Universidade Federal do Ceará Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
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- Salvador Bennert Ximenes
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1 FAUNA DE ARANHAS (ARACHNIDA: ARANEAE) DE UM FRAGMENTO DE VEGETAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA CEARÁ, BRASIL. Raul Azevedo 1 Kamilla Gonçalves de Menezes 2 Raissa Aguiar Barbosa 3 Luis Gonzaga Sales Júnior 4 1. Introdução / Desenvolvimento As aranhas são animais carnívoros, representados por mais de espécies, (PLATNICK, 2012). No ambiente natural e em ecossistemas florestais, as aranhas apresentam papel fundamental no controle biológico em comunidades de (FOELIX, 1996; GONZAGA; SANTOS; JAPYASSÚ, 2007;). No Brasil, os biomas melhores amostrados são Mata Atlântica e Floresta Amazônia, e o bioma Pantanal junto com o bioma Caatinga correspondem aos menos amostrados, (INDICATTI et al., 2005, LEWINSOHN; FREITAS; PRADO, 2005). Quando se trata de áreas urbanas, o conhecimento sobre o tema se mostra escasso e faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas para que se possa ter uma melhor conservação da fauna. A fragmentação de um ecossistema é decorrente da ação antrópica e consiste na alteração e redução de um habitat a manchas ou fragmentos isolados (CERQUEIRA et al., 2003;) alterando assim a estrutura da vegetação. A vegetação existente em uma área atua diretamente nas comunidades de artrópodes, criando microclimas e diversos habitats possibilitando a existência de diversas comunidades de artrópodes (LAWTON, 1983). As comunidades de aranhas são influenciadas pela arquitetura das plantas, as quais dão suporte para proteção, forrageamento, reprodução e contribuem diretamente para aumento da diversidade (GIBB; HOCHULI, 2002;SOUZA; MARTINS, 2005 SOUZA, 2007; CABRA- GARCÍA; CHACÓN; VALDERRAMA-ARDILA, 2010). O objetivo do trabalho foi realizar um inventário da fauna de aranhas de um fragmento de tabuleiro litorâneo no Município de Fortaleza, Ceará. 1 Biólogo,,, Crato, Ceará. raulbiologo@gmail.com 2 Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará. bio.kamilla@gmail.com 3 Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará. raissabiologia@yahoo.com.br 4 Professor Mestre, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará. lgsjce@yahoo.com.br 2 Metodologia / Resultados O presente trabalho foi realizado em um fragmento de tabuleiro litorâneo antropizado, no interior da Universidade Estadual do Ceará, Campus do Itaperi, Fortaleza, Ceará. A área de pesquisa é caracterizada pela presença de edificações científicas, e a vegetação presente constitui-se de árvores frutíferas e arbustos, bem como campos de gramíneas, e poucos elementos que configuram a vegetação de tabuleiro original. A amostragem das aranhas foi conduzida por meio de armadilhas do tipo Pitfall trap, iniciando em agosto de 2010 e terminando em julho de Em cada armadilha foi utilizada uma solução conservante de 70% de álcool à 70% com 30% de monoetileno glicol à 30%, com algumas gotas de detergente para quebrar a tensão superficial do líquido. Em cada amostragem foram instaladas 50 armadilhas, as quais permaneceram operantes por 7 dias.
