DISCURSO DEPUTADO DOMINGOS SÁVIO (PSDB-MG)

Transcrição

1 DISCURSO DEPUTADO DOMINGOS SÁVIO (PSDB-MG) Sr. Presidente e prezado amigo, querido Deputado Delegado Edson Moreira, meus queridos amigos, Sras. e Srs. Parlamentares, venho a esta tribuna em um momento grave da vida nacional, para que possamos fazer uma reflexão sobre o momento que vivemos, sobre nossas expectativas, sobre os anseios do nosso povo, sobre a nossa missão. Antes, porém, permitam-me fazer um breve balanço da minha vida parlamentar, da razão que me trouxe a este Parlamento, do que me motiva a acreditar que nós podemos construir um país melhor, que podemos fazer da vida pública algo do qual possamos nos orgulhar. Essa é a razão pela qual eu, um homem que veio do interior, estou nesta Casa. E, olhem, muitas vezes eu vi isso sendo dito como algo raro, alguém vir de uma origem humilde. Eu sei que a grande maioria do povo brasileiro tem uma origem humilde. A grande maioria deste Parlamento tem origem humilde. Eu, quando digo que cheguei a ir à escola de pés descalços, que enfrentei o trabalho ainda muito criança, não faço isso com demagogia, nem pedindo para mim qualquer tipo de referência, como se fosse algo sobrenatural. Isso é a vida do brasileiro. Agora, feliz daquele que tem a oportunidade de em cada momento desse sacrifício aprender que se constrói uma vida com dignidade. Para mim, a política tem que retratar isso. Ela tem que ser o estuário para onde possa se dirigir tudo aquilo que pode ser construído de bom na vida, para que dê exemplos. Talvez, falte-nos um pouco disso, neste momento da história brasileira, embora eu não tenha dúvida de que neste Parlamento há grandes exemplos de vida. Precisamos nos orgulhar do que fazemos e fazê-lo com responsabilidade, com civismo, com sentimento de missão de vida. Foi essa a escolha que eu fiz. Eu estou no sexto mandato consecutivo de vida parlamentar, tendo tido a experiência de ser Vereador, Prefeito da minha querida Divinópolis, de ter exercido duas vezes o mandato de Deputado Estadual e estar no segundo mandato de Deputado Federal.

2 Em cada momento desse, tive a felicidade de trabalhar para o meu povo, sem nunca perder a visão clara, especialmente na vivência legislativa, de que o Parlamento nos reserva algumas funções extremamente nobres, da qual devemos nos orgulhar, mas temos que ter dignidade para exercer, para poder olhar no olho de cada cidadão, para poder ser recebido com entusiasmo, quando voltamos às nossas bases. E eu posso dizer, já agradecendo ao meu povo mineiro, que é assim que eu me sinto. Em cada um desses seis mandatos, a votação cresceu. Em cada momento, tive a felicidade de preservar amigos e de ampliar o leque de relacionamentos. Fundei, com outros grandes líderes nacionais e com grandes referências para mim, de Minas Gerais, o PSDB, em Sempre fiz a minha militância política neste partido, sempre disputei por ele as eleições. Hoje sou Presidente do PSDB em Minas e tenho consciência da responsabilidade que temos como oposição a um Governo que recebe críticas não apenas nossas, mas também da grande maioria do povo brasileiro. Como eu disse, não perco de vista a noção de que ser parlamentar, ser legislador, impõe-nos a responsabilidade de representar o nosso povo, de legislar e de fiscalizar. Para representar o nosso povo, as demandas são inúmeras. As nossas emendas ficam pequenas, como o pão que tem que ser repartido para muitos filhos. Mas, ao longo desse período, tive a felicidade, não só em Divinópolis, mas também em todas as cidades em que atuo, de procurar levar recursos para os hospitais filantrópicos. As minhas emendas são assim, como um verdadeiro milagre dos pães. Nunca houve aquela decisão de pegar a emenda e coloca-la toda em uma obra. Com essas emendas, precisamos fazer um verdadeiro milagre para ajudar na saúde, como o Hospital São João de Deus, em Divinópolis, um hospital público, que estamos às vésperas de concluir, os hospitais filantrópicos em Formiga, em Carmo da Mata, em Cláudio, em Oliveira, em Bom Sucesso, em São Tiago, em São João del Rei, em Santo Antônio do Amparo, em Piumhi, em Coronel Fabriciano, em Salinas, em Taiobeiras, e por aí afora.

