UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO Daniel Gomes do Nascimento de Araújo William Douglas de Almeida DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF-TUBE NA UNESP VIRTUAL Bauru 2007

2 1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Departamento de Comunicação Social DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF-TUBE NA UNESP VIRTUAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Daniel Gomes do Nascimento de Araújo e William Douglas de Almeida à Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Bauru, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo, sob a orientação do Professor Doutor Antônio Francisco Magnoni. Bauru Novembro de 2007

3 2 Daniel Gomes do Nascimento de Araújo William Douglas de Almeida DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF-TUBE NA UNESP VIRTUAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Daniel Gomes do Nascimento de Araújo e William Douglas de Almeida à Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Bauru, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo, sob a orientação do Professor Doutor Antônio Francisco Magnoni. Banca Examinadora Prof. Dr. Antônio Francisco Magnoni Prof. Dra. Sandra Regina Turtelli Jornalista Cristina M. Balieiro Data: / /

4 3 DEDICATÓRIA Dedico os esforços de quatro anos de estudos a meus pais e a todos os jovens brasileiros que devido à falta de dinheiro não puderam ingressar ou permanecer no ensino superior. (Daniel Gomes) Dedico este trabalho a meus pais, Augusto e Vanda Marta, aos meus irmãos Leon e César e em especial à Eurípedes Afonso de Almeida, o meu querido tio Borges com quem tanto aprendi nesta existência. (William Douglas) Dedicamos este trabalho a todos aqueles que interagiram e construíram junto conosco a transmissão do Pan pela Web-Rádio Unesp Virtual. (Daniel Gomes, William Douglas)

5 4 AGRADECIMENTOS Daniel Gomes do Nascimento de Araújo Você é precioso para mim, é digno de estima, eu o amo; Não tenha medo, pois eu estou com você (Is 43; 4-5). Dias de solidão e lágrimas em contraste com momentos de alegria; abstinência de vaidades adicionada a muitas horas de estudos. O sonho de ser um jornalista está concretizado e devo essa conquista a muitas pessoas: Deus amigo fiel; e Nossa Senhora Aparecida protetora incondicional; Meus pais, Pedro e Maria Áurea jóias da minha vida; Meus irmãos, Cristiane e Marco Antônio batalhadores do dia a dia brasileiro; Familiares tios, avós e primos essa conquista também é de vocês; A família Coelho e em especial ao senhor Alfredo o melhor amigo que tenho. William Douglas, companheiro de TCC, amigo e meu melhor conselheiro. Amigos de sala, em especial, Paulo, Guilherme e Carlos, colegas de atividades. Pe. Airton Bueno, pe. Wagner Navarro, Vanessa Aparecida, Alessandra Leite e Silvana Marconi amigos que com seu exemplo de fé muito me motivaram nesses quatro anos. Colegas de república, especialmente Rafael Bonfim, amigo que me animou a não desistir no meio da estrada acadêmica. Assessoras domésticas com as quais convivi na república, em especial Lady Daiana. Colegas do Grupo de Jovens Nova Aliança, em especial Denis Dornelas, um amigão! Amigos da Comunidade Católica Bom Pastor em São Paulo Fernanda Miguel obrigado pela paciência e bons conselhos no MSN Messenger Sílvia Ferreira amiga para as horas de falar besteiras. Mayra Ferreira a dedicação dessa moça me inspira. Gina Mardones grande amiga e minha mestre de web-jornalismo. Companheiros e amigos de atividades da web-rádio Unesp Virtual, Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva GECEF e Jornal Júnior muito obrigado pela confiança. Meus professores de ensino fundamental (E.E.P.G Antônio Prudente) e ensino médio (E.E.E.M Pereira Barreto) só há edifício resistente com bom alicerce.

6 5 Mestres de faculdade que me trataram com respeito e confiança: Sandra Turtelli (teacher sports), Dino (grande batalhador da academia), Ângelo Sottovia (mestre e amigo), Clodoaldo Cardoso (maior incentivador das muitas atividades que realizei). A todos os outros professores, que assumiram a responsabilidade de dar aulas decentemente, obrigado pela responsabilidade com a formação de jornalistas éticos. E é claro que também não poderia me esquecer das garotas pelas quais me encantei em quatro anos de faculdade: apesar de tudo, obrigado, pois um homem precisa de utopias. Muitos dos que me ajudaram, inspiraram ou mesmo torcem pelo meu sucesso não estão aqui mencionados. Saibam que por mais singela eu tenha sido a atitude de apoio ela foi indispensável para que o sonho de um garoto mulato e persistente se tornasse realidade. Que venha o jornalismo e a próxima pauta da vida!

7 6 AGRADECIMENTOS William Douglas de Almeida Àqueles que trilharam o caminho por onde eu sigo, a minha eterna gratidão. Obrigado a Deus, Pai misericordioso que me permitiu chegar até aqui. Aos mentores e guias espirituais que trilharam meu caminho, e agiram por mim nos momentos em que eu não sabia o que fazer. Agradeço a meu pai, Augusto, um exemplo para esta e para outras vidas. À minha mãe, Vanda, meu porto seguro. Obrigado meu irmão Leon, você é a pessoa que eu mais admiro. Ao meu irmão César, eu agradeço e pergunto: como pode um ser tão jovem me ensinar tanto? Aos meus familiares, tios, tias, primos e avós que acreditam em mim e incentivam cada passo da minha caminhada. Obrigado Daniel Gomes, presente Divino com quem aprendo sobre dedicação respeito e amizade. Aos amigos da Mocidade Espírita Mensageiros de Jesus, que mesmo distantes se mantiveram ligados a mim. À todos companheiros de faculdade nestes quatro anos, em especial Paulo, Guilherme e Carlos, com quem aprendi a ser mais humano. Agradeço à Dona Rosa e à Dona Amélia, que me adotaram desde Àqueles que construíram um sonho chamado Web-Rádio Unesp Virtual. Gina Mardones, João Paulo Almeida, Vladimir Bianchini e César Casella, sem vocês este trabalho não seria possível. Obrigado Alberto Cerri, Ana Carolina Almeida, Andressa Borzillo e Gustavo Longo, por daremme a certeza que o sonho continua. Daniane, Ricardo, Michel, Elisângela, Edir e Lidiane, provas que a amizade não diminui com a distância. Obrigado ao grande mestre Dino Magnoni, à professora Sandra Turtelli, ao professor João Baptista Neto Chamadoira e ao inigualável Ângelo Sottovia. Exemplos de seres humanos. Agradeço ao jornalista Douglas Cavallari, que em tão pouco tempo tanto me ensinou. Muito obrigado a todos os meus professores, que acreditaram em mim da pré-escola até este momento, incluindo aqueles que me guiaram na evangelização e no Projeto Criança. Obrigado aos companheiros de Santa Casa e de Correios, com quem aprendi, muito mais que trabalhar, a ser um homem.

