RESÍDUOS DE PRAGUICIDAS ORGANOCLORADOS EM MEL DE ABELHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
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- Maria da Assunção Domingues Carmona
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1 1 RESÍDUOS DE PRAGUICIDAS ORGANOCLORADOS EM MEL DE ABELHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL ORGANOCHLORINE PESTICIDE RESIDUES IN HONEYS FROM SÃO PAULO STATE, BRAZIL SUSANA MOHR 1*, THIAGO GUILHERME SCHWANZ 2, JOSEANE DE OLIVEIRA MOZZAQUATRO 3, GIANE MAGRINI PIGATTO 4, IJONI HILDA COSTABEBER 5 1 Médica Veterinária, Doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária. *Autor para correspondência: Rua Ernesto Alves, 229, Centro, CEP , Ijuí/RS. susana@mohr.net.br 2 Farmacêutico, Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria. 3 Farmacêutica, Doutoranda em Ciências Farmacêuticas, Universidade de Brasília. 4 Médica Veterinária, Doutoranda em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria. 5 Docente do Departamento de Morfologia, Doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria. Resumo O objetivo do presente trabalho foi determinar resíduos de praguicidas organoclorados em amostras de mel de abelhas coletadas no estado de São Paulo entre os anos de 2009 e Somente o endrin e o β- endosulfan não foram detectados. O aldrin, o α-endosulfan e o heptacloro foram encontrados em uma amostra, o endrin em quatro e o endosulfan sulfato em nove amostras. No que se refere à legislação, 1129
2 2 uma amostra apresentou níveis superiores ao máximo permitido para o aldrin, colocando em risco a segurança alimentar do consumidor. Embora estes compostos estejam com sua utilização proibida, ainda continuam a ser detectados no mel de abelhas do estado de São Paulo provavelmente devido às suas características de bioacumulação e persistência. Palavras-chave: Segurança alimentar; mel de abelhas; contaminação ambiental. Abstract The aim of this work was to determinate organochlorine pesticide residues in honey samples collected in São Paulo state between the years of 2009 and Only β-endosulfan and aldrin were not detected. Aldrin, α-endosulfan and heptachlor were found in one sample, endrin in four, and endosulfan sulfate in nine samples. With regard to the legislation, one sample showed levels higher than the maximum allowed for aldrin, endangering the consumer food safety. Although these compounds are prohibited, they are still being detected in honeys from São Paulo state, probably due to its characteristics of bioaccumulation and persistence. Key words: Food safety; honey; environmental contamination. Introdução O mel, substância natural produzida pelas abelhas melíferas (Apis mellifera) a partir do néctar de flores ou exsudatos de plantas, tem sido utilizado como alimento e medicamento desde os tempos mais remotos. Em sua composição básica constam importantes elementos nutricionais, tais como carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas, entre outros. 1130
3 3 Entretanto, a composição específica de cada tipo de mel, bem como os contaminantes que podem estar presentes, depende das culturas que se encontram ao redor das colmeias (Aliferis et al., 2010). A aplicação de praguicidas na agricultura pode trazer prejuízos preocupantes ao meio ambiente, contaminando o solo, ar, água, bem como as flores as quais as abelhas coletam o néctar para a produção de mel. Consequentemente, os produtos apícolas têm sido utilizados frequentemente como bioindicadores da contaminação ambiental em diversos estudos (Balayiannis e Balayiannis, 2008). Objetivo Determinar os níveis dos praguicidas organoclorados aldrin, dieldrin, endrin, alfa-endosulfan, beta-endosulfan, endosulfan sulfato e heptacloro em 13 amostras de mel de abelhas coletadas no estado de São Paulo entre os anos de 2009 e Material e Métodos Os compostos foram extraídos e purificados pelo método QuEChERS modificado, conforme metodologia já publicada (Mohr et al., 2013). A identificação e quantificação foram realizadas em cromatógrafo a gás acoplado à espectrometria de massas (GC/MS) através da comparação dos tempos de retenção (TR) dos picos encontrados nas amostras com os TR individuais dos padrões certificados, sob as mesmas condições de trabalho, bem como pela comparação da abundância dos íons majoritários de cada um dos compostos analisados. Resultados e Discussão 1131
4 4 Entre os compostos analisados, somente o dieldrin e o beta-endosulfan não foram detectados. Com relação aos demais compostos, o aldrin, o alfa-endosulfan e o heptacloro foram encontrados em uma amostra (23,4 µg/kg, 2,4 µg/kg e 6,5 µg/kg, respectivamente), o endrin em quatro amostras (média de 1,3 µg/kg, valores entre 1,0 e 7,7 µg/kg) e o endosulfan sulfato em nove amostras (média de 2,1 µg/kg, valores entre 1,0 e 9,9 µg/kg). A legislação brasileira estabelece limites de referência para resíduos de praguicidas organoclorados em alimentos de origem animal através da Instrução Normativa N 13, de 15 de julho de 2015 (Brasil, 2015). Para o mel de abelhas, o valor máximo permitido dentre os compostos analisados é de 10 µg/kg. No presente estudo, uma amostra ultrapassou este limite para o aldrin. Dentre a bibliografia consultada, foi encontrado um estudo realizado com amostras de mel de abelhas coletadas no estado de São Paulo, provenientes de um apiário localizado no município de Bauru (Rissato et al., 2007). Neste estudo também foi detectada a presença dos compostos aldrin e endosulfan sulfato nas amostras analisadas. Conclusão Embora estes compostos integrem a lista dos Poluentes Orgânicos Persistentes, com sua produção e utilização proibidas, o presente estudo demonstrou que ainda continuam a ser detectados em mel de abelhas do estado de São Paulo. Este fato deve-se, provavelmente, às suas características de grande persistência e bioacumulação. Dentre as amostras analisadas, uma ultrapassou o limite máximo permitido pela legislação para o composto aldrin, colocando em risco a segurança alimentar. Novos estudos são necessários para determinar as causas desta contaminação, colaborando também para o controle de qualidade 1132
5 5 e segurança alimentar do mel de abelhas consumido pela população brasileira. Referências ALIFERIS, K.A.; TARANTILIS, P.A.; HARIZANIS, P.C. et al. Botanical discrimination and classification of honey samples applying gas chromatography/mass spectrometry fingerprinting of headspace volatile compounds. Food Chemistry, v.121, p , BALAYIANNIS, G.; BALAYIANNIS, P. Bee honey as an environmental bioindicator of pesticides occurrence in six agricultural areas of Greece. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v.55, p , BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Instrução Normativa N 13, de 15 de julho de MOHR, S.; SCHWANZ, T.G.; MOZZAQUATRO, J.O. et al. Resíduos de praguicidas organoclorados em méis da região central do Rio Grande do Sul, Brasil. Higiene Alimentar, v.27, n.218/219, p , RISSATO, S.R.; GALHIANE, M.S.; ALMEIDA, M.V. et al. Multiresidue determination of pesticides in honey samples by gas chromatographymass Spectrometry and application in Environmental contamination. Food Chemistry, v.110, p ,
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