2 Foram calculados os estimadores de riqueza Chao II e Jack-Knife II por meio do programa Estimates S (COLWELL, 2006), utilizando-se 100 aleatorizações. Para análise da variação da diversidade, foram calculados os Índices de Shannon e Simpson por meio do programa Past (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). Foram coletadas 52 espécies, totalizando 1238 indivíduos, pertencentes a 18 famílias (Tabela 1). Ao comparar o S obs (52) com os estimadores de riqueza (Figura 1), percebe-se que com relação ao Chao II que o estudo amostrou 71,58 % da fauna, enquanto o estimador Jack-Knife amostrou 66,32%. As espécies que obtiveram maior amostragem foram Leprolochus sp.1 (Zodariidae) e Trochosa sp.1 (Lycosidae), os quais respectivamente representaram maior freqüência relativa (Tabela 1). O valor expressivo da abundância encontrado para Zodariidae e reduzido para Barychelidae, Gnaphosidae são similares ao trabalho realizado por ROCHA-DIAS; BRESCOVIT; MENEZES (2005) que foi realizado em fragmentos florestais no Estado da Bahia, o que indica que a ocorrência dessas duas últimas famílias pode estar associada diretamente com o estado de preservação do ambiente em questão. Figura 1: Estimadores de Riqueza para área de pesquisa. Tabela 1: Composição da fauna amostra durante o período de Família Espécie Ag Se Ou Nov De Jan Fe Mar Ab Mai Ju Jul T F o t t z v r n Barychelidae Neodiplthele sp Corinnidae Corinna sp Falconina sp Gnaphosidae Apopyllus sp Linyphiidae Meioneta sp Meioneta sp sp sp Araneidae Eustala sp Alpaida leucogramma Metazygia sp Lycosidae Allocosa sp Trochosa sp Trochosa sp sp Miturgidae Teminius sp Cheiracanthium inclusum Nesticidae Nesticus sp Oecobidae Oecobius conccinus Oonopidae Ischymotireus peltifer Neotrops sp Pholcidae Mesabolivar sp Salticidae Aillutticus sp Aillutticus sp Aillutticus sp Scopocira sp sp sp sp sp sp sp sp sp sp
3 Família Espécie Ag Se Ou Nov De Jan Fe Mar Ab Mai Ju Jul T F o t t z v r n sp sp sp Tetragnathidae Glenognatha sp Leucage sp Theraphosidae Magulla sp Acanthoscurria sp Theridiidae Coleosoma floridiana Euryopis sp Steatoda sp Steatoda sp Thomisidae Misumenops sp sp Zodariidae Cybaedamus sp Leprolochus sp Leprolochus sp T: Total coletado para o ano; F Freqüência relativa das espécies, valores em porcentagem. Fonte: Autor Os valores obtidos para os índices de diversidade não indicaram variação significativa para o Índice de Simpson (p > 0,05), enquanto que para o Índice de Shannon, houve variação significativa (P< 0,05) da diversidade entre os pares de meses Nov-Dez (2010), Jan-Fev (2011), Fev-Mar (2011), Mai-Jun (2011), (Tabela 2), correspondendo aos períodos de transição do período seco e chuvoso. Tabela 2: Variação da diversidade ao longo do período de ago-2010 a jul Índice de AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL Diversidade Shannon Simpson Variação significativa entre os meses - Teste T de Hutcheson (p<0,05). Fonte: Autor O alto número de indivíduos de Leprolochus sp. (Zodariidae) pode ser visto como indicativo de área degrada. Essa hipótese é suportada pelo trabalho de GIBB; HOCHULI (2002) no qual os autores encontraram que a maior parte das diferenças encontradas entre fragmentos de áreas naturais e áreas não fragmentadas é devido aos indivíduos da Família Zodariidae. A grande quantidade de indivíduos de Lycosidae coletados pode ser atribuída ao processo de fragmentação da vegetação, que tornando uma grande área aberta, propiciando a existência de licosídeos (CAPOCASALE, 2001). Os dados obtidos são suportados pelos inventários realizados por CANDIANI; INDICATTI; BRESCOVIT. (2005) e DIAS, et al. (2006) em fragmentos florestais em áreas urbanas e também não registraram presença de representantes da Família Lycosidae. Apesar de Salticidae, Theridiidae e Araneidae serem as famílias mais ricas em espécies (PLATNICK, 2012), e conseqüentemente as que apresentam probabilidade de serem coletadas, apenas Salticidade apresentou melhor riqueza de espécies. Famílias como Linyphiidae e Theridiidae foram pouco representadas, o que contrasta com os resultados dos trabalhos realizados em áreas urbanas obtidos por CANDIANI; INDICATTI; BRESCOVIT, (2005), PREUSS; LUCAS (2011). Os autores atribuem tal representatividade a camada de serrapilheira e vegetação arbustiva presente, visto que tais famílias são construtoras de teia e