8 7 A página de esportes costuma noticiar as realizações do ser humano. A primeira página, seus fracassos. Earl Warren

9 8 Resumo Este relatório apresenta e analisa a rotina de cobertura adotada pela Web-Rádio Unesp Virtual durante a XV edição dos Jogos Pan-Americanos. Houve a transmissão de modalidades ao vivo, boletins com informações de resultados, além de apresentação de panoramas com dados históricos e regras das modalidades. Para a realização da cobertura, foi preciso estudar a linguagem das transmissões esportivas em rádio e criar um modelo para Web-Rádio. Palavras-chave: Jornalismo Esportivo; Jogos Pan-Americanos, Linguagem Esportiva; Web- Rádio; Webjornalismo.

10 9 SUMÁRIO 1 A Caminho do Pan Especificações Técnicas A Montagem dos Estúdios O Olhar da Mídia Para o Pan A nossa história na Web-Rádio Unesp Virtual Um Espaço Para o Estudo do Esporte: a história do GECEF Os Esportes na rede: potencialidades da web Multimidialidade Convergência Interatividade Hipertextualidade Customização do conteúdo personalização Memória Tempo real Linguagem Esportiva no Brasil: Objetividade e Mito Pelo Futebol Mas afinal, o que é uma linguagem esportiva? Funções e atributos da linguagem esportiva na comunicação de massa Aspectos de linguagem nas transmissões esportivas de futebol e de outros esportes As transmissões esportivas no rádio paulistano e brasileiro O Dia a Dia Do Pan na Unesp Virtual Os preparativos da transmissão Um dia de transmissão do Pan Opções da cobertura e análise da rotina adotada... 73

11 Elementos da web utilizados na transmissão da Rádio Unesp Virtual Um Laboratório de Linguagem Manifestações discursivas nas transmissões do Pan Intervalo de programação: hora dos perfis Pan-Americanos Plantão esportivo e emissões especiais mantêm a rádio no ar mesmo sem esportes O Legado do Pan na Unesp Virtual Referências Anexos

12 11 1 A CAMINHO DO PAN Desde crianças aprendemos a ouvir transmissões de futebol no rádio. As vozes de Fiori Gigliotti, José Silvério e Nilson César 1 fizeram aumentar a nossa paixão pelo esporte. As perguntas dos repórteres Wanderley Nogueira, Eduardo Afonso e Romeu César 2 nos aproximavam dos atletas. Admirávamos a precisão dos comentários de Mauro Betting e Flávio Prado 3. Cláudio Zaidan, Milton Neves e Renato Valim 4 nos informavam sobre o que acontecia nas arenas esportivas enquanto a bola viajava pelas ondas do rádio. Crescemos. Chegamos à Universidade e descobrimos que a técnica radiofônica permite incitar outras paixões, tão intensas quanto a que sentimos pelo futebol. Durante quatro anos nos dedicamos aos estudos sobre a linguagem e a técnica do veterano e cativante rádio. Obviamente que não poderíamos deixar de nos dedicar com afinco ao jornalismo esportivo, uma modalidade de programação lúdico-informativa, que desde o início dos anos 1930, fez do futebol e do rádio as duas grandes paixões coletivas dos brasileiros. Mas os tempos de hoje são outros: o velho rádio já não consegue escapar da comunicação digital e multimidiática. Nós dois, que crescemos ouvindo futebol em radinhos de pilhas, por exigência do Curso de Jornalismo, nos tornamos usuários incessantes do computador e da internet e descobrimos no ciberespaço um espaço novo e amplo para trabalharmos o jornalismo esportivo. Aos poucos, a internet absorve os conteúdos, as linguagens (e também o público) do rádio, da televisão e dos meios escritos. Trabalhar o jornalismo internáutico em qualquer modalidade exige dos profissionais um outro aprendizado, que os cursos e os meios de comunicação ainda não estão prontos para ensinar. Por isto, procuramos não limitar nosso exercício de aprendizado às práticas de sala de aula. Então, nos dedicamos aos projetos de pesquisa e de extensão para ampliar nossos conhecimentos. O Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol (GECEF) e a Web- Rádio Unesp Virtual foram instrumentos fundamentais para que pudéssemos estudar e exercitar as vertentes tradicionais e as novidades do jornalismo esportivo. 1 Respectivamente locutores esportivos das rádios Bandeirantes e Jovem Pan. 2 Respectivamente repórteres das rádios Jovem Pan, Bandeirantes e Globo. 3 Respectivamente comentaristas esportivos das rádios Bandeirantes e Jovem Pan. 4 Respectivamente jornalistas responsáveis pelos plantões esportivos das rádios Bandeirantes, Jovem Pan e Franca do Imperador.

13 12 No ano de 2005 nos impusemos como desafio transmitir os Jogos Pan-Americanos diretamente da cidade do Rio de Janeiro em 2007 pela Web-Rádio Unesp Virtual. Tão logo a idéia surgiu, encaminhamos um ofício ao Comitê Organizador dos Jogos e pedimos informações sobre a documentação necessária para credenciar uma equipe de imprensa. Recebemos a resposta que tal credenciamento aconteceria no ano de 2006, e que seríamos informados tão logo o processo de inscrição dos veículos de comunicação fosse iniciado. Diversos contatos telefônicos foram realizados em 2006, mas sem nenhum avanço. Menos de seis meses dos Jogos, finalmente um progresso: por , recebemos um formulário dos Organizadores dos Jogos para credenciamento da equipe. A documentação foi prontamente preenchida e encaminhada, conforme solicitado. O silêncio dos organizadores nos incomodava: quando a resposta viria? Já haviam nos confirmado o recebimento dos documentos, mas não tínhamos uma resposta se seria possível ou não realizar a cobertura do Rio de Janeiro. Há 30 dias do início dos Jogos fomos pegos de surpresa com uma informação dos organizadores: a documentação que enviamos havia sido perdida, e o processo de credenciamento teria de recomeçar. Insistimos em enviar os documentos, mas o nosso credenciamento foi negado, sob a alegação de que a documentação foi enviada fora do prazo estipulado. Diante da impossibilidade das credenciais, procuramos uma forma de viabilizar a cobertura dos Jogos off tube. Do mesmo modo que muitas emissoras do interior fazem com as partidas de futebol, decidimos acompanhar o Pan pela tevê e transmitir para o rádio, porém não utilizaríamos efeitos sonoros que simulassem a nossa presença nas arenas esportivas. A dificuldade de adaptar os estúdios em uma localidade de Bauru nos levou até Franca, de onde transmitimos o Pan para todo o mundo, pelos bits da Web-Rádio Unesp Virtual. Franca está localizada no interior do estado de São Paulo, há 306 km de Bauru. O município tem 319 mil habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A cidade tem quatro emissoras de rádio FM e três emissoras AM, além de dois jornais impressos de circulação diária. O nosso maior desafio, porém, não foi encontrar espaço físico e condições técnicas para realizar a cobertura. Diferente das transmissões que ouvimos no rádio ao longo de nossas vidas, o Pan não se limita a uma só modalidade, é um evento poliesportivo. Foi preciso criar (ou descobrir), um modelo de transmissão para diversos esportes, dentro de uma metodologia de trabalho hipotética-dedutiva, pois partimos da linguagem consagrada pelo jornalismo esportivo e

