ACADEMIA MILITAR. Videovigilância: Enquadramento Legal e sua Aplicação na Prevenção Criminal o Santuário de Fátima

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1 ACADEMIA MILITAR Videovigilância: Enquadramento Legal e sua Aplicação na Prevenção Criminal o Santuário de Fátima Autor: Aspirante GNR Inf Diogo André Saavedra Morgado Orientador: Prof. Doutor José Fontes Coorientador: Capitão José Pereira Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada Lisboa, agosto de 2013

2 ACADEMIA MILITAR Videovigilância: Enquadramento Legal e sua Aplicação na Prevenção Criminal o Santuário de Fátima Autor: Aspirante GNR Inf Diogo André Saavedra Morgado Orientador: Prof. Doutor José Fontes Coorientador: Capitão José Pereira Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada Lisboa, agosto de 2013

3 Dedicatória Aos meus pais e irmãos, a minha família, E a ti, Ana, por já o seres ii

4 Agradecimentos Ciente que um trabalho de investigação, por mais singelo que seja, mesmo quando individual, não deixa de ser necessário o complemento de alguém exterior, através de uma simples opinião ou mudança de paradigma, bem como a natural criação de condições tendentes à própria prossecução do trabalho, gostaríamos de elencar algumas das pessoas que, para nós, demonstraram ser um importante contributo para a realização do mesmo. Agradeço ao Sr. Professor Doutor José Fontes, pelo apoio ao longo de todo o processo de elaboração do trabalho de investigação, pessoa que para mim se revelou como um exemplo a seguir, desde logo nos primeiros contactos na Academia Militar, quer pela sua enorme dedicação e disponibilidade, quer pelo seu constante incentivo a sermos melhores todos os dias. Agradeço ao Sr. Capitão José Pereira, pela revisão e orientação do trabalho na matéria jurídica, bem como na estruturação deste, servindo ainda como um importante apoio na instituição Guarda. Agradeço ao Sr. Tenente-Coronel Santos Pereira, Oficial de ligação do Ministro da Administração Interna, por agilizar o contacto com o Sr. Dr. Jorge Garcês, que também agradeço, por me disponibilizar o processo referente ao estudo de caso. Agradeço ao Sr. Capitão Duarte da Graça, que conseguiu separar as futuras funções de arguente, para que, à data, me transmitisse os conhecimentos que demonstra a sua já exaustiva experiência. Agradeço ao Sr. Capitão Nélson Santana e o Sr. Pe. Cristiano Saraiva, que se mostraram disponíveis em me receber nos seus escritórios e que, sem limitações, me responderam e puseram à disposição a informação pretendida. Agradeço também à Sr.ª Alferes Adriana Martins, pessoa incansável, que se mostrou disposta desde logo a disponibilizar-nos a informação por nós pretendida. Agradeço à Sr.ª Filipa Melo, funcionária da Polícia Judiciária, que colocou à minha disposição os recursos da sua Instituição. Agradeço aos meus camaradas e amigos do XVIII curso da GNR, por todos os momentos de partilha que ao longo de cinco anos vivenciámos. iii

5 Agradeço em especial aos meus pais, por todo o apoio, desde sempre. Agradeço à minha namorada, pela compreensão demonstrada nos últimos anos, por poder contar sempre com ela e por ser quem é. Agradeço à Academia Militar e à Escola da Guarda, pelos esforços construtivos à nossa formação, enquanto pessoas e militares. A todos, o meu sincero obrigado! iv

6 Resumo A investigação subsequente terá como finalidade o estudo da influência da implementação das câmaras de videovigilância no Santuário de Fátima, através do seu uso como um possível meio eficaz de prevenção da criminalidade, por este ser um importante centro de peregrinação para o mundo católico. Assim, mostra-se necessário a sua adequação a todos os trâmites legais, bem como a análise de todo o processo envolvente à sua instalação, desde o protocolo inicial entre a GNR e a entidade responsável pela administração do Santuário até ao último pedido de renovação, por parte do Gabinete do General Comandante Geral da GNR, como todo um conjunto de correspondência entre todas as entidades com a sua quota-parte de responsabilidade na implementação deste sistema de videovigilância, com o intuito de também verificar no espaço delimitado pelo estudo se de facto a utilização da videovigilância irá afetar alguns dos direitos fundamentais. São ainda elencados os resultados obtidos pelo tratamento dos dados estatísticos, a nível criminal, referente aos períodos que antecederam a implementação da videovigilância no Santuário, comparativamente ao espaço temporal subsequente, de modo a refletir a eventual eficácia do sistema, a nível de frequência e tipologia de crimes, bem como à possível transferência destes. Como complemento à investigação e ao trabalho desenvolvido foram realizadas três entrevistas a entidades diretamente responsáveis pela temática em apreço. Interessa referir a importância da implicação do sistema para a redução do sentimento de insegurança, permitindo também o decréscimo dos índices criminais, utilizando a prevenção e repressão criminais, bem como o importante auxílio em matérias do foro de proteção civil. No entanto, a Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, obriga ao cumprimento de todo um conjunto de requisitos essenciais na salvaguarda dos direitos fundamentais, que no caso em estudo não estão a ser cumpridos, tornando-se imperativo a adoção de medidas necessárias para o cumprimento da Lei, por parte da administração do Santuário, estando em falta desde o término do período de vacatio legis da Portaria n.º 373/2012, de 16 de outubro. v

7 Palavras-chave: Videovigilância. Prevenção da criminalidade. Segurança. vi

8 Abstract This investigation aims to study the influence of the implementation of surveillance cameras in the Sanctuary of Fatima, through its use as a possible effective tools of crime prevention, because this is an important pilgrimage center for the Catholic world. It appears necessary to verify its suitability for all legal purposes, as well as an analysis of the entire process surrounding the installation, from the initial protocol between the GNR and the entity responsible for administering the sanctuary to the last renewal application to the GNR Commander General. This includes a whole set of correspondence between all entities with their share of responsibility in the implementation of this surveillance system, in order to also check the space delimited by the study to determine whether the use of video surveillance will affect some fundamental rights. The results obtained by the treatment of statistical data, at a criminal level are listed, for the periods prior to the implementation of video surveillance in the Sanctuary, compared to subsequent time to reflect the likely effectiveness of the system, the level of frequency and typology crimes, as well as the possible transfer of these. Three interviews with entities directly responsible for the issue in question are included as a complement to this research and work. The importance of involving the public to reduce feelings of insecurity, was also noted and the decrease in crime rates, using conventional forms of crime prevention, as well as an aid in the important matters of the court of civil protection. However, Law n.º 1/2005, of 10 January, requires the completion of a whole set of requirements, essential safeguarding of fundamental rights, which in our case are not being met, making it imperative to adopt the necessary measures to comply with the law, Sanctuary management, incomplete since the adaptation of the Ordinance n.º 373/2012, of 16 October. Key words: Videosurveillance. Crime prevention. Security. vii

9 Índice Geral Dedicatória... ii Agradecimentos... iii Resumo... v Abstract... vii Índice Geral... viii Índice de Figuras... x Índice de Tabelas... xi Lista de Apêndices e Anexos... xii Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos... xiii Capítulo 1 Introdução Enquadramento da Investigação Importância da Investigação e Justificação da Escolha Definição dos Objetivos Metodologia Enunciado da Estrutura do Trabalho... 6 Capítulo 2 Revisão da Literatura A Segurança e o Estado Sentimento de (In)Segurança A Prevenção Criminal As Forças Policiais como Instrumento do Estado Definição de Videovigilância Os Direitos Fundamentais e a Videovigilância Análise Técnica e Tática Panorama Internacional Progresso da Videovigilância Capitulo 3 Metodologia e Procedimentos Método de Investigação viii

10 3.2. Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima o Local Recolha Documental Entrevistas Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Enquadramento Jurídico Protocolo de Cooperação Inicial Pedido de Autorização da Implementação Inicial de Videovigilância A Evolução da Videovigilância no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima Modelo de Avisos e Simbologia As Câmaras de Vídeo no Santuário de Fátima Análise Criminal no Santuário Análise das Entrevistas Capítulo 5 Conclusões e Recomendações Verificação das Hipóteses Enunciadas Considerações Finais e Recomendações Limitações Bibliografia Apêndices... 1 Apêndice A Setores de Vigilância das Câmaras do Santuário... 2 Apêndice B Entrevistas Entrevista ao Sr. Cap. Duarte da Graça Entrevista ao Sr. Cap. Nélson Santana Entrevista ao Sr. Pe. Cristiano Saraiva Anexos Anexo A Protocolo de Cooperação Inicial Anexo B Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro Anexo C Despacho n.º 7790/2010, de 22 de abril Anexo D Despacho n.º 1718/2011, de 11 de janeiro ix

11 Índice de Figuras Figura n.º 1 Mapa Geral do Santuário Figura n.º 2 Tipos de crimes em 2007 na freguesia de Fátima Figura n.º 3 Ocorrências no Santuário entre 2007 a Figura n.º 4 Carteiras recuperadas de 2007 a Figura n.º 5 Suspeitos identificados no Santuário de 2007 a Figura n.º 6 Total das ocorrências por mês no Santuário de 2007 a Figura n.º 7 Total das ocorrências por dias da semana no Santuário de 2007 a Figura n.º 8 Total das ocorrências por período horário no Santuário de 2007 a Figura n.º 9 Total das ocorrências entre 2007 a 2011, com distinção entre locais videovigiados e não videovigiados Figura n.º 10 Setor de Vigilância Câmara 1 Self Service (Velas)... 2 Figura n.º 11 Setor de Vigilância Câmara 2 Queima das Velas... 3 Figura n.º 12 Setor de Vigilância Câmara 3 Capelinha das Aparições... 4 Figura n.º 13 Setor de Vigilância Câmara 4 Colunata Norte... 5 Figura n.º 14 Setor de Vigilância Câmara 5 Colunata Sul... 6 Figura n.º 15 Setor de Vigilância Câmara 6 Casa N. Sr.ª do Carmo... 7 Figura n.º 16 Setor de Vigilância Câmara 7 Candeeiro Sul... 8 Figura n.º 17 Setor de Vigilância Câmara 8 Candeeiro Norte... 9 x

12 Índice de Tabelas Tabela n.º 1 Considera a implementação da videovigilância uma mais-valia? Tabela n.º 2 Considera que são postos em causa direitos fundamentais das pessoas, recorrendo-se à videovigilância? Tabela n.º 3 Qual a sua perceção relativamente ao sentimento de segurança dos peregrinos e funcionários do Santuário quando comparados os períodos temporais antes e após a implementação das câmaras de vídeo? xi

13 Lista de Apêndices e Anexos Apêndices... 1 Apêndice A Setores de Vigilância das Câmaras do Santuário... 2 Apêndice B Entrevistas Entrevista ao Sr. Cap. Duarte da Graça Entrevista ao Sr. Cap. Nélson Santana Entrevista ao Sr. Pe Cristiano Saraiva Anexos Anexo A Protocolo de Cooperação Inicial Anexo B Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro Anexo C Despacho n.º 7790/2010, de 22 de abril Anexo D Despacho n.º 1718/2011, de 11 de janeiro xii

14 Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos AM art.º CC CCTV CNPD CP CRP DUDH DTer ETA GNR IRA LPD LSI m Pe PJ PM PSP PTer QD RCFTIA SEF SIS SPA SOITRP Academia Militar artigo Código Civil Close Circuit Television Comissão Nacional de Proteção de Dados Código Penal Constituição da República Portuguesa Declaração Universal dos Direitos Humanos Destacamento Territorial Euskadi Ta Askatasuna Guarda Nacional Republicana Irish Republican Army Lei de Proteção de Dados Pessoais Lei de Segurança Interna metro Padre Polícia Judiciária Polícia Marítima Polícia de Segurança Pública Posto Territorial Questão Derivada Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada Serviço de Estrangeiros e Fronteiras Serviço de Informações e Segurança Serviço de Policiamento Aéreo Secção de Operações, Informações, Treino e Relações Públicas xiii

15 Capítulo 1 Introdução Capítulo 1 Introdução 1.1. Enquadramento da Investigação A Academia Militar (AM), estabelecimento de ensino superior público universitário militar, com a finalidade essencial de formar Oficiais destinados aos quadros permanentes das Armas e Serviços do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) 1, sofreu uma restruturação curricular fruto da adequação dos seus cursos ao Processo de Bolonha, pelo Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março. Assim, o Processo de Bolonha na AM, com o seu início formal em novembro de 2003, tem como paradigma fundamental a transição de um modelo passivo de aquisição de conhecimentos, para um modelo de desenvolvimento de competências, onde a componente experimental e de projeto desempenham um papel importante (Academia Militar, s.d.). Integrado na nova estrutura curricular, emerge então o Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicado (RCFTIA), destinado à aquisição do grau académico de Mestre, em Ciências Militares na especialidade de Segurança da GNR. Decorridos cinco anos de formação, a sua realização representa o culminar do período de desenvolvimento de competências e de capacidades que permitam e constituem a base de aplicações originais, em ambientes de investigação 2, integrado no curso de formação de Oficiais, revelando-se uma excelente oportunidade para a aquisição, desenvolvimento e consolidação de conhecimentos. Aliado à própria valorização pessoal e com o humilde intuito de procurar alcançar, por mais singela que seja, uma contribuição de interesse institucional e social, entendeu-se adotar, no domínio da segurança, o tema Videovigilância: Enquadramento Legal e sua Aplicação na Prevenção Criminal o Santuário de Fátima. 1 Pelo atual estatuto aprovado pelo Decreto-Lei n.º 302/88, de 2 de setembro, regulamentado pelo Decreto- Lei n.º 173/91, de 11 de maio e pela Portaria n.º 425/91, de 24 de maio. 2 Conforme Capítulo V, n.º 2, alínea b), da NEP n.º 520/DE da AM, de 30 de junho de

