Análise de Conjuntura do Sector da Construção 1º trimestre 2018

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1 Análise de Conjuntura do Sector da Construção 1º trimestre 2018 Apreciação Global No primeiro trimestre de 2018 os diversos indicadores do setor da construção apresentaram, uma vez mais, uma tendência genericamente positiva, verificando-se, inclusive, um crescimento mais forte no índice de produção e no número de obras licenciadas. Na verdade, o índice de produção agregado aumentou significativamente face ao trimestre anterior (2,78%), influenciado desta vez pelo bom desempenho do segmento das obras de engenharia que cresceu 4,32%, ao contrário do que aconteceu nos três trimestres anteriores. O segmento da construção de edifícios também evoluiu positivamente, com o índice de produção respetivo a subir 1,85%. Em termos homólogos o crescimento do índice de produção total não foi tão acentuado (2,16%, contra 2,30% no trimestre anterior), pesando neste caso sobretudo o segmento da construção de edifícios (2,37%), ao passo que o segmento das obras de engenharia apresentou uma variação de 1,67%. O número de licenças de obras também aumentou neste primeiro trimestre do ano, ultrapassando as cinco mil licenças, o que já não acontecia desde o período homólogo de De fato, o número de edifícios licenciados registou um aumento de 18,3% relativamente ao quarto trimestre de 2107 (que compara com uma variação de -4,0% no trimestre anterior). Em termos homólogos o aumento foi de 2,0% (que compara com 1,3% de redução homóloga no trimestre anterior). O licenciamento de construções novas no setor residencial cresceu ainda mais, registando-se uma variação de +21,3% no número de licenças emitidas face ao trimestre anterior. Por sua vez, o número total de fogos licenciados em construções novas para habitação (números provisórios) aumentou 28,6%, sugerindo que está a crescer o licenciamento de edifícios multifamiliares. As taxas de variação homóloga e média anual do número de fogos, mantêm valores elevados de, respetivamente, 29,8% e 20,5% Fogos em construções novas para habitação º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim O número de licenças de obras de reabilitação voltou a cair ligeiramente neste trimestre (-5,5%, contra -4,8% no quarto trimestre de 2017). A variação homóloga foi também fortemente negativa (-20,7%, que compara com -12,1% no trimestre anterior) acumulando o efeito de um ciclo de perdas que se registou a partir do primeiro trimestre de A variação média anual terminada em março deste ano foi de -9,8%, o que parece confirmar a ideia de que, apesar do elevado volume de obras em curso, começa a não haver produto em abundância suficiente para alimentar um futuro crescimento do mercado da reabilitação urbana nos centros históricos das principais cidades. Mas, como referimos no estudo anterior, também poderá significar atrasos nos processos de licenciamento, por incapacidade dos serviços camarários à medida que os processos se tornam mais complexos e/ou se estendem para fora das áreas de intervenção das SRU Ou, ainda, que a subida vertiginosa dos preços dos imóveis e o anúncio de medidas restritivas ao alojamento local estão a afastar alguns investidores para outros segmentos do mercado, nomeadamente para a construção nova. Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção pag. 1

