REVISTA FAIPE. Cuiabá, v. 4, n. 1, p , jan./jun

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1 35 FRATURAS DE LIMAS ROTATÓRIAS: OS PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM NA FRATURA DO INSTRUMENTO Rotary Endodontics File Fractures: major factors affecting the fracture of the instrument BORGES, Luis Eduardo 1 dr_luisborges@yahoo.com.br DANTAS, Wânia Christina Figueiredo 2 w.dantas@hotmail.com CREPALDI, Marcus Vinicius 3 marcuscrepaldi@yahoo.com.br MODESTO, Darkle Ferreira 4 darkmodesto@hotmail.com CREPALDI, Adriana Aparecida 5 adrianacrepald@yahoo.com.br CREPALDI, Maria de Lurdes 6 crepaldi.mt@hotmail.com RESUMO Este artigo propõe rever e discutir os fatores que influenciam nas fraturas de limas rotatórias. A metodologia utilizada foi a de revisão de literatura, e os resultados alcançados na análise indicam que os fatores que determinam a fratura do instrumento são força excessiva, a inabilidade do operador, e o desgaste do instrumento. Palavras-chave: Endodontia. Instrumentos Odontológicos. Lima Rotatória. Fratura de Lima Rotatória. ABSTRACT This article aims to review and discuss the factors that influence the fracture rotary files. The methodology used was the literature review and the outcomes of the analysis indicate that the factors that determine the fracture of the instrument are excessive force, the inability of the operator, and the wear of the instrument. Keywords: Endodontics. Dental Instruments. Rotary Endodontic File. Rotary Endodontic File Fracture. 1 Aluno de Especialização em Endodontia. Instituto de Ensino Superior - FAIPE. Fone: (65) E- mail: dr_luisborges@yahoo.com.br. 2 Especialista em Dentistica FOB/USP- Bauru e Endodontia FUNCRAF/USP (Centrinho)- Bauru; Mestranda em Endodontia - São Leopoldo Mandic - Campinas/SP; Coordenadora dos cursos de Especialização em Endodontia FAIPE/IPE e TO, INGÁ/Porto Velho-RO; w.dantas@hotmail.com. 3 Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru Universidade de São Paulo; Coordenador e Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade FAIPE; Revisor dos Periódicos: Revista da Revista Ortho Science e Revista FAIPE; Membro do Grupo Brasileiro de Professores de Odontopediatria e Ortodontia; Membro da ABOR; Filiado a Word Federation of Orthodontists. 4 Graduação em Odontologia pela UNIC, especialista em Odontologia Legal, Mestrado em Clínica Odontológica, Doutorado em Oncologia e Cursando Especialização em Ortotodontia. 5 Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP. Coordenadora e Professor do Curso de especialização em Ortodontia da Faculdade FAIPE. 6 Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação.