16 Capítulo 1 Introdução 1.2. Importância da Investigação e Justificação da Escolha O tema a tratar reveste-se de especial importância e atualidade, devido não apenas à sua pertinência institucional, mas igualmente atenta a entrada em vigor da lei que regula a videovigilância e ainda devido a algumas divergências doutrinais que importa analisar. O Estado, através das suas funções, surge como uma entidade reguladora das relações entre as pessoas e o poder, através da prossecução regular e contínua das necessidades coletivas (Gregório, 2009), garantindo assim os direitos e liberdades fundamentais, como atenta o disposto no art.º 9.º, alínea b), da Constituição da República Portuguesa (CRP), na sua sétima revisão constitucional, aprovada pela Lei Constitucional n.º 1/2005, de 12 de agosto. A segurança, direito fundamental constitucionalmente previsto no seu art.º 27.º, n.º 1, será um requisito para a prossecução das atividades do Estado, onde as forças policiais desempenham um papel fundamental. A prevenção criminal está assim a cargo das forças e serviços de segurança. Aqui inserimos não só a procura da descida dos índices criminais, como também o decréscimo do sentimento de insegurança das populações. Então, à atuação da GNR e das outras forças e serviços de segurança, ficará vinculada o regime da utilização da videovigilância como um dos meios de prevenção criminal. Através da divisão dada por Valente (2009), podemos dividir o conceito da prevenção criminal em vigilância ou prevenção criminal em sentido estrito. A videovigilância enquadra-se na primeira podendo ser de caráter preventivo ou reativo. As polícias autorizadas a usufruir da utilização de câmaras de vídeo com o intuito de prevenção criminal, pelo disposto do art.º 1.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, são as forças e serviços de segurança. A definição destas encontra-se esclarecida no art.º 25.º da Lei de Segurança Interna (LSI), aprovada pela Lei n.º 53/2008, de 29 de agosto. Citando Castro (2005, p. 122), a videovigilância é uma forma eletrónica de vigilância à distância realizada mediante operações de tratamento de imagens captadas por câmaras. A videovigilância como um dos possíveis meios a serem utilizados pelas forças policiais surge enquadrada no âmbito da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Assim, torna-se fundamental a análise da implementação de qualquer sistema de câmaras de vídeo, cumpridos os requisitos da mesma. 2

17 Capítulo 1 Introdução Para o correto enquadramento deste meio de prevenção criminal, é necessário salvaguardar o seu uso abusivo, sendo necessária uma cuidada ponderação de modo a não restringir direitos fundamentais constitucionalmente previstos. Importa ainda referir que a utilização deste tipo de sistemas, à luz da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, apenas se aproveita quanto à utilização deste em espaços públicos de utilização comum, ou seja, em todo o espaço livre de acesso ao público. Não poderíamos deixar de assinalar o país de referência no que respeita à utilização da videovigilância o Reino Unido. Em 2009, neste país, existiam 4.2 milhões de câmaras de vídeo e, em média, um londrino podia ser visionado aproximadamente 300 vezes por dia (The Police Foundation, 2009). A escolha do Santuário de Fátima como estudo de caso decorre do facto de se encontrar na área territorial competente à GNR e de ser um dos locais mais visitados do país. Decorre ainda de ser um importante local de culto que atrai milhares de pessoas todos os anos, sendo de relevar ainda a importância dada ao turismo religioso, tanto local, nacional e até internacional, pelo elevado número de peregrinos estrangeiros que visitam este local. As datas em que se regista maior afluência de visitantes ao santuário, são entre os meses de maio a outubro, sendo estas condições agravadas nas cerimónias de 12 e 13 de maio e outubro, de 10 de junho, 15 de agosto e sempre que os dias 12 e 13 coincidam com os fins de semana, podendo nestes dias atingir os peregrinos. Justifica-se então a adoção de medidas e de mecanismos que garantam a segurança dos peregrinos (referindo-se à videovigilância), conforme o n.º 1, do preâmbulo do protocolo inicial entre o Santuário e a GNR, e uma resposta eficaz, no âmbito da proteção civil, por apenas existirem seis saídas claras, onde duas delas dispõem de escadas e outras duas efetivarem-se através de túneis. Assim, a adoção deste tipo de medidas irá ter um papel importante na contribuição da proteção de pessoas e prevenção criminal, sendo uma mais-valia para a entidade operadora GNR, através do Destacamento de Tomar, ao conferir uma melhor eficácia operacional, tanto a nível preventivo como reativo. Torna-se fundamental a análise comparativa dos índices criminais antes e após a implementação das câmaras, para uma melhor contextualização da dinâmica em foco, pois só assim se justifica o efetivo emprego destas, apesar de uma eventual restrição de direitos. 3

18 Capítulo 1 Introdução 1.3. Definição dos Objetivos Ao tratar tão vasto tema como a videovigilância e a prevenção criminal, surgiu desde logo a necessidade de circunscrever o objeto de estudo. Assim, desde a fase inicial do projeto do RCFTIA, optou-se por direcionar a investigação para o caso de estudo único do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Esta escolha, acima justificada, procurou dar resposta à questão de partida: Qual a influência da implementação das câmaras de videovigilância no Santuário de Fátima para a prevenção da criminalidade? Tem-se como objetivo principal conseguir adequar a utilização das câmaras de vídeo como um meio eficaz de prevenção criminal, tendo em consideração todas as limitações legais daí decorrentes. De forma a uma melhor análise da questão matriz subdividiu-se a mesma nas seguintes questões derivadas (QD): QD n.º 1 Qual a influência da implementação das câmaras de videovigilância para o aumento ou diminuição da criminalidade no Santuário de Fátima? QD n.º 2 Quais os tipos de crimes mais frequentes no Santuário de Fátima antes e após a implementação das câmaras de videovigilância? QD n.º 3 Qual a incidência criminal no exterior do recinto do Santuário de Fátima após a implementação das câmaras de vídeo? QD n. º 4 Quais os direitos fundamentais previstos passíveis de serem afetados, através do uso de videovigilância no Santuário de Fátima? Pretende-se então, como objetivos específicos, proceder-se a uma análise, através de um levantamento de dados estatísticos, dos períodos que antecederam a implementação da videovigilância no Santuário, comparativamente ao espaço temporal subsequente, de modo a refletir a eficácia do sistema. Adicionalmente, com a análise estatística pretende-se verificar qual a frequência da ocorrência de certas tipologias de crimes, antes e após a implementação, considerando que esta poderá estar na causa da sua eventual afetação. Por último, procura-se também, como objetivo específico, após uma análise doutrinária, verificar no espaço delimitado pelo estudo se de facto a utilização da videovigilância irá de certo modo afetar alguns dos direitos fundamentais. Assim, de forma a melhor esclarecer os objetivos gerais e específicos do RCFTIA, e com base em toda a revisão da literatura, foram criadas linhas orientadoras de forma a contextualizar o seguimento do trabalho de investigação, sendo estas: 4

19 Capítulo 1 Introdução Hipótese n.º 1 A implementação das câmaras de videovigilância no Santuário de Fátima reduziu a criminalidade. Hipótese n.º 2 Ocorreu uma alteração na tipologia de crimes no Santuário de Fátima. Hipótese n.º 3 Verificou-se uma transferência da criminalidade após a implementação das câmaras de vídeo. Hipótese n.º 4 Existe uma afetação dos direitos fundamentais na utilização da videovigilância Metodologia Na realização do presente trabalho de investigação, além do método científico característico da investigação em Ciências Sociais, foram tidas em consideração todas as orientações dadas pelas normas da Academia Militar, consubstanciadas pela NEP 520/DE da AM, de 30 de junho de De forma a contextualizar todo o trabalho de campo, e tendo como finalidade alcançar os objetivos definidos pela investigação, recorreu-se a uma fase exploratória através de um levantamento bibliográfico e legislativo sobre a temática em causa, pela consulta de dados primários e secundários (Sarmento, 2008) estado da arte. A par da revisão da literatura, foi oportuno o estabelecimento de contactos com algumas entidades responsáveis pela videovigilância, sendo de relevar o papel preponderante destes na delimitação e abordagem do tema, através da reunião de informação pertinente. Posteriormente ao estado da arte e sempre sustentado por este, foi elaborado o trabalho de campo, onde se procurou dar resposta às questões visadas. Esta fase incidiu principalmente na análise dos dados recolhidos, assim como as suas conclusões, referentes a toda a envolvência temática do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Por fim, foram tidas em apreço as conclusões daí retiradas, discriminadas na parte final do trabalho referente às considerações finais. 5

20 Capítulo 1 Introdução 1.5. Enunciado da Estrutura do Trabalho Com o intuito de enquadrar o tema adotado à luz do presente trabalho de investigação, elaborou-se uma breve introdução, dispondo ainda da justificação da escolha e importância do tema, dos objetivos que nos propomos a alcançar, assim como da questão de partida e derivadas, hipóteses e metodologia, terminando com este enunciado da estrutura do trabalho. No Capítulo 2 Revisão da Literatura, de índole mais teórica e geral, abordaremos inicialmente o Estado e o seu papel na segurança através da prevenção criminal, que se consubstancia através das forças policiais. Ainda no mesmo capítulo integra-se o conceito de videovigilância e os direitos fundamentais afetados, seguindo-se ainda uma análise técnica e tática finalizando com a situação internacional da mesma. No Trabalho de Campo, foi discriminado no Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos, qual o objecto em estudo e quais as formas adotadas para o fazer. No Capítulo seguinte, Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados, vertente mais prática e específica, direcionada para a temática em apreço, foi elaborado um breve enquadramento jurídico da temática da videovigilância aplicada ao caso em estudo, referindo-se os documentos originários da sua implementação, bem como os pedidos de renovação subsequentes. Foram também abordados os requisitos necessários, assim como a sua aplicação e características de funcionamento no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. De modo a averiguar a mais-valia da sua utilização, foi analisada a situação criminal em períodos anteriores e após a implementação da videovigilância, bem como a análise de três entrevistas a entidades chave. Para finalizar, foram elaboradas as considerações finais, através do Capítulo 5 Conclusões e Recomendações, referindo-se aos resultados obtidos, com as hipóteses elaboradas inicialmente. 6

21 Capítulo 2 Revisão da Literatura Capítulo 2 Revisão da Literatura 2.1. A Segurança e o Estado O Estado é uma entidade reguladora das relações entre as pessoas e o poder que, através das suas funções 3, tem como principal objetivo a prossecução regular e contínua das necessidades coletivas (Gregório, 2009), garantindo os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático, conforme o disposto no art.º 9.º, alínea b), da CRP. Assim, impõe-se ao Estado a prossecução e efetivação, de acordo com o art.º 2.º da CRP, dos direitos, liberdades e garantias constitucionalmente previstos, não excluindo outros que se enquadrem nas regras aplicáveis de direito internacional, devendo estes ser fundamentados através da interpretação da Declaração Universal dos Direitos Humanos 4 5 (DUDH), em conformidade com o preceituado no artigo 16.º da CRP. Ora, ao Título II aplica-se o regime dos direitos, liberdades e garantias, através do artigo 17.º da CRP e no Capítulo I são fundamentados os direitos, liberdades e garantias pessoais. O direito relativo à segurança surge no art.º 27.º, n.º 1 da CRP, associado ao direito à liberdade, também presente no art.º 3.º da DUDH direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, sendo estes indissociáveis e complementares (Dias, 2001), pois só existe liberdade se coexistir a segurança. A cedência de um em detrimento do outro terá de ser sempre de maneira a que nenhum deles perca o seu conteúdo substancial, pois tal fenómeno levaria a uma anarquia total ou a um Estado polícia (Valente, 2009). Apesar de inserido neste Capítulo referente aos direitos, liberdades e garantias pessoais, este direito à segurança não pode ser visto como um direito único, isolado, fechado em si mesmo e inseparável dos outros, mas sim como um direito permissivo, de garantia aos restantes, na 3 Funções do Estado, consultar Fontes, José (2009). Teoria Geral do Estado e do Direito (2ª ed.). Coimbra: Coimbra Editora. 4 Adotada e proclamada pela Assembleia Geral na sua Resolução 217A (III), de 10 de dezembro de Publicada no Diário da República, I Série A, n.º 57/78, de 9 de março de A expressão Direitos Humanos deve ser usada em detrimento da expressão Direitos do Homem na sequência da Recomendação do Conselho da Europa n.º 5 (90)4, do Comité de Ministros aos Estados Membros, sobre a Eliminação do Sexismo na Linguagem (1990). 7

22 Capítulo 2 Revisão da Literatura medida em que a existência deste permite o usufruto de todos os outros direitos dos cidadãos. A segurança faz parte das tarefas fundamentais do Estado enquanto responsável pela ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades, de acordo com o previsto no art.º 28.º da DUHD. A segurança será então um requisito para a prossecução das atividades do Estado, tanto internamente como nas suas relações internacionais, através de um conjunto variado de medidas, entre as quais, podemos destacar a atuação das forças de polícia. Impõe-se então ao Estado que garanta no seio da própria sociedade a existência pacífica segundo as regras da justiça que define e impõe (Caetano, 1983, p. 144) que, para tal, recorre à polícia que, quer através da prevenção como da repressão, tem como fim último assegurar a legalidade democrática, garantindo a segurança interna e os direitos dos cidadãos, conforme o preceituado no n.º 1 do artigo 272.º da CRP, devendo utilizar as medidas de polícia previstas na lei, quando para tal se mostre necessário, de acordo com o n.º 2 do mesmo artigo. A Segurança Interna será, pois, a atividade desenvolvida pelo Estado, que reúne no seu conceito os objetivos primordiais constitucionalmente previstos para uma polícia, podendo-se encontrar a sua definição na atual LSI, no seu n.º 1, art.º 1.º. Assim, esta terá a finalidade de: garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática Sentimento de (In)Segurança Uma das razões para uma possível implementação do sistema de videovigilância será a redução do sentimento de insegurança pois o medo do crime pode ser mais preocupante do que o próprio crime e, seguindo esta linha de pensamento, o Close Circuit Television (CCTV) é uma medida importante para atingir a paz social (Ladeira, 2006, p. 358). Importa ainda referir que este não tem necessariamente uma relação direta com os índices de criminalidade, mas sim com a perceção das pessoas eventualmente afetadas por este (Salvador, Branquinho, Machado, Portela, & Caetano, 2008). Um estudo de Gill e Spriggs (2005), que compara a implementação das câmaras de vídeo relativamente ao 8

23 Capítulo 2 Revisão da Literatura sentimento de segurança em treze áreas cobertas por CCTV, por toda a Inglaterra, revelou que, após a instalação destas, ocorreu uma redução do sentimento de eventual vitimização. A Universidade de Chicago, através de um dos seus artigos publicados online, refere que a presença de câmaras de vídeo aumenta a perceção dos cidadãos da ocorrência de crimes. No entanto, e analisando o mesmo artigo, Laura Huey, ao entrevistar diversos sem abrigos em Vancouver, Toronto e Edinburgh, concluiu que estes se sentem mais seguros em espaços públicos equipados com videovigilância (The University of Chicago, 2011). Em França, a população de Nice chegou a requerer a implementação de mais câmaras, pois sentia-se mais segura (The Connexion, 2011). Nestes termos o que se pode entender por sentimento de insegurança? De acordo com Silva (2009), o sentimento de insegurança será o medo e a preocupação pessoal relativamente à criminalidade existente, pela possibilidade de se tornar vítima ou pela inquietação, a nível social, na vivência numa sociedade que não é segura. Ainda Silva, através de Esteves (1999), elenca quatro fatores como os principais influenciadores do sentimento de insegurança: a constatação do aumento das taxas de criminalidade, a vulnerabilidade e perceção dos riscos pessoais, a insatisfação perante o sistema penal e os indicadores do meio ambiente. Assim, através da implementação da videovigilância em espaços públicos de utilização comum, poderemos estar não só a influenciar o sentimento de segurança dos cidadãos frequentadores do espaço visado, através de um eventual decréscimo dos índices de criminalidade, como também a contribuir para uma melhor vivência a nível social, caso se verifique uma diminuição da perceção da vulnerabilidade A Prevenção Criminal Todas as forças e serviços de segurança desempenham a atividade de prevenção criminal através de um conjunto de ações com o objetivo de defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, mediante a utilização dos meios dissuasores adequados para reprimir eventuais infrações, sendo aquela realizada através da observância das regras gerais sobre polícia, de acordo com o disposto no art.º 272.º, n.º 3, da CRP. Uma possível definição de prevenção da criminalidade pode ser encontrada no art.º 1.º, n.º 1 da Decisão do Conselho 2001/427/JAI, de 28 de maio de 2001, o qual refere que: 9

