SUMÁRIO EXECUTIVO. 4. A decisão proferida pela 5ª Turma do TST limitou-se a um caso concreto e, portanto, não possui efeito erga omnes.

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1 MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Gestão Pública Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal Coordenação-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas NOTA TÉCNICA Nº 295 /2013/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP Assunto: Recomposição salarial considerando o adicional de função quando percebida por período inferior a dez anos. SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Trata-se de pleito da Associação Nacional dos Beneficiários da Lei nº 8.878/94 ANBENE, pelo qual solicita extensão aos empregados públicos do extinto Banco Nacional de Crédito Cooperativo BNCC, anistiados por força da Lei nº 8.878, de 11 de maio de 1994, hoje lotados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, da decisão proferida pela 5ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho TST, que considerou pertinente incorporar na base de cálculo da recomposição da remuneração a um desses ex-empregados o adicional de função, ainda que recebido por período inferior a dez anos, quando houve a rescisão contratual. 2. Essa matéria já foi analisada por esta CGNOR, ainda à época da então Secretaria de Recursos Humanos SRH/MP, por meio da Nota Técnica nº 363 de 09 de agosto de Manutenção da aplicabilidade da Súmula nº 372 TST de 2011, no sentido de que se incorpora ao salário do empregado a gratificação de função percebida por, no mínimo, dez anos. 4. A decisão proferida pela 5ª Turma do TST limitou-se a um caso concreto e, portanto, não possui efeito erga omnes. 5. Pelo encaminhamento dos autos à Coordenação-Geral de Administração de Pessoas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para as providências cabíveis. ANÁLISE

2 6. O presente processo originou-se do expediente da ANBENE, cuja solicitação cinge-se ao refazimento dos cálculos da recomposição da remuneração quando do retorno dos empregados do extinto BNCC, anistiados em conformidade com a Lei nº 8.878, de 1994, e que retornaram ao MAPA sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, para que seja incluída a parcela denominada adicional de função, mesmo quando percebida por período inferior a 10 (dez) anos. 7. De forma sintética, a ANBENE questiona a possibilidade de estender a incorporação do adicional de função para fins de cálculo da recomposição da remuneração aos demais empregados anistiados do BNCC, considerando o Acórdão proferido pela 5ª Turma do TST (Processo TST-AIRR ), em que houve a procedência do pedido para a incorporação do referido adicional à remuneração de ex-empregado anistiado, mesmo tendo este recebido o adicional por período inferior a 10 (dez) anos. 8. Aduz a ANBENE que a a luz da Lei nº /2009 na parte em que trata da remuneração dos beneficiados pela Lei nº 8.878, de 11 de maio de 1994, e do próprio art. 457 da CLT, ficou bem claro para o órgão julgador que cabe ao empregado sempre retornar ao serviço na administração pública, direta ou indireta, com a remuneração a que fazia jus, e, como recebiam estes empregados, à época o respectivo adicional de função, devem tal rubrica ser incorporada na remuneração desses, alega ainda que a incorporação decorre do fato de ter sido paga de forma habitual, contínua, sem qualquer paralisação e, diante disso, possui natureza salarial e não indenizatória. 9. Em seu requerimento, a ANBENE transcreve trechos da decisão judicial, fls. 01/07, em que o TST, ao julgar o caso concreto (Acórdão proferido pela 5ª Turma Processo TST-AIRR ), reconhece que o adicional de função deve compor a base de cálculo da remuneração devida ao recorrido quando de sua readmissão, por expressa previsão legal. Não se trata, aqui, de deferir a incorporação da parcela, razão pela qual não se aplica a Súmula 372 do C. TST, revelando equivocada a menção do referido entendimento jurisprudencial na decisão objurgada (fl. 100), mormente porque o magistrado de origem assim esclareceu posteriormente: (...) Ante o exposto, irreparável a r. sentença que deferiu as diferenças salariais decorrentes da integração do adicional de função na remuneração do reclamante, em cumprimento ao comando legal inserto no ártico 310, caput, da Lei /20, para recomposição dos valores percebidos pelo reclamante quando de sua dispenda ilegal. 2

3 10. Após análise da matéria, por intermédio da Nota Técnica nº 19/2013/DINOR/COLEP/CGPA/SPOA/SE/MAPA, fls. 23/25, a Coordenação-Geral de Administração de Pessoas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento CGAP/MAPA, concluiu que há a possibilidade de se computar para fins de composição da remuneração dos ex-empregados do BNCC a parcela denominada adicional de função, ainda que o empregado não a tenha percebido por um período superior a 10 anos, conforme se infere da decisão acostada. Contudo, como a hipótese aventada constitui mudança na forma como hoje é considerada a remuneração dos anistiados, se faz necessário a manifestação da Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com vista a analise da presente demanda. 11. A essência da questão posta em voga diz respeito à exclusão, pela Administração, da parcela denominada adicional de função do cálculo da recomposição salarial dos empregados anistiados do extinto BNCC, eis que, segundo afirma a ANBENE, não se trata de incorporação da função comissionada, e sim, do reconhecimento da função como parcela remuneratória a que fazia jus e, ainda, a sua inclusão na base de cálculo da recomposição salarial do ex-empregado, quando de seu retorno. 12. No que tange à afirmação da ANBENE, vê-se que aquela Associação procura demonstrar que o adicional de função trata-se de parcela integrante da remuneração do trabalhador, cuja natureza salarial decorre da habitualidade de seu pagamento, e, em sendo uma parcela fixa e de caráter permanente, integra a remuneração dos ex-empregados o BNCC. 13. Contudo, O Plano de Cargos e Salários e de Benefícios e Vantagens do Banco Nacional de Crédito Cooperativo S/A BNCC, aprovado pela Resolução nº 205, com vigência a partir de 05 de março de 1985, do Conselho Nacional de Política Salarial da Secretaria de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, traz, no capítulo Progressão na Carreira Função Comissionada, itens 66, 67, 68, 69, 70, 71 e 72, o que abaixo transcrevemos: 66 As funções comissionadas serão criadas, extintas ou modificadas pela Diretoria, de conformidade com as exigências dos serviços, mediante proposta fundamentada do Diretor a que estiver subordinado o Departamento responsável pela administração dos recursos humanos, e após ser submetida à aprovação do conselho Nacional de Políticas Salarial CNPS. (grifo nosso) 67 As funções comissionadas terão nomenclatura própria e a cada 3

