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1 Capitais Públicos e Capitais Privados no Mercado Interno: Assegurar um Ambiente Equitativo para Empresas Públicas e Privadas Arial Bold Alinhado esquerda 27 pt XXIV Congresso FIDE Madrid 2010 Arial Bold (Orador) Alinhado esquerda 17 pt Arial (Data) Alinhado esquerda 14 pt Partilhamos a Experiência. Centro de Informação Europeia Jacques Delors Inovamos nas Soluções. Lisboa, 8 de Junho de 2011 Luís Miguel Romão Arial (Site) Alinhado esquerda 14 pt
2 XXIV Congresso FIDE Madrid 2010 Capitais Públicos e Capitais Privados no Mercado Interno: Assegurar um Ambiente Equitativo para Empresas Públicas e Discussão sobre o desafio entre atingir os objectivos do mercado interno e a necessidade de salvaguardar os legítimos interesses públicos dos Estados-membros O que consideram os Estados-membros como sendo interesses públicos e como procuram assegurá-los: Relatório Português - Regras UE sobre propriedade, liberdade de circulação, regras de concorrência e auxílios de estado
3 CRP de 1976 reserva de sectores económicos para o Estado ou empresas públicas (irreversibilidade de nacionalizações e proibição da iniciativa privada) - Lei 46/77 exclusão de actividades e sectores vedados a empresas privadas (banca, seguros, electricidade, transporte aéreo e ferroviário, armamento, siderurgia, cimento, petroquímica e combustíveis) Alterações CRP: - Propriedade pública dos recursos naturais e meios de produção, de acordo com o interesse colectivo - Coexistência dos sectores público (meios de produção da propriedade e gestão do Estado e entidades públicas), privado (meios de produção da propriedade e gestão de pessoas singulares ou colectivas privadas) e cooperativo de propriedade dos meios de produção - Certos sectores socioeconómicos assegurados (ainda que parcialmente) pelo Estado (educação, saúde, desporto)
4 Alterações CRP: - Liberdade de iniciativa e de organização empresarial no âmbito de uma economia mista - Estado incentiva a actividade empresarial e fiscaliza cumprimento de obrigações legais - Livre exercício da iniciativa económica no quadro constitucional e legal (embora tendo em conta o interesse público) - Livre constituição de cooperativas e garantia do direito à propriedade privada
5 Alterações CRP: - Privados apenas impedidos de prosseguir certas seguintes actividades (salvo quando concessionadas) Lei 88-A/97: - Captação, tratamento e distribuição de água para consumo público (através de redes fixas) - Recolha, tratamento e rejeição de águas residuais urbanas (através de redes fixas) - Recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos, no caso de sistemas Multimunicipais e municipais - Comunicações por via postal que constituam o serviço público de correios - Transportes ferroviários explorados em regime de serviço público - Exploração de portos marítimos - Indústria de armamento (+ Lei 49/2009)
6 Outras soluções Total discricionariedade política (Reino Unido não tem regras sobre participação pública em empresas privadas, nacionalizações nem sobre alienações de participações públicas) Neutralidade da propriedade de capital mas possibilidade de intervenção (nacionalização se necessária e no interesse público Espanha e Bélgica) Constituição especifica sectores económicos que devem ser detidos pelo sector público (França) Constituição identifica serviços de interesse público pelos quais o Estado é responsável (v.g., água potável, tratamento de resíduos, educação, transportes, serviços postais) que podem ser prestados por privados e/ou por entidades municipais ou associativas (v.g., Holanda, Suécia, República Checa)
7 Tendência generalizada UE - sector público ter um mínimo de actividades fundamentais, com monopólios ou participações maioritárias nas principais empresas (v.g., educação, energia, transportes, telecomunicações, jogos de fortuna e azar) - Privatizações - Regulação Excepções: Holanda participação directa nas empresas (insuficiência da regulação) Crise financeira nacionalizações no sector bancário (criação ou alteração de legislação Portugal, Reino Unido, Bélgica, Áustria, Eslováquia)