24 Capítulo 2 Revisão da Literatura A prevenção da criminalidade abrange todas as medidas destinadas a reduzir ou a contribuir para a redução da criminalidade e do sentimento de insegurança dos cidadãos, tanto quantitativa como qualitativamente, quer através de medidas diretas de dissuasão de atividades criminosas, quer através de políticas e intervenções destinadas a reduzir as potencialidades do crime e as suas causas. Inclui o contributo dos governos, das autoridades competentes, dos serviços de justiça criminal, de autoridades locais, e das associações especializadas que eles tiverem criado na Europa, de sectores privados e voluntários, bem como de investigadores e do público, com o apoio dos meios de comunicação. Podemos concluir que esta atividade não visa incidir apenas nos índices criminais, mas também no próprio sentimento de insegurança, usando para isso medidas diretas e indiretas de prevenção da criminalidade. Decorre igualmente da Decisão do Conselho acima elencada, que a responsabilidade não é apenas dos responsáveis primários pela temática da segurança, como o Estado, através do Governo, e das forças e serviços de segurança, como também de todo um conjunto de entidades tais como os serviços de justiça criminal, responsáveis pela aplicação da Lei, como dos voluntários e associações especializadas, passando pelo mero cidadão, com o apoio dos meios de comunicação. As medidas utilizadas pelas forças e serviços de segurança podem ser a presença física dos agentes no terreno, a vigilância a certos locais considerados mais sensíveis, o controlo de indivíduos tidos como delinquentes habituais e o acompanhamento de certos tipos de atividades (Branco, 2010, p. 97). De acordo com Valente (2009), e adotando a sua posição, a prevenção criminal subdivide-se em função de vigilância e função de prevenção criminal em sentido estrito. A função de vigilância tenta evitar que se infrinjam os demais direitos dos cidadãos, podendo ser de caráter preventivo ou reativo. Assim, torna-se de caráter preventivo quando a polícia, através da sua pró-atividade garante o cumprimento dos direitos dos cidadãos sempre que estes possam ser afetados por intermédio de outros. Transportemos o exemplo prático dado pelo autor: se um agente da polícia verificar que existe ruído numa certa residência entre as 23h00 e as 07h00 e que poderá afetar a tranquilidade pública, deverá ordenar ao proprietário que tome as medidas adequadas a fazer cessar o ruído. Assim, evita-se, preventivamente, possíveis conflitos entre os vários residentes nesta zona de habitação. A ação reativa concretiza-se sempre que seja necessário uma intervenção posterior, quando o proprietário da residência em delito se recuse a acatar a ordem 6. 6 Para uma consulta mais aprofundada sobre o Regulamento Geral do Ruído consultar o Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro. 10

25 Capítulo 2 Revisão da Literatura A função de prevenção criminal em sentido estrito adequa-se, por exemplo, a todas as medidas cautelares e de polícia, que visam a proteção de pessoas e bens, a vigilância de indivíduos e locais suspeitos, ou seja, sempre que existe uma dúvida fundada, ou suspeita concreta. Em sentido oposto, a função da vigilância, é direcionada por uma suspeita abstrata. Já Torres (2005), articula a prevenção criminal em prevenção clássica, psicossociológica e específica. A primeira subdivide-se em repressão criminal ou prevenção geral pelas penalizações criminais através do regime jurídico-penal, ou seja, a possibilidade de ser considerado culpado e de ter de cumprir sanção por infração a determinada norma jurídica; prevenção situacional, quando são utilizados meios devidamente identificados que pela sua presença transmitam uma imagem dissuasora para possíveis infratores; e a prevenção pró ativa, que se aproxima da prevenção criminal em sentido estrito de Valente (2009), sendo usada através de vigilâncias e controlos mais apertados sempre que recaiam fundadas suspeitas sobre determinado indivíduo ou grupo de indivíduos, criando instabilidade nestes. A prevenção psicossociológica procura direcionar a prevenção para determinadas problemáticas ou grupos de risco. Aqui podem inserir-se as ações de mudança de comportamentos, principalmente nas camadas mais jovens. A prevenção específica engloba as ações de sensibilização focalizadas nas potenciais vítimas de crimes, reduzindo a probabilidade de ocorrências destes por aquelas estarem mais alertas. Podemos observar que as câmaras de vídeo, através da classificação de Valente (2009) desempenham uma função de vigilância e não de prevenção criminal em sentido estrito, pois visam a prevenção da prática de crimes em locais em que exista razoável risco da sua ocorrência, de acordo com o disposto na 2.ª parte da alínea c), do n.º 1, do art.º 2.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, com a última alteração introduzida pela Lei n.º 9/2012, de 23 de fevereiro. Assim, a videovigilância terá uma dupla função relativamente à vigilância, pois atua tanto a nível preventivo, através da implementação visível e informada das várias câmaras, como reativo, se após o flagrante delito possam ser tomadas as medidas necessárias à identificação e captura do infrator. Quando utilizados os critérios de definição de prevenção criminal por Torres (2005), poderemos enquadrar o recurso de um sistema de videovigilância como um excelente exemplo de prevenção situacional, através do seu carácter mais preventivo (Santana, 2013 e Graça, 2013). Através da implementação de medidas preventivas dissuasoras no próprio local que se visa proteger, leia-se medidas que levem ao receio da 11

26 Capítulo 2 Revisão da Literatura descoberta da autoria, que a presença ostensiva de meios de vigilância, câmaras de vídeo, por exemplo, pode significar para o potencial infrator, dificultando-se a atuação deste reduzindo as suas possibilidades, quer seja através da vigilância ao local, quer seja através da construção de infraestruturas amplas e iluminadas onde a possibilidade de atuação dissimulada seja muito reduzida. A eficácia deste sistema de videovigilância, enquadrado na prevenção situacional, pressupõe que os potenciais criminosos agem de forma consciente, avaliando toda a situação antes do cometimento de um ilícito criminal, pesando os riscos, custos e benefícios. Para tal, terão de existir dois elementos essenciais: a presença bem visível de câmaras de vídeo e que o risco de detenção pela utilização destas seja consideravelmente maior (Ratcliffe, 2011 e Salvador, et al., 2008). A videovigilância será então um corolário técnico da prossecução da necessidade coletiva segurança (Chambel, 2004, p. 508) na qual as forças e serviços de segurança têm um papel fundamental na recolha e tratamento destes dados. Esta surge, simultaneamente, como uma imposição das exigências de segurança ( ) e como uma consequência de novas formas de abordagem do fenómeno da criminalidade, conforme parte VIII, do Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 28 de setembro de As Forças Policiais como Instrumento do Estado Segundo Caetano (1983), o conceito de polícia será o modo de atuar da autoridade administrativa que consiste em intervir no exercício das atividades individuais suscetíveis de fazer perigar interesses gerais, tendo por objeto evitar que se produzam, ampliem ou generalizem os danos sociais que as leis procuram prevenir O autor procura, através da sua definição, englobar o conceito de polícia através da sua função administrativa, diferente da atividade legislativa ou judicial, intervindo apenas nas atividades individuais que possam afetar o interesse público, através do recurso às medidas de polícia, conforme disposto na CRP, no seu art.º 272.º, n.º 2 e previstas nos art.º 28.º e seguintes da LSI. Das várias entidades com funções administrativas de polícia, interessa realçar aquelas que diretamente podem usufruir da utilização da videovigilância em locais públicos de utilização comum as forças e serviços de segurança, como refere o art.º 1.º, n.º 1, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Estas são elencadas na LSI, através do seu artigo 25.º e são elas: a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública (PSP), a 12

27 Capítulo 2 Revisão da Literatura Polícia Judiciária (PJ), o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o Serviço de Informações e Segurança (SIS), a Autoridade Marítima Nacional, através da Polícia Marítima (PM) 7 e eventualmente o Serviço de Policiamento Aéreo (SPA) 8, através da Autoridade Aeronáutica Nacional, pertencente ao Sistema da Autoridade Aeronáutica. A CRP refere no art.º 272.º, n.º 1, as funções de polícia e o regime das forças de segurança no seu n.º 4, mas nem todas as polícias são forças de segurança. Para tal, mostrase necessário o preenchimento de certos requisitos, de acordo com Valente (2009). O princípio da territorialidade, presente no n.º 4, é um dos constitucionalmente previstos, mas não é delimitador, pois existem outras polícias, detendo, também, competência a nível nacional, não sendo estas forças de segurança, como é o caso da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e o Corpo da Guarda Prisional. Consecutivamente, o princípio da unidade de organização das forças de segurança afasta ainda casos como a Polícia Municipal que é criada por deliberação da Assembleia Municipal, implicando que apenas os órgãos de soberania possam definir aquelas forças. As próprias leis orgânicas, como são exemplo as da GNR e da PSP, apesar de terem presente o termo de forças segurança, são ainda reforçadas pelo facto de serem leis aprovadas pela Assembleia da República, subordinando as forças de segurança ao princípio da reserva de lei, previsto na alínea u) do artigo 164.º da CRP reserva de lei absoluta, ou seja, sem possibilidade de autorização legislativa ao Governo. Ainda assim, o nosso ordenamento jurídico, através do Decreto-Lei n.º 125/2007, de 27 de abril, no seu art.º 16.º, define o Corpo de Guardas Prisionais como força de segurança e que, concordando com Valente, defendemos que esta consagração tipifica uma eventual inconstitucionalidade orgânica, formal e material 9. 7 Ver art.º 3.º, n.º3, do Decreto-Lei n.º 44/2002, de 2 de março. 8 Ver art.º 10.º, da Lei n.º 28/2013, de 12 de abril. 9 Ver Araújo, Luiz e Júnior, Vidal (2011). Curso de Direito Constitucional (15.ª ed.). São Paulo, Brasil: Editora Verbatium. 13

28 Capítulo 2 Revisão da Literatura 2.5. Definição de Videovigilância Videovigilância será entendida como qualquer vigilância efetuada recorrendo-se a sistemas de vídeo, tais como câmaras de filmar ou sistemas de deteção automática de movimentos (Infopédia, s.d.). Vigilância é uma operação inteligente para adquirir informação acerca das atividades, das associações e do comportamento de um indivíduo ou grupo de indivíduos (Manunta, 1997, p. 5). Esta terá de ser enquadrada sob todo um conjunto de normativos legais que prevêem as condições da sua aplicabilidade, sob pena de atentarmos contra direitos fundamentais constitucionalmente previstos, como é o caso do direito à imagem e reserva da intimidade da vida privada, previstos no n.º 1, do art.º 26.º, da CRP. O CCTV será então um sistema de vigilância preconizado através da utilização de câmaras de vídeo, ligadas a um ou mais monitores, de forma a controlar atividades ou áreas (The Police Foundation, 2009). Escreve ainda que o objetivo primordial da implementação de um sistema deste tipo será o de detetar e deter o crime, reduzindo o medo da ocorrência deste, ou seja, aumentando o sentimento de segurança das populações. Para Castro (2005, p. 122), a videovigilância é, uma forma eletrónica de vigilância à distância realizada mediante operações de tratamento de imagens captadas por câmaras. O autor, nesta simples definição, procura agregar todos os aspetos da videovigilância desde a captação da imagem, até ao produto final a vigilância passando ainda pelo tratamento dos dados. Castro (2005), divide ainda os sistemas de videovigilância em duas grandes categorias distintas, tendo em conta a participação do elemento humano, sendo estas o sistema passivo e o sistema ativo. Na primeira as imagens vão sendo gravadas continuamente, recorrendo-se a estas caso exista alguma denúncia criminal, enquanto a segunda é continuamente monitorizada por um operador qualificado que, à semelhança da outra, também vai gravando as imagens captadas. É assim criado um sistema base de videovigilância, ou seja, esta tecnologia de vigilância eletrónica consiste, na sua mais simples conceção, por uma ou mais câmaras de vídeo, estando estas ligadas entre si através de um transmissor de dados, sendo retransmitido para uma central de controlo, podendo ou não existir um operador qualificado que monitoriza e faz o tratamento dos dados. Poderemos agora procurar definir este conceito como um tipo de tecnologia que permite a vigilância de um local, indivíduo ou grupo de indivíduos através de um sistema 14

29 Capítulo 2 Revisão da Literatura composto de uma ou mais câmaras de vídeo, ligadas entre si através de um transmissor de dados, sendo estes enviados para uma central de controlo onde podem ser ou não monitorizados em tempo real, com o fim último de controlar determinadas atividades ou áreas Os Direitos Fundamentais e a Videovigilância A utilização da videovigilância potencialmente restringe certos direitos fundamentais sendo que a responsabilidade da efetivação destes pertence ao Estado e, de acordo com Valente (2009), este não pode fazer valer o seu Ius Imperi de modo a suspender ou restringir direitos fora do âmbito legal do art.º 18.º, n. os 2 e 3 e art.º 19.º da CRP. Valente (2009) refere que um dos direitos fundamentais constitucionalmente previstos a ser afetados será o direito à liberdade, o direito a não ser fisicamente impedido de realizar algo dentro dos trâmites legais, movimentar ou expressar-se, como previsto no art.º 27.º, n.º 1, pois suporta a ideia de que a utilização de câmaras de vídeo num determinado local poderá restringir a transmissão pública de personalidade de um cidadão. Ora, não podemos concordar com o autor nesta questão pois, cumpridos todos os requisitos previstos na Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, a utilização de videovigilância apenas será possível em espaços públicos de utilização comum onde estará devidamente publicitada a sua existência, localização, finalidade e o responsável pelo tratamento, através do art.º 1.º, n.º 1 e do art.º 4.º, n.º 1, da referida Lei, possibilitando ao cidadão a liberdade de escolha entre frequentar ou não determinado espaço. A CRP elenca ainda, no seu artigo 26.º, n.º 1, uma série de direitos denominados de outros direitos pessoais, entre eles o direito à imagem e à reserva da intimidade da vida privada. O direito à imagem começou a ter importância a partir do século XIX, com o aparecimento das primeiras câmaras fotográficas (Silva, 2009). A imagem compreende não só a aparência física exterior como também a sua própria personalidade externa. Está também previsto no art.º 79.º, n.º 1 do Código Civil (CC), com a última alteração através da Lei n.º 23/2013, de 5 de março, que o retrato de uma pessoa não pode ser exposto, reproduzido ou lançado no comércio sem o consentimento dela, a não ser por exigências 15