14 13 o adaptamos ao suporte web-radiofônico. Qualquer fosse o modelo, sabíamos que não poderíamos abrir mão do principal combustível das locuções esportivas: a emoção. Muito antes de Joaquim Cruz acender a pira Pan-Americana no estádio do Maracanã, nas reuniões do GECEF debatíamos os diversos esportes que seriam disputados na capital carioca. Dados sobre atletas, arenas de disputa e o histórico dos Jogos foram estudados afim de que a transmissão fosse realizada com a maior qualidade possível. Quando a cerimônia de abertura começou, sabíamos que todo o trabalho e o estudo realizados por nós estavam colocados à prova. Tínhamos consciência que nenhum trabalho atinge à perfeição, mas nem por isso deixamos de buscá-la. Entre os dias 13 e 29 de julho acordamos antes das oito da manhã e dormimos após à meia-noite. A rotina de transmissão foi quebrada apenas no dia 16 de julho, quando precisamos nos deslocar até Bauru para cumprir outro compromisso acadêmico. Nos outros 17 dias de Jogos, atualização constante de informações, detalhes das modalidades, perfis dos esportistas brasileiros e interatividade com os web-ouvintes foram às marcas do Pan na Unesp Virtual. No dia 29 de julho, por volta das 17 horas, a TV Bandeirantes transmitia a cerimônia de encerramentos dos Jogos para todo o Brasil. Também transmitimos, e estávamos on line pela última vez com a cobertura especial dos Jogos. Depois de 30 dias nas funções de locutores, repórteres, plantonistas e comentaristas, era hora de desmontar a estrutura de transmissão. Antes de relatarmos a nossa rotina de transmissão, vale explicar como a foi montada a estrutura de estúdios. 1.1 Especificações Técnicas O advento de novas tecnologias barateou custos e facilitou processos para a montagem de canais de comunicação. A criação de Web-Rádios é uma prova disto. Basicamente são necessários três elementos para a montagem de uma Web-Rádio: A internet, uma fonte geradora de áudio, e um codificador. Duas foram as fontes geradoras do áudio durante a transmissão: a principal era uma mesa de som que estava com dois microfones ligados (um de Daniel e outro de William). A outra fonte era a própria placa de som do computador, que reproduzia os boletins gravados que iam ao ar nos intervalos entre as transmissões ao vivo.

15 14 No caso da transmissão dos Jogos Pan-Americanos, utilizamos a conexão de internet fornecida pela Companhia de Telefones do Brasil Central (CTBC) para transmitir o áudio de Franca até o servidor da Unesp em Bauru. O conteúdo poderia ser acessado por qualquer computador do mundo ligado à internet, independente do provedor. O sistema mais complexo a ser entendido é o de codificação, ou seja: o que transforma o som em dados, e os permite ser transmitido via web. Para entender o funcionamento deste sistema, recorremos à explicação feita por Loncomilla (2006). O som gerado vai entrar no codificador que, no caso da Mundo Perdido, é um computador com um programa de servidor instalado, chamado Shoutcast. Assim, o áudio vai entrar na placa de som desse computador e vai ser codificado no sistema de Streaming 5. A entrada no streaming é apenas a primeira etapa do processo: A partir do momento da codificação do áudio, o computador conectado à web disponibiliza um arquivo contínuo. Esse computador vai, então, codificar todo o áudio que entrar ininterruptamente. Esse fluxo contínuo é que poderá ser utilizado por N pessoas ao mesmo tempo. O fluxo tem, portanto, uma qualidade de áudio que é definida pelo programa de servidor (Shoutcast) e várias pessoas que estão na internet podem se conectar a esse fluxo. (Loncomilla, 2006, p. 24). É interessante lembrar que o Shoutcast é um software livre do pagamento de licença, que pode ser baixado via internet. O Shoutcast é vinculado a outro software, o Winamp, também gratuito, e que era usado para receber o som da mesa e disponibilizar o conteúdo para o Streaming. Uma das facilidades permitidas pelo Shoutcast era o acompanhamento, em tempo real, de quantos computadores acessavam o conteúdo. Isso era possível de ser feito ao acessar o endereço http: // : 8002 e fazer o login como administrador do sistema. A tela abaixo mostra os detalhes a que tínhamos acesso: 5 O streaming é um sistema que permite a disponibilização do conteúdo ao vivo para uma rede de computadores.

