TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Transcrição

1 TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA Pelo presente instrumento, na forma do art. 5.º, 6.º, da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, alterado pelo art. 113 da Lei n.º 8.078, de 11 de novembro de 1990, de um lado, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos e da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos da Comarca de Patos de Minas, no uso de suas atribuições legais, doravante denominado Compromitente, e, de outro, a EMPRESA GONTIJO DE TRANSPORTES LTDA, sociedade comercial inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na Rua Professor José Vieira de Mendonça, nº 475, bairro Engenho Nogueira, em Belo Horizonte / MG, neste ato representada por seu Diretor Administrativo, Sr. Luiz Carlos Gontijo, acompanhado por advogada, Dra. Letícia Pimentel Santos, OAB-MG 64594, doravante denominada Compromissária e Considerando que a Lei Federal nº /03 Estatuto do Idoso art. 40, prevê a reserva de duas vagas gratuitas por veículo, no sistema de transporte coletivo interestadual, para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos, bem como o desconto de cinqüenta por cento no valor das passagens, no mínimo, para os idosos que excederem as vagas gratuitas e que tenham o mesmo nível de renda da hipótese anterior; Considerando que o Decreto Federal nº 5.934, de 18 de outubro de 2006, regulamentou a reserva de vagas gratuitas e a comercialização, com desconto, de bilhetes de viagem dos idosos e estabeleceu as condições para o exercício de tais direitos, indicando os prazos de antecedência para aquisição das passagens, os mecanismos de comprovação da idade e de renda e as obrigações das empresas de transporte concessionárias de serviço público para a concretização de seus preceitos;

2 Considerando os termos da Resolução nº 1.692, de 24 de outubro de 2006, da Agência Nacional de Transportes Terrestres, que normatizou, no âmbito das relações administrativas peculiares à concessão ou permissão de serviços públicos, as obrigações e direitos das empresas concessionárias ou permissionárias dos serviços de transporte interestadual de passageiros para a efetivação do benefício de viagem gratuita ou sua comercialização com preços reduzidos aos idosos; Considerando que compete ao Ministério Público, nos termos do art. 129 da Constituição Federal de 1988 e art. 74 do Estatuto do Idoso, instaurar inquérito civil e ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; Considerando a necessidade de se atribuir eficácia às normas de proteção dos interesses coletivos relativos às pessoas idosas, em especial o direito de acesso aos meios de transporte coletivo interestadual de passageiros, conforme prescrito na Lei Federal nº /2003; RESOLVEM Celebrar o presente Compromisso de Ajustamento de Conduta, mediante os seguintes termos: CLÁUSULA PRIMEIRA: A Compromissária, na qualidade de permissionária de serviço público de transportes, com exploração de linhas de transporte coletivo interestadual de passageiros que atendem ao Estado de Minas Gerais, assume a obrigação perante o Ministério Público de cumprir o disposto no art. 40 da Lei Federal nº /03 Estatuto do Idoso, nos termos do Decreto Federal nº 5.934/06, da Resolução nº 1.692, de 24 de outubro de 2006, da Agência Nacional de Transportes Terrestres,

3 ou das normas que os substituírem, garantindo às pessoas idosas a reserva de duas vagas gratuitas por veículo, no sistema de transporte rodoviário interestadual convencional de passageiros, para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos, bem como o desconto de cinqüenta por cento no valor das passagens, no mínimo, para os idosos que excederem as vagas gratuitas e que tenham o mesmo nível de renda da hipótese anterior. CLÁUSULA SEGUNDA: Por este instrumento, a Compromissária assume a obrigação de prover a estrutura e adotar os procedimentos necessários à concessão dos benefícios previstos no art. 40 do Estatuto do Idoso, de modo a não criar qualquer embaraço ao exercício de tais direitos pelos idosos, cumprindo fielmente as normas legais e regulamentares que estiverem em vigor, abstendo-se de impor quaisquer condições e requisitos não previstos no Estatuto do Idoso, no seu Decreto regulamentar, na Resolução ANTT 1.692/06 e seus sucedâneos. CLÁUSULA TERCEIRA: No ato de solicitação do bilhete de viagem do idoso ou do desconto de 50%, a Compromissária providenciará o preenchimento de formulário com os dados referentes ao pedido, bem como a indicação de sua concessão ou recusa, fazendo consignar, no último caso, os motivos da recusa. Parágrafo único - O formulário, preenchido em pelo menos duas vias, uma destinada ao idoso e outra à Compromissária, conterá dados pessoais do solicitante, sua assinatura, o local de origem e de destino, o horário pretendido para a viagem e o da solicitação, além de campo para registro das razões de não concessão dos benefícios, quando for o caso. CLÁUSULA QUARTA: Para a observância das obrigações assumidas nas cláusulas anteriores, fica estabelecido que será ilegítima a exigência ou injusta a recusa do benefício se a Compromissária: A) fixar prazos superiores aos previstos nas normas para

