Aula 53. Administrador judicial. Conceito: o administrador judicial é um auxiliar da justiça. Encarregado do processo de recuperação ou de falência.
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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial Objetivo - 53 Professor (a): Priscila Menezes Monitor (a): Caroline Gama Aula 53 Administrador judicial 1. Institutos comuns à falência e à recuperação: Administrador judicial; Comitê de credores; Assembleia Geral de Credores. 2. Administrador judicial (art. 21 e seguintes da Lei nº /2005) Conceito: o administrador judicial é um auxiliar da justiça. Encarregado do processo de recuperação ou de falência. Quem poderá atuar como administrador judicial? Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. a) Pessoa natural: preferencialmente deve ser advogado, economista, administrador, contador. b) Pessoa jurídica especializada: deve ser indicada a pessoa natural encarregada do procedimento, a qual não poderá ser substituída sem autorização do juiz competente.
2 Página2 Observação: atualmente, tem sido comum nomear pessoas jurídicas como administradoras judiciais, pois os procedimentos têm ficado mais complicados 1. As pessoas possuem a estrutura de auxílio pronta, já as pessoas naturais normalmente contratam auxiliares. Responsabilidade (art. 32 da Lei nº /2005) O administrador judicial tem responsabilidade pelos danos que ele causar a título de dolo ou culpa no exercício das suas funções. Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. Atribuições (art. 22 da Lei nº /2005) a) Comuns à falência e à recuperação judicial Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: I na recuperação judicial e na falência: a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de credores de que trata o 2º do art. 7o desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembleia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei. Nós veremos que o art. 83 da Lei nº /2005 traz uma ordem de pagamento dos créditos. Quem faz esse enquadramento é o administrador judicial. 1 No Brasil, os casos mais recentes foram o das recuperações judiciais do Grupo X e da OI.
3 Página3 A consolidação do quadro geral de credores realizada pelo administrador judicial ocorrerá após o julgamento das impugnações quanto à classificação do crédito pelo juiz da causa. O administrador judicial tem legitimidade para requerer a convocação da Assembleia Geral de Credores. b) Específica para a Recuperação Judicial (art. 22, II da Lei nº /2005) Art. 22 [...] II na recuperação judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei. O procedimento de recuperação judicial é muito delicado, pois a partir do deferimento do processamento da recuperação judicial o devedor tinha o risco de ter a convolação em falência. Exemplos: não apresentou o plano de recuperação judicial no prazo de 60 dias convola a recuperação em falência; plano apresentado no prazo e rejeitado pelos credores convolação em falência; descumprimento do plano aprovado convola em falência. Na recuperação judicial, o papel do administrador judicial é predominantemente de fiscalização, pois o devedor não é afastado das suas atividades, ou seja, ele continua exercendo as suas funções. c) Específica para a Falência (art. 22, III da Lei nº /2005) Art. 22 [...] III na falência: a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do devedor;
4 Página4 c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados; h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos; n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10 o (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. O administrador judicial tem como atribuição classificar os créditos. Para isso, ele terá que examinar a escrituração do devedor (examinar o que há de ativo e passivo). Diferentemente do que ocorre na recuperação judicial, com a decretação da quebra na falência normalmente o devedor é afastado das suas atividades. Em alguns casos elas cessam, mas na maioria dos casos busca-se manter as atividades para evitar maiores prejuízos. Quem tomará as rédeas da situação será o administrador judicial. O administrador judicial precisará esmiuçar as causas da falência na medida do possível, a fim de apurar a responsabilidade dos envolvidos, especialmente se for detectado que a falência decorrera de fraude, ou seja, fora provocada. Com a decretação da falência o juiz nomeia o administrador judicial e este arrecada os bens do devedor. O procedimento de execução coletiva da falência pressupõe a liquidação do patrimônio do devedor para o pagamento do passivo.
5 Página5 Por essa razão, o administrador arrecada os bens para que eles sejam avaliados e posteriormente alienados (realização do ativo), a fim de realizar o pagamento do passivo. Todo o crédito que o devedor tiver precisa ser cobrado e pago, a fim de que o dinheiro entre e sirva para pagar os débitos do falido. Bem apenhado: ato voluntário do devedor (ele deu um bem móvel em penhor - garantia real). Bem penhorado: a penhora é um ato de constrição judicial, contrariamente à vontade do devedor. Descumprimento de prestação de contas pelo administrador judicial: impõe a intimação dele para que cumpra a determinação legal em até 5 dias sob pena de desobediência. Remuneração O administrador judicial é remunerado pelo devedor, tanto na recuperação judicial como na falência. a) Teto Regra (art. 24, 1º da Lei nº /2005). Art. 24 [...] 1º Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. Recuperação judicial até 5% da dívida negociada no plano de recuperação. Falência até 5% sobre o valor de venda dos bens (valor real que entrará para a massa falida). É comum que o valor de venda dos bens seja inferior ao valor de avaliação. Exceção: falência e recuperação judicial de microempresa e empresa de pequeno porte 2 (art. 24, 5º da Lei nº /2005). 2 LC nº 123/2006: Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário
6 Página6 Art. 24 [...] 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte. Recuperação judicial de microempresa e empresa de pequeno porte: até 2% da dívida negociada. Falência de microempresa e empresa de pequeno porte: até 2% do valor de venda dos bens. b) Critérios de fixação da remuneração (art. 24, caput da Lei nº /2005). Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. I. Capacidade de pagamento do devedor; II. Complexidade do trabalho realizado pelo administrador judicial; III. Valores que são comumente praticados no mercado. Observação: O administrador judicial não recebe a totalidade do pagamento em uma única vez. Reserva-se 40 % do valor que ele deverá receber após a última prestação de contas (art. 24, 2º da Lei nº /2005). Art. 24 [...] 2º Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. c) Remuneração proporcional: em regra, no caso de o administrador judicial seja substituído (art. 24, 3º da Lei nº /2005). Art. 24 [...] 3º O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração. d) Hipóteses em que o administrador judicial não será remunerado (art. 24, 3º, in fine e 4º da Lei nº /2005). Art. 24 [...] 4º Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas. a que se refere o art. 966 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ ,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ ,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ ,00 (quatro milhões e oitocentos milreais).
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