16 15 Figura 1: Tabela, Tela do programa Shoutcast que permite o controle de audiência. A imagem mostra o IP de oito computadores que estavam conectados ao à nossa transmissão, na segunda-feira, dia 16/07/2007. A conexão que estava há mais tempo durava 55 minutos e 25 segundos, enquanto a conexão mais recente havia sido feita 7 minutos e 52 segundos antes de copiarmos a tela. Vale destacar que estas pessoas acompanhavam a transmissão da partida de beisebol entre Brasil e República Dominicana, com narração de Daniel Gomes. Para que tivéssemos a transmissão dos Jogos Pan-Americanos gravada, foi preciso utilizar um outro programa: o Adobe Audition. Este programa permite a gravação, mixagem e modulação de voz. Vale lembrar que toda a transmissão foi realizada sem o retorno de som, ou seja, não tínhamos a possibilidade de escutar a nossa própria transmissão através do computador, e assim poder modular o som da melhor maneira possível. Isso aconteceu porque o computador utilizado

17 16 por nós tinha apenas uma placa de som, e a mesma estava sendo usada para receber os dados da mesa, e também para retransmitir a programação previamente gravada. Sem o retorno, a modulação do som era feita através da análise do gráfico fornecido pelo Adobe Audition, ou através de informações passadas por ouvintes que tem conhecimento técnico e estavam acompanhando a transmissão. Foi o que aconteceu no dia 19/07, quando a estudante de jornalismo Renata Alves nos ajudou via MSN a encontrar o volume ideal do som: Renata diz: diz uma coisa... em total de medalhas já estamos à frente de cuba? Renata diz: o som tá baixo Renata diz: o som do teu mic ta baixo... PAN - UNESP VIRTUAL diz: Sim... Cuba tem 34 nós temos 48! Renata diz: uhu! PAN - UNESP VIRTUAL diz: valeu! Renata diz: hahahahahah Renata diz: o mic do william ta estourando Renata diz: melhorou PAN - UNESP VIRTUAL diz: valeu No dia 20/07, a foi a ouvinte Samanta Dias quem nos ajudou a modular o som: Samanta diz: a transmissão do daniel está com o volume baixo PAN NA UNESP VIRTUAL diz: E agora? Samanta diz: tá normal PAN NA UNESP VIRTUAL diz: vlw Samanta diz: tudo bem A preocupação com a qualidade do som era constante, como podemos perceber no diálogo entre Daniel e o ouvinte Gustavo Longo no dia 25/07: PAN - UNESP VIRTUAL diz: gustavo, vc ainda tá ouvindo? o som tá chegando bem? Gustavo Longo - Irmão Cara de Pau diz: ta chegando bem sim

18 17 PAN - UNESP VIRTUAL diz: fiz umas alterações na mesa pq tava estourado (muito alto) Gustavo Longo - Irmão Cara de Pau diz: hummm Gustavo Longo - Irmão Cara de Pau diz: ta ótimo Gustavo Longo - Irmão Cara de Pau diz: xegando bem sim Durante os momentos em que não estávamos ao vivo na Web-Rádio, uma lista de boletins foi programada para ser reproduzida automaticamente pelo software ZaraRadio. Este software também é livre do pagamento de licença de uso A criação de um novo canal A geração do áudio foi realizada da cidade de Franca (SP). O conteúdo que era gerado era transmitido via internet para o servidor da Unesp Bauru que o disponibilizava através de uma porta, ou seja, um link, para que os ouvintes pudessem acompanhar a transmissão. Essa porta de acesso aos usuários foi criada no mesmo computador que trabalha como servidor para as transmissões normais da rádio. Após a liberação da Universidade, dois dias antes do início dos Jogos, a configuração desta porta de transmissão foi desenvolvida pelo responsável técnico da rádio, César Fernandes Casella. César explica que a participação do pólo computacional da faculdade não foi a criação do site, mas apenas no sentido de liberar que os ouvintes acessassem o conteúdo em um endereço de internet. A home page foi desenvolvida por Casella e estudantes bolsistas. O que faz a pessoa acessar a rádio é um endereço, ela pode digitar este endereço dentro do player dela e vai abrir direto, não precisa nem abrir o site. O endereço da transmissão do Pan é o http: // : 8002, e o endereço http: // : 8000 é o das transmissões normais da rádio. Quando uma pessoa acessa o endereço: e clica nos ícones para ouvir a rádio, na realidade ela está sendo direcionada para o endereço acima citado. Durante o Pan, haviam dois links na tela, um direcionado para cada endereço, conforme mostra a imagem abaixo:

19 18 Figura 2: Imagem, Home-Page da Web-Rádio Unesp Virtual durante a realização dos Jogos. No dia 16/07, o radialista João Paulo de Almeida, ex-diretor executivo da Web-Rádio Unesp Virtual, criou um novo link que redirecionava as pessoas a ouvir a nossa transmissão: Um dos problemas gerados pela transmissão ter sido realizada de um local longe do servidor foi o aumento do delay, ou seja, do atraso entre a emissão da transmissão e a recepção. O delay depende principalmente da qualidade da conexão entre os computadores gerador de som (Franca), servidor (Unesp Bauru) e receptor (ouvintes em qualquer lugar do mundo). Assim, em alguns momentos o delay era mínimo (2 segundos), mas em outros chegava a durar minutos, o que desestimulava os ouvintes a acompanhar a transmissão. Outro problema foi a queda entre a conexão de dados entre os estúdios (em Franca) e o servidor da Unesp (em Bauru), o que deixava a rádio sem transmissão por alguns instantes, desestimulando os ouvintes a ouvir o Pan pela rádio Unesp Virtual. A queda da conexão aconteceu, por exemplo, no dia 20/07, exatamente no momento em que atingíamos o recorde de audiência durante nossas transmissões: 12 pessoas estavam conectadas à nossa transmissão. Minutos antes, tivemos a oportunidade de salvar uma imagem do

20 19 sistema que comprovava que 11 pessoas estavam conectadas à nossa transmissão, conforme mostra a tela abaixo do programa ShoutCast: Figura 3: Tabela, Controle da audiência na tarde de 20/07/2007. Comparada com a outra transmissão externa já realizada pela Web-Rádio Unesp Virtual, o Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização, realizado em agosto de 2005, César Casella acredita que o modo de transmissão adotado para a cobertura do Pan tem algumas vantagens: A vantagem é que você tem duas transmissões simultâneas e a possibilidade de acontecer um erro é menor, porque você se conecta e mantém uma conexão. Do modo que foi feito em 2005 você interrompe uma transmissão, entra com o link do local, interrompe novamente e volta com a transmissão normal. É uma operação mais complexa, assim como um link de ao vivo de televisão. 1.2 A montagem dos estúdios Os estúdios de transmissão foram improvisados em dois cômodos na casa de William Douglas. O estúdio interno, na realidade é um quarto, e tinha um aparelho televisor 14 (sinal aberto), a mesa de som, e um computador, que era usado na busca de informações na internet e para transmitir os dados para Bauru.

21 20 Já a cozinha da casa foi transformada no estúdio externo, e tinha um computador com acesso à internet (para coleta de dados) e um aparelho televisor de 29 (com sinal a cabo). O microfone usado no estúdio externo estava ligado na mesa de som do estúdio interno. O modem do computador do também ficava no estúdio interno e o cabo era passado por um buraco feito na parede, conforme pode-se ver nas fotos abaixo Figura 4: Fotografia, Estrutura montada em um dos estúdios de transmissão. No detalhe, a adaptação para passagem dos cabos entre os estúdios.