8 Nacionalizações, privatizações, expropriações e intervenções lei estabelece meios e formas e critérios de fixação de indemnizações Lei 62-A/2008 nacionalizações de participações sociais de pessoas colectivas privadas - Motivos excepcionais e especialmente fundamentados - Necessário para salvaguarda do interesse público - Decreto-Lei - Princípios da proporcionalidade, igualdade e concorrência - Direito a indemnização (valor à data da nacionalização do efectivo património líquido a avaliar por 2 entidades independentes e a fixar pelo Ministro das Finanças) - Manutenção da personalidade e natureza jurídica - Dissolução dos órgãos sociais (se totalidade ou maioria de participações) - Estado pode designar um ou mais membros dos órgãos de administração (nacionalização parcial) - Gestão pode ser atribuída a entidade terceira de natureza pública (a definir pelo Min. Finanças) - Pode ser transformada em soc. anónima de capitais públicos - Regime aplicável, com necessárias adaptações, ao sector social e cooperativo
9 Regras para aquisição ou venda de participações empresariais pelo Estado CRP Reprivatizações de empresas nacionalizadas (excepto PME fora dos sectores básicos da economia) Lei- Quadro aprovada por maioria absoluta em efectividade de funções Lei 11/90 Lei Quadro das Privatizações Reprivatização de meios de produção e outros bens nacionalizados após Transformação prévia em SA e aprovação de estatutos (DL que também aprova modalidades da operação) Prévia avaliação por 2 entidades independentes (pré-qualificação concursal) Alienação de participações sociais ou aumento de capital social Concurso público, oferta em bolsa ou subscrição pública (interesse nacional ou estratégia sectorial concurso aberto a candidatos especialmente qualificados ou venda directa)
10 Regras para aquisição ou venda de participações empresariais pelo Estado Lei 11/90 Lei Quadro das Privatizações (cont.) Percentagem reservada a aquisição/subscrição por pequenos subscritores e trabalhadores da empresa (e emigrantes) Receitas para v.g., amortização da dívida pública e da dívida do sector empresarial do Estado Lei aprovada pela CE (auxílios de estado e sob condição de notificação prévia de vendas directas) Possibilidade de limitação de percentagem a deter por entidades estrangeiras Possibilidade de deliberações sobre certas matérias condicionadas a confirmação de administrador nomeado pelo Estado e existência de acções privilegiadas do Estado com direito de veto (excepcionalmente e por razões de interesse nacional)
11 Regras para aquisição ou venda de participações empresariais pelo Estado Lei 11/90 Lei Quadro das Privatizações (cont.) Possibilidade de limitação de percentagem a deter por entidades estrangeiras - DL 65/94 limitou a 25% - DL 24/96 pretendeu excepcionar entidades UE mas foi recusada ratificação pelo Parlamento (Res. 19/96) - Condenação de Portugal pelo TJ (C-367/98) - Lei 102/2003 revogou finalmente limites para aquisições por entidades estrangeiras
12 Regras para aquisição ou venda de participações empresariais pelo Estado Lei 11/90 Lei Quadro das Privatizações (cont.) Possibilidade de deliberações sobre certas matérias condicionadas a confirmação de administrador nomeado pelo Estado e existência de acções privilegiadas do Estado com direito de veto (excepcionalmente e por razões de interesse nacional) Golden Shares Múltiplas condenações na UE (Espanha, França, Alemanha) PT incompatibilidade com TUE EDP incompatibilidade com TUE Galp aguarda decisão do TJ Apenas a Bélgica conseguiu justificar poderes na SNTC (energia): inexistência de aprovação prévia, não aprovação limitada a áreas estratégicas, sujeita a prazos apertados e a fundamentação exigente e sujeita a escrutínio judicial Estados alteraram legislação (RU, Holanda, Rep. Checa) ou não prevê ou foram criadas golden shares (Eslováquia, Hungria, Polónia)
13 Regras para aquisição ou venda de participações empresariais pelo Estado Regime do Sector Empresarial do Estado (DL 558/1999) - Empresas públicas Estado ou entidades públicas estaduais possam exercer influência dominante - Empresas Participadas participação permanente do Estado ou entidades públicas estaduais excepto públicas - Contribuir para equilíbrio económico e financeiro do conjunto do sector público e obtenção de níveis adequados de satisfação das necessidades da colectividade (qualidade, economia, eficiência e eficácia) - Sectores próprios Regiões Autónomas, municípios e suas associações - Empresas públicas sujeitas ao direito privado (actos e contratos com poderes de autoridade equiparadas a entidades administrativas) e regras de concorrência (PT e UE) - Direitos do Estado exercidos pela Direcção-Geral do Tesouro (direcção do Ministro das Finanças) - Orientações estratégicas definidas pelo Conselho de Ministros - Ministro das Finanças e o Ministro sectorial decidem a participação, aquisição ou alienação de participações sociais do Estado ou outras entidades públicas - Deveres especiais de informação (v.g., projectos de planos de actividades e orçamentos anuais) - Podem exercer poderes e prerrogativas de autoridade de que goza o Estado (ex., expropriação) - Algumas regras específicas quanto a serviços de interesse económico geral e EPE