4 expedição dos bilhetes de viagem do idoso; B) deixar de apreciar imediatamente o pedido de emissão do bilhete de viagem do idoso ou com desconto de 50%, exigindo o retorno posterior do idoso para confirmação do seu pleito; C) condicionar o direito de viagem à apresentação de outros documentos que não aqueles expressamente previstos na lei e seus regulamentos; D) condicionar a emissão do bilhete de viagem de idoso ao pagamento de valores não previstos na lei ou ao pagamento de percentuais superiores aos estipulados nas normas; E) negar o fornecimento de bilhete de viagem de idoso, invocando questões administrativas ou procedimentos internos, inclusive aquelas atinentes à relação mantida com o Poder Concedente do serviço público. CLÁUSULA QUINTA: Será justa a recusa à concessão do bilhete de viagem do idoso quando: A) solicitado em linha ou seção não executada pela Compromissária, conforme relação disponibilizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT; B) solicitado em linha ou seção pertencente ao sistema de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, enquanto permanecer inalterado o quadro normativo e judicial sobre o tema;

5 C) solicitado com antecedência inferior à estipulada no regulamento, observada em relação ao horário de partida do ponto inicial da linha do serviço de transporte, se, após esse prazo, tiverem sido comercializados os bilhetes de todos os assentos; D) solicitado em veículo que não se enquadre na condição de serviço convencional de passageiros, ressalvada a hipótese de serem oferecidos veículos de características diferentes no horário do serviço convencional; E) o solicitante não apresentar a documentação exigida nos dispositivos legais que regulam os benefícios. CLÁUSULA SEXTA: O bilhete de viagem do idoso e o desconto de 50% serão emitidos, no âmbito do Estado de Minas Gerais, nos pontos de venda existentes no início das linhas e nos pontos de seção, independentemente de serem próprios ou terceirizados. CLÁUSULA SÉTIMA: Não estão incluídas nos benefícios de que ora se cuida as tarifas de pedágio e de utilização dos terminais. CLÁUSULA OITAVA: A Compromissária poderá tirar, às suas custas, cópias dos documentos apresentados pelo idoso, para fins de controle da concessão do benefício. CLÁUSULA NONA: A Compromissária assume a obrigação de, a partir de 30 (trinta) dias contados da data da assinatura do presente acordo, divulgar em local visível para o público, mediante afixação de cartazes em todos os pontos próprios de comercialização de passagens, as informações necessárias para a expedição dos bilhetes de viagem de idoso, indicando os documentos necessários e os prazos legais e regulamentares para a fruição

6 dos direitos. Parágrafo único O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos encaminhará, aos Promotores de Justiça atuantes na área, material informativo sobre a fruição dos benefícios previstos no art. 40 do Estatuto do Idoso, bem como cópia do presente Termo de Ajustamento de Conduta. CLÁUSULA DÉCIMA: Para a fiscalização do acordo, a Compromissária enviará, até o dia 25 (vinte e cinco) de cada mês, nos seis meses imediatamente subseqüentes à assinatura do presente instrumento e sem prejuízo de requisições futuras, ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos, uma via dos formulários a que se refere a cláusula terceira. CLAÚSULA DÉCIMA PRIMEIRA: A obrigação assumida na cláusula anterior não inibe a fiscalização do cumprimento do compromisso pelo Ministério Público, por outras entidades com atuação na área ou mesmo pelos cidadãos. CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA: A Compromissária encaminhará ao Ministério Público notícia dos casos de uso indevido do direito ao bilhete do idoso, da forma mais circunstanciada possível, para adoção das medidas cabíveis. CLAÚSULA DÉCIMA TERCEIRA: O descumprimento das obrigações assumidas nas cláusulas primeira e segunda, por inobservância de seus termos ou das cláusulas terceira a oitava do presente instrumento, implicará a imposição de multa no valor de 05 (cinco) vezes o valor do benefício solicitado pelo idoso, revertendo as quantias cobradas sob este título ao Fundo Municipal do Idoso ou, na falta deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando tais recursos vinculados ao atendimento ao idoso.

7 CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA: O descumprimento das obrigações assumidas nas cláusulas nona e décima implicará a imposição de multa diária no valor de 01 (um) salário mínimo, até a data de seu efetivo adimplemento, revertendo os valores apurados e cobrados sob este título ao Fundo Municipal do Idoso ou, na falta deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando tais recursos vinculados ao atendimento ao idoso. CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA: Este instrumento produzirá efeitos legais a partir de sua celebração, apenas perdendo sua eficácia se sobrevier alteração normativa ou decisão judicial que suprima o reconhecimento dos direitos previstos no art. 40 do Estatuto do Idoso, e valerá como título executivo extrajudicial, na forma dos artigos 5.º, 6.º, da Lei n.º 7.347/85, e 585, inc. VIII, do Código de Processo Civil. E, por estarem de acordo, firmam o presente instrumento de compromisso, para que produza seus jurídicos e legais efeitos. Belo Horizonte, 1º de novembro de Elida de Freitas Rezende Promotora de Justiça e Coordenadora Estadual José Carlos de Oliveira Campos Júnior Promotor de Justiça Empresa Gontijo de Transportes Ltda Dra. Letícia Pimentel Santos OAB-MG 64594