2 36 Introdução A utilização de limas endodônticas rotatórias veio para facilitar e dinamizar o tratamento endodôntico, mas sua utilização oferece riscos, onde o principal deles é a fratura do instrumento. Esta ocorrência, que é bastante comum, se tornou objeto de estudo deste artigo pela dificuldade que imprime ao tratamento, já que o profissional precisa interrompê-lo para remoção do instrumento fraturado, o que dispende tempo e pode comprometer o sucesso do tratamento. Revisão De Literatura Um dos fatores que influencia no risco de fratura é a força excessiva sobre a lima rotatória. Do apanhado de autores pesquisados, destacamos Lopes, Elias e Siqueira Júnior (2000), segundo o autor, podem ocorrer fraturas inesperadas na utilização de instrumentos rotatórios sem que nenhuma deformação permanente possa ser visualizada. Essas fraturas podem ocorrer em duas circunstâncias: fratura por torção e fratura por flexão. As fraturas por torção ocorrem quando a ponta ou qualquer parte do instrumento fica presa no canal enquanto o restante continua sua rotação. As fraturas por flexão acontecem pela fadiga que o metal sofre em canais radiculares com pequeno raio de curvatura, onde o limite de flexibilidade dos instrumentos é excedido, resultando em sua fadiga cíclica. O principal problema da técnica de instrumentação rotatória com NiTi é a falha do instrumento. Segundo Di Fiore et al. (2006), o NiTi é uma liga metálica superelástica com memória de forma; quando flexionada, sofre uma transformação de sua estrutura original que, se for levada até o seu limite elástico, irá se romper. Durante os procedimentos de modelagem, os instrumentos rotatórios podem travar e/ou rosquear dentro do canal, o que frequentemente pode conduzir a separação ou deformação do instrumento. Se um motor de alto torque é usado, a aplicação de forças é comumente muito alta e o limite de fratura do instrumento é excedido frequentemente, o que aumenta o risco de falha intracanal. Uma solução possível para este problema, segundo Gambarini (2001), é usar um motor endodôntico de baixo torque, o qual pode operar abaixo do limite máximo do torque permitido de cada instrumento. Durante instrumentação clínica dos canais radiculares, se um motor com torque controlado é operado acima do torque permitido para cada instrumento, o motor pára momentaneamente e/ou começa a rodar em uma função auto-reversa para desprender a carga do instrumento. Este mecanismo é seguro e foi desenvolvido para reduzir o risco de fratura do instrumento.

3 37 Outro fator que influencia no risco de fratura, é a inabilidade do operador. Lopes e Siqueira Júnior (1999) consideram que a falta de cuidado, o erro no emprego e a seleção inadequada dos instrumentos endodônticos ou o desconhecimento de suas propriedades mecânicas podem causar acidentes ou induzir danos permanentes ao sistema dentário do paciente. O conhecimento dos conceitos básicos do comportamento e das propriedades físicas, químicas e mecânicas dos materiais, é importante e pode auxiliar o trabalho do profissional de forma a minimizar a ocorrência de insucessos no tratamento endodôntico. De acordo com Yared et al. (2002), que avaliaram a incidência de falhas dos instrumentos rotatórios NiTiProFile quando usados por um operador inexperiente, associado a diferentes motores e sob acessos limitados, é mais seguro utilizar um motor com uma velocidade baixa (170 rpm) para operadores inexperientes de forma a prevenir fraturas e deformações dos instrumentos. Mandel et al. (1999) utilizou um total de 125 canais simulados em blocos de resina com uma forma geométrica igual em termos de ângulo, curvatura e diâmetro do orifício coronal e apical, para determinar a incidência da fratura do Sistema ProFile 0,04 e 0,06 série 29 em níquel-titânio. Cinco operadores calibrados prepararam espécimes usando uma sequência idêntica (step-down), cada um preparando 25 canais. Dentre os operadores, dois eram endodontistas e três eram clínicos gerais. Um total de 21 instrumentos foi fraturado (16,8%), todos com conicidade 0,04, sendo nove de tamanho 25, nove de tamanho 20 e três de tamanho 15. Os resultados alcançados indicaram a necessidade de dominar a técnica de preparação do canal com instrumentos rotatórios, a importância de melhorar a competência com a técnica e de aprender e ter experiência direta. Um último fator que influencia no risco de fratura da lima, é o desgaste do instrumento, o uso prolongado do instrumento rotatório. Gambarini (2001) avaliou o ciclo de fadiga de instrumentos novos com conicidade 0,04 e 0,06 após 10 vezes de uso. Concluiu que o uso clínico repetido reduziu a resistência dos instrumentos rotatórios de níquel-titânio, e os instrumentos de conicidade 0,04 foram mais resistentes em relação aos de conicidade 0,06, em relação à fadiga cíclica. Berger (2002) sugeriu como razoável que os instrumentos endodônticos sejam utilizados de 5 a 10 vezes, além de serem inspecionados rotineiramente, visando evitar a fratura dos materiais Lopes, Elias e Siqueira Júnior (2000) também orienta o descarte, mesmo após o primeiro uso, dos instrumentos que apresentarem deformação plástica em suas hélices, e diz que, quanto menor o tempo de uso, menor o será o risco de fratura.