3 Eu não seria justo, porque não vou conseguir me lembrar, Deputado Delegado Edson Moreira. São tantos os hospitais filantrópicos que já receberam emendas do Deputado Estadual e depois do Deputado Federal, Domingos Sávio, são tantas prefeituras, sempre tendo um compromisso com a saúde, com a educação. Ajudamos a tornar pública a Universidade Estadual a UEMG, em Divinópolis, em Passos, em Ituiutaba, em Diamantina, em Carangola. Na nossa luta pelas diversas universidades federais em Minas Gerais, ajudamos a UFMG, a Universidade de São João Del Rei com campus em Divinópolis, a Universidade de Lavras, os Institutos Federais, em Salinas, onde estamos lutando pela construção do hospital veterinário, o Instituto Federal, em Divinópolis, o CEFET. Na área da segurança pública, sempre fomos parceiros da Polícia Militar, da Polícia Civil, dos Bombeiros, destinando emendas numa área muito delicada, que é a da recuperação dos dependentes químicos. No ano passado, tive a alegria de entregar 12 veículos para comunidades terapêuticas. Este ano deverão ser 15, para que possamos ajudar essas instituições que trabalham com amor, para salvar aqueles que são vítimas dessa epidemia, que é o crack, que são as drogas. Nas áreas da atividade rural, eu me orgulho de ser membro da Frente Parlamentar da Agricultura, uma parceria permanente com os sindicatos rurais, com as cooperativas, levando tratores, máquinas agrícolas, adubos. Aí então eu nem posso citar, porque são mais de, seguramente, uma centena de sindicatos e prefeituras que, ao longo desses anos, receberam o nosso trabalho. Isso me dá a alegria de poder dizer: engraçado, dizem que a classe política está em um desgaste grande. Eu estive em Carmo do Cajuru esta semana, numa exposição agropecuária, sendo abraçado pela população. Estive há poucos dias em Divinópolis, e tenho encontrado estímulo para continuar lutando por um Brasil em que eu acredito, um Brasil em que a política possa ser feita com decência, com ética, em que nós possamos priorizar, como eu disse, saúde, educação, segurança pública e a produção no meio rural.

4 Mas não nos esqueçamos de que é o poder público que tem levar infraestrutura. A parceria com as cidades me possibilitou levar recursos para asfalto para pavimentação poliédrica, para saneamento básico em diversas Prefeituras. Lá em Divinópolis mesmo agora se concluem algumas pavimentações de ruas com recursos que levamos e em várias outras cidades. Na área do esporte, ontem o Prefeito iniciava um complexo poliesportivo em Divinópolis com uma emenda de 1 milhão de reais que destinamos. Na área da cultura, ajudamos a criar aqui foi iniciativa nossa e da Frente Parlamentar da Cultura a Comissão Permanente da Cultura, que não havia nesta Casa, até o mandato passado. E assim poderíamos elencar diversas outras ações. Mas alguém poderia dizer o seguinte: Você é da Oposição. Você consegue fazer o recurso chegar à base?. Tem que ser assim! Há que haver um tratamento republicano. Não existe Deputado de primeira ou de segunda categoria. E eu era Líder do Governo Aécio Neves, na Assembleia de Minas, e ia com os Deputados do PT, nossos adversários, ao Gabinete do Secretário de Governo para que as emendas também fossem liberadas, porque não era para o bolso do Deputado; a emenda é para atender uma creche, um asilo, um hospital, uma infraestrutura. É esse o País de que nós precisamos. Ainda agora, saí de um almoço com o Vice-Presidente Michel Temer, e dizia a ele, no mesmo tom que eu estou aqui a dizer: Faço oposição, mas faço oposição responsável; faço oposição dura, com as críticas que têm que ser feitas, mas jamais obstruí, por exemplo, a votação do Orçamento nesta Casa, porque sei que é o orçamento que mantém as escolas, as universidades, os hospitais, o pagamento dos servidores públicos. E disse a ele agora, há poucos minutos: Sr. Vice-Presidente, não é justo e não merece a Oposição e creio eu que nem a base do Governo a acusação de que trabalha ou aposta no quanto pior melhor. Quem disse isso não tem o diálogo e o respeito que esta Casa e o povo brasileiro precisam ter. É preciso que haja harmonia e independência entre os poderes. E assim eu aprendi a fazer vida pública, como Vereador