30 Capítulo 2 Revisão da Literatura de polícia ou quando a reprodução da imagem vier enquadrada na de lugares públicos, conforme o estipulado no n.º 2 do mesmo artigo. O direito à reserva da intimidade da vida privada, além do estipulado no art.º 26.º, n.º 1 da CRP, encontra-se também previsto no artigo 80.º do CC. Este direito não se circunscreve a um cidadão consignado num determinado espaço físico mas sim num direito referente à pessoa em particular que o acompanha independentemente do local onde estiver. Na DUHD, no seu artigo 12.º também está previsto este direito pois estipula que ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada. Se a utilização das câmaras de vídeo se efetuar fora do âmbito jurídico da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, os elementos das forças e serviços de segurança poderão estar a consignar a tipificação de crimes, tais como os estipulados nos artigos 192.º, 193.º e 199.º do Código Penal (CP). O avanço da realidade tecnológica, como é exemplo a informática, leva a que resulte uma crescente exposição da intimidade da vida privada, surgindo assim o direito à autodeterminação informativa (Castro, 2005). Este necessário novo direito realça, como garantia, a importância dada ao levantamento e posterior tratamento de dados pessoais, reforçando em si mesmo, o próprio direito de proteção de dados pessoais em sentido lato. A Constituição prevê que o conceito de dados pessoais será definido por lei, através do seu art.º 35.º, n.º 2, estipulado assim pela Lei n.º 67/98, de 26 de outubro (LPD), relativa à proteção de dados pessoais que, no seu artigo 3.º, alínea a), transporta para o ordenamento jurídico o conceito como qualquer informação, de qualquer natureza e independentemente do respetivo suporte, incluindo som e imagem, relativa a uma pessoa singular identificada ou identificável. Em matéria de tratamento de dados, estipula o art.º 35.º, n.º 2 da CRP, as condições aplicáveis ao seu tratamento automatizado, conexão, transmissão e utilização, e garante a sua proteção. Portanto, aliado ao direito de autodeterminação informativa, todos os cidadãos gozam do direito de acesso aos seus próprios dados, assim como de retificação, atualização e de conhecimento relativamente à finalidade a que se propõem, atento o disposto no artigo 35.º, n.º 1, da CRP. Por força da aplicação desta temática ao caso de estudo do Santuário da Nossa Senhora do Rosário de Fátima, não poderíamos deixar de referir a nossa perspetiva em relação ao direito à fruição da liberdade de culto e de religião. Ora, a previsão deste direito encontra-se assinalada no n.º 1, art.º 41.º, da CRP, onde se refere que a liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável. Também na DUDH, no seu art.º 18.º, se 16

31 Capítulo 2 Revisão da Literatura prevê a liberdade de religião. Apesar da sua importância, não pode ser este o argumento contrário à utilização do CCTV, pois, parece-nos, que tal direito não será afetado apenas por existir uma monitorização constante no Santuário. Por conseguinte, os frequentadores do espaço visado, constituem-se cidadãos informados do sistema de videovigilância presente no local, tendo sempre a possibilidade de frequentarem ou não o espaço visado. Além do mais, como será abordado posteriormente, as câmaras de vídeo do Santuário, não visionam os locais mais restritos para a prática do culto religioso como são os interiores das Basílicas, capelas e outros espaços de devoção nomeadamente o interior da queima das velas, através do Parecer da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) n.º 17/2010, de 12 de abril. Assim, para a prossecução do fim último da videovigilância o de garantir a segurança geral terão de ser devidamente ponderadas as suas pertinência e eficácia, à luz do princípio da proporcionalidade, através da análise do bem jurídico da necessidade coletiva em detrimento de outros direitos fundamentais, garantindo-se que os direitos juridicamente protegidos por determinada norma apresentem conteúdos de valores superiores aos restringidos. Ora, poderemos estar a entrar numa situação de conflito de direitos, pois neste sentido existem dois valores a ser observados, a segurança pública ou necessidade coletiva e os direitos e liberdades de privacidade individuais que são constitucionalmente protegidos (Andrade, 2001). Para a resolução deste conflito não se pode sacrificar um relativamente a outros, mas sim chegar a um entendimento proporcional de acordo com os bens ou valores a ser protegidos, ou seja, a ponderação tendo em consideração o princípio da proporcionalidade na sua tríplice vertente. O princípio da proporcionalidade pode então ser dividido em três subprincípios: o da adequação, o da necessidade e o da proporcionalidade stricto sensu 10. O princípio da adequação está assegurado quando se cumprem as finalidades a que se propõe, sendo o meio mais adequado. O da necessidade sempre que esta constituía uma medida indispensável na prossecução da segurança coletiva, tendo em ponderação todo um conjunto de meios alternativos, optando pela que lese menos os direitos dos cidadãos. O princípio da proporcionalidade stricto sensu será a medida mais justa pesando, por um lado, a violação dos direitos fundamentais e os benefícios que trará para a segurança coletiva. 10 Sobre o Princípio da Proporcionalidade, consultar Fontes, José (2012). Curso Sobre o Código do Procedimento Administrativo (4ª ed.). Coimbra: Coimbra Editora. 17

32 Capítulo 2 Revisão da Literatura 2.7. Análise Técnica e Tática Para Valente (2009), a realização do interesse público segurança poderá ser conseguido na sua plenitude sem qualquer recurso à videovigilância, utilizando-se para tal outros meios e modos táticos e técnicos. Assim, também Chambel (2000) considera o sistema de videovigilância um sistema imperfeito devido ao dispêndio da sua aquisição e manutenção, como também pelo facto de ser uma invenção do homem e por ele ser manobrado. Valente (2009, p. 451) vai mais longe dizendo que é um meio de fácil sabotagem, e que é possível inutilizá-lo ou torná-lo obsoleto durante um determinado período de tempo para o cometimento de qualquer delito. Refere ainda que se poderá pensar que as câmaras de vídeo, apesar do seu custo inicial e de manutenção, irão, a médio e longo prazo, ser mais económicos pois dispensarão o meio humano, mas a verdade, e partilhando da mesma opinião, é que o sistema não dispensa o olhar crítico de um operador treinado, que conduzirá a uma eficaz análise da ocorrência. A videovigilância terá de ser vista como mais um meio tático de segurança, neste caso das forças e serviços de segurança, e não como o meio, através do sentido que o legislador deu através da análise dos n. os 1, 2, 3 e 5 do artigo 7.º da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Tem de ser vista como um meio de apoio à atividade preventiva e repressiva das forças policiais (Valente, 2009, p. 452), ou seja, um apoio à prevenção criminal direcionada para a parte da vigilância, tanto pró-ativa como reativa. Segue a mesma linha de pensamento o polícia Michel Gaudin, em que a videovigilância não substitui o trabalho dos polícias, mas revoluciona a maneira como estes trabalham (The Connexion, 2011). Esta ferramenta não poderá ser direcionada no sentido da descoberta da prova pessoal dos crimes, sob pena de se legitimar um meio de obtenção de prova administrativo e não jurisdicionalizado (Valente, 2009, p. 473), pois este meio de produção de prova está previsto no art.º 6.º da Lei n.º 5/2002, de 11 de janeiro, dependendo de autorização ou ordem do juiz. A transferência da criminalidade é um fenómeno que também deve ser referido. Esta entende-se por uma alteração de comportamentos por parte dos criminosos com o intuito de contornar as medidas impostas a nível da prevenção situacional. Sempre que se instala uma câmara, o crime move-se para outro local (The Connexion, 2011). A teoria assenta na base de que a criminalidade é inelástica, ou seja, tem um certo grau de 18

33 Capítulo 2 Revisão da Literatura adaptação para se procurar alvos alternativos (Fernandes, 2006 e Salvador, et al., 2008) referem que esta pode assumir várias formas decorrentes da instalação de um sistema de videovigilância: transferência geográfica, temporal, de alvo e de modus operandi. Apesar da importância de tal estudo, é um fenómeno difícil de provar pois é problemático relacionar a implementação de um meio de prevenção criminal num determinado local com a subida ou não dos índices criminais noutros locais. Uma possível ferramenta a ser utilizada será através do crime mapping que se traduz no levantamento georreferenciado da criminalidade existente num determinada área, permitindo diferenciar a mesma pela sua tipologia e incidência. Este instrumento de apoio permitirá, dentro de uma certa medida, precisar qual o intervalo temporal em que ocorreu determinada subida ou descida da criminalidade num local (Santos, Alves, Soares, & Rosa, 2013). Apesar da opinião de Valente (2009, pp ), referindo que a existência de câmaras de vídeo não evita o crime nem a incivilização em crescente, diferentes estudos internacionais comprovam o contrário, onde se regista uma diminuição das ocorrências criminais (The University of Chicago, 2011; McKaney, 2011 e Homeland Security News Wire, 2011). Em França, Nice, o Diretor de Comunicações Elodie Ching afirma que após um ano da implementação das câmaras foram detidos 250 suspeitos detetados por estas (The Connexion, 2011). Já em Inglaterra, o Governo, à data de 2009, já tinha gasto mais de 500 milhões de libras na última década na implementação das câmaras de CCTV, 78% do seu orçamento para a prevenção criminal, sendo que apenas 3% dos crimes eram solucionados através do seu uso (The Police Foundation, 2009). Ora, a implementação do sistema de videovigilância pressupõe uma análise cuidada a priori, quer pela eventual restrição de certos direitos, quer pela sua posterior utilização a nível tático, consoante a finalidade a que se propõe. A eficácia deste na prevenção dos crimes não se mostra idêntica em todas as suas tipologias, mas maioritariamente nos crimes contra a propriedade (ACLU, 2011). Além disso, é ainda necessário considerar que a sua utilização terá de ser em complemento com outros meios de prevenção criminal e não centrada exclusivamente naquele. Aliado ao número de câmaras, de que forma são empregues, onde estão implementadas e como são monitorizadas, tais meios de prevenção, como a iluminação de rua ou a utilização de espaços abertos, terão de ser conjugados de forma a adequar os locais à implementação deste sistema, de modo a rentabilizar ao máximo a sua eficácia. Dados da Police Foundation (2009) referem que a localização das câmaras dita o seu uso, pois apenas 13% dos crimes cometidos na rua ocorrem nas áreas cobertas por videovigilância. 19

34 Capítulo 2 Revisão da Literatura No que diz respeito à temática a ser investigada da aplicação da videovigilância e à luz do art.º 1.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, apenas nos importa realçar os locais públicos de utilização comum. Os locais públicos distinguem-se dos locais privados pois aqueles são compostos por todo o espaço de livre acesso ao público enquanto os segundos são constituídos pelo espaço que é vedado ao público em geral. Nos locais públicos, estes podem ser subdivididos em locais de utilização comum onde qualquer cidadão pode circular, locais de utilização condicionada que consubstanciam locais que poderão ser usados mediante o cumprimento de determinadas condições, como é o caso das escolas, e locais de utilização restrita ou reservada, como é o caso dos consultórios médicos, em que, apesar de ser domínio público existe uma afetação a uma entidade particular, neste caso o médico 11. Assim, a utilização de câmaras de vídeo terá de se adequar aos locais visados, pois uma incorreta primeira análise levará a resultados infrutíferos em termos de redução dos índices criminais, como se verificou em West Garfield Park (Chicago) (Homeland Security News Wire, 2011) Panorama Internacional Progresso da Videovigilância O Reino Unido é comummente reconhecido como o país líder na utilização de sistemas de videovigilância, com os objetivos principais de investigação de crimes e segurança na comunidade. De acordo com a Police Foundation (2009), existem 4.2 milhões de câmaras de CCTV em todo o Reino Unido uma câmara para cada 14 pessoas. Com cerca de câmaras em Londres (The Connexion, 2011), em média, um londrino pode ser visionado aproximadamente 300 vezes por dia. Até 1993, os sistemas de videovigilância eram largamente utilizadas na repressão das infrações estradais. Com as campanhas terroristas do Irish Republican Army (IRA), nos anos 90, as câmaras de vídeo começaram a ser largamente utilizadas, detendo um papel muito importante através da rápida identificação de suspeitos, como também numa fase posterior de investigação (Gerrard, et al., 2007). Assim, entre 1994 e 1999, o Governo Britânico investiu 38.5 milhões de libras em mais de 500 projetos de CCTV. Em 1999, foi iniciado o Programa de Redução do Crime, 11 Sobre o assunto, consultar Valente, M. (2002). Consumo de Drogas Reflexões sobre o novo quadro legal. Coimbra: Almedina. 20

35 Capítulo 2 Revisão da Literatura no qual foram gastos mais de 170 milhões de libras em quase 700 novos projetos de videovigilância. Na última década, à data de 2009, o Governo investiu 78% do seu orçamento para a prevenção do crime na aplicação de novas câmaras, uma estimativa a rondar os 500 milhões de libras. Para tal facto, foram cruciais os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, assim como os de 7 de julho de 2005 em Londres, aumentando o sentimento de medo público de terrorismo. A visão que prevaleceu desde então era de que apenas aqueles com algo a esconder se deveriam opor a ser monitorizados (The Police Foundation, 2009). Atualmente, os sistemas de videovigilância espalhados pelo país ajudam a polícia a monitorizar e seguir eventuais infratores, aumentando assim o seu conhecimento da comunidade e local de que estão responsáveis. Bem cedo existiu uma preocupação por parte do Governo Francês de regular a utilização de videovigilância na via pública, ao estabelecer, no quadro relativo à orientação e programação referente à segurança, o emprego desta, através da Lei n.º 95-73, de 21 de janeiro de Em 2011, França detinha mais de câmaras espalhadas pelo território. Sarkozi, presidente francês à data, pretendia que esse ano fosse considerado o ano da videoproteção pondo em marcha um plano nacional de aumento do número de câmaras para em cidades e vilas por toda a França (The Connexion, 2011). Em Nice, existiam quase 800 câmaras em 2011, sendo considerada a capital de CCTV de França, uma câmara para cada 500 habitantes (The Connexion, 2011). Por outro lado, em Paris, à data de 2012, apenas existiam 400 câmaras de vídeo, maioritariamente direcionadas para o controlo do tráfego automóvel. Nesse ano, o Primeiro-Ministro francês François Fillon pretendeu instalar mais de câmaras de vídeo, principalmente nos pontos negros de acidentes de viação, grandes espaços públicos e nas áreas atingidas pela delinquência (The Connexion, 2011) desta cidade, dividindo as opiniões dos cidadãos franceses ao comparar o seu objetivo com a videovigilância em Londres (Peyron, 2012). A iniciativa do Governo Espanhol, de regular a utilização de câmaras por Forças e Corpos de Segurança em lugares públicos, teve lugar a 4 de agosto de 1997, pela publicação da Lei Orgânica n.º 4/97, com a respetiva regulamentação através do Real Decreto 596/99, de 16 de abril (Pinheiro, Barroso, Campos, Geraldes, & Silveira, 2004) Em 2007 apenas estavam inscritas câmaras de vídeo em todo o território espanhol, com maior incidência, por esta ordem, nas comunidades de Madrid, Cataluña e Andalucia, segundo a agência espanhola de proteção de dados. No ano seguinte, o número 21