4 necessitam de uma arquitetura dos ramos e galhos mais elaborada, o que não é encontrado na área de pesquisa. 3 Considerações Finais Os resultados obtidos nos levam a concluir que o estado de preservação da área decorrente do processo de fragmentação existente, influenciou diretamente na abundância e composição da fauna de aranhas amostrada. A pouca diversidade vegetal existente na área, bem como a ausência de serrapilheira contribuiu para a composição da fauna existente, (SOUZA, MARTINS, 2005; SOUZA, 2007). A abundância elevada dos indivíduos de Leprolochus sp. (Zodariidae) e dos indivíduos amostrados de Lycosidae podem ser um indicativo de formação de fragmentos de ecossistemas e pouca diversidade vegetal associada ao processo de antropização. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRA-GARCÍA, J.; CHACÓN, P.; VALDERRAMA-ARDILA, C. Additive partitioning of spider diversity in a fragmented tropical dry florest (Valle del Cuaca, Colombia). The Journal of Arachnology, v. 38, p , CANDIANI, D. F..; INDICATTI, R. P..; BRESCOVIT, A. D. Composição e diversidade da araneofauna (Araneae) de serrapilheira em três florestas urbanas na cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 5, n. 1(a), p. 1 13, CAPOCASALE, R. M. Redescrepción de Lycosa poliostoma (C. L. KOCK) (Araneae: Lycosidae). Revista Iberica de Aracnología, v. 3, p , CERQUEIRA, R..; BRANT, A..; NASCIMENTO, M. T..; PARDINI, R. Fragmentação: alguns coneitos. In: D. M.. RAMBALDI; D. A. S. OLIVEIRA (Eds.); Fragmentação de Ecossistemas: Causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas, Brasília: Ministério do Meio Ambiente. COLWELL, R. K.. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples.,2006. Disponível em: < >.. DIAS, S. C..; BRESCOVIT, A. D..; COUTO, E. C. G..; MARTINS, C. F. Species richness and seasonality of spiders (Arachniida, Araneae) in a urban Atlantic Forest Fragment in Northeast, Brazil. Urban Ecosystystem, v. 9, p , FOELIX, R. F. Biology of Spiders. 2 a ed. New York: Oxford University Press, GIBB, H..; HOCHULI, D. F. Habitat fragmentation in a urban environment: large and small fragments supports different arthropod assemblages. Biological Conservation, v. 106, p , GONZAGA, M. O.; SANTOS, A. J..; JAPYASSÚ, H. F. Ecologia e Comportamento de Aranhas. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Editora Interciência, HAMMER, O; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. PAST: Paleontological statistics software package for education and data analyses.,2001. Paleontologia eletronica 4. INDICATTI, R. P..; CANDIANI, D. F..; BRESCOVIT, A. D..; JAPYASSÚ, H. F. Diversidade de aranhas (Arachniida: Araneae) de solo na Bacia do Reservatório do Guarapiranga, São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 5, n. (n1a), LAWTON, J. H. Plant architeture and the diversity of phytphagous insects. Annual Review of Entomology, v. 28, p , LEWINSOHN, T. M.; FREITAS, A. V. L.; PRADO, P. I. Conservação de invertebrados terrestres e seus habitats no Brasil. Revista Megadiversidade, v. 1, n. 1, PLATNICK, N. I. The world spider catalog. version Disponível em: <American Museum of Natural History, online at Acesso em: 18/9/2012.
5 PREUSS, J. F..; LUCAS, E. M. Diversidade de aranhas (Arachniida) em um fragmento de floresta estacional semidecidual, extremo oeste de Santa Catarina, Brasil. Unoesc & Ciência - ACBS Joaçaba, v. 3, n. 1, p , ROCHA-DIAS, M. F.; BRESCOVIT, A. D..; MENEZES, M. Aranhas de solo (Aracnhiida: Araneae) em diferentes fragmentos florestais do Sul da Bahia. Biota Neotropica2, v. 5, n. 1(a), p. 1 10, SOUZA, A. L. T. Influência da estrutura e habitat na abundãncia e diversidade de aranhas. In: GONZAGA, M. O; JAPYASSÚ, H. F.; SANTOS, A. J.; (Eds.); Ecologia e Comportamento de Aranhas, Rio de Janeiro: Editora Interciência. SOUZA, A. L. T..; MARTINS, R. P. Foliage density of branches and distribution of plantdwelling spiders. Biotropica, v. 37, n , 2005.
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