22 21 Figura 5: Fotografia, Daniel Gomes no outro estúdio de transmissão. No detalhe, a adaptação para passagem dos cabos entre os estúdios. Como se pode ver, o improviso foi uma das marcas da transmissão do Pan feito pela Web- Rádio Unesp Virtual.

23 22 2 O OLHAR DA MÍDIA PARA O PAN A décima quinta edição dos Jogos Pan-Americanos movimentou não apenas os atletas brasileiros, mas também a mídia. As principais emissoras de rádio e tevê, os portais de internet e os jornais do país deram amplo destaque para a disputa poliesportiva realizada na capital carioca. De acordo com dados do Comitê Organizador dos Jogos, o Co-Rio, 3500 jornalistas de diversas partes do mundo foram credenciados para a cobertura do evento. Para ter uma idéia do quanto isso representa, basta lembrar que ao todo, 5648 esportistas participaram do Pan. Ou seja, havia mais de um jornalista para cada dois atletas. Algumas empresas de comunicação brasileiras se prepararam por mais de um ano para a cobertura do evento. A jornalista Érica Akie Hideshima, do Jornal da Tarde, conta que as reuniões para programar a cobertura dos Jogos começaram a ser feitas em Dentre as etapas de preparação para a cobertura dos Jogos, Érica destaca a necessidade que houve de procurar dados sobre esportes pouco difundidos no Brasil, como o softbol e o badminton: Procuramos falar com técnicos e atletas. Além das entrevistas, nós aproveitamos para conhecer um pouco mais desses esportes. Porém, nem todas as empresas de comunicação tiveram o mesmo cuidado prévio que o Jornal da Tarde. O jornalista Marcelo Russio, do portal Comunique-se, cita que uma das principais dificuldades dos jornalistas brasileiros durante o Pan foi de lidar com modalidades esportivas que normalmente não recebem cobertura midiática: Eu me debato contra o jornalistaboleiro há muito tempo. Em determinadas competições, os jornalistas buscavam informações básicas sobre os esportes com os próprios atletas, durante a competição. Não houve, de forma geral, uma preparação da grande imprensa para o evento. As publicações criaram seus cadernos e seus gráficos, mas os profissionais, infelizmente, não estavam preparados para cobrir esportes como o beisebol, o hóquei sobre grama ou o ciclismo. Com relação às emissoras de televisão em sinal aberto, as redes Globo, Record e Bandeirantes transmitiram diversas competições ao vivo, e tinham uma programação diferenciada durante o Pan. Os principais telejornais também traziam dados dos Jogos. Na mídia impressa, devemos destacar a elaboração de cadernos especiais com dados sobre os jogos e informações sobre as arenas de competição. Destaque para o diário esportivo Lance!, e para a revista semanal Lance A+, que durante mais de um ano trouxe informações sobre a

24 23 preparação para a competição. Já os portais de internet fizeram um amplo trabalho com o intuito de levar aos internautas todas as informações possíveis. Marcelo Russio avalia positivamente a cobertura realizada pelos portais: A cobertura foi ampla, principalmente por parte de UOL e Globoesporte.com, e deu aos internautas tudo o que eles esperavam: informação rápida e repercussão em tempo real dos principais eventos, fossem eles esportivos ou não. Coberturas em tempo real da maioria das provas, entrevistas, fotos, vídeos e quadro de medalhas on line foram os grandes diferenciais, além, é claro, das matérias de bastidores, que foram muitas, e agradaram em cheio. Em virtude de nossa rotina de transmissão, não conseguimos acompanhar a cobertura do Pan realizada pelas emissoras de rádio. Sabemos que, nenhuma das emissoras da cidade de Franca, onde estávamos, contava com profissionais no Rio de Janeiro, e que portanto também realizaram a cobertura dos Jogos através de informações conseguidas em portais de internet e na tevê. Vale a pena lembrar que na segunda semana de realização dos Jogos Pan-Americanos houve um grave acidente no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o que desviou um pouco o foco da mídia, principalmente das emissoras de televisão, como destaca Marcelo Russio: Dividiu atenções. Eu discordo um pouco das pessoas que colocam internauta e telespectador no mesmo barco. A internet dá ao seu usuário a possibilidade de abrir duas telas e ler duas coisas ao mesmo tempo, se quiser. A tevê, não. Mesmo com um controle remoto na mão, só se assiste um canal por vez, e isso faz toda a diferença. Outro ponto importante é que, na internet, o usuário busca a informação rápida, e não se detém muito em super-matérias. Prefere vê-las na tevê, com imagens exclusivas. Se elas forem chocantes, no entanto, a internet é o melhor meio de disseminá-las. Enfim, existe uma diferença muito grande entre tevê e internet, e no caso do acidente da TAM e do Pan, a cobertura pela grande rede não foi prejudicada. Creio que a maioria dos internautas manteve duas janelas dos seus browsers abertas: uma no Pan e outra no acidente. Alguns dados nos ajudam a entender a importância da internet na cobertura dos Jogos Pan-Americanos. De acordo com pesquisa realizada pelo site Jornalistas da Web, entre os visitantes do site, 34% utilizaram a internet para acompanhar a competição esportiva, 31% utilizaram a televisão, 24% fizeram uso de jornais impressos, 10% optaram pelo rádio e 1% fez uso de mídias móveis (telefone celular, PDA etc.) para acompanhar o evento. Devido à rotina de transmissão da Web-Rádio Unesp Virtual durante os Jogos, não

25 24 podemos fazer uma análise detalhada a respeito da cobertura da mídia. Porém, podemos constatar que o Pan foi, sem dúvidas, um evento que mobilizou grande parte dos profissionais de jornalismo do país, e que o público teve várias opções de escolha para se informar sobre a competição.