36 Capítulo 2 Revisão da Literatura de câmaras triplicou, mas apenas 10% correspondem ao domínio público, sendo o setor da videovigilância aquele que mais denúncias gera, apesar de 7 em cada 10 cidadãos espanhóis concordar com a utilização destas (RTVE, 2009). Os setores de turismo, hotelaria, comércio e saúde são os que mais recorrem aos sistemas para vigiar a população (S.C./Agencias, 2013). Os Estados tendem a justificar a utilização da videovigilância para fins muito específicos (Pinheiro, et al., 2004). De acordo com Martinez apud Pinheiro et al., 2004, em Espanha e Inglaterra, a utilização das câmaras de vídeo enquadrava-se numa política antiterrorista, contra a Euskadi Ta Askatasuna (ETA) e o Irish Republican Army (IRA), respetivamente. Já em França, a utilização destas é direcionada para a repressão da delinquência em comum. Por seu turno, em Portugal, a proteção de pessoas e bens é o objetivo essencial da utilização dos sistemas de videovigilância. 22

37 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos Capitulo 3 Metodologia e Procedimentos 3.1. Método de Investigação A investigação científica pode definir-se como sendo o diagnóstico das necessidades de informação (Sarmento, 2008, p. 3), tendo por finalidade a resolução de um dado problema através do conhecimento dos fenómenos do mundo real no qual vivemos (Fortin, 2009, p. 15). O método concretiza-se através de uma forma ordenada e sistemática de encontrar respostas para questões que necessitam duma investigação (Fortin, 2009, p. 15). Antes de qualquer investigação torna-se fundamental a restrição do tema, pela delimitação do objeto de estudo, sendo para tal realizada uma investigação prévia exploratória. Assim, restringindo o modelo de análise do RCFTIA, optou-se pela adoção de um estudo de caso, nomeadamente o do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Assim, o estudo de caso será, e adotando a linha de pensamento de Adelman, Jenkins & Kemmis (1977), o termo global para uma família de métodos de investigação que têm em comum o facto de se concentrarem deliberadamente sobre o estudo de um determinado caso (Bell, 1997, pp. 22,23), possibilitando a identificação, ou tentativa desta, dos processos interativos em curso (Bell, 1997, p. 23). De acordo com Bassey (1981), o facto de um estudo poder ser relatado é mais importante do que a possibilidade de ser generalizado (Bell, 1997, p. 24), permitindo a um outro investigador, ao trabalhar numa situação semelhante, poder tomar a sua decisão com base na relação descrita no estudo anterior. Qualquer investigação tem por base a resolução de um conflito, uma problemática que precisa de ser analisada, explicada. Assim, e de forma balizadora, surge a questão de partida através de um enunciado interrogativo claro e não equívoco que precisa os conceitos-chave (Fortin, 2009, p. 51). 23

38 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos A partir da questão central foram geradas as suas questões derivadas e, concomitantemente as várias hipóteses. Segundo Verma e Beard estas entendem-se por uma proposição hipotética que será sujeita a verificação ao longo da investigação subsequente (Bell, 1997, p. 35). A análise de conteúdo, etapa que trata a informação obtida através da observação para a apresentar de forma a poder comparar os resultados observados com os esperados a partir da hipótese (Quivy & Campenhoudt, 2008, p. 238), ocupa cada vez mais um lugar de destaque nas Ciências Sociais, oferecendo a possibilidade de tratamento de forma metódica de informações e testemunhos algo complexos (idem). Fortin (2009) divide o tratamento da investigação em quantitativo e qualitativo. O primeiro é baseado na colheita de dados observáveis e quantificáveis, enquanto o segundo caracteriza-se pela descrição e interpretação do meio tal como ele se apresenta, preocupando-se pela compreensão absoluta do tema em estudo. Portanto, na investigação em análise, foram utilizados os dois métodos acima apresentados, primeiramente através da obtenção dos dados referentes à criminalidade no Santuário antes e após a implementação das câmaras e posteriormente, pela sua análise e descrição tendo em consideração o uso da videovigilância como um meio de prevenção criminal, atendendo às suas vicissitudes como a eventual restrição de direitos fundamentais. Neste último, como complemento, foram tidas em consideração as entrevistas a entidades chave neste processo específico, obtendo informações e elementos de reflexão muito ricos e matizados (Quivy & Campenhoudt, 2008, p. 192). A data da elaboração da presente investigação, nomeadamente no estudo de caso do Santuário foram as 10 semanas compreendidas exclusivamente para a realização desta, com o seu início em 27 de maio e términus a 2 de agosto de 2013, conforme o Programa Geral Detalhado do 18.º Tirocínio para Oficiais, da Escola da Guarda, de 30 de setembro de Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima o Local A freguesia de Fátima, maior freguesia do concelho de Ourém, com habitantes (INE, 2011) e uma área de 71, 29 km 2 (JFF), é um centro de peregrinação importante para o mundo católico (Entidade Regional de Turismo Leiria-Fátima, s.d.), pertencente ao distrito de Santarém. 24

39 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos Nesta freguesia poderemos encontrar o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, situado na Cova da Iria, composto pelo Recinto de Oração, Capelinha das Aparições, Basílica, Colunatas, Casas de Retiro de Nossa Senhora do Carmo e de Nossa Senhora das Dores e Basílica da Santíssima Trindade (Santuário de Fátima, s.d.), com o total aproximado de 0,145 km 2. No Santuário existem 6 entradas/saídas claramente definidas. Destas, duas são por escadas e outras duas através de túneis de difícil escoamento. Assim, aliado ao elevado número de peregrinos, que ascendem as centenas de milhares, e ao diferente nivelamento topográfico, criando zonas côncavas, torna-se necessário um apertado controlo das entradas e saídas do recinto, de forma a resolver situações do foro da proteção civil. De acordo com o requerimento inicial elaborado pelo Destacamento Territorial de Tomar, através do Gabinete do General Comandante Geral, é necessário ainda manter cordões e corredores de segurança abertos, de forma a encaminhar rapidamente algum peregrino que se sinta mal ou até prevenir eventuais movimentações súbitas que possam originar perigo de atropelamento. Exemplo disso foi o incidente passado a 12 de maio de 2007, dia que, pelo elevado número de visitantes, estes iam sendo empurrados pelo fluxo de pessoas que tentava entrar no recinto, não assumindo contornos mais graves pela rápida intervenção da GNR, apesar de alguns peregrinos terem necessitado de auxílio médico. O aumento de peregrinos, que podem ascender aos (Ferreira, Jordão, & Serrinha, 2007), torna-se mais relevante com especial incidência entre os meses de maio a outubro, maioritariamente nos dias 12 e 13 de maio. Para uma confirmação do espaço físico do caso em estudo visado, a nível da colocação das câmaras, bem como os sinais informativos e aspetos arquitetónicos, tais como as diversas saídas do recinto, procedeu-se a diversas visitas ao longo do período temporal em questão, culminando na realização da figura n.º 1 do Santuário de Fátima, com base na imagem de satélite obtida através do sítio Bing Maps (Bing, 2013). 25

40 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos Figura n.º 1 Mapa Geral do Santuário Fonte: Bing Maps, adaptado pelo autor 3.3. Recolha Documental A maioria dos projetos de investigação pressupõe a análise documental, quer seja como complemento a outros métodos, quer seja pela constituição deste como método de pesquisa base, ou até exclusivo. Esta metodologia deriva dos modelos históricos onde eram abordados essencialmente os problemas de seleção e análise de dados (Barzun & Graff, 1977 e Bell, 1997). Portanto, os diversos documentos podem dividir-se em fontes primárias, as que surgem durante a investigação, não sofrendo qualquer alteração, e as fontes secundárias, ou seja, todos os documentos que surgiram pela interpretação das primeiras (Bell, 1997). Assim, após a escolha do local de estudo o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, foram analisados os pressupostos legais da implementação de um sistema deste tipo, tendo por base o disposto na Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, que regula 26

41 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos a utilização da videovigilância pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum. Posteriormente, foi tido em apreço todo o processo referente à utilização das câmaras de vídeo, desde o protocolo inicial 12 por parte da entidade eclesiástica da administração do Santuário com a GNR, através do Destacamento Territorial de Tomar, até à última informação dada pela CNPD, referente à terceira renovação da autorização inicial. Além da consulta inicial de todo o processo, englobando o requerimento inicial, protocolos e pareceres da administração do Santuário, Ofícios do Gabinete do General Comandante Geral, pedidos de renovação e pareceres da CNPD, bem como todo um conjunto de correspondência entre todas as entidades com a sua quota-parte de responsabilidade na implementação deste sistema de videovigilância, consulta essa realizada no Ministério da Administração Interna, foi também apreciado o requerimento inicial e consequentes renovações, no DTer de Tomar. Foi também requerido oficialmente, através da Secção de Operações, Informações, Treino e Relações Públicas (SOITRP) do Comando Territorial de Santarém, os diversos dados sobre a criminalidade em estudo, analisando os dados criminais antes e após a implementação das câmaras de videovigilância, suportando a criação de tabelas e gráficos através da utilização do Microsoft Excel Entrevistas Por fim, com o intuito de validar ou refutar as hipóteses apresentadas, servindo de complemento às considerações finais, foram elaboradas três entrevistas às entidades chave, relativamente a toda a envolvência do projeto da videovigilância no Santuário de Fátima. Moser e Kalton (p. 271 apud Bell, 1997, pp. 118,119) entendem a entrevista como uma conversa entre um entrevistador e um entrevistado que tem o objetivo de extrair determinada informação do entrevistado. Nestas, deverá ser registada a informação demográfica, como o nome e cargo, bem como o local e data da entrevista (Sarmento, 2008). Antes do início da entrevista presencial, e após uma apresentação pessoal, foi explicado qual o intuito da investigação de modo a que o entrevistado entendesse o alcance 12 Ver Anexo A Protocolo de Cooperação Inicial. 27

42 Capítulo 3 Metodologia e Procedimentos das futuras perguntas. No momento imediato ao seu início, foi pedida autorização para a gravação desta, aspeto importante que mais tarde se tornou bastante útil na sua transcrição. A entrevista em si foi centrada em torno das nossas próprias hipóteses, através da elaboração cuidada de um guião, não necessariamente de forma rígida, pois poderiam surgir contributos suscetíveis de as modificar (Quivy & Campenhoudt, 2008). Assim, e segundo a divisão de Sarmento (2008), as entrevistas dividem-se em formais, semiformais ou informais. No nosso caso, optámos pela utilização da primeira, dado que o entrevistado responde apenas a um conjunto estruturado de perguntas, mas também pode falar sobre outros assuntos relacionados (Sarmento, 2008, p. 18). Após a finalização das entrevistas e consequente transcrição, estas foram dadas a conhecer, numa fase posterior, aos entrevistados, de modo a que pudessem ser validadas, antes da sua publicação. Apesar de serem salvaguardados os interesses das entidades em causa, considera-se uma fase importante na medida em que se pode corrigir eventuais imprecisões ou até mesmo acrescentar alguma informação pertinente. Na análise de conteúdo, foram tidas em consideração as orientações de Guerra (2010), ao elaborar-se para cada questão chave uma grelha vertical, com a exibição das respostas dos entrevistados através de uma síntese dos seus discursos, de modo a infirmar ou refutar as nossas hipóteses (Quivy & Campenhoudt, 2008), pela comparação de aspetos comuns ou divergentes das várias entrevistas. As entrevistas foram efetuadas nos dias 19 e 22 de julho de 2013, nas instalações onde os entrevistados desempenham as suas funções. 28

43 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados 4.1. Enquadramento Jurídico A fase final do campeonato europeu de futebol em Portugal, Euro 2004, permitiu o impulsionamento da criação da atual lei que regula o sistema de videovigilância em espaços públicos de utilização comum. A Lei Orgânica n.º 2/2004, de 12 de maio, que estabeleceu o regime temporário da organização da ordem pública e da justiça, vigorando de 1 de junho a 11 de julho de 2004, de acordo com o n.º 1, do art.º 1.º, estabeleceu, no seu Capítulo VI, a utilização de meios de vigilância eletrónica em locais públicos. Apesar de já existir, no quadro jurídico português, a possibilidade de utilização destes meios, estes careciam de autorização ou ordem judicial, tendo para tal de existir uma suspeita concreta 13. Assim, a Lei Orgânica permitiu, no período vigente, a captação e gravação de imagem e som em locais públicos pelas forças e serviços de segurança, destinando-se a permitir a atuação atempada dos mesmos de forma a garantir a ordem, tranquilidade e segurança públicas nos locais objeto de vigilância e impedir quaisquer possíveis perturbações, bem como permitir a obtenção de meios de prova nos termos da legislação penal e processual penal, de acordo com o artigo 28.º da referida Lei. O regime de utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança só foi definitivamente aprovado com a entrada em vigor da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, aplicando-se em distinção da antecessora apenas aos locais públicos de utilização comum. Faremos então uma breve análise da lei em questão. A competência para requerer a implementação da videovigilância ficará a cargo das forças e serviços de segurança para utilização em espaços públicos de utilização comum, visto o n.º 1, art.º 1.º, com a prossecução dos fins previstos no artigo 2.º. Apesar da autorização da instalação deste sistema ser da competência do membro do Governo que tutela a força ou serviço de segurança requerente, de acordo com o disposto no art.º 3.º, n.º 1, será precedida de parecer da CNPD que, atualmente, servirá como guia orientador da 13 Consultar art.º 6.º, n.º 1, da Lei n.º 5/2002, de 11 de janeiro. 29