4 38 Discussão A fratura de instrumentos é o acidente que mais acontece na prática endodôntica, e que ocorre com todo o profissional que tem o tratamento endodôntico como rotina em seu consultório. Grossman (1963), já afirmava que, o dentista que não fratura limas não tem tratado muitos canais, pois quando ele aceita o desafio de intervir em canais curvos, atrésicos ou tortuosos, também assume o risco de fratura de um instrumento. A introdução das ligas de Níquel-Titânio na Endodontia provocou euforia no mercado e inúmeras modificações nos conceitos do preparo biomecânico dos sistemas de canais radiculares. As suas características de memória elástica permitem um preparo endodôntico mais seguro e com melhor conformação anatômica, porém, algumas falhas podem ocorrer devido ao excesso de confiança do profissional perante um instrumento tão flexível e passível de tração e torção. De acordo com os autores pesquisados, entende-se a importância de controlar o torque do aparelho para realizar a instrumentação rotatória, dado o índice de fratura do instrumento. Isto ocorre, pois geralmente o torque é variável de acordo com o tipo de instrumento, sua conicidade e conformação do canal radicular, mas o uso de um torque mais baixo é aconselhado pelos autores. Gambarini (2001) também aconselha o uso de instrumentos rotatórios, com seleção de um motor de baixo torque. O sucesso do tratamento endodôntico com o uso de limas rotatórias em NiTi, requer importância de um preparo prévio e domínio da técnica, respeitando suas etapas. Com o respeito à técnica, associado ao correto torque e aplicação de forças, podemos reduzir a possibilidade da fratura dos instrumentais em ligas de NiTi Os sistemas rotatórios em NiTi são seguros e apresentam um baixo índice de falhas dos instrumentos, desde que manipulados de forma adequada e com atenção especial. O operador deve ter destreza e conhecimento para evitar fraturas pela apreensão da ponta do instrumento no interior do canal, já que a sua remoção do interior do canal radicular é complexa e difícil. Conclusão Podemos concluir que as fraturas de lima rotatórias se devem aos seguintes fatores: - Força excessiva; - Inabilidade do operador; - Desgaste do instrumento.

5 39 Referências BERGER, C. R. Endodontia clínica. São Paulo: Pancast, DI FIORE, P. M. et al. Fratura de instrumentos NiTi Profile: Simulação Laboratorial. Int Endod J., v. 39, n. 6, p , jun GAMBARINI, G. Advantages and disadvantages of new torque-controlled endodontic motor and low-torque NiTi rotary instrumentation. Aust Endod J., v. 27, n. 3, p , Dec GAMBARINI, G. Cyclic fatigue of ProFile rotary instruments after prolonged clinical use. Int Endod J., v. 34, n. 5, p , Jul GROSSMAN, L. I. Endodontia prática. Rio de Janeiro: Atheneu, p LOPES, H. P.; ELIAS, C. N.; SIQUEIRA JÚNIOR, J. F. Mecanismo de fratura dos instrumentos endodônticos. Revista Paulista de Odontologia, v. 4, p. 4-9, LOPES, H. P.; SIQUEIRA JÚNIOR, J. F. Endodontia: biologia e técnica. Rio de Janeiro: Medsi, MANDEL, E. et al. Rotary Ni-Ti profile systems for preparing curved canals in resin blocks: influence of operator on instrument breakage. Int Endod J., v. 32, n. 6, p , Nov YARED, G. M. et al. Influence of rotational speed, torque and operator proficiency on failure of Greater Taper files. Int Endod J., v. 35, n. 1, p. 7-12, 2002.