26 25 3 A NOSSA HISTÓRIA NA WEB-RÁDIO UNESP VIRTUAL Quando ingressamos no curso de jornalismo da Unesp, em 2004, havia um estúdio de rádio sub-utilizado. Ao invés de servir como local para prática do jornalismo radiofônico a sala servia apenas como um depósito. No segundo semestre percebemos alguma modificações, e o depósito voltava a funcionar como um estúdio de rádio. Convidados pelo professor Antônio Francisco Magnoni fomos conhecer o projeto que começava a funcionar no estúdio. Fizemos parte da equipe de criação de uma Web-Rádio na Universidade. A parte técnica já estava caminhando, quando fomos convidados a pensar na produção do conteúdo da rádio. Daniel começou como repórter no programa de esportes Pela Linha de Fundo, e William trabalhou na editoria de Ciência e Tecnologia. No segundo semestre de 2004 a programação da Web-Rádio começou tímida. Duas vezes por semana havia um programa de esportes e boletins de jornalismo, com cinco minutos de duração, que eram produzidos diariamente. Esses foram os primeiros produtos da Web-Rádio Mundo Perdido, que podia ser acessada pelo site: No início de 2005 a equipe de jornalismo já possuía um núcleo de produção. Assim, sob o orientação do professor Antônio Francisco Magnoni, com a união de diversos alunos dos quatro anos de jornalismo, em especial de nossa editora Eloíse Zanetti (aluna do quarto ano noturno), surgia o Núcleo de Jornalismo (NJ). Neste momento Daniel continuava a ser repórter no programa Pela Linha de Fundo, e William era o sub-editor de esportes do Núcleo de Jornalismo. No Núcleo de Jornalismo, a produção já podia ser ampliada para além dos boletins. Foi criada a Revista Mundo Perdido, com meia hora de duração, que intercalava notícias com músicas. Os boletins, antes de cinco editorias diferentes e com duração de cinco minutos, se resumiram a apenas uma editoria, a de esportes, e passaram a receber o nome de Minuto Esportivo. Paralelamente a tudo isso, os alunos do curso de Rádio e TV também criavam novos programas. Aos poucos a Web-Rádio passou a ter uma programação mais ampla. Além dos núcleos de jornalismo e artístico, foi constituído um núcleo de esportes. No segundo semestre de 2005 a produção de boletins voltou a ser diária e com conteúdos de diversas editorias, mas com duração de dois minutos em cada edição. Outras pessoas se

27 26 interessaram pelo projeto, e assim como a Web-Rádio, o Núcleo de Jornalismo amadureceu. Em agosto de 2005 foi realizada a primeira transmissão externa da Web-Rádio: boletins sobre o simpósio Interfaces das Representações Urbanas em tempos de Globalização, foram apresentados diretamente do SESC Bauru, local onde o evento acontecia. Como relata a jornalista Gina Loncomilla, ex-editora chefe do NJ: o Núcleo de Jornalismo começou o ano de 2006 com estruturas bem mais sólidas. Prova disso é que durante o mês de janeiro, período de recesso das aulas, a programação foi mantida com a exibição da série: Grandes Nomes do Teatro Brasileiro, produzida por um grupo de alunos do quarto ano de jornalismo diurno. O trabalho em conjunto fez com que novos programas, jornalísticos e artísticos, surgissem e ampliassem cada vez mais a programação da rádio. Além dos boletins diários, havia a produção de boletins especiais com notícias do campus e o Núcleo de Jornalismo passou a contar com um programa de entrevistas Diálogo Aberto e um programa de esportes Jornal Esporte Clube que mais tarde passou a ser de responsabilidade do Núcleo de Esportes. Neste momento, Daniel trabalhava como apresentador e repórter do Jornal Esporte Clube, além de ser o responsável por editar os boletins que eram veiculados diariamente. William estava na editoria de cotidiano. A esta altura, o projeto já tinha uma diretoria própria, encarregada de dar as diretrizes da Web Rádio. Esta diretoria era composta de forma participativa por alunos, funcionários técnicoadministrativos e pelo professor orientador do projeto. Mesmo os alunos que não tinham cargos na diretoria tinham participação ativa nas decisões tomadas na rádio. Em junho de 2006, alunos dos núcleos de esportes e de jornalismo se juntaram e criaram um programa especial para a cobertura da Copa do Mundo de Futebol: o Diário da Copa, apresentado ao vivo diariamente, às 20 horas. Para as férias de julho, novamente uma programação especial foi produzida. Nós dois fomos encarregados de produzir a série: Copas do Mundo, o Talento em Memória, uma série de sete documentários sobre a maior competição esportiva do planeta, que eram veiculados diariamente às 18h e às 0h. No segundo semestre de 2006, William Douglas assume o cargo de editor-geral do Núcleo de Jornalismo, além da produção e apresentação do programa Diálogo Aberto, em conjunto com a editora-chefe do Núcleo, Gina Loncomilla. Com uma equipe maior, há

28 27 continuidade dos boletins, do Jornal Esporte Clube e do Diálogo Aberto. A Revista Mundo Perdido foi dividida em dois novos programas: a radiorrevista Ponto e Vírgula e o radiojornal NJ Notícias. Um programa especial para a cobertura das eleições foi criado pelas alunas Juliane Cintra e Sílvia Ferreira, o De Olho nas Eleições. Os boletins com informações do mundo acadêmico também cresceram, e se tornaram um programa. Nasceu assim o Notícias do Campus, radiojornal do qual Daniel Gomes era o editor responsável. Também foi no segundo semestre de 2006 que a rádio mudou de nome e ganhou um novo endereço na internet. De Mundo Perdido, passou à Unesp Virtual. O site foi hospedado na incubadora da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, a FAPESP, e passou a ser acessado pelo endereço: ou pelo endereço que é redirecionado para a página da FAPESP. O ano de 2007 ficou marcado na Web-Rádio Unesp Virtual como o ano da troca da diretoria. A maioria dos membros que montaram a rádio se formaram em 2006, alguns optaram por trabalhar em outros projetos dentro da Universidade. Quanto ao núcleo de jornalismo, devemos destacar uma grande perda, com a formatura da ex-editora chefe, Gina Viviane Mardones Loncomilla, uma das figuras chave para o crescimento do NJ. O novo editor-chefe do Núcleo de Jornalismo passou a ser o estudante do terceiro ano Alberto Cerri. William Douglas continuou como editor geral, e assumiu o cargo de Ombundsman na diretoria da Web-Rádio. Neste momento, Daniel assumiu a função de repórter em programas de esportes e política na Web-Rádio, além de apresentar o programa Diferente, Pero no Mucho, que discute a América Latina. Com uma equipe mesclada por veteranos e calouros, 2007 começou com a ampliação da quantidade de programas jornalísticos. O Jornal Esporte Clube passa a ser responsabilidade do Núcleo de Esportes. Em compensação, a programação jornalística foi ampliada com os programas Diferente, Pero no Mucho, Falando em Política, Política no Ponto, Ecoando Educação e Atitude, Estilo em Claquete, além do desmembramento do Notícias do Campus em dois diferentes programas: Fazer Ciência e Unesp Notícias. Produções ligadas à disciplina de Jornalismo Radiofônico II foram veiculadas pela Web-Rádio, que passou a ter uma programação jornalística cada vez maior. Em julho de 2007, a Web-Rádio estava em pleno vapor, haja vista que as atividades acadêmicas na Unesp tiveram o calendário alterado devido a um período de greve. Com isso, não