2 De forma algo surpreendente, embora já viesse a denotar um claro abrandamento nas taxas de crescimento observadas ao longo de 2017, a evolução homóloga trimestral das vendas de cimento para o mercado interno apresentou um comportamento negativo neste primeiro trimestre de 2018 (-1,2%). Isto verifica-se apesar da subida significativa, neste trimestre, no índice de produção das obras de engenharia, ao contrário do que se verificou, como atrás referimos, nos trimestres anteriores. Porventura, o tipo de obras que estão em curso não usará particularmente este material, como é o caso dos trabalhos de modernização da ferrovia, em contraposição, por exemplo, à construção de barragens. Por mais anúncios que continue a haver sobre os grandes projetos para a ferrovia ou sobre as infraestruturas para 2030, a verdade é que as restrições orçamentais atuais e as que, muito provavelmente, continuarão a existir nos próximos anos, dificilmente permitirão que seja o setor das obras públicas a funcionar como motor da construção. O próprio esgotamento progressivo do filão do turismo, torna cada vez evidente que, como temos vindo a afirmar, a sustentabilidade do crescimento do setor vai depender, essencialmente: - Do alargamento da reabilitação ao setor residencial, não turístico, que é tão ou mais necessária ou importante, quer em termos da sua dimensão, quer da abrangência territorial e impacto no conforto das famílias portuguesas; - Do arranque da construção nova para habitação nos grandes centros onde a economia está a crescer e onde é necessário repor as habitações que foram afetas ao setor do turismo. Quanto ao primeiro, e ao que tudo indica, os instrumentos financeiros do Portugal 2020 destinados à reabilitação urbana estão a ter um impacto relativamente reduzido e, os apoios à promoção da eficiência energética do programa Casa Eficiente não serão suficientemente atrativos para alcançarem uma adesão minimamente interessante. Será necessário adotar rapidamente novas estratégias, até porque a poupança das famílias está em níveis muito baixos e os juros não tardarão muito a subir. A construção nova parece estar, finalmente, a mexer e a banca parece recetiva a apoiar projetos com um mínimo de rentabilidade. O problema para a expansão deste setor está, todavia, na rentabilidade esperada para os investimentos. A percentagem das famílias que podem aceder ao crédito bancário é relativamente reduzida, pelo que a maioria dos novos projetos está a centrar-se na habitação para os segmentos de rendimento médio-alto e alto. A promoção de habitação para venda ou para arrendamento, a custos moderados, implicaria uma participação do Estado e, sobretudo, das autarquias, com uma dimensão social, quer cedendo terrenos, quer reduzindo taxas e impostos. Estas eram as preocupações que gostaríamos de ver plasmadas na futura Lei-quadro para a Habitação que o parlamento tem em mãos. É claro que isto dificilmente será compatível com as alterações em curso ao regime legal do arrendamento e à tributação das rendas Obras Licenciadas No 1º trimestre de 2018, o número de edifícios licenciados registou um aumento de 18,3% relativamente ao quarto trimestre de Em termos homólogos, verificou-se igualmente um aumento na ordem dos 2,0%. A variação média anual do número de edifícios licenciados no primeiro trimestre do ano foi positiva (4,3%) ainda que a um ritmo inferir ao observado nos períodos anteriores terminados em setembro e dezembro (15,9% e 11,2%, respetivamente), estes muito influenciados pelos números mais reduzidos que se haviam observado em 2015 e na primeira metade de Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção pag. 2

3 Já no que se refere à evolução do licenciamento relativo às construções novas para habitação familiar, o primeiro trimestre de 2018 registou um aumento de 21,3% quando comparado com o trimestre anterior. A taxa de variação trimestral foi positiva em termos homólogos (+12,2%) e em termos da variação média anual (+14,3%). Por outro lado, a variação do número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar no 1º trimestre de 2018 foi positiva (+28,6%), assim como a variação homóloga que se cifrou nos 29,8% e a variação média anual que atingiu os 20,5%. O número de licenças de obras de reabilitação registou novamente uma evolução trimestral negativa de -5,5%, assim como a variação homóloga que se cifrou em -20,7%. Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção pag. 3

4 Continuamos com uma evolução um pouco estranha e que parece contradizer aquilo que se observa na realidade em termos de obras, mas como sabemos que nem todas as obras de reabilitação estão sujeitas a licenciamento Produção na Construção e Obras Públicas O índice de produção no sector da construção e obras públicas no primeiro trimestre de 2018 aumentou face ao último trimestre de 2018 (2,78%). Este aumento ficou a dever-se, sobretudo, ao segmento das obras de engenharia que aumentou 4,32%, enquanto o segmento da construção de edifícios aumentou 1,85%, Em termos homólogos o índice de produção total aumentou 2,16%, e foi influenciado sobretudo pelo segmento da construção de edifícios apresentou um aumento de 2,37%. O segmento das obras de engenharia registou um aumento de 1.67%. Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção pag. 4

5 Vendas de Cimento No primeiro trimestre de 2018 as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno diminuíram em termos homólogos 1,2%. De acordo com os Inquéritos de Opinião da Comissão Europeia, o índice de confiança no sector da construção e obras públicas subiu ligeiramente face ao trimestre anterior, fixando-se nos -14,5 pontos (contra -19,8 no 4º trimestre 2017). Emprego No primeiro trimestre deste ano, o emprego na construção e obras públicas registou uma taxa de variação homóloga de 1,6% e uma taxa de variação trimestral de 0,6%, valores que comparam com 1,9% e 0,6% respetivamente, observados no último trimestre do ano anterior. A variação média nos últimos 12 meses terminados em março 2018 foi de 1,7% (1,8% em dezembro 2017). Remunerações No primeiro trimestre de 2018, o índice de remunerações registou uma taxa de variação homóloga trimestral de 2,5%, e uma variação trimestral de -10,9% (sendo que o trimestre anterior tem incluído o 13º mês). A variação média nos últimos 12 meses terminados em março foi de 2,1% (1,6% em dezembro). Taxas de Juro A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito fixou-se no mês de março de 2018, em 1,025%, que corresponde a um aumento de 0,006 pontos percentuais face à registada no mês de dezembro de Nos contratos para Aquisição de Habitação, a taxa de juro observada em março de 2018 foi de 1,047%, tendo aumentado também 0,006 p.p. em relação à taxa observada no último mês do ano anterior. Fonte: INE Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção pag. 5