Gonzales, E.R., Tremiliosi-Filho, G., Olivi, P., Andrade, A.R., Kokoh, B., Léger, J.M., Belgsir, E.M., Lamy, C., The oxidation of formaldehyde on high overvoltage DSA type electrodes. Journal of the Brazilian Chemical Society. 11, Murphy, P.A., Boegall, W.J., Price, M.K., Moody, C.D., A Fentonlike reaction to neutralize formaldehyde waste solutions. Environmental Science and Technology. 23, Pelegrino, R.L., Di Iglia, R.A., Sanches, C.G., Avaca, L.A., Bertazzoli, R., Comparative study of commercial oxide electrodes performance in electrochemical degradation of organics in aqueous solutions. Journal of the Brazilian Chemical Society. 13, Rajeshwar, K., Ibanez, J.G., Swain, G.M., Electrochemistry and the environment. Journal of Apllied Electrochemistry. 24, Savall, A Electrochemical treatment of industrial organic effluents. Chimia. 49, Trasatti, S Electrocatalysis: understanding the success of DSA. Electrochimica Acta. 45, Weinheim Ullmann's Ecyclopedia of industrial chemistry. VHC A 37:
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