44 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados decisão da entidade competente. A entidade autorizante tem o dever de criar e manter um registo público de todas as instalações, constando os elementos definidos no art.º 12.º. Da decisão é obrigatório constar o previsto no n.º 3, do art.º 5.º, sendo o período máximo da autorização definido para 2 anos, suscetível de renovação por iguais períodos, de acordo com o n.º 5 do mesmo artigo. O requerimento é efetuado pelo dirigente máximo da força ou serviço de segurança, devendo conter os elementos previstos no art.º 5.º, n.º 1, sendo que ao Presidente da Câmara também é permitida a promoção do pedido, sendo processados pela força de segurança territorialmente competente, de acordo com o art.º 5.º, n.º 2. O quadro objetivo em que se insere a utilização das câmaras de vídeo terá por base a sua utilização em locais de domínio público de utilização comum, através dos n. os 4 a 6, do art.º 7.º. Os fins objetivos estão previstos no n.º 1, do art.º 2.º, sendo também necessário o preenchimento dos princípios de utilização da videovigilância através do artigo 7.º, regendo-se sempre pelo princípio da proporcionalidade (n.º 1) e pelo grau de afetação dos direitos pessoais (n.º 3) tais como o direito à imagem e à reserva da intimidade da vida privada. Valente (2009) elenca alguns princípios inerentes a esta lei transmitindo os vetores de orientação da atividade policial (p. 474). O princípio da prossecução do interesse público a par do interesse particular (alínea c), do n.º 1, do art.º 2.º, na linha do n.º 1, do art.º 266.º, da CRP) ao estipular como fim da utilização da videovigilância a proteção da segurança de pessoas e bens públicos ou privados. É também referido o princípio da boa-fé, pois só é admissível a utilização de câmaras de vídeo depois de cumpridos certos pressupostos, através do art.º 4.º, em conjugação com o n.º 2 do art.º 266.º, da CRP, assim como também está vinculado àquele o posterior tratamento de dados, pela alínea a), do n.º 1, do art.º 5.º, da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro. O respeito pelos direitos do cidadão de forma igual e imparcial consagra um outro princípio através da destruição das imagens e sons gravados após um mês (n.º 1, do art.º 9.º) e da proibição de autorização de câmaras de vídeo em locais que captem imagens e sons do interior de casa ou de edifício habitado, ao afetar direta e imediatamente a intimidade das pessoas, ou ainda captar conversas privadas, onde se enquadrem num local público de natureza resguardada, pelo n. os 4, 6 e 7, do art.º 7.º, em conjugação com o n.º 2, do art.º 266.º, da CRP. 30

45 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Já o princípio da oportunidade impõe um juízo crítico da autoridade decisora, por não ser um instrumento no qual se opte de forma arbitrária, ou seja, apenas quando se possibilita o cumprimento dos requisitos impostos pela Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. O princípio da proporcionalidade (art.º 7.º, n.º 1) surge como um limitador dos poderes de polícia. Está presente na sua tríplice vertente na elaboração do requerimento, no momento da decisão de autorizar ou não e ao longo do período de utilização, através de uma fiscalização e controlo pela CNPD. Está também presente no art.º 3.º, da Decisão- Quadro 2008/977/JAI do Conselho, de 27 de novembro de Como já vimos, a utilização da videovigilância poderá afetar alguns direitos constitucionalmente previstos, os direitos pessoais presentes no n.º 1, do art.º 26.º, da CRP. Para uma melhor proteção à intromissão destes direitos, a própria lei introduz alguns requisitos, tais como o direito à informação, através da publicitação da existência de sistema de videovigilância nos locais visados, da sua finalidade e do responsável pelo tratamento dos dados, de acordo com o art.º 4.º, como prescrito no art.º 10.º da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro, ex vi n.º 3, art.º 4º da mesma; o direito de acesso, conforme disposto no art.º 35.º, do n.º 1, da CRP e no art.º 11.º, da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro. A existência do direito ao conhecimento da identidade está também previsto na alínea c), do art.º 4.º e alínea c), n.º 1, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, assim como dos direitos de contestação ou de retificação e de atualização e de eliminação, previstos no n.º 1, do art.º 35.º da CRP e n.º 1, do art.º 10.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, assim como no art.º 18.º, da Decisão-Quadro 2008/977/JAI do Conselho, de 27 de novembro de Salvo a responsabilidade criminal, a violação da Lei que regula a utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum, é sancionada de acordo com o estatuto disciplinar do agente responsável a que se encontre sujeito, de acordo com o art.º 11 da referida lei, assegurando-se ainda o dever de sigilo através do n.º 2, art.º 9.º da mesma e art.º 17.º da LPD, garantindo assim o direito à tutela jurídico-criminal. No entanto, e de acordo com Graça (2013), existe pouca supervisão relativamente à videovigilância. Através da sua experiência como Comandante do DTer de Tomar, desde 2008 até 2011, e passando pelo período de implementação do sistema de vídeo, refere que, apesar da série de restrições que foram levantadas inicialmente pela CNPD, até ao términus da sua função desconhece qualquer tipo de inspeção às instalações da GNR por parte daquela. 31

46 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados 4.2. Protocolo de Cooperação Inicial A primeira abordagem à implementação de um sistema de videovigilância, no Santuário de Fátima, com o intuito da prevenção criminal e auxílio operacional, tanto para a força de segurança como para possíveis situações na ordem da proteção civil, foi assinado a 27 de março de 2008, através do Protocolo de Cooperação Tendente à Coordenação e Utilização de Sistema de Videovigilância no Recinto e Área Envolvente ao Santuário de Fátima 14, outorgado, acordado e livremente aceite pela própria administração do Santuário e pela GNR, através do Destacamento Territorial de Tomar. Este Protocolo visava, através do regime jurídico aplicável pela Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, a introdução de um instrumento privilegiado e complementar da atividade policial, na proteção de bens e pessoas e na prevenção da prática de ilícitos criminais, conforme referido no n.º 1, da cláusula 1.ª. Referia ainda como principais fins do sistema de videovigilância os previstos no n.º 2, da cláusula 1.ª. Entre eles: A proteção de pessoas, nomeadamente dos peregrinos e entidades durante os eventos religiosos, bens e património de reconhecido valor religioso e cultural; O melhoramento da eficácia operacional das operações associadas com a proteção civil; A prevenção de ilícitos criminais ou outros fatores de risco, bem como o apuramento da identificação de eventuais infratores. Ficou acordado que toda a aquisição do sistema de vídeo, assim como a sua manutenção, seria disponibilizada pela administração do Santuário, como também a operabilidade em regime de exclusividade direcionada para a GNR. Quanto a esta, assegurou que o tratamento dos subsequentes dados seriam realizados à luz da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, como também o cumprimento das finalidades acima elencadas, com a salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias. A cooperação entre estas duas entidades ficou também registada no que se refere à implementação de medidas complementares de segurança e proteção de pessoas e bens. A cláusula 4.ª confere a vigência do protocolo para um período de quatro anos a contar da data da assinatura, salvaguardando o período imposto por lei, podendo ser renovado por acordo das partes. Ora, até à data, o referido protocolo ainda não foi 14 Ver Anexo A Protocolo de Cooperação Inicial. 32

47 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados renovado. No entanto, tal omissão não influencia em nada a implementação do regime da videovigilância no Santuário de Fátima, pois, como já vimos, os necessários pedidos de renovação, pareceres e autorizações não dependem oficialmente em nada deste protocolo inicial, a não ser do consentimento da entidade religiosa visada, pelo n.º 6, do art.º 7.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro Pedido de Autorização da Implementação Inicial de Videovigilância Ao abrigo do n.º 1, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, o pedido de autorização de instalação de câmaras fixas de videovigilância ficará a cargo do dirigente máximo da força ou serviço de segurança, neste caso concreto o General Comandante Geral da GNR. Assim, em 2008, após a assinatura protocolar das entidades diretamente visadas na implementação das câmaras de vídeo, foi submetido o requerimento inicial por parte do Gabinete do General Comandante Geral, elaborado pelo Destacamento Territorial de Tomar. Na redação do referido pedido, foi tido em conta que a utilização deste tipo de sistemas não visava a substituição do elemento humano, constituindo-se apenas como uma importante ferramenta auxiliar da atividade policial, permitindo uma melhor eficiência operacional, tanto a nível preventivo como reativo, indo de encontro à posição doutrinária de Valente (2009). Reforçava ainda que a adoção da videovigilância iria permitir a identificação de eventuais suspeitos, assim como contribuir para a diminuição do sentimento de insegurança. Após ponderação comparativa entre os eventuais princípios restringidos e os fins a que se propõe a implementação do sistema de vídeo, o DTer de Tomar concluiu que o projeto em causa se mostra equilibrado e proporcional, não colocando em causa o direito constitucionalmente garantido da liberdade de religião e de culto, através da salvaguarda e proteção de pessoas e bens, nomeadamente dos peregrinos, permitindo a estes a participação livre nas demonstrações religiosas. O direito à intimidade da reserva da vida privada também é mencionado, através da colocação estratégica das câmaras de vídeo, de modo a não permitir a captação no interior das Basílicas e capelas, sendo ressalvado, nomeadamente, o direito ao culto e fé religiosas. Além do mais, o visionamento de imagens referentes ao culto é socialmente aceite, não 33

48 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados levantando qualquer oposição, quer através da transmissão de imagens televisivas pelo local mediático em questão, quer pela utilização das novas tecnologias, como o telemóvel. Quanto à questão levantada da segurança relativamente ao elemento humano, pelo acesso aos dados e posterior tratamento, o DTer de Tomar justifica o facto de os militares da força de segurança em questão (GNR) estarem abrangidos por um estatuto próprio de direitos e deveres, sendo estes disciplinarmente regulados. De forma a implementar medidas adicionais e preventivas de segurança, têm sido desenvolvidas diligências, ações e campanhas de sensibilização, proteção e segurança por parte da administração do Santuário e o Posto Territorial (PTer) de Fátima, tanto no próprio Santuário, bem como nas zonas envolventes e rotas de peregrinação. Assim, além da existência de um corpo de vigilantes (Saraiva, 2013), à data, constituídos por 30 elementos, são iniciadas ações de sensibilização tais como o Santuário de Fátima Seguro, primeira implementação em agosto de 2007, visando a distribuição de panfletos informativos, com recomendações úteis e com um mapa de serviços de saúde, turismo e policiamento, e da colocação de cartazes à entrada do Santuário. Uma das razões para a implementação do sistema de CCTV, e de acordo com o DTer de Tomar, seria o rácio de militares da GNR de Fátima para com a população desta freguesia. Assim, em 2007, existiam 45 militares com funções operacionais para uma população de habitantes, um rácio de 1 militar para cada 229 habitantes. Aquando das peregrinações, este rácio sobe consideravelmente. Em 2007, no dia 13 de maio, o Santuário reuniu cerca de 500 mil pessoas (Ferreira, Jordão, & Serrinha, 2007), ascendendo o rácio de 1 militar para cada habitantes. De salientar, que o rácio apresentado teria ainda de ser aumentado, pelo facto de o efetivo de militares apresentado não se encontrar colocado no Santuário, mas sim em toda a freguesia de Fátima, sendo responsáveis pela prevenção da criminalidade em toda esta área. Não se mostra adequado o aumento do número de militares presentes no interior ou imediações do recinto, pois a sua presença em excesso negaria o objetivo de tranquilidade de quem quer comungar do espírito de paz aí presente, (do pedido em análise) ao intimidar os vários visitantes. Para além do objetivo de prevenção a nível criminal e condutas antissociais, o DTer de Tomar pretendia também o controlo e vigilância de eventos, nomeadamente entradas e saídas, de forma a resolver incidentes do foro da proteção civil. O DTer de Tomar pretendia então a implementação de um sistema completamente autónomo constituído por 8 câmaras de videovigilância, de forma a garantir a proteção de 34

49 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados pessoas e bens e assegurar a prevenção e dissuasão da prática de crimes, operando todos os dias da semana entre as 6h e as 2h, sendo que a GNR seria responsável, em exclusivo, pela recolha, conservação e tratamento dos dados recolhidos. A administração do Santuário deu também o seu parecer positivo, reconhecendo a necessidade da existência da videovigilância para assegurar e garantir aos peregrinos a tranquilidade e segurança de que necessitam para em paz e liberdade poderem desfrutar, comungar e celebrar a sua religião A Evolução da Videovigilância no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima A primeira tentativa de implementação de um sistema de videovigilância no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, foi iniciada pelos Serviços de Administração deste, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 35/2004, de 21 de fevereiro, que regula o exercício da atividade de segurança privada. A necessária autorização por parte da CNPD só foi parcialmente conseguida, através da autorização n.º 557/2007. Na deliberação da CNPD, esta referia que o recinto é um local de acesso irrestrito ao público, onde deve existir uma maior contenção na restrição generalizada do direito à imagem das pessoas que aí se encontrem. Entendia ainda que o recurso a sistemas de videovigilância não podia limitar a liberdade de religião e de culto, previsto no art.º 41.º, n.º 1, da CRP, sendo a instalação destes desproporcionada, por infração destes direitos pessoais. Assim, a autorização da CNPD, à data vinculativa, apenas permitia a utilização das câmaras de vídeo nas lojas de artigos religiosos, na galeria de São Miguel, na exposição Fátima Luz e Paz e nas entradas das casas de retiro, em que o tratamento se apresentava como adequado, pertinente e não excessivo em relação ao fim visado, conforme alínea c), n.º 1, do art.º 5.º, da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro. Em 2008, foi elaborado o já referido protocolo, em que as partes outorgantes, como vimos, seriam a própria administração do Santuário e a GNR, pelo DTer de Tomar Anexo A Protocolo de Cooperação Inicial. 35

50 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Tendo por base a Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, o DTer de Tomar, através do seu dirigente máximo da força de segurança com jurisdição na área de captação 16, requereu a implementação do sistema de videovigilância no recinto do Santuário. Existem registos de elevados números de crimes, na sua grande maioria de furtos, nomeadamente os furtos por carteiristas. Apesar da existência de cerca de 30 vigilantes, o Destacamento de Tomar não possuía os elementos adequados para contrariar tais ameaças, sem fazer perigar a segurança nas outras zonas da competência do Destacamento. Continha ainda a definição de 8 câmaras de vídeo a operar ininterruptamente das 6 às 2 horas, descrevendo também as caraterísticas técnicas do equipamento a utilizar, apesar da aprovação dos requisitos reguladores das mesmas ser de data posterior, através da Portaria n.º 372/2012, de 16 de novembro. Nomeava assim o PTer de Fátima, pertencente ao Destacamento Territorial de Tomar, como a entidade responsável pelo tratamento e conservação dos dados. A decisão da autorização, à data, seria sempre precedida pelo parecer positivo da CNPD, de acordo com o antigo n.º 2, do art.º 3.º da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. O Parecer n.º 36/2008 da CNPD, de 13 de outubro, tem em consideração que os furtos ocorridos no Santuário ascendem a 78% dos totais ocorridos em toda a freguesia de Fátima, tendo a maioria das vítimas mais de 50 anos. De todas as ocorrências de furtos verificadas no Santuário, 83% tiveram lugar dentro do recinto. A CNPD afasta a possibilidade de gravação de som, através da parte final do n.º 7, art.º 7.º da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, a proibição de gravação de conversas de natureza privada, pelo facto de o local abrangido pelo sistema requerer um elevado grau de paz, de concentração e tranquilidade, e em particular pelo enorme afluxo de peregrinos que aí acorre, em especial nas datas com mais significado religioso ligado ao culto mariano, no ponto 22 do Parecer da CNPD n.º 36/2008, 13 de outubro. No entanto, permite a utilização do sistema alerta de voz, mecanismo automático de iniciativa de funcionamento de captação de imagem, que, no entanto, nunca foi posto em funcionamento. Proíbe também a captação de imagens nos espaços mais reservados à devoção, como acontece com o interior das Basílicas e capelas. 16 Conforme Anexo I, da Resolução de Conselho de Ministros n.º 44/2007, de 1 de março. 36