14 Concorrência Público v. Privado Debates ideológicos: partidos mais à esquerda continuam a preconizar a nacionalização de largos sectores económicos (saúde, educação, energia, transportes, telecomunicações, água, banca, seguros, etc.) ou das maiores empresas activas em tais sectores Protecção de interesse público afastada em geral das regras de concorrência relativas a práticas restritivas (RU e Holanda não) mas presente indirectamente na apreciação de operações de concentração (também RU, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Holanda, Áustria): Recurso ministerial extraordinário e aprovação quando benefícios para a prossecução de interesses fundamentais da economia nacional superem as desvantagens para a concorrência - Caso Brisa/Auto-Estradas do Oeste/Auto-Estradas do Atlântico Augusto Cabrita Local Não Identificado, 1960
15 Auxílios de Estado Regras substantivas e procedimentais Regime de garantias pessoais do Estado e outras pessoas colectivas de direito público (Lei 112/97) Excepcional e baseado em manifesto interesse para a economia nacional Assegurar crédito ou operações financeiras que beneficiem entidades públicas e outras empresas (fiança ou aval) Respeito pelo princípio da igualdade e regras de concorrência (UE e nacionais) Parlamento decide anualmente limites máximos Créditos garantidos até 5 anos e reembolso até 20 anos Condições cumulativas: - Projecto ou estudo de investimento e programa de financiamento - Estado accionista do beneficiário ou interesse que justifique a garantia - Beneficiário deve oferecer garantias para cumprimento das responsabilidades assumidas - Garantia indispensável para a implementação do crédito ou da operação financeira André Silva S/ Título, 2007
16 Auxílios de Estado Regras substantivas e procedimentais Regime de garantias pessoais do Estado e outras pessoas colectivas de direito público (Lei 112/97) (cont.) Aprovação pelo Ministro das Finanças, fundamentada e publicada em DR, com contrato e demais pareces administrativos e ministeriais anexos Beneficiários sujeitos a obrigações de informação (v.g., prova de pagamentos) e supervisão das suas actividades p pelo Governo (financeira, económica, técnica e administrativa) Regime extraordinário de garantias pessoais do Estado ao sector financeiro e reforço da sua solidez financeira e liquidez (Leis 60-A/2008 e 63-A/2008), aprovado pela CE - Banco Invest (emissão de obrigações e empréstimo da CGD até 25 milhões) - BPP empréstimo de 6 bancos ( 450 milhões por 6 meses) - Prolongado por mais 6 meses em Junho 2009 sem notificação CE e sem apresentação de plano de reestruturação - Tribunal de Contas declarou a garantia estatal BPP ilegal (falta de garantia de reembolso e avaliação de bens de garantia inapropriada) - Decisão CE de não aprovação e recuperação ( )
17 Auxílios de Estado Regras substantivas e procedimentais Lei 8-A/2010 Aprova um regime que viabiliza a possibilidade de o Governo conceder empréstimos, realizar outras operações de crédito activas a Estados membros da zona euro e prestar garantias pessoais do Estado a operações que visem o financiamento desses Estados, no âmbito da iniciativa para o reforço da estabilidade financeira Auxílios não devem restringir a concorrência (compensações por serviço público não são auxílios Lei 18/2003) AdC pode analisar mas meramente emitir recomendações ao Governo (eliminar os efeitos negativos para a concorrência) Em geral, não existem regras nos Estados-membros a proibir auxílios de estado mas sim a autorizá-los, impondo, no entanto limites e procedimentos (Áustria, Finlândia, França, Holanda, Suécia). RU não tem regras.
18 Conclusões Liberdades de circulação UE e harmonização do direito societário têm limitado, em algumas áreas, a actuação dos Estados Jurisprudência UE tem, ainda assim, dado alguma margem de actuação na prossecução de interesses públicos (dto. societário) Regras de concorrência (anti-trust) não têm tido um impacto significativo no capital público Controlo de concentrações nacional tem, no entanto, permitido defesa de interesses público Auxílios de Estado CE tem implementado regras EU restritivas mas regras nacionais algo permissivas facilitam a sua concessão
19 Contactos José Luís da Cruz Vilaça Sócio - Área UE e Concorrência joseluis.vilaca@plmj.pt T. (+351) Luís Miguel Romão Ass. Sénior - Área UE e Concorrência luismiguel.romao@plmj.pt T. (+351)
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