4 uma corresponderá remuneração específica, denominada adicional de função. (grifo nosso) 68 As funções comissionadas serão providas por designação do Presidente. 69 Na indicação de funcionários para provimento de funções comissionadas serão observados os seguintes fatores: 1 desempenho, conhecimento dos serviços, dedicação e operosidade; 2 maturidade funcional e atributos de liderança; 3 conduta disciplinar; 4 habilidade para o exercício da função. 70 Nenhum funcionário poderá ser designado para exercer simultaneamente mais de uma função comissionada. Substituição 71 Substituição é o exercício eventual de função comissionada no efetivo impedimento do respectivo titular, quando autorizada pelo Diretor a que estiver subordinado o Departamento responsável pela administração de recursos humanos. 72 Durante o período de substituição, perceberá o funcionário o adicional correspondente à função comissionada que estiver exercendo como substituto. 14. Assim, diante do acima transcrito, no âmbito do extinto BNCC, não se chega a outra conclusão senão a de que o adicional de função se revestia de natureza precária e possuía características de gratificação por exercício de função. 15. Cumpre dispor a similaridade da situação analisada pela então Coordenação- Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas, da Secretaria de Recursos Humanos, na NOTA TÉCNICA Nº 363/2011/CGNOR/DENOP/SRH/MP, com a que ora aqui é apresentada em relação à inclusão da parcela denominada adicional de função como parcela remuneratória a que o empregado fazia jus na data de sua demissão, para fins de compor a base de cálculo para recomposição da remuneração original dos ex-empregados do extinto BNCC. 4

5 16. Rememore-se que por meio da Nota Técnica nº 363, supra, a então CGNOR concluiu que a gratificação de função percebida por um período superior a dez anos, deixa de possuir características de gratificação por exercício de função de caráter temporário e eventual, e incorpora-se ao salário do empregado, atendendo a condição estabelecida pela jurisprudência do Egrégio TST. Portanto, caso o interessado consiga comprovar que entregou ao órgão dentro do prazo decadencial, documento comprobatório referente ao adicional de função comissionada, por mais de dez anos, poderá o MAPA implementar o recálculo de sua recomposição. 17. Nessa senda, acerca do adicional de função integrar a base de cálculo da recomposição da remuneração de empregado público anistiado, pleiteado pela ANBENE, pertinente destacar o consolidado entendimento do Tribunal Superior do Trabalho TST sobre a manutenção do pagamento de gratificação de função. Vejamos: RECURSO DE REVISTA RR / (TST) GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. INTEGRAÇÃO 1. A jurisprudência atual, notória e interativa do Tribunal Superior do Trabalho, tendo em vista o principio da estabilidade econômica, considera que se incorpora ao salário do empregado a gratificação de função percebida por, no mínimo, dez anos seguidos. 2. Na hipótese de o Empregado perceber gratificações de função de diferentes valores ao longo de um período superior a 10 anos, ilícita a reversão ao cargo efetivo sem a manutenção do pagamento de gratificação de função. 3. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento, no particular, para condenar a Reclamada ao pagamento das diferenças decorrentes da incorporação da média percentual das gratificações de função percebidas pelo Reclamante. 18. Destarte, extrai-se da sentença que deferiu as diferenças salariais decorrentes da integração do adicional de função na remuneração do ex-empregado do BNCC, que o TST reconhece que não há de se falar em contrariedade à Súmula 372/TST, que abarca situação diferente da discutida nos autos. Assim, aquela Corte Especializada mantém o entendimento consolidado de que se incorpora à remuneração a função percebida por dez ou mais anos pelo empregado. CONCLUSÃO 5

6 19. Assim, tem-se que a gratificação de função percebida por um período inferior a dez anos possui características de gratificação por exercício de função de caráter temporário, não se incorporando ao salário do empregado, haja vista que não atende a condição estabelecida pela jurisprudência do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho (Súmula ), e que a decisão acostada aos autos restringe-se ao caso específico analisado, não se estendendo os seus efeitos. 20. Diante do exposto, sugerimos o encaminhamento dos autos à Coordenação- Geral de Administração de Pessoas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, para conhecimento e providências que se fizerem necessárias. À Consideração da Senhora Coordenadora-Geral. Brasília, 05 de Novembro de CLEVER PEREIRA FIALHO Matrícula. SIAPE MARIANA C. MALDI E SOUZA Chefe da Divisão de Extintos Territórios De acordo. À Consideração do Senhor Diretor de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal. Brasília, 05 de Novembro de PAULO ROBERTO PEREIRA DAS NEVES BORGES Assessor ANA CRISTINA SÁ TELES D ÁVILA Coordenadora-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas Aprovo. Encaminhe-se à Coordenação-Geral de Administração de Pessoas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, conforme proposto. Brasília, 05 de Novembro de ROGÉRIO XAVIER ROCHA Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal 6