51 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados A CNPD alerta também para o assegurar da fiabilidade e inviolabilidade do sistema, através da adoção de medidas de segurança, neste caso pelo PTer de Fátima, por imposição do n.º 1, art.º 14.º da LPD. Além das medidas de segurança acima referidas, devem ser tidas em conta as medidas especiais de segurança previstas pelo art.º 15.º, da LPD, sendo estas referidas no anexo F ao requerimento inicial proposto pelo DTer de Tomar. Assim, os ecrãs de monitorização estão instalados no PTer de Fátima, em que a visualização dos dados é realizada exclusivamente por militares da GNR, abrangidos pelo dever de sigilo. A gravação dos dados ficará em compartimento físico condicionado, ao qual apenas terão acesso aos militares designados, ficando para tal registadas as suas entradas. Os dados registados serão mantidos pelo prazo máximo de 30 dias, de acordo com preceituado no n.º 1, do art.º 9.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, sendo lavrado auto referente à sua destruição. Por ser um recinto de caráter religioso, a entidade eclesiástica competente também prestou o seu total apoio na implementação do sistema, existindo assim um consentimento ao abrigo do n.º 6, do art.º 7, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Apesar de, eventualmente, atentar contra alguns direitos fundamentais dos cidadãos, tais como do direito à imagem, à privacidade e à reserva da intimidade da vida privada, à proteção dos dados pessoais e do direito à fruição da liberdade de culto e de religião, a Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, concede legitimidade para o tratamento dos dados pessoais, pois os meios são adequados e necessários, mostrando-se proporcionais para a finalidade concreta do local. Assim, a CNPD, da análise efetuada pelo requerimento do Destacamento Territorial de Tomar, emitiu parecer globalmente positivo, apenas existindo pronunciamento negativo relativamente à captação e gravação de som, ficando o sistema a operar ininterruptamente com 8 câmaras de vídeo, dentro do período compreendido entre as 6 e 2 horas. A autorização de instalação, pelo membro do Governo que tutela a força ou serviço de segurança, neste caso o Ministro da Administração Interna através do seu Secretário de Estado Adjunto 17, seguiu-se a 16 de outubro pelo Despacho n.º 27115/ Da autorização deveria constar os elementos impostos por obrigação legal prevista no n.º 3, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Acontece que o tipo de câmara e especificações técnicas não se encontram presentes, talvez por, à data da promulgação do 17 Através do Despacho n.º4764/2008, de 1 de fevereiro. 18 Ver Anexo B Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro. 37

52 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados despacho, ainda não ter sido aprovada a portaria responsável pelos requisitos técnicos mínimos do equipamento, como previsto pelo n.º 7, do art.º 5.º, da referida lei. Ainda através do Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro, pelo seu n.º 3, elenca os termos e condições em que a atividade de videovigilância possa ser desenvolvida. Assim, foi celebrado um termo de responsabilidade e conformidade, entre a GNR e a NovelActron, empresa especializada no desenvolvimento e aplicação de soluções integradas de sistemas inteligentes de vigilância eletrónica e videovigilância digital (NovelActron, 2009), em 11 de maio de Mais tarde, por força do n.º 5, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, a duração máxima da autorização era de 1 ano, sendo necessário novo pedido de renovação cumprido este prazo 19, período contabilizado pelo n.º 6, do art.º 3.º da lei visada, tendo este iniciado em 11 de maio de 2009, data da implementação efetiva do sistema, por imposição do Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro, através do seu n.º 4 O prazo a que se refere o n.º 5 do artigo 5.º da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, é de um ano e produz efeitos a partir da data de ativação do sistema. Relativamente a este curto período de 1 ano, vem o Parecer da CNPD n.º 17/2010, de 12 de abril, necessário para a consequente renovação, referir a razoabilidade do emprego pontual da videovigilância, por ser necessário, após a implementação desta, concluir que de facto existiu uma diminuição das ocorrências criminais, sendo este um importante contributo para a sua renovação. Ora, através dos dados demonstrados pela entidade requerente, o DTer de Tomar através do Ofício n.º 790/GGCG, de 8 de março de 2010, e explicitados no parecer, o crime de furto diminuiu em 15 % e aumentou-se o sentimento de segurança. Diz ainda que as câmaras constituem uma forte componente dissuasora, permitindo também o despacho de meios de forma mais célere, maximizando os recursos humanos. A entidade requerente, no seu pedido de renovação de autorização, vem também requerer o funcionamento ininterrupto do sistema sem limitação a nível horário, justificado pelo facto ocorrido a 10 de janeiro de 2010, em que foram feitas inscrições ofensivas do culto religioso que aí se pratica, presumivelmente durante o período de inativação da videovigilância, em que nas paredes e estátuas envolventes da Basílica da Santíssima Trindade foram pintadas as palavras SOL, LUA, MESQUITA e ISLÃO. A CNPD emitiu, portanto, parecer positivo relativo à renovação da autorização, alargando o horário do sistema de modo a ter funcionamento contínuo, até 31 de dezembro 19 Contagem dos prazos ver art.º 72.º, do Código do Procedimento Administrativo. 38

53 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados de Realça veemente que tal parecer apenas tem efeito favorável devido à visita extraordinária a este Santuário, de sua Santidade o Papa Bento XVI, a 12 de maio de 2010, pela reconhecida e comprovada sanha que fanáticos de várias matizes têm contra aquela figura. Escreve ainda que, nos dez meses de implementação e estudo, não bastava indicar que os crimes de furtos diminuíram ou que o sentimento de insegurança também baixou sem qualquer explicação fundamentada. Deveria ter sido elaborado um estudo em que tais registos permitissem concluir com exatidão, qual a tipologia de crimes ocorridos e qual a variação destes, a nível quantitativo e qualitativo, como por exemplo a incidência temporal. Importava também concluir quantas e quais as ocorrências detetadas ao se fazer uso da videovigilância e destas, quantas não teriam tido sido solucionadas se não fosse este sistema. Estas são algumas das questões alcançadas pela CNPD, levantando a preocupação futura de posteriores possíveis pedidos de renovação. Fica então salvaguardado o primeiro pedido de renovação, através da publicação em Diário da República do Despacho n.º 7790/2010, de 4 de maio de Com o mais recente parecer da CNPD, Parecer n.º 1/2011, de 10 de janeiro, o DTer de Tomar, mais uma vez através do Ofício n.º 4228, de 17 de dezembro de 2010, justifica a renovação da autorização pela redução de 17% dos furtos por carteiristas no período compreendido entre 2007 e 2010 e da diminuição de 46 ocorrências. A entidade requerente refere também que existiu um aumento em igual período, de 24 para 38, do número de suspeitos, assim como do número de carteiras recuperadas, aumentando 7% no biénio de 2007/2008 e 60% no biénio de 2009/2010, existindo também uma melhoria na eficácia do sistema. De realçar que a entidade religiosa responsável pelo Santuário também concorda com a melhoria na coordenação do fluxo de peregrinos, bem como uma maior, mais demorada e tranquila afluência de peregrinos durante o período noturno, demonstrando uma maior segurança por parte deles, através do Parecer elaborado por esta, enviado ao Tenente General Comandante Geral a 12 de novembro de Existiu também uma redução significativa das queixas em relação a carteiras furtadas e consequente redução do número de carteiras encontradas no recinto. Por parte dos trabalhadores permanentes e colaboradores voluntários, salienta-se o maior sentimento de segurança destes, disponibilizando-se com mais frequência à dedicação das suas tarefas, trabalhos de acolhimento e acompanhamento de peregrinos. 20 Por delegação de competências através do Despacho n.º 1717/2010, de 15 de janeiro. 21 Ver Anexo C Despacho n.º 7790/2010, de 22 de abril. 39

54 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Neste último parecer, a CNPD considera os resultados irrisórios dos dados da diminuição da criminalidade quando comparados com a qualidade dos valores que se sacrificam, chamando a atenção para a necessidade de se obter elementos fiáveis e comparáveis da tipologia criminal existente, de modo a se poder justificar a restrição de direitos constitucionalmente previstos. Apesar das reservas, a CNPD emitiu, mais uma vez, parecer favorável à renovação da autorização por um período de um ano. Por seu turno, aliado à grande densidade populacional existente em determinadas alturas do ano e que, justificado pelas poucas saídas existentes onde, em inimagináveis situações anómalas, poderão ter de abandonar o local, permitindo assim a videovigilância uma melhor coordenação dos esforços de socorro com as autoridades e meios da proteção civil. A norma legal de autorização do segundo pedido de renovação teve lugar a 11 de janeiro de 2011, pelo Despacho n.º 1718/ Cumprindo o prazo referido no n.º 7 do Despacho, ficaria dependente nova autorização, o que ainda não aconteceu. Além do mais, a alteração à Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, pela Lei n.º 9/2012, de 23 de fevereiro, apenas entrou em vigor a 5 de abril de 2012, de acordo com o art.º 7.º. Não obstante, apesar da diluição do prazo da duração máxima da autorização ter passado para dois anos, conforme o n.º 5, do art.º 5.º da lei, seria necessário novo despacho de autorização, sendo este precedido pelo parecer da CNPD, considerado tacitamente deferido se cumpridos os n.º 3, do artigo 3.º. Em 9 de maio de 2012 foi elaborado o Ofício n.º 1987/GGCG, com novo pedido de renovação do sistema de videovigilância, apoiando-se novamente no parecer positivo por parte da entidade eclesiástica responsável pela administração do Santuário. Esta, através do Parecer de 26 de abril de 2012, salienta relativamente ao anterior o facto de sabermos que é a GNR a receber as imagens confere maior confiança a todos. Assim, o Ministério da Administração Interna, através do seu Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna 24 procedeu ao envio de pedido de parecer à CNPD, relativamente a nova renovação, através da Informação n.º 36/PCG/2012. A resposta da Comissão foi dada pelo Ofício n.º 14107, de 11 de junho de 2012, onde refere que o presente pedido de parecer aguarda até à entrada em vigor daquelas, referindo-se às Portarias que, à data, ainda não tinham sido publicadas, sendo estas a Portaria n.º 22 Através da delegação de competências prevista no Despacho n.º 1717/2010, de 15 de janeiro de Ver Anexo D Despacho n.º 1718/2011, de 11 de janeiro. 24 Por delegação de competências pelo Despacho n.º 9206/2011, de 12 de julho. 40

55 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados 372/2012, de 16 de novembro e a Portaria n.º 373/2012, de 16 de novembro, previstas as suas publicações no n.º 7, do art.º 5.º e n.º 2, do art.º 4.º, respetivamente, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro com a última alteração pela Lei n.º 9/2012, de 23 de fevereiro. Ora, apesar da diluição do prazo de 1 ano para 2 anos, pela alteração dada pela Lei n.º 9/2012, de 23 de fevereiro, não se justifica o atraso da publicação de novo Despacho de renovação da autorização, pois, cumprido o período permitido de um ano deste último, pelo Despacho n.º 1718/2011, de 11 de janeiro, seria necessário nova renovação a partir de 11 de janeiro de Importa ainda referir que foram cumpridas as formalidades previstas ao novo pedido de renovação, por parte da entidade requerente, o DTer de Tomar através de ofício do General Comandante Geral da GNR, estando neste momento provisoriamente deferido tacitamente, pelo n.º 6, do art.º 3.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, até que seja proferida nova decisão. Assim, analisando os pressupostos legais e contabilizando os devidos prazos, concluímos que as câmaras de vídeo presentes no recinto do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, à data da elaboração da investigação, encontram-se em situação provisória, aguardando decisão por parte da entidade autorizante, à mais de um ano e meio. À entidade autorizante, neste caso o Ministério da Administração Interna, torna-se obrigatório a criação e manutenção de um registo público, de acordo com o art.º 12.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro. Pela leitura deste artigo depreende-se que, sendo público, qualquer cidadão poderá consultar o processo de videovigilância mas, na prática, torna-se necessária uma avaliação, por parte do responsável pelo processo, da finalidade a que se propõe a consulta, após requerimento formal à entidade responsável Modelo de Avisos e Simbologia Nos termos do n.º 1, do art.º 4.º da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, o DTer de Tomar, no anexo E ao pedido inicial de autorização, refere que seriam colocados avisos com a finalidade de informar o público para a existência do sistema de videovigilância. Ora, com a publicação da Portaria n.º 373/2012, de 16 de novembro, tornou-se obrigatório a adoção de um modelo informativo generalizado, sendo que a adaptação dos sistemas de videovigilância já em funcionamento deveria ter lugar passados 90 dias após a sua publicação, de acordo com o art.º 5.º da referida Portaria. 41

56 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Após mensagem de correio eletrónico, em 25 de fevereiro de 2013, a solicitar a posição da administração do Santuário sobre a entrada em vigor das novas portarias, a resposta dada por este, a 1 de março de 2013, vem reafirmar a sua vontade em manter o sistema em funcionamento, estando para tal disponíveis para fazer os ajustes necessários para corresponder ao legalmente exigido, pois é sua responsabilidade a implementação dos vários avisos (Santana, 2013) Assim sendo, e cumpridos os requisitos previstos no n.º 4, do art.º 2.º, art.º 3.º e art.º 4.º da Portaria, bem como o período de adaptação, importa realçar que atualmente, no Santuário de Fátima, não se encontram expostos quaisquer sinais referentes à informação de videovigilância no local. No entanto, após entrevista com o responsável pela administração do Santuário, este afirma que tem existido a preocupação de manter visível, em folhas A4, que o recinto se encontra sob vigilância. Apesar de já estarem elaboradas as placas de acordo com as orientações da nova Portaria, este refere que ainda não foram instaladas pois ainda estamos a estudar qual o melhor local para as colocar, pois vão criar um impacto visual bastante elevado, ao criar um sentimento de retração nos visitantes (Saraiva, 2013). Diz ainda que a informação deve existir, mas não deve ser imposta, devem ter a finalidade de avisar as pessoas que vão entrar num espaço que está monitorizado através da videovigilância, mas não deverão condicionar a sua liberdade (Saraiva, 2013) Ora, através do n.º 4, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, bem como do preâmbulo da Portaria n.º 373/2012, de 16 de novembro, é estabelecida a obrigatoriedade de afixação, nos locais objeto de vigilância com recurso a câmaras fixas, de informação sobre a existência e localização das câmaras de vídeo, a finalidade da captação de imagens e o responsável pelo tratamento de dados recolhidos. Apesar desta obrigatoriedade, o n.º 3, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, elenca os pressupostos a ser publicados na decisão de autorização. Na sua alínea b), a Lei refere que deverá ser divulgado quais as limitações e condições do uso do sistema, inserindo-se aqui, na nossa opinião, pelo menos a referência, como condição de instalação, à afixação de tais avisos nos vários despachos de autorização, garantindo assim o Direito de Informação. Tal publicitação está referida no Despacho de autorização inicial, bem como no último de renovação subsequente. Assim, torna-se imperativo, que a administração do Santuário, entidade responsável pela instalação e manutenção conforme protocolo inicial, adote as medidas necessárias para o cumprimento da Lei, estando em falta desde o términos do período de vacatio legis 42