29 28 seria possível disponibilizar o canal para uma programação especial, como foi feito em 2006 com os documentários sobre as Copas do Mundo. Mas a transmissão dos Jogos Pan-Americanos pela Web Rádio estava prevista desde 2005, como faríamos? O diretor técnico da rádio, César Fernandes Casella cria um novo recurso no site: a rádio Unesp Virtual passava a contar com dois canais de transmissão simultâneos em um mesmo site. Um para a transmissão normal, e outro específico para a irradiação dos Jogos Pan-Americanos. Hoje, a rádio conta com 43 programas, sendo 11 do Núcleo de Jornalismo, que também produz boletins relacionados à Atlética e ao Centro Acadêmico Florestan Fernandes. A maioria das produções é semanal, e os programas jornalísticos que existem a menos tempo são o Quinta no Bosque e o Raiz Social, que foram ao ar em maio e agosto de 2007, respectivamente. O Núcleo de Esportes conta hoje com seis programas, sendo que o Pela Linha de Fundo, primeiro programa esportivo da Web Rádio, ainda é exibido às segundas e sextas-feiras, às 18h15min. À partir de julho de 2007, surgiu também o programa Poliesportivo, idealizado por Daniel Gomes. O programa semanal é apresentado por integrantes do Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol. Daniel também continuou nas funções de repórter dos programas Jornal Esporte Clube e Falando em Política e apresentador do Diferente, Pero no Mucho e do Diálogo Aberto. William Douglas deixou de ser editor-geral do Núcleo de Jornalismo em agosto de 2007, mas continuou como Ombundsman da rádio, editor e apresentador dos programas Diálogo Aberto e Poliesportivo. Nos últimos seis meses também exerceu a função de repórter na editoria de Cotidiano da Web-Rádio. As demais 26 produções são programas artísticos, que vão desde programas de humor a musicais dos mais diversos gêneros.

30 29 4 UM ESPAÇO PARA O ESTUDO DO ESPORTE: A HISTÓRIA DO GECEF O grupo de estudos em comunicação esportiva e futebol, GECEF, surgiu em maio de 2005 sob a coordenação da professora Sandra Regina Turtelli, e com a colaboração dos professores João Batista Neto Chamadoira e Antônio Francisco Magnoni. A ação principal do grupo está voltada para a análise de aspectos e condutas do jornalismo esportivo nos diversos suportes midiáticos existentes. Os encontros são promovidos semanalmente com a dinâmica de discussões a partir de livros e artigos científicos e também por debates sobre temas históricos e contemporâneos do futebol e de outros esportes. Entre os livros e artigos já estudados pelo grupo é possível mencionar o contato com as obras de Waldecyr Caldas, Paulo Vinicius Coelho, Viviane Borelli, Luiz César Saraiva Jr. Feijó, Márcio Guerra e Edileuza Soares. Diversos estudos foram realizados sobre as regras e histórias de esportes como ciclismo, atletismo, natação, judô, iatismo, vôlei e basquete, com base em artigos disponíveis na internet e acesso aos sites das confederações. O grupo de estudos também recorre a palestras, entrevistas e gravações de programas radiofônicos e televisivos para analisar e compreender a rotina das redações de jornalismo esportivo. Nos encontros semanais do GECEF foram apresentados vídeos sobre a estrutura do canal ESPN-Brasil, ouvidas entrevistas com exprofissionais de tevês por assinatura (Taís Naldoni, SPORTV) e em 2005 foi ministrada a palestra do locutor esportivo Rafael Antônio, a respeito do mercado de trabalho para jornalistas especializados em esportes. Em 2006, o GECEF promoveu o primeiro seminário em comunicação esportiva com o tema intolerância e racismo no futebol. O evento contou com palestras, mesa-redondas, rodas de histórias e apresentação de pesquisas. O seminário foi concluído com a conferência da comunicadora Soninha Francine. Os debates apresentados se centraram na proposta do tema e deixaram um indicativo sobre a influência do fator financeiro no futebol e no jornalismo esportivo. Diante disso, em 2007, a segunda edição do seminário debateu o tema economia e esporte. O evento seguiu o formato adotado no ano anterior e se verificou a expansão do número de artigos científicos e aumento na presença de público, especialmente de profissionais da mídia esportiva e de gerenciamento de atletas. A conferência de encerramento foi proferida pelo locutor esportivo da rádio Jovem Pan, Nilson César Fávara. Em 2008, a perspectiva é que se realize a terceira edição do evento.

31 30 O grupo de estudos em comunicação esportiva e futebol se constitui como uma alternativa aos estudantes de comunicação social da Unesp Bauru. Na faculdade, os cursos de comunicação social (Jornalismo, Rádio e tevê, Relações Públicas) não dispõem de disciplinas optativas voltadas ao jornalismo esportivo e naquelas em que as produções poderiam ser mais direcionadas para o tema, caso da disciplina de jornalismo especializado, a ementa proposta não contempla essa abordagem jornalística em profundidade. Durante os quatro anos de faculdade, os trabalhos acadêmicos que realizamos sobre esporte surgiram por nossa iniciativa e pelo apoio de alguns professores, no decorrer das disciplinas de jornalismo digital, jornalismo impresso, jornalismo radiofônico, jornalismo televisado, antropologia, ética e língua portuguesa. Nestes dois anos e meio de existência, o GECEF tem atraído e atenção de estudantes de comunicação social da Unesp Bauru para os temas do jornalismo esportivo. Apesar da freqüência rotativa de participantes, o grupo estimula a realização de pesquisas e trabalhos acadêmicos voltados à área de esportes e atenua a inexistência de uma disciplina específica de jornalismo esportivo no curso. É valido salientar que a pouca importância dada ao ensino do jornalismo aplicado em coberturas esportivas não é uma deficiência apenas do currículo da FAAC-Unesp Bauru. Como aponta Bueno (2004), não há interesse por parte das instituições de ensino superior em prestigiar o jornalismo esportivo na grade dos cursos de comunicação social, o que redunda em menor número produção científica sobre o tema nos trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado. O efeito desse desprestigio dado ao jornalismo esportivo nas faculdades é sentenciado pela autora: Por isso, tão pouco material existe sobre a história do futebol ou dos esportes em geral em nosso país, o que, certamente, condena um passado glorioso ao esquecimento (BUENO, 2004, p. 20).