5 e depois como Prefeito. E se nos cabe representar e levar os recursos que a população nos reivindica também nos cabe legislar, aperfeiçoar o processo de organização orçamentária. Foi bandeira nossa e de todo este Parlamento a regulamentação da Emenda 29 na legislatura passada, que tramitava há mais de 1 década. Tive a felicidade de contribuir para que ela fosse regulamentada, em que pese o Poder Executivo central ter se negado a dar a sua parcela e não ter aceitado os 10% da União para a saúde. Vou continuar lutando por essa bandeira seja em qual governo for. A saúde não pode ser relegada à condição de indigência, como ainda está no Brasil. Na educação, fui o primeiro Parlamentar a subscrever uma emenda defendendo 10% do PIB para a educação. Felizmente, bandeira abraçada por vários colegas de vários partidos, essa emenda se materializou e se tornou realidade. Hoje, já temos, de maneira progressiva, o crescimento dos investimentos em educação, embora o atual Governo esteja contingenciando e cortando investimentos em educação. Na mesma linha, defendemos um maior investimento na segurança pública. É de minha iniciativa a PEC da Segurança, grande Deputado Delegado Edson, que levanta essa bandeira com competência e com conhecimento. Precisamos garantir financiamento para a segurança pública. O atual Governo investe menos de 1% em segurança pública. A minha proposta é que a Constituição garanta um mínimo de 5% por parte do Governo Federal em segurança pública e um mínimo de 10% nos Estados. Aí, sim, teremos previsão orçamentária e condição de estruturar uma segurança pública unificada, um sistema nacional de segurança pública integrando a inteligência de todas as polícias para um combate organizado ao crime, que já está organizado no Brasil. O combate, não! Não está nem organizado nem financiado. Da mesma forma, estamos lutando sempre na defesa do cooperativismo. É de minha iniciativa o Projeto de Lei nº 100, que garante às cooperativas de crédito uma maior facilidade para operar com o poder público.

6 Agora, presidindo a Comissão Especial que analisa a Medida Provisória nº 675, apresentei emendas. Estarei negociando com a Senadora Gleisi Hoffmann daqui a alguns minutos para que garanta, na MP nº 675, que aumenta o imposto dos bancos, que não se aumente a incidência sobre o cooperativismo de crédito, que tem salvado a microempresa, o trabalhador e o produtor rural, com linhas de crédito mais acessíveis. Da mesma forma, é de minha iniciativa emenda a esta MP que propõe que o dinheiro que vai ser arrecadado a mais seja dividido proporcionalmente com as Prefeituras, porque defendo o municipalismo, mas não o faço só no discurso. A emenda está lá. E, como todos dizem que acham justo que os Municípios também sejam contemplados, vamos aprovar a minha emenda neste plenário e garantir que esse imposto que vai arrecadar 5 bilhões a mais dos bancos possa chegar às Prefeituras, porque é no Município que vive o cidadão, é no Município que as pessoas estão sofrendo pela falta de recurso para investir na saúde, para melhorar o salário do professor, para melhorar a remuneração dos profissionais de saúde. Mas, além de legislar, talvez a missão mais sagrada do Parlamento, para que a democracia se consolide neste País, é a de fiscalizar. A missão de fiscalizar é fundamental, e não venham chamá-la de golpe. Golpistas talvez sejam aqueles que não reconhecem a legitimidade do Tribunal de Contas da União, do Tribunal Superior Eleitoral, do próprio Supremo e do Poder Legislativo, no exercício pleno das suas funções. Esses, sim, são golpistas: acham-se acima da lei, acima do bem e do mal. Nós temos a missão de fiscalizar. No início deste ano, eu dei uma declaração a uma emissora de rádio comemorando, lá na minha querida Divinópolis, que havíamos conseguido o número de assinaturas suficientes para instalar novamente a CPI da PETROBRAS. Fazia isso inclusive em contrapartida à declaração de outros Deputados da base do Governo, que diziam que não, não tinham assinado a CPI da PETROBRAS porque aquilo era choro de derrotado, de quem perdeu a eleição, que não havia mais nada a ser investigado, que estava tudo bem. E nós dizíamos: Não, não está tudo bem. As investigações têm que continuar.