57 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados da Portaria n.º 373/2012, de forma a garantir aos visitantes do Santuário uma salvaguarda do seu Direito de Informação As Câmaras de Vídeo no Santuário de Fátima Os requisitos técnicos mínimos referidos na alínea b), do n.º 1, do art.º 5.º, da Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, são objeto de definição em Portaria do membro do Governo responsável pela área da administração interna. Portanto, com a entrada em vigor da Portaria n.º 372/2012, de 16 de novembro, tendo por base os Pareceres da CNPD n. os 30/2012 e 58/2012, de 17 de maio e 2 de outubro, respetivamente, a adaptação dos sistemas de vídeo já existentes deveriam ter lugar no prazo de 180 dias. Ainda assim, em 2008, aquando do pedido de autorização inicial elaborado pelo DTer de Tomar, foi elaborado em anexo as características técnicas do equipamento, mesmo sem definição de Portaria à data. No caso específico em estudo, a entidade responsável pela eventual substituição das câmaras, bem como do restante sistema de videovigilância ficará a cargo da NovelActron, empresa de vigilância eletrónica, através da administração do Santuário. Para efeitos de registos e possíveis auditorias, a referida Portaria obriga a que fiquem registados os responsáveis técnicos pela gravação local, os certificados públicos de assinatura e os certificados de encriptação, devendo estes ter uma validade de três meses, de acordo com o previsto no art.º 4, da Portaria em análise. De referir que a utilização do sistema de videovigilância não é uniforme relativamente a todo o ano, pois apenas se socorrem destas, no intuito de prevenção criminal, aquando da realização de eventos importantes que atraiam um número elevado de visitantes ou em situações inopinadas extraordinárias, já no foro da proteção civil, apesar das oito câmaras instaladas no interior do recinto funcionarem ininterruptamente, vinte e quatro horas por dia, em todos os dias da semana, pelo n.º 6, do Despacho n.º 1718/2011, de 11 de janeiro. Relativamente às câmaras de vídeo, existem atualmente 17, 4 da responsabilidade da Câmara Municipal de Ourém, encontrando-se na Av. Beato Nuno, Av. Papa João XXIII, Praceta de St.º António e na rua de S. José e outras 5 instaladas pela GNR, no acesso à portagem, rotunda norte, rotunda sul, Valinhos e no topo da Basílica, dispostas em pontos específicos nas imediações do Santuário com o principal objetivo de melhor 43

58 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados controlar o trânsito, todas elas a serem operadas pela GNR, através do PTer de Fátima, não gravando qualquer tipo de dados, apenas servindo para controlo imediato. Todas as câmaras de vídeo da Câmara Municipal de Ourém foram implementadas em 2011, após a instalação das 8 dentro do recinto do Santuário. No entanto, as 5 da GNR, foram colocadas em data anterior a 11 de maio de 2009 (Graça, 2013). Para o nosso estudo, apenas importa analisar as 8 câmaras de vídeo nas quais assenta o pedido de requerimento inicial e autorizado inicialmente pelo Despacho n.º 27115/2008, de 16 de outubro. Estas encontram-se distribuídas ao longo do Santuário, tendo sido instaladas no topo oeste do self service (velas), no topo noroeste da Capelinha das Aparições, no candeeiro junto à parede oeste da Capelinha das Aparições, nas penúltimas colunatas a contar da Basílica, na Casa da Nossa Sr.ª do Carmo e nos candeeiros sul e norte, conforme figuras representativas n. os 10 a 17, dispostas para consulta em Apêndice Análise Criminal no Santuário A análise dos dados criminais teve em vista a observação da variação positiva ou negativa das diferentes tipologias de crimes, antes e após a implementação das câmaras de videovigilância, de modo a suportar a justificação da utilização destas. Assim, torna-se necessário a comparação temporal dos vários crimes tendo como fator diferenciador a introdução das 8 câmaras no recinto do Santuário. Para a prossecução deste estudo, compreendido entre 16 de abril de e 30 de novembro de 2011, foram também analisados quais os períodos semanais e horários das ocorrências. Relativamente aos intervenientes dos crimes, foram também contabilizados o número de suspeitos, assim como os dados das vítimas, nomeadamente o género, idade e nacionalidade. Assim, através dos dados obtidos pelo PTer de Fátima, através da SOITRP do Comando Territorial de Santarém, bem como dos dados disponibilizados pelo DTer de Tomar, foram criados os seguintes gráficos. A figura n.º 2 representa a diferenciação entre as várias tipologias de crimes durante o ano de 2007, através dos dados contabilizados a partir de 16 de abril de Data da transferência de competências de policiamento da freguesia de Fátima para a GNR, através do Anexo I, da Resolução de Conselho de Ministros n.º 44/2007, de 1 de março. 44

59 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ contra as pessoas contra a identidade cultural e integridade pessoal contra o Estado contra o património contra a vida em sociedade legislação avulsa Figura n.º 2 Tipos de crimes em 2007 na freguesia de Fátima Fonte: PTer de Fátima A tipologia de crime mais registada será a referente aos crimes contra o património, com cerca de 62% do total das ocorrências criminais. Destes, 28% representam furtos por carteirista, contabilizando um total de 76 furtos. Ora, na realidade, estes números não representam a totalidade de carteiras desaparecidas. Por ser um crime semipúblico 26, exige-se uma manifestação da vontade de que seja instaurado um processo para averiguação das notícias e procedimentos contra o agente responsável, considerando-se como tal o titular dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a incriminação, de acordo com o n.º 1, do art.º 113.º, do CP. Assim, é necessário que se dê conhecimento ao Ministério Público para que este promova o processo, através da formalização de uma queixa, pelo disposto no n.º 1, do art.º 49.º, do Código de Processo Penal, com a última alteração efetuada pela Lei n.º 20/2013, de 21 de fevereiro. Além das que não são contabilizadas por o seu proprietário não informar o seu desaparecimento, quer por considerar que o que lhe foi retirado não merece o trabalho que dá a nível burocrático seja por não se conseguir fazer prova cabal do crime (Frois, 2011, p. 101) este número é grandemente inflacionado se tivermos em consideração todas as formas de registo. Assim, poderá ser aberto procedimento criminal através da apresentação 26 Ver art.º 203.º Furto, do CP. 45

60 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados de queixa, consubstanciando num crime, ser registado o extravio para efeitos de renovação dos documentos, ou um mero registo de ocorrência. Analisando estas três formas distintas, o total ascende a 549 registos só no ano de 2007, em que os meses com maior incidência seriam o mês de maio, 176, agosto com 64 e outubro com 72 registos. Tendo em consideração toda a freguesia de Fátima, 78% das ocorrências de furtos de carteiras tiveram lugar no Santuário. Destes, 82% no interior do recinto, 9% nas ruas adjacentes, 3% nos parques de estacionamento e 6% noutros locais, com maior incidência nos fins de semana e nos períodos horários coincidentes com o final das celebrações, 12h a 14h e 22h a 23h, altura em que as vítimas dão por falta dos seus bens. 32% das vítimas são de nacionalidade estrangeira e, tendo em consideração que estas apenas representam 10% do total de peregrinos, existe uma maior incidência comparativamente aos visitantes portugueses. As vítimas são, na sua esmagadora maioria, do género feminino, representando 83% visitantes com mais de 50 anos. Tendo em consideração a implementação da videovigilância a 11 de maio de 2009, importa elaborar a análise comparativa entre o período antecessor e subsequente de tal facto. Assim, na figura n.º 3, encontra-se discriminada as ocorrências no espaço vídeo vigiado entre 12 de maio a 31 de outubro, de 2007 a De referir ainda que aos dados contabilizados foram também tidos em consideração, além dos processos crimes e meras ocorrências, todos os registos de extravios Figura n.º 3 Ocorrências no Santuário entre 2007 a 2011 Fonte: PTer de Fátima 46

61 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Apesar de já existir um claro decréscimo relativamente ao número de ocorrências no ano de 2008, quando comparado com igual período no ano anterior, verifica-se que em 2009, com um total de 163 ocorrências, ano da implementação das câmaras de vídeo existiu uma diminuição do seu número. Em períodos subsequentes à introdução das câmaras, nos anos de 2010 e 2011, verifica-se uma tendência clara de subida do número total de ocorrências, com 181 e 199, respetivamente. No entanto, tal subida não invalida o decréscimo ocorrido após o ano inicial da transferência de competências territoriais ocorrida da PSP para a GNR, registando ainda menos 18% das ocorrências, quando comparados ao ano Se comparados os dados referentes aos furtos por carteirista em toda a freguesia de Fátima, de 2007/2008 a 2009/2010, estes tiveram uma diminuição de 2%, embora, na área do Santuário, este tipo de criminalidade tivesse diminuído 17%. Relativamente ao número de carteiras recuperadas, 2011 mostra-se o ano com menos registos, com um total de apenas 84, como exemplifica a figura n.º 4, apesar da tendência de subida, analisada em cima, que se verifica no ano de 2010 e Retirando o ano atípico de 2011, desde o início do estudo verifica-se uma ligeira tendência de subida no que respeito ao número de carteiras recuperadas, com uma média anual aproximada de 212 carteiras Figura n.º 4 Carteiras recuperadas de 2007 a 2011 Fonte: PTer Fátima Relativamente aos suspeitos identificados, através da leitura da figura n.º 5, existe claramente uma tendência de subida a partir da implementação da videovigilância em Assim, nesse ano inicial, apenas foram identificados 10 indivíduos. Em 2011, já 47

62 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados totalizavam 48 suspeitos da prática de ilícitos criminais, na sua grande maioria furtos por carteiristas como analisado anteriormente. Através da análise deste gráfico, verifica-se que, coincidentemente com o início da utilização das câmaras de vídeo, existiu uma maior facilidade na identificação dos vários suspeitos, aumentando sete vezes mais quando comparados com os dados referentes a Figura n.º 5 Suspeitos identificados no Santuário de 2007 a 2011 Fonte: PTer Fátima MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO Figura n.º 6 Total das ocorrências por mês no Santuário de 2007 a 2011 Fonte: PTer de Fátima Para a contabilização dos dados referentes à figura n.º 6 Total dos crimes por mês no Santuário de 2007 a 2011, foram tidos em consideração os dados disponibilizados pelo PTer de Fátima referentes ao período temporal de 12 de maio a 30 de novembro, bem 48

63 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados como das figuras seguintes, n. os 7, 8 e 9. Foram ainda totalizados todos os Autos de Notícia, Autos de Denúncia e Autos de Ocorrência. Assim, verifica-se através da leitura do gráfico, que os meses em que existiu uma maior afluência a nível criminal são os meses de maio, junho, julho, agosto e outubro, coincidentes com as grandes cerimónias. De realçar que o mês de outubro, após a implementação da videovigilância, tem sido alvo de maior incidência criminal, não se encontrando qualquer justificação de teor comparativo com a introdução dessa variável, com o facto de este mês abranger a última celebração do ano SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO Figura n.º 7 Total das ocorrências por dias da semana no Santuário de 2007 a 2011 Fonte: PTer de Fátima Nesta figura n.º 7, referente à criminalidade no Santuário por dias da semana, podemos concluir, através da indicação dos seus resultados, que existe cada vez menos desfasamento na variação dos dias da semana, contrariamente ao sucedido no ano de 2007, onde se evidenciava uma clara afluência criminal no fim de semana. Ainda assim, o fim de semana continua a ser, por regra, a altura predileta para a atuação dos suspeitos de práticas ilícitas, pois existe uma grande afluência de peregrinos, no entanto, em 2011, os valores dos outros dias semanais aproximam-se deste. A segundafeira continua a ser o dia da semana onde menos ocorrências são registadas com uma média anual de aproximadamente 12 ocorrências, contrastando com a média de aproximadamente 37, referente a domingo. 49

64 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados H00-01H59 02H00-03H59 04H00-05H59 06H00-07H59 08H00-09H59 10H00-11H59 12H00-13H59 14H00-15H59 16H00-17H59 18H00-19H59 20H00-21H59 22H00-23H59 NÃO DEFINIDO Figura n.º 8 Total das ocorrências por período horário no Santuário de 2007 a 2011 Fonte: PTer de Fátima Analisando agora a distribuição horária das ocorrências criminais, através da figura n.º 8, verifica-se que, na sua grande maioria, estas ocorrem nos períodos das celebrações, entre as 10h00 e 14h00 e mais tarde, entre as 20h00 e 00h00. Até às 08h00, o número de ocorrências é muito reduzido e muitas vezes nulo. Da leitura do gráfico não se visualiza nenhuma tendência clara de diminuição ou subida dos índices criminais em nenhum período horário em particular. 50

65 Capítulo 4 Apresentação, Análise e Discussão de Resultados Crimes com Videovigilância Crimes sem Videovigilância Figura n.º 9 Total das ocorrências entre 2007 a 2011, com distinção entre locais videovigiados e não videovigiados Fonte: PTer de Fátima Da leitura da figura n.º 9, depreende-se que, após implementação da videovigilância em 2009, existiu uma notável tendência de subida relativamente aos crimes detetados no interior do Santuário. Ora, estes valores poderão levar a, através de uma primeira análise, justificar a não eficácia da utilização do sistema de vídeo. No entanto, este aumento do registo do número de ilícitos criminais poderá estar relacionado com a possível maior facilidade de os detetar através das câmaras de vídeo, aumentando assim os valores mais recentes quando comparados com anos transatos. Da transição do ano 2010 para 2011, existiu um acréscimo do número de ocorrências em locais não cobertos pela videovigilância, podendo ser um indicador da transição dos autores dos factos para o exterior do espaço videovigiado, ocorrendo assim uma eventual transferência da criminalidade, conforme The Connexion (2011) Análise das Entrevistas De forma a complementar o nosso trabalho de investigação procedeu-se a um conjunto de três entrevistas, realizadas a entidades chave no que diz respeito à temática da videovigilância no Santuário de Fátima. Assim, foram entrevistados o Cap. Duarte da Graça (E1) e o Cap. Nélson Santana (E2), ambos com experiência de Comando no DTer de 51

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