32 31 5 OS ESPORTES NA REDE: POTENCIALIDADES DA WEB O surgimento e a expansão da internet provocaram uma revolução no jornalismo. Houve mudanças significativas no processo de produção e de consumo das notícias. Porém uma discussão deve ser levantada: seria a internet um novo meio de comunicação, ou simplesmente uma convergência dos veículos já existentes? A partir do desenvolvimento de tecnologias e programas para conexão dos computadores à internet, foi possível digitalizar todos os meios analógicos de comunicação e realizar a convergência para o ciberespaço, de seus suportes e conteúdos. O computador tornou-se o principal terminal de recepção e emissão da Word Wide Web (www) e serve para ouvir rádio, assistir tevê, ler jornais ou revistas, brincar com jogos, enviar e receber s, participar de comunidades, usar canais de imagem e voz etc. De acordo com Kucinski, Na internet e no seu instrumento de trabalho, o computador, combinam-se os recursos quase infinitos da informática e da microeletrônica e os princípios da digitalização, que permite transformar todos os sinais gráficos e sonoros em sinais digitais básicos, que, por sua vez, podem ser processados, combinados, manipulados, transmitidos e gravados nas mais diversas formas. A nova mídia sintetiza as anteriores na forma de multimídia (KUCINSKI, 2004, p.72). O computador é um terminal multimidiático que permite a transmissão de diferentes tipos de informação como dados binários, pela internet podem ser transmitidos todos os tipos de informações; não apenas gráficas, mas também algébricas, numéricas, sonoras, imagéticas, tudo num mesmo suporte operacional. (KUCINSKI, 2004, p. 72). A expansão comercial da web no Brasil começou em meados da década de 1990 e passou a reformatar os veículos e mercado de trabalho de comunicação. A expectativa inicial era de que portais gigantescos seriam formados e competiriam em igualdade de condições com veículos de comunicação tradicionais, como a tevê e jornais. É o que relata o jornalista Paulo Vinícius Coelho. O grande sinal que o fenômeno começava a fazer brilhar os olhos dos grandes empresários foi dado quando a AOL comprou a Warner em Um negócio de milhões de dólares. (COELHO, 2003, P.59).

33 32 Com o aumento do número de usuários de internet, os portais também aumentaram a especialização e passaram a produzir conteúdos segmentados. Dentre eles, podemos destacar a cobertura de eventos esportivos: a Copa Mundial de Futebol de 1998 realizada na França, foi o primeiro deles, como destacam José Carlos Marques e Ary Rocco Júnior. O mundial disputado em 1998 na França destacou-se por duas particularidades: o evento recebeu uma audiência global de 37 bilhões de expectadores em todo o mundo, o que fez dessa competição o maior evento esportivo do planeta até então; e, pela primeira vez um torneio desse porte recebia a mediação on line da internet para o Brasil. (MARQUES E JÚNIOR in MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio e CARMARGO, Vera Regina, 2005, p. 61). Após a realização da copa, os investimentos em internet se ampliaram ainda mais. Foi só em 1999, no entanto, que a internet virou fenômeno tão grandioso que começou a tirar alguns dos melhores profissionais do jornalismo esportivo. (COELHO, 2003, P.59) No entanto, o planejamento realizado pelos portais não foi adequado à realidade do mercado brasileiro e logo veio o período de recessão. Só que a festa acabou no início de O IG dispensou toda a equipe de esportes, justamente por fazer parceria com o Lancenet. A direção do site julgou desnecessário o investimento, pois os anunciantes não se interessavam pelo novo veículo. A fuga dos investidores provocou uma catástrofe nas redações de todos veículos ligados à internet. (COELHO, 2003, P.61). Coelho indica que após a explosão inicial e a crise, os portais brasileiros encontraram o caminho da estabilidade a partir do ano de Portanto, a internet encontrou espaço entre os demais tipos de meios, e apesar de ser um meio de convergência midiática, não aniquilou os demais. O processo é semelhante ao que já ocorreu com outras inovações tecnológicas, como destaca Camargo: é preciso que fique claro que o nascimento de um veículo de comunicação não

34 33 invalidou o antigo, ou suprimiu a anterior: todos os citados convivem entre si, e existe mercado consumidor para cada um deles. (CAMARGO, in MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio e CARMARGO, Vera Regina, 2005, p. 29) Com a consolidação de alguns portais, e sem a euforia inicial, os meios de comunicação de web se fortalecem e passam a explorar as ferramentas e possibilidades, com o cuidado de não causar repulsa no público que migra de outras mídias para a internet. A cobertura de eventos esportivos sempre foi destaque na mídia brasileira. Isso desde a década de 1930, com as primeiras transmissões radiofônicas e com a ampliação do espaço dedicado ao tema nos jornais. A exemplo da cobertura de copas mundiais de futebol, os eventos poliesportivos ganham destaque também na internet, uma vez que o público se interessa pelo tema, conforme diz Wilson da Costa Bueno: Ninguém duvida: há um interesse crescente do público por esportes olímpicos, normalmente alijados à mídia, que se manifestam em competições internacionais, como Jogos Olímpicos ou Pan-Americanos. Como estas duas competições se alternam no calendário mundial, pelo menos de dois em dois anos, a imprensa esportiva tem a obrigação de estar atenta a esta realidade. Além disso, o número de veículos é reduzido e há uma oportunidade reveladora com a internet. (BUENO, in MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio e CARMARGO, Vera Regina, 2005, p. 20). A nova plataforma de comunicação oferece alguns recursos interessantes para a cobertura de eventos esportivos. A maioria destes recursos já existia em outros veículos, mas que são melhores explorados na internet. Adotando os conceitos de Machado e Palacios (2003), temos os seguintes recursos: a multimidialidade, interatividade, hipertextualidade, customização, memória e instantaneidade. Tendo em vista a relevância de cada uma destas novas ferramentas, é interessante que as mesmas sejam debatidas uma a uma. Vale fazer um diálogo com a prática em uma análise da cobertura realizada por alguns dos principais portais brasileiros de internet durante a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos, na cidade do Rio de Janeiro, em Este diálogo está elaborado com o apoio em uma entrevista realizada com o jornalista Marcelo Russio, especialista em cobertura esportiva via internet, e na dissertação de mestrado